A Espiritualidade nos mostra que a ressurreição da carne na verdade significa a reencarnação e quando nós aprofundamos nos estudos das palavras evangélicas percebemos que se referem à reencarnação.
A Espiritualidade e Kardec nos mostram que é impossível a ressurreição na ideia que se conhece.
Não há como recompor os elementos que decompõe e se dissipam a partir da decomposição dos corpos, pois novos elementos são formados.
A ciência nos mostra que é impossível a ressurreição da carne como muitas crenças propagam.
A Espiritualidade nos mostra que as penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos, de forma que os Espíritos tiram de si a sua felicidade ou infelicidade.
Aqui na Terra podemos estar bem, felizes ou podemos estar tristes, estejamos no lugar mais belo da Terra ou no lugar mais deprimente da Terra, depende da nossa alma, do nosso Espírito, do nosso coração.
Na erraticidade, um Espírito preso à matéria, agarrado à sensualidade, mesmo que ele esteja em uma colônia espiritual destinada ao bem, ele vai se sentir infeliz, pois o coração dele assim está, mesmo que ele esteja em um ambiente mais agradável. Por outro lado, qualquer Espírito superior que for até uma região umbralina ou trevosa prestar algum amparo ou até residir por algum tempo, como ocorre nas colônias de transição estará em paz e sua felicidade não será alterada.
4. 1010 – O dogma da ressurreição da carne é a consagração
da reencarnação ensinada pelos Espíritos?
Como quereis que o seja de outro modo? Essas palavras,
como tantas outras, não parecem insensatas aos olhos de
certas pessoas, senão porque as tomam ao pé da letra. Por
isso, conduzem à incredulidade. Mas dai-lhes uma
interpretação lógica, e aqueles que chamais livres
pensadores as admitirão sem dificuldade, precisamente
porque eles refletem; porque não vos enganeis, esses livres
pensadores não desejam mais do que crer. Eles têm, como
os outros, talvez mais que os outros, sede do futuro, mas
não podem admitir o que é contestado pela ciência. A
doutrina da pluralidade das existências está conforme a
justiça de Deus. Só ela pode explicar o que, sem ela, é
inexplicável. Como quereríeis que o princípio não estivesse
na própria religião?
5. 1010.a) Assim a igreja, pelo dogma da ressurreição da
carne, ensina ela mesma a doutrina da reencarnação?
Isso é evidente. Essa doutrina, aliás, é a consequência de
muitas coisas que passaram despercebidas e que não se
tardará a compreender nesse sentido. Logo se reconhecerá
que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das
Escrituras sagradas. Os Espíritos não vêm, pois, destruir a
religião, como alguns o pretendem, mas, ao contrário, vêm
confirmá-la, sancioná-la por provas irrecusáveis. Mas como
é chegado o tempo de não mais empregar a linguagem
figurada, eles se exprimem sem alegoria e dão às coisas um
sentido claro e preciso, que não possa estar sujeito a
nenhuma interpretação falsa. Eis porque, dentro de algum
tempo, tereis mais pessoas sinceramente religiosas e crentes
que as que não tendes hoje. (São Luís)
6. Allan Kardec:
A Ciência, com efeito, demonstra a impossibilidade da
ressurreição segundo a ideia vulgar. Se os restos do corpo
humano permanecessem homogêneos, fossem dispersos e
reduzidos a pó, se conceberia ainda a reunião em um
momento dado; mas as coisas não se passam assim. O
corpo é formado de elementos diversos: oxigênio,
hidrogênio, azoto, carbono, etc.
Pela decomposição, esses elementos se dispersam para
servir na formação de novos corpos, de tal sorte que a
mesma molécula, de carbono, por exemplo, entrará na
composição de vários milhares de corpos diferentes (não
falamos senão de corpos humanos sem contar os dos
animais); que tal indivíduo, talvez tenha no seu corpo
moléculas que pertenceram aos homens das primeiras
idades;
7. que essas mesmas moléculas orgânicas que absorveis
na vossa alimentação provêm, talvez, do corpo de tal
indivíduo que conhecestes, e assim por diante. A
matéria, sendo em quantidade definida e suas
transformações em quantidades indefinidas, como
cada um desses corpos poderia se reconstruir dos
mesmos elementos? Há nisso uma impossibilidade
material. Não se pode, pois, racionalmente, admitir a
ressurreição da carne senão como uma figura
simbolizando o fenômeno da reencarnação e, nesse
caso, não há nada que choque a razão, nada que esteja
em contradição com os dados da Ciência.
Verdade que, segundo o dogma, essa ressurreição não
deve ter lugar senão no fim dos tempos, enquanto que,
segundo a Doutrina Espírita, ela ocorre todos os dias.
8. Mas não há ainda nesse quadro do julgamento final
uma grande e bela figura que esconde, sob o véu da
alegoria, uma dessas verdades imutáveis que não
encontrará mais céticos quando for restabelecida em
sua verdadeira significação? Que se queira bem
meditar a teoria espírita sobre o futuro das almas e sua
sorte depois das diferentes provas que elas devem
suportar, e se verá que, à exceção da simultaneidade, o
julgamento que condena ou que as absolve não é uma
ficção, assim como pensam os incrédulos. Observemos
ainda que ela é a consequência natural da pluralidade
dos mundos, hoje perfeitamente admitida, enquanto
que, segundo a doutrina do juízo final, a Terra é
considerada o único mundo habitado.
10. 1011 – Um lugar circunscrito no Universo está
destinado às penas e aos gozos dos Espíritos, segundo
seus méritos?
Já respondemos a essa questão. As penas e os gozos são
inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um
possui em si mesmo o princípio de sua própria
felicidade ou infelicidade, e como eles estão por toda a
parte, nenhum lugar circunscrito, nem fechado, não
está destinado a um antes que a outro. Quanto aos
Espíritos encarnados, são mais ou menos felizes ou
infelizes, conforme o mundo que eles habitem mais ou
menos avançado.
11. 1012 – Segundo isso, o inferno e o paraíso não
existiriam tal como o homem o representa?
Não são senão figuras: há por toda a parte Espíritos
felizes e infelizes. Entretanto, como também já o
dissemos, os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem
por simpatia; mas podem se reunir onde querem,
quando são perfeitos.
Allan Kardec:
A localização absoluta dos lugares de penas e
recompensas não existe senão na imaginação do
homem. Provém da tendência a materializar e a
circunscrever as coisas das quais eles não podem
compreender a essência infinita.
12. 1013 – Que se deve entender pelo purgatório?
Dores físicas e morais: é o tempo da expiação. Quase
sempre é sobre a Terra que fazeis vosso purgatório e
que Deus vos faz expiar vossas faltas.
Allan Kardec:
O que o homem chama purgatório é também uma
figura pela qual se deve entender, não um lugar
determinado qualquer, mas o estado dos Espíritos
imperfeitos que estão em expiação até a purificação
completa que os deve elevar ao nível dos Espíritos
bem-aventurados. Essa purificação, operando-se nas
diversas encarnações, o purgatório consiste nas provas
da vida corporal.
13. 1014 – Como se dá que Espíritos que, por sua
linguagem, revelam superioridade, tenham respondido
a pessoas muito sérias a respeito do inferno e do
purgatório, conforme a ideia que deles se faz
vulgarmente?
Eles falam uma linguagem compreendida pelas pessoas
que os interrogam. Quando essas pessoas são muito
imbuídas de certas ideias, não as querem chocar muito
bruscamente para não melindrar suas convicções. Se
um Espírito viesse dizer, sem precauções oratórias, a um
muçulmano, que Maomé não é um profeta, ele seria
muito mal-recebido.
14. 1014.a) Concebe-se que possa ser assim da parte dos
Espíritos que querem nos instruir; mas como se dá que os
Espíritos interrogados sobre sua situação tenham respondido
que sofriam as torturas do inferno ou do purgatório?
Quando são inferiores e não completamente
desmaterializados, conservam uma parte de suas ideias
terrestres e exprimem suas impressões pelos termos que lhes
são familiares. Eles se encontram em um meio que não lhes
permite, senão pela metade, sondar o futuro e é por causa
disso que, frequentemente, os Espíritos errantes ou recém
desencarnados falam como o fariam em vida. Inferno pode se
traduzir por uma vida de prova, extremamente penosa, com a
incerteza de uma melhora. Purgatório, uma vida também de
prova, mas com consciência de um futuro melhor. Quando
experimentas uma grande dor, não dizes para ti mesmo que
sofres como um condenado? Não são mais que palavras, e
sempre em sentido figurado.
15. 1015 – Que se deve entender
por uma alma em pena?
Uma alma errante e sofredora,
incerta de seu futuro, e à qual
podeis proporcionar um alívio
que, frequentemente, ela
solicita vindo se comunicar
convosco. (664).
16. 1016 – Em que sentido se deve
entender a palavra céu?
Crês que ele seja um lugar, como
os Campos Elíseos dos antigos,
onde todos os bons Espíritos são
amontoados desordenadamente
sem outro cuidado que o de gozar
pela eternidade uma felicidade
passiva? Não, é o espaço
universal, são os planetas, as
estrelas, e todos os mundos
superiores, onde os Espíritos
gozam de todas as suas
faculdades sem ter as
atribulações da vida material,
nem as angústias inerentes à
inferioridade.
17. 1017 – Os Espíritos disseram habitar o quarto, o quinto
céu, etc.; que entendiam por isso?
Vós lhes perguntais qual céu habitam, porque tendes a
ideia de vários céus colocados como os andares de uma
casa. Então, vos respondem segundo vossa linguagem,
mas, para eles, essas palavras, quarto, quinto céu
exprimem diferentes graus de depuração e, por
conseguinte, de felicidade. É absolutamente como
quando se pergunta a um Espírito se ele está no inferno;
se é infeliz dirá sim, porque para ele inferno é sinônimo
de sofrimento. Mas ele sabe muito bem que não se
trata de uma fornalha. Um pagão teria dito que estava
no Tártaro.
18. Allan Kardec:
É o mesmo que outras expressões análogas, tais como
cidade das flores, cidade dos eleitos, primeira, segunda
ou terceira esfera, etc., que não são senão alegorias
empregadas por certos Espíritos, seja como figuras,
seja algumas vezes por ignorância da realidade das
coisas e mesmo das mais simples noções científicas.
Segundo a ideia restrita que se fazia antigamente dos
lugares de penas e de recompensas, e sobretudo na
opinião de que a Terra era o centro do Universo, que o
céu formava uma abóboda e que havia uma região de
estrelas e se colocava o céu em cima e o inferno
embaixo. Daí as expressões subir ao céu, estar no mais
alto dos céus, ser precipitado no inferno.
19. Hoje que a Ciência demonstrou que a Terra não é
senão um dos menores mundos entre tantos milhões
de outros, sem importância especial; que ela historiou
sua formação e descreveu sua constituição, provou
que o espaço é infinito e não há nem alto nem baixo
no Universo, foi preciso renunciar em colocar o céu
acima das nuvens e o inferno nos lugares baixos.
Quanto ao purgatório, nenhum lugar lhe foi
assinalado. Estava reservado ao Espiritismo dar a todas
essas coisas a explicação mais racional, a mais
grandiosa e ao mesmo tempo a mais consoladora para
a Humanidade. Assim, pode-se dizer que carregamos
conosco nosso inferno e nosso paraíso. Nosso
purgatório o encontramos na nossa encarnação, nas
nossas vidas corporais ou físicas.
20. 1018 – Em que sentido é preciso
entender estas palavras do Cristo:
Meu reino não é deste mundo?
Assim respondendo, o Cristo falava
num sentido figurado. Ele queria dizer
que não reina senão sobre os corações
puros e desinteressados. Ele está por
toda a parte, onde domina o amor ao
bem; mas os homens, ávidos de coisas
deste mundo e ligados aos bens da
Terra, não estão com ele.
21. 1019 – Jamais o reino do bem poderá ter lugar sobre a Terra?
O bem reinará sobre a Terra quando, entre os Espíritos que
vêm habitá-la, os bons vencerem sobre os maus. Então, farão
nela reinar o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da
felicidade. É pelo progresso moral e pela prática das leis de
Deus que o homem atrairá sobre a Terra os bons Espíritos e
dela afastará os maus. Mas os maus não a deixarão senão
quando dela forem banidos o orgulho e o egoísmo.
A transformação da Humanidade foi predita e atingis esse
momento, que apressa todos os homens que ajudam o
progresso. Ela se cumprirá pela encarnação de Espíritos
melhores, que constituirão sobre a Terra uma nova geração.
Então, os Espíritos dos maus, que a morte ceifa cada dia, e
todos aqueles que tentem atrasar a marcha das coisas, dela
serão excluídos, porque serão deslocados do convívio com os
homens de bem, dos quais perturbariam a felicidade.
22. Eles irão para mundos novos, menos avançados, cumprir missões
penosas, onde poderão trabalhar para seu próprio adiantamento, ao
mesmo tempo que trabalharão para o adiantamento de seus irmãos
ainda mais atrasados. Não vedes nessa exclusão da Terra
transformada a sublime figura do Paraíso perdido, e no homem
chegado sobre a Terra em semelhantes condições, e trazendo em si
o germe de suas paixões e os traços de sua inferioridade primitiva, a
figura não menos sublime do pecado original? O pecado original,
considerado sob esse ponto de vista, prende-se à natureza ainda
imperfeita do homem, que não é responsável senão por si mesmo e
suas faltas, e não das de seus pais. Todos vós, homens de fé e de
boa vontade, trabalhai, portanto, com zelo e coragem na grande
obra da regeneração, porque colhereis centuplicado o grão que
houverdes semeado. Infelizes aqueles que fecham os olhos à luz,
porque se preparam para longos séculos de trevas e de decepções.
Infelizes dos que colocam todas as suas alegrias nos bens deste
mundo, porque sofrerão mais privações do que tiveram de prazeres.
Infelizes, sobretudo, os egoístas, porque não encontrarão ninguém
para os ajudar a carregar o fardo de suas misérias. (São Luís)
23. CRÉDITOS:
Formatação: Marta Gomes P. Miranda
Referências:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
Tradução de Salvador Gentile. 182ª Ed.
Araras – SP: IDE, 2009. Pág. 288 à 292.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Tradução De Salvador Gentile.
365ª Ed. Araras – SP: Ide, 2009.
KARDEC, Allan. A Gênese: Os Milagres e as
Predições Segundo o Espiritismo. Tradução
de Salvador Gentile. 52ª Ed. Araras – SP:
IDE, 2008.
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns.
Tradução De Salvador Gentile. 85ª Ed.
Araras – SP: Ide, 2008.
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Tradução
de Salvador Gentile. Araras – SP: IDE, 2008.