O Espírito não perde as lembranças do passado. O fenômeno que ocorre no processo da reencarnação é apenas um esquecimento temporário, e não perde para sempre. Pode se processar a lembrança, caso necessário, mas na suavidade que convém à força divina.
O esquecimento das vidas passadas é uma bênção de Deus, para manter a alma preocupada com a sua vida presente. A sabedoria divina sabe o que é melhor para nós.
3. 392 – Por que o Espírito
encarnado perde a lembrança
do seu passado?
O homem não pode nem deve
tudo saber; Deus o quer assim
em sua sabedoria. Sem o véu
que lhe cobre certas coisas,
ficaria deslumbrado, como
aquele que passa, sem transição,
da obscuridade à luz. Pelo
esquecimento do passado, ele é
mais ele mesmo.
4. Em vão se objeta que o esquecimento constitui obstáculo a que se
possa aproveitar da experiência de vidas anteriores. Havendo Deus
entendido de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso
vantagem. Com efeito, a lembrança traria gravíssimos inconvenientes.
Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou, então,
exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio. Em
todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas
relações sociais.
Frequentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu,
estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de
reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas as a quem
odiara, quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo
modo, ele se sentiria humilhado em presença daquelas a quem
houvesse ofendido.
Para nos melhorarmos, outorgou-nos Deus, precisamente, o de que
necessitamos e nos basta: a voz da consciência e as tendências
instintivas. Priva-nos do que nos seria prejudicial.
EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Cap. V, item 11
5. 393 –
De que maneira pode o homem ser responsável por
atos e resgatar faltas de que não se lembra?
Como pode aproveitar a experiência adquirida nas
existências caídas no esquecimento?
Conceber-se-ia que as tribulações da vida fossem uma
lição para ele, se se lembrasse do que as originou; mas
do momento que não se lembra, cada existência para
ele como se fosse a primeira e está, assim, sempre a
recomeçar.
Como conciliar isso com a justiça de Deus?
6. A cada nova existência, o homem tem mais inteligência e
pode melhor distinguir o bem e o mal. Onde estaria o
mérito se ele se lembrasse de todo o passado? Quando o
Espírito volta à sua vida primitiva (a vida espírita) toda a
sua vida passada se desenrola diante dele; ele vê as faltas
que cometeu e que são causa do seu sofrimento, e o que o
poderia impedir de as cometer. Compreende que a posição
que lhe é dada é justa e procura, então, a existência que
poderá reparar aquela que vem de se escoar. Procura
provas análogas àquelas pelas quais passou, ou lutas que
crê adequadas ao seu adiantamento, pedindo aos Espíritos
que lhe são superiores para ajudá-lo nessa nova tarefa que
empreende, porque sabe que o Espírito que lhe será dado
por guia nessa nova existência procurará fazê-lo reparar
suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuição das que
cometeu.
7. Essa mesma intuição é o pensamento, o desejo
criminoso que vos vem, frequentemente, e ao qual
resistis instintivamente, atribuindo, no mais das vezes,
vossa resistência aos princípios que recebestes de
vossos pais, enquanto que é a voz da consciência que
vos fala, e essa voz é a lembrança do passado; voz que
vos adverte para não recairdes nas faltas que já
cometestes. O Espírito, entrado nessa nova existência,
se suporta essas provas com coragem, e se resiste,
eleva-se e ascende na hierarquia dos Espíritos, quando
volta entre eles.
8. Allan Kardec:
Se não temos, durante a vida
corporal, uma lembrança
precisa do que fomos e do que
fizemos, de bem ou de mal,
nas nossas existências
anteriores, temos a intuição, e
nossas tendências instintivas
são uma reminiscência do
nosso passado. Aquela nossa
consciência, que é o desejo
que abrigamos de não mais
cometer as mesmas faltas, nos
previne a resistência.
10. 394 – Nos mundos mais avançados que o nosso, onde os
homens não estão premidos por todas as nossas
necessidades físicas e nossas enfermidades, eles
compreendem que são mais felizes do que nós?
A felicidade, em geral é relativa, sentimo-la por
comparação com um estado menos venturoso. Visto que,
em definitivo, alguns desses mundos, ainda que
melhores do que o nosso, não estão no estado de
perfeição, os homens que os habitam devem ter seu
gênero de motivos de aborrecimentos.
Entre nós, o rico, que não tem as angústias das
necessidades materiais como o pobre, não tem menos
tribulações que tornam sua vida amarga.
Ora, eu pergunto se, na sua posição, os habitantes
desses mundos não se creem mais infelizes do que nós
não se lamentam de sua sorte, não tendo a lembrança de
uma existência anterior para comparação?
11. A isso é preciso dar duas respostas diferentes. Há mundos,
entre aqueles de que falas, cujos habitantes têm uma
lembrança muito clara e muito precisa de suas existências
passadas. Esses, tu o compreendes, podem e sabem
apreciar a felicidade que Deus lhes permite saborear. Mas
existem outros onde os habitantes, como tu o disseste,
colocados em melhores condições do que vós, não têm
menos aborrecimentos, infelicidade mesmo; esses não
apreciam sua felicidade pelo fato mesmo de que não têm
lembrança de um estado ainda mais infeliz. Se eles não a
apreciam como homens, apreciam-na como Espíritos.
12. Allan Kardec:
Não há, no esquecimento dessas existências
passadas, sobretudo naquelas que foram penosas,
alguma coisa de providencial e na qual se revela a
sabedoria divina? É nos mundos superiores, quando
a lembrança das existências infelizes não é mais do
que um sonho mau, que elas afloram à memória. Nos
mundos inferiores, as infelicidades atuais não seriam
agravadas pela lembrança de tudo aquilo que se
suportou?
Concluamos daí, então, que tudo que Deus fez está
bem feito e que não nos cabe criticar-lhe as obras e
dizer como deveria regular o Universo.
13. A lembrança de nossas individualidades anteriores
teria inconvenientes muito graves; poderia, em
certos casos, nos humilhar extraordinariamente e,
em outros, exaltar o nosso orgulho e, por isso
mesmo, entravar o nosso livre-arbítrio. Deus nos deu,
para nos melhorarmos, o que nos é necessário e nos
basta: a voz da consciência e nossas tendências
instintivas, privando-nos do que nos poderia
prejudicar. Acrescentemos, ainda, que se tivéssemos
a lembrança de nossos atos pessoais anteriores,
teríamos igualmente dos atos dos outros e esse
conhecimento poderia ter os mais deploráveis efeitos
sobre as relações sociais.
14. Não havendo sempre motivos para nos glorificarmos
do nosso passado, ele é quase sempre feliz quando
um véu lhe seja lançado. Isso concorda
perfeitamente com a doutrina dos Espíritos sobre os
mundos superiores ao nosso. Nesses mundos, onde
não reina senão o bem, a lembrança do passado não
tem nada de penosa; eis porque sabem aí de sua
existência precedente, como nós sabemos o que
fizemos na véspera. Quanto à estada que fizeram nos
mundos inferiores, como dissemos, não é mais que
um sonho mau.
15. 395 – Podemos ter algumas
revelações sobre nossas
existências anteriores?
Nem sempre. Muitos sabem,
entretanto, o que foram e o
que fizeram; se lhes fosse
permitido dizê-lo abertamente,
fariam singulares revelações
sobre o passado.
16. 396 – Certas pessoas creem
ter uma vaga lembrança de
um passado desconhecido
que se lhes apresenta como
a imagem fugidia de um
sonho que se procura em
vão reter. Essa ideia não é
uma ilusão?
Algumas vezes é real; mas,
frequentemente, é uma
ilusão contra a qual é
preciso se colocar em
guarda, porque pode ser o
efeito de uma imaginação
superexcitada.
17. 397 – Nas existências corporais de
uma natureza mais elevada que a
nossa, a lembrança das
existências anteriores é mais
precisa?
Sim, à medida que o corpo é
menos material, lembra-se melhor.
A lembrança do passado é mais
clara para aqueles que habitam os
mundos de uma ordem superior.
18. 398 – As tendências instintivas do
homem, sendo uma reminiscência
do seu passado, segue-se que pelo
estudo dessas tendências pode
conhecer as faltas que cometeu?
Sem dúvida, até um certo ponto;
mas é preciso ter em conta o
progresso que pode ter-se operado
no Espírito e as resoluções que
tomou no estado errante. A
existência atual pode ser muito
melhor do que a precedente.
19. 398.a) Pode ser pior? O
homem pode cometer em
uma existência faltas que não
cometeu na precedente?
Isso depende de sua elevação.
Se não sabe resistir às provas,
ele pode ser arrastado a novas
faltas, que são a consequência
da posição que escolheu. Mas,
em geral, essas faltas acusam
mais um estado estacionário
que um estado retrógrado,
porque o Espírito pode
avançar ou parar, mas não
recua.
20. 399 – As vicissitudes da vida
corporal, sendo ao mesmo
tempo uma expiação pelas faltas
passadas e provas para o futuro,
segue-se que da natureza dessas
vicissitudes pode-se induzir o
gênero da existência anterior?
Muito frequentemente, pois, cada
um é punido pelos erros que
cometeu; entretanto, não é
preciso fazer disso uma regra
absoluta. As tendências instintivas
são um índice mais certo, porque
as provas que o Espírito suporta
são tanto pelo futuro como pelo
passado.
21. Allan Kardec:
Alcançado o termo marcado pela Providência para sua
vida errante, o próprio Espírito escolhe as provas às quais
quer se submeter para acelerar o seu progresso, quer
dizer, o gênero de existência que ele crê mais apropriado
para lhe fornecer os meios, e essas provas estão sempre
em relação com as faltas que deve expiar. Se triunfa, se
eleva; se sucumbe, está por recomeçar.
O Espírito goza sempre do seu livre-arbítrio e é em
virtude dessa liberdade que, no estado de espírito,
escolhe as provas da vida corporal e que, no estado de
encarnado, delibera se as cumpre ou não, escolhendo
entre o bem e o mal. Denegar ao homem o seu livre-
arbítrio, será reduzi-lo à condição de máquina.
22. Entrando na vida corporal, o Espírito perde
momentaneamente a lembrança de suas existências
anteriores, como se um véu as ocultasse. Todavia, ele
tem algumas vezes uma vaga consciência e elas podem
mesmo lhe serem reveladas em certas circunstâncias;
mas é apenas pela vontade de Espíritos superiores que o
fazem espontaneamente, com um fim útil e jamais para
satisfazer uma vã curiosidade.
As existências futuras não podem ser reveladas em
nenhum caso, pela razão de que elas dependem da
maneira que se cumpra a existência presente e da
escolha ulterior do Espírito.
23. O esquecimento das faltas cometidas não é um obstáculo
ao progresso do Espírito, porque, se não tem uma
lembrança precisa, o conhecimento que teve no estado
errante e o desejo que tomou de as reparar guiam-no
pela intuição e lhe dão o pensamento de resistir ao mal.
Esse pensamento é a voz da consciência, que é
secundada pelos Espíritos que o assistem, se escuta as
boas inspirações que sugerem.
Se o homem não conhece os atos que cometeu nas suas
existências anteriores, ele pode sempre saber de que
gênero de faltas se tornou culpado e qual era seu caráter
dominante. Basta estudar-se e pode julgar do que foi,
não pelo que é, mas por suas tendências.
As vicissitudes da vida corporal são, ao mesmo tempo,
uma expiação pelas faltas do passado e provas para o
futuro. Elas nos depuram e nos elevam segundo as
suportemos com resignação e sem murmurar.
24. A natureza das vicissitudes e das provas que suportamos
pode, também, nos esclarecer sobre o que fomos e o que
fizemos, como neste mundo julgamos os fatos de um
culpado pelos castigos que lhe inflige a lei.
Assim, alguém será castigado no seu orgulho pela
humilhação de uma existência subalterna; o mau rico e o
avaro, pela miséria; o que foi duro para com os outros,
pela dureza que suportará; o tirano, pela escravidão; o
mau filho, pela ingratidão dos seus filhos; o preguiçoso,
por um trabalho forçado, etc.
25.
26. No plano físico, idealiza-se a
continuação da vida, no mundo
espiritual... No mundo espiritual,
idealiza-se a correção, o reajuste, a
melhoria e o polimento dessa mesma
vida, no plano físico. Somos viajores do
berço para o túmulo e do túmulo para
o berço, renascendo na Terra e na
Espiritualidade, tantas vezes quantas se
fizerem precisas, aprendendo,
renovando, retificando e progredindo
sempre, conforme as Leis do Universo,
até alcançarmos a Perfeição, nosso
destino comum...
XAVIER, Chico. E a vida continua.... 1ª ed. Esp. Rio de
Janeiro: FEB, 2008. Pelo Espírito André Luiz. Pag. 243-244.
27. XAVIER, Chico. E a vida continua.... 1ª ed. Esp. Rio de Janeiro: FEB, 2008.
Pelo Espírito André Luiz. Pag. 107.
... o Criador exige sejam as criaturas
deixadas livres para escolherem o
caminho de evolução que melhor lhes
pareça, seja uma avenida de estrelas ou
uma vereda de lama. Deus quer que
todos os seus filhos tenham a própria
individualidade, creiam nele como
possam, conservem as inclinações e
gostos mais consentâneos com o seu
modo de ser, trabalhem como e quanto
desejem e habitem onde quiserem.
Somente exige — e exige com rigor —
que a justiça seja cumprida e respeitada.
«A cada um será dado segundo as suas
obras.» Todos receberemos, nas Leis da
Vida, o que fizermos, pelo que fizermos,
quanto fizermos e como fizermos.
28. 919. Qual o meio prático
mais eficaz que tem o
homem de se melhorar
nesta vida e de resistir à
atração do mal?
Um sábio da antiguidade
vo-lo disse: Conhece-te a ti
mesmo.
Oráculo de Delfos
“O homem, conhece-te a ti mesmo e
conhecerás os deuses e o universo”
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30. 1) “Perguntai-vos o que fizeste e com qual
objetivo agistes em tal circunstância”.
2) “Se fizeste alguma coisa que censurais
em outrem”.
3) “Se fizeste alguma coisa que não
ousaríeis confessar”.
4) “Se aprouvesse a Deus me chamar neste
momento (em que estou lendo está página),
reentrando no mundo dos Espíritos, onde
nada é oculto, eu teria o que temer diante
de alguém?”.
5) “Examinai o que podeis ter feito contra
Deus, contra vosso próximo, e enfim,
contra vós mesmos”.
“Fazei o que eu fazia de minha vida sobre a
Terra: ao fim da jornada, eu interrogava
minha consciência, passava em revista o
que fizera, e me perguntava se não faltara
algum dever, se ninguém tinha nada a
lamentar de mim.”
Santo Agostinho
31. “Tendes um meio de controle que não vos pode
enganar.”
1) “Quando estiverdes indecisos sobre o valor
de uma de vossas ações, perguntai-vos como
a qualificaríeis se fosse feita por outra pessoa;
se a censurais em outrem, ela não pode ser
mais legítima em vós, porque Deus não tem
duas medidas para a justiça.”
2) “Não negligencieis a opinião dos vossos
inimigos, porque estes não têm nenhum
interesse em dissimular a verdade e,
frequentemente, Deus os coloca ao vosso lado
como um espelho para vos advertir com mais
franqueza que o faria um amigo.”
3) “Aquele que tem vontade séria de se
melhorar explore, pois, sua consciência, a fim
de arrancar dela as más tendências.” Santo Agostinho
32. Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o
Reino de Deus, se não nascer de novo".
João 3:3
33. CRÉDITOS:
• Formatação: Marta G. P. Miranda
• Referências:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
Tradução de Salvador Gentile. 182ª Ed. Araras
– SP: IDE, 2009. Pág. 141 à 143.
XAVIER, Chico. Entre a Terra e o Céu. 27ª ed.
Brasília: FEB, 2018. Pelo Espírito André Luiz.
XAVIER, Chico. No Mundo Maior. 28ª ed.
Brasília: FEB, 2017. Pelo Espírito André Luiz.
XAVIER, Chico. E a vida continua.... 1ª
ed. Esp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Pelo
Espírito André Luiz.
https://br.pinterest.com