Aula 3 - Personalidade e Processos Psicológicos Básicos
1. Aula 3
A Personalidade e os Processos
Psicológicos Básicos
Prof. Ms. Felipe Saraiva Nunes de Pinho
felipepinho.com
2. Por que estudar a Personalidade?
• O estudo da personalidade nos ajuda a
compreender o comportamento e a atitude das
pessoas dentro das organizações.
• “Compreender a personalidade dos
funcionários ajuda os administradores a
aproveitar as diferenças individuais para
facilitar o trabalho em equipe, para favorecer o
desenvolvimento das competências e melhorar
o desempenho”. (MORIN, E.; AUBÉ, C.)
3. O que é Personalidade?
• A Personalidade pode ser compreendida como o conjunto
de características de um indivíduo que integradas,
estabelecem a forma única como ele se comporta ou reage
ao meio. Ela é o conjunto de traços psicológicos,
particulares, únicos, e organizados de forma própria, ou
seja, individualiza o modo de pensar, de sentir e de agir de
cada pessoa; é aquilo que a pessoa mostra ser.
• A personalidade exprime a unidade essencial da pessoa,
bem como sua singularidade; ela também determina a
maneira como a pessoa se relaciona com os outros;
• persona (latim) era o nome dado às máscaras que os
atores utilizavam para caracterizar os personagens. Por
isso, a personalidade está relacionada também à
impressão que cada um causa nos outros, ao
comportamento manifesto e observável. Só através do
comportamento manifesto é que temos acesso ao estudo
da personalidade do indivíduo.
4. Personalidade = per sonare
• Persona (latim) era o nome dado às máscaras
que os atores utilizavam para caracterizar os
personagens. Por isso, a personalidade está
relacionada também à impressão que cada
um causa nos outros, ao comportamento
manifesto e observável. Só através do
comportamento manifesto é que temos
acesso ao estudo da personalidade do
indivíduo.
5. 1. O que é Personalidade?
• A via de acesso ao conhecimento da personalidade
passa, essencialmente, por um processo de
autopercepção. Quanto mais fiel for esse processo de
autopercepção, de autoconhecimento, menor a
probabilidade de projetar nos outros traços não
conhecidos ou aceitos da própria personalidade.
• É fundamental compreender que a personalidade é
fruto de uma interação entre os fatores genéticos e
ambientais, uma interação que envolve a relação
entre o indivíduo e o seu meio ambiente físico e
cultural.
6. Fatores que determinam a
Personalidade
Genética:
- a genética determina o fenótipo, a aparência externa da
pessoa;
- a genética determina a estrutura da espécie, comum a todos
os indivíduos;
- a genética determina traços individuais e únicos de cada
indivíduo particular.
Ambiente:
- ambiente físico: nutrição, temperatura, altitude;
- ambiente social: cultura, relações interpessoais;
- as experiências da vida de uma pessoa são determinantes
para a constituição de sua personalidade;
7. Dimensões da Personalidade
• Dos aspectos importantes da personalidade são o temperamento e
o caráter.
• O temperamento é considerado como um aspecto biológico e
inato, ou seja, herdado geneticamente, que determinada a maneira
como o indivíduo irá reagir a determinadas situações. A esquiva,
pessimismo, afetividade, raiva, agressividade, paciência, são
exemplos de traços do temperamento. O temperamento envolve
principalmente os aspectos emocionais, motivacionais e
adaptativos do indivíduo.
• O caráter é considerado o aspecto moral da personalidade,
moldado ao longo da vida do indivíduo, em um diálogo com a
cultura; é a forma habitual e constante de agir de um individuo, seu
ethos. O egoísmo, a responsabilidade, a sensibilidade, a disciplina,
são exemplos de traços do caráter.
8. 2. O estudo da personalidade
• Etiologia - busca explicar os fatores determinantes das diferenças
individuais da personalidade; para isso a psicologia estuda a
história de vida da pessoa, os principais acontecimentos, sua matriz
de identidade (relacionamento com os pais), experiências
traumáticas, etc.
• Classificação em tipos psicológicos - busca agrupar essas diferenças
em subgrupos de acordo com traços semelhantes;
• Transtornos de personalidade - busca evidenciar as características
conflitivas de determinados traços da personalidade ou de
determinados comportamentos, que impossibilitam ao individuo se
adaptar às situações vividas. Os transtornos de personalidade são
considerados como formas inadequadas de comportamento,
quando há uma expressão inadequada das emoções e sentimentos,
ou quando a relação com os outros é muito problemática, ou
também quando a autopercepção está comprometida, gerando
sofrimento, isolamento e desajuste.
9. 3. Desenvolvimento da Personalidade
• A nossa saúde psíquica pode ser compreendida como a
capacidade de nos desenvolver, evoluir, nos realizar
enquanto ser.
• A nossa personalidade não está acabada, nem é imutável,
muito pelo contrário, ela está em um constante processo
dinâmico de construção que só termina com a morte. No
entanto, essa construção ocorre, na maioria das pessoas, de
maneira coerente, mantendo e revelando uma identidade
(estabilidade ao longo do tempo).
• Como a construção de nossa personalidade é fruto de uma
interação com o meio em que vivemos (cultura, instituições,
pessoas), muitas vezes podemos encontrar barreiras que
frustrem nosso pleno desenvolvimento:
10. Barreiras ao desenvolvimento da
personalidade
• As barreiras situacionais estão relacionadas às situações ou
oportunidades externas que o meio nos oferece para que
realizemos nosso potencial;
• As barreiras interpessoais tratam dos impedimentos
promovidos por pessoas ou grupos que dificultam nossas
realizações;
• As barreiras intrapessoais estão relacionadas às nossas
próprias deficiências, ou aos nossos conflitos internos, que
impedem nosso auto-desenvolvimento. Muitos desses
conflitos surgem de nossas experiências infantis, por isso, o
auto-conhecimento pode promover uma forma de
resolução dos conflitos internos, possibilitando a retomada
da capacidade criativa e espontânea de nosso
desenvolvimento.
11. 4. Personalidade e Organização
• "O grande erro da Administração Científica de Taylor foi supor
que todas as pessoas são iguais" (Bergamini). O estudo dos
movimentos que determinavam movimentos genéricos, as
teses tayloristas a respeito da relação do sujeito com o seu
trabalho e com a empresa, acabaram criando a imagem de
que todos os trabalhadores são iguais, são como máquinas;
• É necessário, dentro das organizações, compreender as
diferenças individuais, e até mesmo tratar de maneira
individualizada cada colaborador. As políticas de Gestão de
Pessoas têm que ser flexíveis e adaptáveis à realidade e
necessidade de cada indivíduo.
• O trabalho, e principalmente o sentido que cada um lhe
atribui, é um dos fatores mais importantes na formação da
personalidade do sujeito e na determinação de sua saúde
mental.
12. 4. Personalidade e Organização
• Os conflitos, nas organizações, muitas vezes
acontecem por discordância entre os valores e
aspirações dos indivíduos e os valores e princípios da
organização.
• O estudo da personalidade dos indivíduos, nas
organizações, tem como principais objetivos o
levantamento das aptidões e competências
individuais, a análise da motivação e do
comprometimento com a metas organizacionais, a
avaliação do desempenho no trabalho e a análise da
saúde ocupacional.
15. Sensação é reação
física do corpo ao
mundo físico, sendo
regida pelas leis da
física, química,
biologia, etc. que
resulta na ativação
das áreas primárias
do córtex cerebral.
O processo Sensação-Percepção
16. Sensação
• Sentir ou captar é detectar de modo imediato: é
o que fazem os sensores ou captadores.
Perceber, por outro lado, é decifrar ou
reconhecer a mensagem sensorial. O sentir exige
apenas detectores ou sensores; o perceber exige,
além desses, órgãos capazes de interpretar
aquilo que é sentido ou captado.
• Em resumo, perceber é elaborar, não apenas
copiar (Neisser, 1967). Os tijolos dessas
construções perceptivas são as sensações, as
memórias e as expectativas.
17. Tipos de Sensações
• Interoceptivas (são as sensações provenientes de nossos
órgãos internos);
• Proprioceptivas (são as sensações que permitem ao cérebro
tomar conhecimento do movimento do corpo no espaço e de
sua posição em relação aos outros corpos.);
• Exteroceptivas: são as sensações provenientes da superfície
do corpo, a partir de nossos órgãos dos sentidos:
1 Sensações Visuais
2 Sensações auditivas
3 Sensações olfativas
4 Sensações gustativas
5 Sensações Tactivas
6 Sensações Espaciais
18. Percepção
• É a interpretação das sensações, usando-se o conhecimento e a
compreensão do mundo. É um processo ativo de "construir" uma
realidade pessoal (de ordenar o mundo), de dar sentido àquilo que
se vê, se ouve ou se toca.
• Perceber é decifrar ou reconhecer a mensagem sensorial. Em
resumo, perceber é elaborar, não apenas copiar (Neisser, 1967). Os
tijolos dessas construções perceptivas são as sensações, as
memórias e as expectativas. Perceber consiste na aquisição,
interpretação, seleção e organização das informações obtidas pelos
sentidos.
• A percepção envolve a interação de fatores físicos (sensações),
psicológicos (experiência e história de vida do sujeito), e a fatores
culturais (crenças, valores, atitudes, senso comum).
• A maneira como percebemos o mundo determinará o nosso
comportamento.
20. Distorções da percepção
• Estereótipos: preconceito; imagem preconcebida; geralmente
depreciativa. Podem ser culturalmente construídos;
• Efeito halo (a primeira impressão é a que fica). O efeito halo
acontece quando um certo atributo de uma pessoa ou de
uma situação é usado para formar uma impressão geral sobre
a pessoa ou situação;
• Percepção seletiva: é a tendência que as pessoas têm ver e
ouvir somente os fatos que apóiam suas crenças e os seus
referenciais socioculturais. Na percepção seletiva, destaque-
se um aspecto da realidade, uma característica de uma
pessoa em detrimento de todos os demais. Ex. quando fico
doente, de repente tenho a impressão de que o mundo todo
está falando dessa doença;
21. Distorções da percepção
• Efeito Contraste: ocorre quando as características de
uma pessoa são contrastadas com as de outras
encontradas logo em seguida ou anteriormente. É
uma comparação;
• Projeção: é a atribuição de características pessoais
para outros indivíduos. É uma forma de conhecer e
classificar uma pessoa e o seu comportamento.
22. Percepção e interação pessoal:
implicações para a Organização
• As nossas percepções influenciam nossas interações
pessoais, pois nossos relacionamentos dependem da
maneira como nos percebemos uns aos outros, sendo
que muitas vezes podemos criar estereótipos para uma
pessoa influenciando a maneira como ela própria se vê.
• Por isso, para o gestor de pessoas é muito importante
diferenciar aquilo que pode ser uma percepção
distorcida de uma determinada pessoa daquilo que,
efetivamente, pode ser um traço de sua personalidade.
Isso só é possível a partir de um processo de
autopercepção e de autoconhecimento.
23. Percepção e interação pessoal:
implicações para a Organização
• A Teoria Implícita da Personalidade defende que o
sujeito traz dentro de si uma impressão pré-construída
de outras pessoas, que utiliza para julgar e interpretar a
personalidade e o comportamento dessas pessoas, e que
não necessariamente corresponde à realidade da
personalidade dessas pessoas ou ao que se está
efetivamente percebendo.
• Nas organizações, as pessoas que trabalham na avaliação
de desempenho, por exemplo, devem ser treinadas para
corrigir as distorções perceptivas naturais que têm sobre
o seu avaliado.
24. Inteligência
• A inteligência diz respeito à nossa capacidade de
discernimento, de avaliar alternativas e de adquirir
conhecimento para buscar soluções para os problemas já
vivenciados ou inéditos;
• Para Piaget a inteligência seria a nossa capacidade de
nos adaptarmos ao ambiente físico e social;
• Assim, a inteligência envolve nossa capacidade adaptar e
moldar nosso comportamento visando alcançar um
determinado objetivo. Isso envolve a nossa capacidade
de compreender da situação, de planejar e de construir
conhecimento;
25. Inteligência
• A inteligência envolve, então nossa capacidade mental de
raciocinar, planejar, resolver problemas, abstrair idéias,
compreender idéias e linguagens e, principalmente, aprender
com a experiência;
• A inteligência foi primeiramente vista como um fator ou
habilidade cognitiva geral de resolver problemas (Charles
Spearman - Fator G). No entanto hoje (Howard Gardner -
Inteligência múltiplas; Daniel Goleman - Inteligência
emocional) há uma tendência a compreender a inteligência
como um processo mais complexo que envolve inúmeras
outras habilidades intelectuais, psicomotoras, emocionais,
interpessoais etc.
26. O QI
• QI (Quociente de Inteligência) é um índice
mensurado a partir da aplicação de testes
psicológicos que compara o indivíduo testado com os
escores obtidos por outros indivíduos do mesmo
grupo etário.
• Para as avaliação de crianças utiliza-se a fórmula:
• QI = Idade Mental / Idade Cronológica x 100.
• Nos adultos o QI é calculado utilizando-se a
distribuição da curva normal. 50% 20% 20% 5% 5%.
27. QI - Classificação proposta por David
Wechsler (1940)
• QI acima de 127: Superdotação (algumas fontes citam o
termo “gênio” para QI>150)
• 120-127: Inteligência superior
• 110-120: Inteligência acima da média
• 90-110: Inteligência média
• 80-90: Embotamento ligeiro
• 65-80: Limítrofe
• 50-65: Debilidade ligeira
• 35-50: Debilidade moderada
• 20-35: Debilidade severa
• QI abaixo de 20: Debilidade profunda
28. As Emoções
• A emoção é um complexo estado de sentimentos,
com componentes somáticos, psíquicos e
comportamentais, relacionados ao afeto e ao humor.
(Kaplan e Sadock, 1993).
• A emoção não é voluntariamente controlada. Ela é
responsável pelos sentimentos humanos.
• Quando muito intensas as emoções podem vir
acompanhadas por reações viscerais, comandadas
pelo sistema nervoso autônomo, que determina
reações de luta e fuga.
29. As Emoções
• “Todas as emoções são, em essência,
impulsos, legados pela evolução, para uma
ação imediata, para planejamentos
instantâneos que visam a lidar com a vida.”
(Goleman, 1995).
30. O QUE É INTELIGÊNCIA EMOCIONAL?
Refere-se à eficácia com a
qual as pessoas percebem
e compreendem suas
próprias emoções e as
emoções dos outros,
sendo capazes de
administrar seu
comportamento. (Morris;
Maisto, 2004).
31. Componentes básicos das
emoções
• Cognitivo: pensamentos, crenças e
expectativas individuais determinam a
maneira singular como será vivenciada a
emoção;
• Fisiológico: mudanças físicas internas
resultantes do alerta emocional;
• Comportamental: sinais exteriores que
expressão as emoções vivenciadas (raiva,
alegria, tristeza).
32. Evolução da maturidade emocional
• Infância: emoções com caráter captativo;
• Adolescência: emoções com caráter oblativo;
• Idade adulta: capacidade de trocar afeto (dar
e receber emoções) e de responder
emocionalmente à situação.
33. • Fonte: BERGAMINI, Cecília W. Psicologia
aplicada à administração. São Paulo:Atlas,
2006.