2. 2
O que significa "HPV"?
É a sigla em inglês para papilomavírus humano. Os HPV são vírus capazes de
infectar a pele ou as mucosas. Existem mais de 100 tipos diferentes de HPV, sendo que
cerca de 40 tipos podem infectar o trato ano-genital.
2: HPV e câncer do colo do útero
Qual é a relação entre HPV e câncer?
A infecção pelo HPV é muito frequente, mas transitória, regredido
espontaneamente na maioria das vezes. No pequeno número de casos nos quais a
infecção persiste e, especialmente, é causada por um tipo viral oncogênico (com
potencial para causar câncer), pode ocorrer o desenvolvimento de lesões precursoras,
que se não forem identificadas e tratadas podem progredir para o câncer, principalmente
no colo do útero, mas também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca.
Quais são os tipos de HPV que podem causar câncer?
Pelo menos 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos, apresentando maior
risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões
precursoras. Dentre os HPV de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes
em 70% dos casos de câncer do colo do útero.
Já os HPV 6 e 11, encontrados em 90% dos condilomas genitais e papilomas
laríngeos, são considerados não oncogênicos.
O que é câncer do colo do útero?
É um tumor que se desenvolve a partir de alterações no colo do útero, que se
localiza no fundo da vagina. Essas alterações são chamadas de lesões precursoras, são
totalmente curáveis na maioria das vezes e, se não tratadas, podem demorar muitos anos
para se transformar em câncer.
As lesões precursoras ou o câncer em estágio inicial não apresentam sinais ou
sintomas, mas conforme a doença avança podem aparecer sangramento vaginal,
corrimento e dor, nem sempre nessa ordem. Nesses casos, a orientação é sempre
procurar um posto de saúde para tirar as dúvidas, investigar os sinais ou sintomas e
iniciar um tratamento, se for o caso.
Qual é o risco de uma mulher infectada pelo HPV desenvolver câncer do colo do
útero?
Aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV,
sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos. Comparando-se esse dado
com a incidência anual de aproximadamente 500 mil casos de câncer de colo do útero,
conclui-se que o câncer é um desfecho raro, mesmo na presença da infecção pelo HPV.
Ou seja, a infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente, para o
desenvolvimento do câncer do colo do útero.
Além da infecção pelo HPV, há outros fatores que aumentam o risco de uma
mulher desenvolver câncer do colo do útero?
Fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual parecem
influenciar os mecanismos ainda incertos que determinam a regressão ou a persistência
da infecção pelo HPV e também a progressão para lesões precursoras ou câncer. Desta
forma, o tabagismo, o início precoce da vida sexual, o número elevado de parceiros
3. 3
sexuais e de gestações, o uso de pílula anticoncepcional e a imunossupressão (causada
por infecção por HIV ou uso de imunossupressores) são considerados fatores de risco
para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. A idade também interfere nesse
processo, sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30
anos regride espontaneamente, ao passo que acima dessa idade a persistência é mais
frequente.
Como as mulheres podem se prevenir do câncer do colo do útero?
Fazendo o exame preventivo (de Papanicolaou ou citopatológico), que pode
detectar as lesões precursoras. Quando essas alterações que antecedem o câncer são
identificadas e tratadas é possível prevenir a doença em 100% dos casos.
O exame deve ser feito preferencialmente pelas mulheres entre 25 e 64 anos,
que têm ou já tiveram atividade sexual. Os dois primeiros exames devem ser feitos com
intervalo de um ano e, se os resultados forem normais, o exame passará a ser realizado a
cada três anos.
Onde é possível fazer os exames preventivos do câncer do colo do útero pelo
SUS?
Postos de coleta de exames preventivos ginecológicos do SUS estão disponíveis
em todos os estados do País e os exames são gratuitos. Procure a Secretaria de Saúde de
seu município para obter informações.
3: Manifestações da infecção pelo HPV
Uma pessoa infectada pelo vírus necessariamente apresenta sinais ou sintomas?
A maioria das infecções por HPV é assintomática ou inaparente e de caráter
transitório, ou seja, regride espontaneamente. Tanto o homem quanto a mulher podem
estar infectados pelo vírus sem apresentar sintomas. Habitualmente as infecções pelo
HPV se apresentam como lesões microscópicas ou não produzem lesões, o que
chamamos de infecção latente. Quando não vemos lesões não é possível garantir que o
HPV não está presente, mas apenas que não está produzindo doença.
Quais são as manifestações da infecção pelo HPV?
Estima-se que somente cerca de 5% das pessoas infectadas pelo HPV
desenvolverá alguma forma de manifestação.
A infecção pode se manifestar de duas formas: clínica e subclínica.
As lesões clínicas se apresentam como verrugas ou lesões exofíticas, são
tecnicamente denominadas condilomas acuminados e popularmente chamadas "crista de
galo", "figueira" ou "cavalo de crista". Têm aspecto de couve-flor e tamanho variável.
Nas mulheres podem aparecer no colo do útero, vagina, vulva, região pubiana, perineal,
perianal e ânus. Em homens podem surgir no pênis (normalmente na glande), bolsa
escrotal, região pubiana, perianal e ânus. Essas lesões também podem aparecer na boca
e na garganta em ambos os sexos.
As infecções subclínicas (não visíveis ao olho nu) podem ser encontradas nos
mesmos locais e não apresentam nenhum sintoma ou sinal. No colo do útero são
chamadas de Lesões Intra-epiteliais de Baixo Grau/Neoplasia Intra-epitelial grau I (NIC
I), que refletem apenas a presença do vírus, e de Lesões Intra-epiteliais de Alto
4. 4
Grau/Neoplasia Intra-epitelial graus II ou III (NIC II ou III), que são as verdadeiras
lesões precursoras do câncer do colo do útero.
O desenvolvimento de qualquer tipo de lesão clínica ou subclínica em outras
regiões do corpo é raro.
Estou com uma lesão genital que se assemelha à descrição de lesão provocada
por HPV. O que devo fazer?
É recomendado procurar um profissional de saúde para o diagnóstico correto e
indicação do tratamento adequado.
4: Formas de diagnóstico
Como a infecção pelo HPV é diagnosticada em homens e mulheres?
A investigação diagnóstica da infecção latente pelo HPV, que ocorre na ausência
de manifestações clínicas ou subclínicas, só pode atualmente ser realizada por meio de
exames de biologia molecular, que mostram a presença do DNA do vírus. Entretanto,
não é indicado procurar diagnosticar a presença do HPV, mas sim suas manifestações.
O diagnóstico das verrugas ano-genitais pode ser feito em homens e em
mulheres por meio do exame clínico.
As lesões subclínicas podem ser diagnosticadas por meio de exames
laboratoriais (citopatológico, histopatológico e de biologia molecular) ou do uso de
instrumentos com poder de magnificação (lentes de aumento), após a aplicação de
reagentes químicos para contraste (colposcopia, peniscopia, anuscopia).
5:Tratamento
Qual o tratamento para a infecção pelo HPV?
Não há tratamento específico para eliminar o vírus.
O tratamento das lesões clínicas deve ser individualizado, dependendo da
extensão, número e localização. Podem ser usados laser, eletrocauterização, ácido
tricloroacético (ATA) e medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo.
As lesões de baixo grau não oferecem maiores riscos, tendendo a desaparecer
mesmo sem tratamento na maioria das mulheres. A conduta recomendada é a repetição
do exame preventivo em seis meses.
O tratamento apropriado das lesões precursoras é imprescindível para a redução
da incidência e mortalidade pelo câncer do colo uterino. As diretrizes brasileiras
recomendam, após confirmação colposcópica ou histológica, o tratamento excisional
das Lesões Intra-epiteliais de Alto Grau, por meio de exérese da zona de transformação
(EZT) por eletrocirurgia.
Só o médico, após a avaliação de cada caso, pode recomendar a conduta mais
adequada.
Após passar por tratamento, a pessoa pode se reinfectar?
Sim. A infecção por HPV pode não induzir imunidade natural e, além disso,
pode ocorrer contato com outro tipo viral.
5. 5
Que tipo de médico deve ser procurado para o tratamento de pacientes com
infecção por HPV?
Médicos ginecologistas, urologistas ou proctologistas podem tratar pessoas com
infecção por HPV. Outros especialistas podem ser indicados após análise individual de
cada caso.
6: Transmissão
Como os HPV são transmitidos?
A transmissão do vírus se dá por contato direto com a pele ou mucosa
infectada.
A principal forma é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital
ou mesmo manual-genital. Assim sendo, o contágio com o HPV pode ocorrer
mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal.
Também pode haver transmissão durante o parto.
Não está comprovada a possibilidade de contaminação por meio de objetos, do
uso de vaso sanitário e piscina ou pelo compartilhamento de toalhas e roupas íntimas.
Os HPV são facilmente contraídos?
Estudos no mundo comprovam que 80% das mulheres sexualmente ativas serão
infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Essa
percentagem pode ser ainda maior em homens. Estima-se que entre
25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial
esteja infectada pelo HPV. Porém, a maioria das infecções é transitória, sendo
combatida espontaneamente pelo sistema imune, regredindo entre seis meses a dois
anos após a exposição, principalmente entre as mulheres mais jovens.
Para haver o contágio com o HPV, a(o) parceira(o) sexual precisa apresentar
manifestações da infecção?
Provavelmente a transmissão é facilitada quando as lesões clínicas estão
presentes: foi demonstrado que 64% dos parceiros sexuais de indivíduos portadores de
condilomas genitais desenvolveram lesões semelhantes. No entanto não é possível
afirmar que não há chance de contaminação na ausência de lesões.
Após o contágio com HPV por quanto tempo uma pessoa pode não manifestar a
infecção?
Não se sabe por quanto tempo o HPV pode permanecer inaparente e quais são os
fatores responsáveis pelo desenvolvimento de lesões. As manifestações da infecção
podem só ocorrer meses ou até anos depois do contato. Por esse motivo não é possível
determinar se o contágio foi recente ou antigo.
Na ocorrência de relação sexual com uma pessoa infectada pelo HPV, como
saber se houve contaminação?
O fato de ter mantido relação sexual com uma pessoa infectada pelo HPV não
significa que obrigatoriamente ocorrerá transmissão da infecção, mas não sabemos qual
é o risco por não conhecermos a contagiosidade do HPV. Apesar da ansiedade
6. 6
ocasionada pela possibilidade de contaminação, não é indicado procurar diagnosticar a
presença do HPV. As pessoas expostas ao vírus devem ficar atentas para o surgimento
de alguma lesão, mas não adianta procurar o médico no dia seguinte, pois isto pode
levar semanas a meses para ocorrer. As mulheres devem obedecer à periodicidade de
realização do exame preventivo (Papanicolaou).
7: HPV e gravidez
Existe risco de má formação do feto para mulheres grávidas infectadas com
HPV?
A ocorrência de infecção pelo HPV durante a gravidez não implica em má
formação do feto.
Qual a via de parto indicada para mulheres grávidas infectadas com HPV?
O parto normal não é contra-indicado, pois, apesar de ser possível a
contaminação do bebê, o desenvolvimento de lesões é muito raro. Pode também ocorrer
contaminação antes do trabalho de parto e a opção pela cesariana não garante a
prevenção da transmissão da infecção. A via de parto (normal ou cesariana) deverá ser
determinada pelo médico após análise individual de cada caso.
8: Prevenção
Como homens e mulheres, independente na orientação sexual, podem se
prevenir dos HPV?
Apesar de sempre recomendado, o uso de preservativo (camisinha) durante todo
contato sexual, com ou sem penetração, não protege totalmente da infecção pelo HPV,
pois não cobre todas as áreas passíveis de ser infectadas. Na presença de infecção na
vulva, na região pubiana, perineal e perianal ou na bolsa escrotal, o HPV poderá ser
transmitido apesar do uso do preservativo. A camisinha feminina, que cobre também a
vulva, evita mais eficazmente o contágio se utilizada desde o início da relação sexual.
Existe vacina contra o HPV?
Sim. Existem duas vacinas profiláticas contra HPV aprovadas e registradas pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e que estão comercialmente
disponíveis: a vacina quadrivalente, da empresa Merck Sharp & Dohme (nome
comercial Gardasil), que confere proteção contra HPV 6, 11, 16 e 18; e a vacina
bivalente, da empresa GlaxoSmithKline (nome comercial Cervarix), que confere
proteção contra HPV 16 e 18.
Para que servem as vacinas contra o HPV?
As vacinas são preventivas, tendo como objetivo evitar a infecção pelos tipos de
HPV nelas contidos.
A vacina quadrivalente está aprovada no Brasil para prevenção de lesões genitais
pré-cancerosas de colo do útero, vulva e vagina e câncer do colo do útero em mulheres e
verrugas genitais em mulheres e homens, relacionados ao HPV 6, 11, 16 e 18.
A vacina bivalente está aprovada para prevenção de lesões genitais pré-cancerosas
do colo do útero e câncer do colo do útero em mulheres, relacionados ao
HPV 16 e 18.
7. 7
Nenhuma das vacinas é terapêutica, ou seja, não há eficácia contra infecções ou
lesões já existentes.
Quem pode ser vacinado?
De acordo com o registro na ANVISA, a vacina quadrivalente é indicada para
mulheres e homens entre 9 e 26 anos de idade e vacina bivalente é indicada para
mulheres entre 10 e 25 anos de idade. Novos estudos mostraram que as vacinas também
são seguras para mulheres com mais de 26 anos e os fabricantes já iniciaram os
procedimentos para que a ANVISA aprove seus produtos para faixas etárias mais
avançadas. No momento as clínicas de vacinação ainda não estão autorizadas a aplicar
as vacinas em faixas etárias superiores às estabelecidas pela ANVISA.
Ambas as vacinas possuem maior indicação para meninas que ainda não
iniciaram a vida sexual, uma vez que apresentam maior eficácia na proteção de
indivíduos não expostos aos tipos virais presentes nas vacinas. Países que adotam a
vacinação em programas nacionais de imunização utilizam a faixa etária de 9 a 13 anos.
Vale a pena vacinar mulheres que já iniciaram a atividade sexual?
Após o início da atividade sexual a possibilidade de contato com o HPV
aumenta progressivamente: 25% das adolescentes apresentam infecção pelo HPV
durante o primeiro ano após iniciação sexual e três anos depois esse percentual sobe
para 70%.
Não há, até o momento, evidência científica de benefício estatisticamente
significativo em vacinar mulheres previamente expostas ao HPV. Isso quer dizer que
algumas mulheres podem se beneficiar e outras não. Nesses casos a decisão sobre a
vacinação deve ser individualizada, levando em conta as expectativas e a relação custo-benefício
pessoal.
Não existe risco à saúde caso uma pessoa que já tenha tido contato com o HPV
for vacinada.
Vale a pena vacinar mulheres já tratadas para lesões no colo do útero, vagina ou
vulva?
Existe evidência científica de pequeno benefício em vacinar mulheres
previamente tratadas, que poderiam apresentar menos recidivas. Também nesses casos a
decisão sobre a vacinação deve ser individualizada.
Vale a pena vacinar homens?
A eficácia da vacina contra HPV foi comprovada em homens para prevenção de
condilomas genitais e lesões precursoras de câncer no pênis e ânus.
Teoricamente, se os homens forem vacinados contra HPV, as mulheres estariam
protegidas através de imunidade indireta ou de rebanho, pois o vírus é sexualmente
transmissível. Entretanto, estudos que avaliaram a custo-efetividade das vacinas para a
prevenção do câncer do colo do útero através de modelos matemáticos mostraram que
um programa de vacinação de homens e mulheres não é custo-efetivo quando
comparado com a vacinação exclusiva de mulheres.
Por quanto tempo a vacina é eficaz?
A duração da eficácia foi comprovada até 8-9 anos, mas ainda existem lacunas
de conhecimento relacionadas à duração da imunidade em longo prazo (por quanto
8. 8
tempo as três doses recomendadas protegem contra o contágio pelo HPV) e a
necessidade de dose de reforço (aplicação de novas doses da vacina no futuro na
população já vacinada).
As vacinas são seguras?
Sim, seguras e bem toleradas. Os eventos adversos mais observados incluem
dor, inchaço e vermelhidão no local da injeção e dor de cabeça de intensidade leve a
moderada.
Existem contra-indicações para a vacinação?
A vacina está contra-indicada para gestantes, indivíduos acometidos por doenças
agudas e com hipersensibilidade aos componentes (princípios ativos ou excipientes) de
imunobiológicos.
Há pouca informação disponível quanto à segurança e imunogenicidade em
indivíduos imunocomprometidos.
Como as vacinas são administradas:
Ambas são recomendadas em três doses, por via intramuscular.
A vacina quadrivalente tem esquema vacinal 0, 2 e 6 meses e, caso seja
necessário um esquema alternativo, a segunda dose pode ser administrada pelo menos
um mês após a primeira dose e a terceira dose pelo menos quatro meses após a primeira
dose.
A vacina bivalente tem esquema 0, 1 e 6 meses, podendo ter a segunda dose
administrada entre um mês e dois meses e meio após a primeira dose e a terceira dose
entre cinco e 12 meses após a primeira dose.
As meninas ou mulheres vacinadas podem dispensar a realização do exame
preventivo?
Não. É imprescindível manter a realização do exame preventivo, pois as vacinas
protegem apenas contra dois tipos oncogênicos de HPV, responsáveis por cerca de 70%
dos casos de câncer do colo do útero. Ou seja, 30% dos casos de câncer causados pelos
outros tipos oncogênicos de HPV vão continuar ocorrendo se não for realizada a
prevenção secundária.
A vacina contra o HPV está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS)?
Estará a partir de 2014.
O Ministério da Saúde avalia desde 2006 a incorporação da vacina contra o HPV
pelo SUS e no ano de 2013 considerou pertinente incluir o imunizante no calendário
nacional.
Em dezembro de 2011 resultado do estudo de custo-efetividade da incorporação
da vacina contra HPV no Programa Nacional de Imunização, concluiu que a vacinação é
custo-efetiva no País. Em julho de 2012 ocorreu a primeira reunião do grupo de trabalho
para elaboração das diretrizes para introdução da vacina no calendário nacional.
Três pareceres anteriores contraindicaram, em 2007, 2010 e 2011, o uso da
vacina contra o HPV como política de saúde, até que o considerando prudente esperar o
resultado de estudo sobre custo-efetividade da vacinação no cenário brasileiro, a
avaliação do impacto na sustentabilidade do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e
9. 9
as negociações para transferência de tecnologia para produção da vacina no país para
subsidiar a tomada de decisão do Ministério da Saúde sobre o tema.
Onde é possível ser vacinado contra o HPV?
Atualmente as vacinas profiláticas contra o HPV estão disponíveis em clínicas
de vacinação particulares. Consultórios geralmente não são fiscalizados pela ANVISA e
as vacinas podem ser mal conservadas, comprometendo sua eficácia.
A forma como as informações sobre o uso e a eficácia da vacina têm chegado à
população brasileira é adequada?
Não. É preciso que fabricantes, imprensa, profissionais e autoridades de saúde
estejam conscientes de sua responsabilidade. É imprescindível esclarecer sob quais
condições a vacina pode se tornar um mecanismo eficaz de prevenção para não gerar
uma expectativa irreal de solução do problema e desmobilizar a sociedade e seus
agentes com relação às políticas de promoção e prevenção realizadas. Deve-se informar
que, segundo as pesquisas, as principais beneficiadas são as meninas que ainda não
fizeram sexo; que as mulheres deverão manter a rotina de realização do exame
Papanicolaou e de diagnóstico de DST; e que, mesmo que a aplicação da vacina
ocorra em larga escala, uma redução significativa dos indicadores da doença pode
demorar algumas décadas.
Característica do HPV: Coilocitose
GRAUS DE
INFECÇÃO POR HPV
Herpes (herpes simples,
herpes labial)
O que é?
O herpes é uma infecção causada pelo Herpes simplex virus. O contato com o
vírus ocorre geralmente na infância, mas muitas vezes a doença não se manifesta nesta
10. 10
época. O vírus atravessa a pele e, percorrendo um nervo, se instala no organismo de
forma latente, até que venha a ser reativado.
A reativação do vírus pode ocorrer devido a diversos fatores desencadeantes, tais
como: exposição à luz solar intensa, fadiga física e mental, estresse emocional, febre ou
outras infecções que diminuam a resistência orgânica.
Algumas pessoas tem maior possibilidade de apresentar os sintomas do herpes.
Outras, mesmo em contato com o vírus, nunca apresentam a doença, pois sua imunidade
não permite o seu desenvolvimento.
O herpes simples é uma doença infecciosa muito contagiosa,causada por dois
vírus da família do herpesviridae, o hsv-1 e o hsv-2.Infectam algumas células de forma
lítica causando lesão, ou seja ocorre a destruição da célula, já em outros casos ela se
encontra em estado latente podendo aparecer mais tarde. É caracterizada pela erupção
de bolhas cheias de serosidade e podendoaparecer por toda parte, sendo sobretudo
freqüente nos lábios e órgãos genitais. A erupção é acompanhada de febre, o que indica
o caráter infeccioso.
O herpes zoster é uma erupção idêntica que se produz no trajeto de um nervo
periférico(nervo intercostal, umeral, ciático, etc.), a erupção é precedida de uma placa
vermelha. É uma infecção extremamente dolorosa, que se prolonga muitas vezes nas
pessoas idosas e podedeixar como resquício neurites permanentes. É igualmente uma
doença infecciosa por vírus manifestando-se ainda pela febre, prostração, dores
neurálgicas.
Manifestações clínicas
As localizações mais frequentes são os lábios e a região genital, mas o herpes
pode aparecer em qualquer lugar da pele. Uma vez reativado, o herpes se apresenta da
seguinte forma:
·inicialmente pode haver coceira e ardência no local onde surgirão as
lesões.
·a seguir, formam-se pequenas bolhas agrupadas como num buquê sobre
área avermelhada e inchada.
·as bolhas rompem-se liberando líquido rico em vírus e formando uma
ferida. É a fase de maior perigo de transmissão da doença.
·a ferida começa a secar formando uma crosta que dará início à
cicatrização.
·a duração da doença é de cerca de 5 a 10 dias.
11. 11
Tratamento
Os seguintes cuidados devem ser tomados durante um surto de herpes:
·o tratamento deve ser iniciado tão logo comecem os primeiros sintomas,
assim o surto deverá ser de menor intensidade e duração;
·evite furar as vesículas;
·evite beijar ou falar muito próximo de outras pessoas, principalmente de
crianças se a localização for labial;
·evite relações sexuais se for de localização genital;
·lave sempre bem as mãos após manipular as feridas pois a virose pode
ser transmitida para outros locais de seu próprio corpo, especialmente as mucosas
oculares, bucal e genital.
O tratamento deve ser orientado pelo seu médico dermatologista. É ele quem
pode determinar os medicamentos mais indicados para o seu caso que, dependendo da
intensidade, podem ser de uso local (na forma de cremes ou soluções) ou de uso via
oral, na forma de comprimidos.
Quando as recidivas do herpes forem muito frequentes, a imunidade deve ser
estimulada para combater o vírus. Os fenômenos desencadeantes devem ser evitados,
procurando-se levar uma vida o mais saudável possível.
A eficácia das vacinas contra o herpes são muito discutidas, mostrando bons
resultados em alguns pacientes mas nenhum resultado em outros.
12. 12
CITOPATOLOGIA CLÍNICA
Esfregaço insatisfatório
pobre em células, contendo
sangue e raras células
escamosas. (obj. 10x
Esfregaço insatisfatório
hemorrágico e pobre em células,
contendo raras células
escamosas agrupadas. Pode ser
considerado como satisfatório se
a celularidade estiver no mesmo
nível em toda a extensão do
esfregaço. (obj. 20x)
Amostra insatisfatória, com
atrofia e inflamação importante.
Pequenos aglomerados de células
escamosas parabasais e células
isoladas com algumas atipias
nucleares (leve aumento) e
alterações citoplasmáticas
(acidofilia, vacúolos). Artefatos
de dessecamento. Sugere-se
repetir após tratamento local.
(obj 20x)
13. 13
Esfregaço com hemorragia
(período menstrual) e baixa
celularidade. Porém, a
presença de raras células
atípicas podem ser úteis para o
diagnóstico de rastreamento.
(obj. 20x)
Diferentes tipos de células
escamosas - A: células
superficiais (setas); B: células intermediárias; C: células parabasais; D: células
metaplásicas. (obj. 20x)
Ectocérvice normal: células
escamosas intermediárias
basofílicas e células
superficiais com citoplasma
basofílico ou eosinofílico. (obj.
10x)
14. 14
A: células escamosas
superficiais, com citoplasma
plano basofílico ou
eosinofílico. B: Aspecto
atrófico. (obj 20x)
Ectocérvice normal: células
escamosas intermediárias e
superficiais, basofílicas ou
eosinofílicas. Presença de
alguns polimorfonucleares.
(obj. 10x)
Esfregaço do meio do ciclo
(fase ovulatória): muco
cervical formando estruturas
cristalizadas tipo folhas de samambaia e células escamosas superficiais eosinofílicas.
(obj. 2,5x)
15. 15
Fase luteínica com
importante citólise e
abundantes bacilos de
Döederlein. Núcleos nus
provenientes de células
intermediárias e restos
citoplasmáticos. (obj. 40x)
CÉLULAS GLANDULARES
Diferentes tipos de células
glandulares endocervicais – A
e B: células secretoras; C:
células ciliadas; D: núcleos
nus de células glandulares
endocervicais. (obj. 20x)
Pequeno grupamento de
células glandulares colunares
com núcleos regulares, imersas
em muco cervical. Duas
células escamosas. (obj. 10x)
16. 16
Esfregaço coletado com escova
citológica: aglomerado
compacto constituído por
células endometriais normais.
(obj. 20x)
A e B: metaplasia escamosa
madura.
C: Metaplasia escamosa
imatura. D: metaplasia
escamosa imatura com padrão
de metaplasia transicional.
(obj. 20x)
METAPLASIA IMATURA
Metaplasia transicional:
células imaturas com núcleos
claros e ovais, com nucléolos
bem visualizados. Alguns
sulcos nucleares longitudinais
típicos (setas). Inclusões
citoplasmáticas inespecíficas.
(obj. 40x)
17. 17
METAPLASIA MADURA
Células escamosas do tipo
intermediárias, de origem
metaplásica. Estas células são
geralmente arredondadas. (obj.
10x)
Células escamosas
metaplásicas, isoladas ou
agrupadas, com delicados
prolongamentos
citoplasmáticos (setas
violetas). O acúmulo de
glicogênio é responsável pela
coloração amarelada do
citoplasma (setas pretas). (obj.
20x)
Esfregaço da zona de transição
com um aglomerado de células
metaplásicas e outro de células
glandulares endocervicais, em
meio a fundo inflamatório.
(obj. 20x)
18. 18
Endocérvice normal: histiócitos com citoplasmas micro-vacuolados. (obj 20x)
Histiócitos e pequenas células
Histiócitos mostram tamanhos e formas diferentes e podem transformar-se em
macrófagos.
Classicamente um histiócito é uma célula com um núcleo em formato de rim e um
citoplasma microvacuolado. Os histiócitos podem ser multinucleados com um
citoplasma maior. Às vezes estas células multinucleadas são células gigantes do tipo
corpo estranho. Histiócitos multinucleados são freqüentemente vistos em esfregaços
atróficos da menopausa. Pode ser difícil diferenciar os histiócitos das células escamosas
basais ou das células glandulares de origem endocervical ou endometrial. Histiócitos
podem transformar-se em macrófagos.
Esfregaço endocervical:
Grande aumento dos
histiócitos. (obj. 40x)
19. 19
Inflamação leve em endocérvice normal: células glandulares secretoras (elipse), com
histiócitos (seta) e polimorfonucleares. (obj. 20x)
A: Cândida. B: Trichomonas
vaginalis. C: Herpes. D:
Gardnerella vaginalis. (obj. 40x)
Ectocérvice inflamatória: células
escamosas com halo perinuclear claro
e núcleo aumentado de tamanho:
infecção porTrichomonas
vaginalis (setas). (obj. 40x)
Monilíase (Cândida albicans): hifas e
esporos em fundo inflamatório. (obj. 20x)
20. 20
Gardnerella vaginalis: as
bactérias são visualizadas no
fundo, principalmente
encobrindo as células
escamosas resultando em
células indicadoras (clue cells)
(setas). Não há citólise. Os
polimorfonucleares são
ausentes ou raros. (obj. 20x)
Actinomicose: aglomerados
típicos de material
pseudofilamentoso. Esfregaço
de uma mulher em uso de DIU.
(obj. 40x)
Infecção herpética: célula multinucleada (seta)
com inclusão viral intranuclear. Grande
aumento. (obj. 40x)
21. 21
Infecção herpética: células
mononucleares e
multinucleadas com inclusões
intranucleares com aspecto de
vidro fosco e cromatina
marginal. Amoldamento
nuclear (seta) (obj. 40x)
Infecção herpética: células
multinucleadas com núcleos
borrados e aspecto de vidro
fosco. (obj. 20x)
Infecção herpética: três células mononucleares
(setas pretas) e uma multinucleada (seta violeta)
com inclusões virais intranucleares. (obj. 40x)
22. 22
Infecção herpética: três células
mononucleares com inclusão
viral intranuclear circundada
por um halo claro. O diagnóstico
diferencial inclui nucléolos
proeminentes e infecção por
citomegalovírus. (obj. 40x)
Infecção herpética: células
mononucleares com inclusão
viral intranuclear (setas). (obj.
20x)
Esfregaço ectocervical:
microfilarias do
tipo Wuchereria bancrofti.
(obj. 20x)
23. 23
Esfregaço da zona de
transição: inflamatório.
Alterações morfológicas
freqüentemente visualizadas,
afetando as células parabasais
metaplásicas, em mulher em
uso de DIU. (obj. 20x)
Atrofia menopausal com
grandes aglomerados de
células basais ou parabasais e
alguns núcleos nus. (obj. 20x)
Ectocérvice inflamatória com células
intermediárias profundas com aumento dos
núcleos e células superficiais eosinofílicas com
aspecto paraqueratótico (setas): alterações
inflamatórias inespecíficas. (obj. 20x)
24. 24
Esfregaço ectocervical:
hiperqueratose. Agregados de
escamas anucleadas. (obj. 10x)
Cervicite folicular em uma
mulher de 53 anos. Um grande
macrófago com corpos
tingíveis no ângulo superior
esquerdo. (obj. 40x)
Grande aumento de células
colunares atípicas, com
núcleos aumentados, mas com
padrão de cromatina
semelhante em todas as
células. Nucléolos não visíveis.
AGC. (A e B: obj. 40x)
25. 25
Carcinoma escamoso invasor:
células malignas pouco
diferenciadas (A), células
malignas moderadamente
diferenciadas alongadas (B).
Fundo hemorrágico com
alguns leucócitos. (A e B: obj.
40x)
Carcinoma escamoso invasor:
células malignas pleomórficas,
isoladas ou em aglomerados
pouco coesos. (obj. 40x)
Adenocarcinoma endocervical in situ (AIS):
agrupamento de células endocervicais atípicas,
com núcleos volumosos e alongados. Este
agrupamento tem contornos irregulares, com
aspecto ligeiramente em paliçada. (obj. 20x)
26. 26
Adenocarcinoma invasor,
histologicamente comprovado:
agrupamento de células
colunares malignas, em
paliçada, sugerindo um
adenocarcinoma in situ. (obj.
40x)
Esfregaço ectocervical inflamatório e
hemorrágico com uma significativa
população de células colunares atípicas,
sob a forma de agregados irregulares e
células atípicas bem preservadas
soladas. Adenocarcinoma endocervical
histologicamente comprovado. (obj. 40x)
Esfregaço ectocervical de uma
paciente com diagnóstico de
adenocarcinoma de
endométrio. Entre as células
escamosas normais, observa-se
um grupo de células
glandulares atípicas,
dificultando uma análise
precisa (AGC células de
origem endometrial ?). (obj.
20x)
27. 27
Adenocarcinoma endometrial
em um esfregaço cervical. (obj.
40x)
Referências
http://www.iarc.fr/
http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=2687
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/230_herpes.html