9. Apesar de o texto não apresentar a
forma de uma carta, em termos
temáticos e linguísticos justifica-se
essa classificação, uma vez que
encontramos emissor («eu») que se
dirige a um interlocutor ausente («tu»)
para lhe dar conta de circunstâncias e
sentimentos específicos da sua vida e
da sua relação.
10. Embora os Toranja nada tivessem
que ver com literatura medieval, neste
poema, «Carta», podemos encontrar
características aproximáveis das das
cantigas de amigo, das das cantigas de
amor, das das cantigas de escárnio e
maldizer.
Desenvolve esta tese (que podes
também contraditar), num comentário com
cerca de cento e cinquenta palavras.
A caneta.
11. O poema da canção «Carta» aproxima-se de
características das cantigas de amigo:
•realismo nos sentimentos amorosos (saudade)
•proximidade entre os dois namorados (sem
«mesura» — «jardins do teu beijo»)
•certa sensualidade — «te pinto nua» (que vai
contra o amor cortês das cantigas de amor)
•presença de espécie de confidente («montes
vales»)?
12. O poema da canção «Carta» aproxima-se de
características das cantigas de amor:
•«eu» é homem e dirige-se a um «tu» mulher
•dirige-se à amada (mais do que a confidentes)
•alusões a certa distância (superioridade) por
parte da mulher — «escudo que és»; «pedir
autorização por escrito ao sindicato dos Deuses»
13. O poema da canção «Carta» aproxima-se
de características das cantigas de escárnio e
maldizer:
•críticas (à mulher) — «gesto mimado»,
«magoas»
•linguagem irónica (cfr., por exemplo,
«planeamento estratégico de sincronização»)
14. Note-se que
o género é cantiga de escárnio e maldizer
(não se usa, hoje em dia, a distinção
maldizer / escárnio);
há cantigas de escárnio e maldizer que não
tratam do amor.
20. Conjugações
1.ª — verbos em -ar (vogal temática -a)
2.ª — verbos em -er (vogal temática -e)
3.ª — verbos em -ir (vogal temática -i)
21. • Verbo regular — respeita o modelo da
conjugação a que pertence
• Verbo irregular — o seu tema verbal
sofre modificações ao longo da
conjugação
22. • verbo defetivo — não possui algumas
formas (conjugação é incompleta)
abolir
falir
23. • verbo impessoal — só se flexiona na
3.ª pessoa do singular e no infinitivo
chover
nevar
gear
24. • verbo unipessoal — só se flexiona no
infinitivo e na 3.ª pessoa (singular e
plural)
ladrar
miar
zurrar
25.
26. Um verbo é regular quando segue o
modelo da sua conjugação (a primeira,
de tema em a; a segunda, em e; a
terceira, em i). Se o verbo apresentar
modificações no radical (exemplo:
«ouço», apesar de «ouvir») ou na flexão
das pessoas («estou» [cfr. «canto»];
«estás» [cfr. «cantas»]), é irregular.
27. Verbos defetivos são os que, na sua
flexão, não se apresentam em algumas
pessoas ou tempos (por exemplo, os
verbos «abolir» e «falir» não têm 1.ª
pessoa do singular do Presente do
Indicativo).
28. Há também verbos impessoais —
exemplo: «chover», «haver»,
«amanhecer» —, que são os que não
têm sujeito.
29. Há ainda os verbos unipessoais, os
que, dado o seu sentido, só se
costumam usar na 3.ª pessoa
(exemplo: «cacarejar», «grasnar»).
30. Por fim, pode igualmente aparecer
o termo «verbo abundante», que
designa os verbos que têm mais que
uma forma possível (em geral, duas
formas no particípio passado —
«pago» / «pagado»; «aceite» /
«aceitado» —, ou, mais raramente, em
outros tempos: «ele constrói» / «ele
construi»; «comprazesse» / «com-
prouvesse»; «requere» / «requer»;
«diz» / «dize»).
31.
32. Em «Debate sobre malbaratar», a
estranheza de certas formas verbais não
se deve apenas aos seus sons — como
diz o comentador que, a dada altura,
intervém —, antes se pode atribuir ao
facto de se tratar de verbos que, na
língua actual, se fossilizaram em poucas
expressões idiomáticas, em fórmulas
circunscritas a registos e contextos
específicos («alijar responsabilidades»;
«colmatar falhas»; «enveredar por
(maus) caminhos ou por uma carreira»;
«untar as mãos»).
33. Acabamos por estranhar a flexão
desses verbos, sempre que surjam fora
daquelas frases feitas e, ainda por cima,
em diálogo (em registo literário, seria
diferente). Sem as palavras que os
costumam acompanhar, esses verbos
parecem-nos quase agramaticais.
34.
35. Em «Não faleci nada», o caso é
parecido. O verbo «falecer» não é
defetivo (tem as várias pessoas e
tempos), mas, utilizado como verbo
intransitivo e em situação de conversa
banal, a sua flexão na 1.ª e na 2.ª pessoas
do Pretérito Perfeito do Indicativo
(«faleci», «faleceste») torna-se
inverosímil.
36.
37. Há vantagens em conhecer os três
tempos primitivos, uma vez que estes
nos permitem chegar à flexão dos
tempos derivados.
39. Exceções: ser, dar, estar, haver, ir,
querer, saber (cujas primeiras pessoas
do singular do Presente do Conjuntivo
são: «seja», «dê», «esteja», «haja»,
«vá», «queira», «saiba»).
47. Exceções: ser, ter, vir, pôr (cujas
1.ªs pessoas do Imperfeito são: «era»,
«tinha», «vinha», «punha»).
48.
49. A CRONOLOGIA a seguir usa a
estrutura da relativa a Fernão Lopes e ao
seu contexto, na p. 78. As datas
correspondem a exatos seiscentos anos
depois (1381>1981).
O protagonista deixará de ser Fernão
Lopes e será o autor (tu). O contexto será o
desse novo foco.
Em termos de estilo, a abordagem será
semelhante à usada na cronologia do
manual (mas, como já fui fazendo, um pouco
mais elaborada). Mantém-se o uso da 3.ª
pessoa, é claro.
50.
51. TPC — Sobre ‘Verbo’ vê o que ficará
destacado em Gaveta de Nuvens. Também
deves relancear a ficha 7 do Caderno de
atividades (pp. 13-15; soluções na p. 94),
que reproduzirei para o caso de não terem
o Caderno.
Completa a cronologia iniciada em
aula.