O colo uterino está localizado entre a bexiga e o reto, dividido em ectocérvice e endocérvice. A ectocérvice contém células escamosas enquanto a endocérvice contém células glandulares. A junção entre os dois tipos de células é uma área de risco para câncer. Infecções como HPV e herpes genital podem causar lesões no colo e aumentar o risco de câncer, sendo o exame Papanicolau essencial para detecção precoce.
ANATOMIA DO COLO UTERINO E PATOLOGIAS RELACIONADAS
1. ANATOMIA DO COLO UTERINO E PATOLOGIAS RELACIONADAS
O colo uterino é a porção inferior do útero e está localizado no fundo da vagina,
anatomicamente o colo do útero está localizado entre meio a bexiga e o reto. Divide-se em
ectocérvice e endocérvice, apresenta formato cilíndrico e possui um orifício central chamado
de canal cervical. No óstio do colo do útero há o encontro de dois tipos diferentes de epitélio:
escamoso e colunar, esta região de transição celular denomina-se JEC (junção escamo-colunar)
e é considerada uma área de maior risco em relação ao desenvolvimento do câncer de
colo uterino.
A ectocérvice é constituída por células epiteliais escamosas as quais contém 5
camadas celulares (basal, parabasal, intermediária, superficial e escamosa) sendo estas mais
resistentes e contendo glicogênio, visivelmente o colo apresenta um aspecto de cor rósea. A
endocérvice, é composta por células glandulares ciliadas e muco secretoras, contém apenas
uma camada celular as quais organizam-se comumente em paliçada, tem como aspecto cor
avermelhada devido maior vascularização e por ser apenas uma camada celular, apresenta
menor resistência se comparadas com as células escamosas.
Em casos de metaplasia escamosa, o epitélio glandular se transforma em epitélio
escamoso com o intuito de adquirir maior resistência, é importante destacar que na zona de
transição (JEC) é mais comum o encontro de metaplasias, podendo estar relacionado com
futuras neoplasias, uma vez que há transformações nesta região e uma repentina mudança de
epitélio.
A presença de variações quanto ao tamanho, formato do colo uterino pode ser
influenciada por diversos fatores, algumas estão relacionadas a patologias, entretanto, outras
condizem a questão hormonal, idade da mulher, paridade, etc. Essas transformações podem
incluir atrofias, mulheres multíparas apresentam orifício fendiforme, mais volumoso,
mulheres nulíparas exibem um orifício puntiforme, uma pequena abertura, podem haver
alterações quanto a localização da JEC, em outros casos, há presença de um carcinoma,
adenocarcinoma, HPV, herpes genital, entre outras.
Um esfregaço que satisfaça os requisitos do citopatológico é composto por ínumeras
células escamosas e glandulares, sendo determinante de uma boa coleta, porém, é possível
identificar diferenças de acordo com as particularidades de cada caso. Ao analisar um
citopatológico de uma mulher de 50 anos é comum maior incidência de células basais e
parabasais, diante disso associa-se com a diminuição hormonal, o que é peculiar da idade. No
entanto, uma mulher com cerca de 25 anos que esteja amamentando poderá apresentar
esfregaço semelhante a uma pós-menopáusica, não sendo necessário preocupações pois os
níveis de prolactina estão altos e o estrógeno baixo. Senhoras multíparas, em média de 80
2. anos, podem não apresentar células glandulares e sim somente escamosas e metaplásicas, isso
condizendo com uma alteração na JEC que deslocou-se para interior do canal cervical. Em
casos de senhoras pós-menopáusicas se houver a presença de inúmeras células endometriais
pode-se desconfiar de um carcinoma bem diferenciado, frisando que pós-menopausadas não
produzem mais hormônios estimulantes para o crescimento endometrial.
As células que compõem o colo uterino diante de agressões podem iniciar um
processo de alterações que a longo prazo podem resultar em câncer do colo uterino. A
infecção por HPV, se não tratada adequadamente é um dos principais fatores que contribui
para o surgimento do câncer.
O HPV (Papilomavírus Humano), conhecido também como verruga genital, crista de
galo, é uma doença sexualmente transmissível que acomete principalmente o colo do útero e o
ânus, podendo acometer a vagina, vulva, prepúcio, glande, tem como característica visível
verrugas de tamanhos variados, o colo do útero exibe aspecto “grosseiro”, “granulado”, em
outros casos a doença pode apresentar-se de forma subclínica, não externar sintomas. Se não
descoberto o HPV, ou então, não ser tratado e o caso evoluir ao câncer, a progressão da
doença poderá desencadear sangramento vaginal anormal, corrimento escurecido e fétido, dor
abdominal, dado que tecidos malignos rompem-se facilmente, são friáveis, e
microscopicamente, células malignas coradas pelo método de Papanicolaou assumem
formatos irregulares, núcleos hipercromáticos, cromatina irregular, contorno nuclear em
“ameixa seca”, acusando gravidade do quadro clínico.
O HSV (Herpes Simples Vírus), provoca lesões que podem ficar incubadas em um
músculo, gânglio nervoso e se manifestar quando há uma queda na resistência imunológica, é
contagioso e geralmente aparece no contorno dos lábios, nos órgãos genitais, nádegas,
podendo surgir lesões no colo uterino. A contaminação se dá pelo contato com escoriações
contendo as partículas virais, seja pelo beijo, compartilhamento de copos, sexo oral, etc. Os
principais sinais são dor, ardência, formação de vesículas bolhosas contendo o vírus. Estudos
sugerem que o herpes genital associado a HPV aumenta o risco do desenvolvimento de
tumores.
A realização periódica do exame de Papanicolaou é indispensável, é através dele que
será possível identificar modificações precursoras de lesões de alto risco. Atualmente há
campanhas de vacinação que conferem proteção ao HPV do tipo 6, 11, 16 e 18, contudo, o
exame citopatológico é imprescindível para garantir a prevenção ao câncer de colo uterino e
obter um resultado fidedigno e precoce.
Tanto o citopatológico quanto o anatomopatológico, uma coleta bem feita e a análise
microscópica são quesitos fundamentais para um diagnóstico confiável, sendo necessário
grande acurácia nos ínfimos detalhes.
Patrícia Prates, MMXIV