Este documento discute as relações entre os Espíritos no mundo espírita. Afirma que os Espíritos podem ter afeições particulares, mas o ódio existe apenas entre os Espíritos impuros. Dois inimigos na Terra podem se reconciliar no mundo espírita. As afeições dos Espíritos puros são inalteráveis.
3. 291 – Além da semelhança geral de
afinidade, há entre os Espíritos
afeições particulares?
Sim, do mesmo modo que entre os
homens; todavia, o laço que une os
Espíritos é mais forte na ausência do
corpo, por não estarem mais expostos
às vicissitudes das paixões.
4. 292 – Existe ódio entre os
Espíritos?
Não existe ódio senão entre os
Espíritos impuros e são eles que
insuflam, entre vós, as inimizades
e as dissensões.
5. 293 – Duas pessoas que foram inimigas sobre a
Terra, conservarão ressentimento, uma contra a
outra, no mundo dos Espíritos?
Não, elas compreenderão que seu ódio foi estúpido
e o motivo pueril. Os Espíritos imperfeitos
conservam apenas uma espécie de animosidade,
até que estejam purificados. Se foi um interesse
material que os dividiu, eles não pensarão mais
nisso, por pouco que sejam desmaterializados. Se
não há mais antipatia entre eles, o motivo da
discussão não mais existindo, podem rever-se com
prazer.
6.
7. 294 – A lembrança das más ações que
dois homens cometeram um contra o
outro, é um obstáculo à sua simpatia?
Sim, ela os leva a se distanciarem.
8. 295 – Que sentimentos experimentam
depois da morte aqueles a quem fizemos
mal aqui neste mundo?
Se são bons, perdoam de acordo com o
vosso arrependimento. Se são maus, podem
conservar ressentimento e, algumas vezes,
vos perseguir até em uma outra existência.
Deus pode permiti-lo como um castigo.
9. 296 – As afeições de cada Espírito são
suscetíveis de alteração?
Não, pois eles não podem se enganar; não
têm mais a máscara sob a qual se escondem
as hipocrisias. Por isso, suas afeições são
inalteráveis, quando são puros. O amor que
os une lhes é uma fonte de suprema
felicidade.
10. 297 – A afeição que duas pessoas se
dedicam neste mundo continuará sempre
no mundo dos Espíritos?
Sim, sem dúvida, se ela se alicerça sobre
uma simpatia verdadeira; mas se as causas
físicas foram maiores que a simpatia, ela
cessa com a causa. As afeições entre os
Espíritos são mais sólidas e mais duráveis
que sobre a Terra, porque não estão mais
subordinadas aos caprichos dos interesses
materiais e do amor-próprio.
11. 298 – As almas que deverão se unir estão
predestinadas a essa união, desde sua origem e
cada um de nós tem, em alguma parte do
Universo, sua metade à qual se reunirá
fatalmente, um dia?
Não; não existe união particular e fatal entre duas
almas. A união existe entre todos os Espíritos, mas
em graus diferentes segundo a categoria que
ocupam, quer dizer, segundo a perfeição que
adquiriram: quanto mais perfeitos, mais unidos.
Da discórdia nascem todos os males humanos; da
concórdia resulta a felicidade completa.
12. 299 – Em que sentido se deve entender o
termo metade de que certos Espíritos se
servem para designar os Espíritos
simpáticos?
A expressão é inexata; se um Espírito fosse a
metade de outro, separado dele, seria
incompleto.
13. 300 – Dois Espíritos perfeitamente simpáticos,
uma vez reunidos, o serão pela eternidade ou
podem se separar unindo-se a outros Espíritos?
Todos os Espíritos são unidos entre si; falo dos
que atingiram a perfeição. Nas esferas inferiores,
quando um Espírito se eleva, não tem a mesma
simpatia por aqueles que deixou atrás.
14. 301 – Dois Espíritos simpáticos são o
complemento um do outro ou essa
simpatia é o resultado de uma identidade
perfeita?
A simpatia que atrai um Espírito para o
outro é o resultado da perfeita concordância
de suas inclinações, de seus instintos. Se um
devesse completar o outro, perderia sua
individualidade.
15. 302 – A identidade necessária para a
simpatia perfeita consiste na semelhança
de pensamentos e de sentimentos ou,
também, na uniformidade de
conhecimentos adquiridos?
Na igualdade dos graus de elevação.
16. 303 – Os Espíritos que não são simpáticos hoje,
poderão sê-lo mais tarde?
Sim, todos o serão. Assim, o Espírito que está, hoje,
numa esfera inferior, em se aperfeiçoando alcançará a
esfera onde reside o outro. Seu reencontro terá lugar
mais prontamente, se o Espírito mais elevado,
suportando mal as provas a que está submetido,
permanece no mesmo estado.
303.a) Dois Espíritos simpáticos poderão deixar de sê-
lo?
Certo, se um é preguiçoso.
17. Allan Kardec:
A teoria das metades eternas é uma figura que
representa a união de dois Espíritos simpáticos; é uma
expressão usada mesmo na linguagem vulgar e que se faz
necessário não se prender à letra. Os Espíritos que a
usam não pertencem, certamente, a uma ordem mais
elevada. A esfera de suas ideias é, necessariamente,
limitada e eles expressam seus pensamentos pelos
termos de que se serviram durante a vida corporal. É
preciso, portanto, rejeitar essa ideia de que dois
Espíritos, criados um para o outro, deverão um dia,
fatalmente, reunirem-se na eternidade, depois de
estarem separados durante um lapso de tempo mais ou
menos longo.
18. CRÉDITOS:
Formatação: Marta G. P. Miranda
Referências:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução
de Salvador Gentile. 182ª Ed. Araras – SP: IDE,
2009. Pág. 123 a 125.