Este documento discute a pluralidade das existências espirituais através de perguntas e respostas. Resume que as almas progridem gradualmente através de várias encarnações, começando em um estado primitivo e ascendendo à perfeição à medida que ganham experiência. Também explica que as almas melhoram suportando as provas da vida corporal, mas nunca descem abaixo do nível já alcançado.
3. 189 – Desde o princípio de sua formação,
goza o Espírito da plenitude de suas
faculdades?
Não, porque o Espírito, como o homem, tem sua
infância. Em sua origem, os Espíritos não têm mais
que uma existência instintiva e possuem apenas a
consciência de si mesmos e de seus atos. Não é
senão pouco a pouco que a inteligência se
desenvolve.
4. EVOLUÇÃO ESPIRITUAL
espírito Espírito
Seres
Inorgânicos Seres Orgânicos
Reino
Mineral
Reino
Vegetal
Reino
Animal Reino Hominal
Atração Sensibilidade Instinto Razão
Matéria inerte Matéria inerte e
Vitalidade
Vitalidade,
Inteligência
instintiva e
Individualidade
Vitalidade, Inteligência
instintiva, Individualidade,
Inteligência ilimitada, Livre
arbítrio, Consciência do
futuro, percepção das coisas
extra materiais,
Conhecimento de Deus.
5. 190 – Qual é o estado da alma em sua
primeira encarnação?
O estado da infância na existência corpórea. Sua
inteligência apenas desabrocha: ela se ensaia para a
vida.
6. 191 – As almas dos nossos selvagens são
almas em estado de infância?
Infância relativa; mas são almas que já progrediram,
pois têm paixões.
a) As paixões são, pois, um sinal de
desenvolvimento?
De desenvolvimento sim, mas não de perfeição; as
paixões são um sinal de atividade e da consciência do
eu, enquanto que, na alma primitiva, a inteligência e
a vida estão em estado de germe.
7. Allan Kardec:
A vida do Espírito, no seu conjunto, percorre as
mesmas fases que vemos na vida corporal; passa
gradualmente do estado de embrião ao da infância,
para alcançar, por uma sucessão de períodos, a
idade adulta, que é a da perfeição, com a diferença
de que não conhece o declínio e a decrepitude
como na vida corporal; que essa vida, que teve
começo, não terá fim; que é preciso um tempo
imenso, do nosso ponto de vista, para passar da
infância espírita a um desenvolvimento completo, e
seu progresso se realiza não sobre uma só esfera,
mas, passando por mundos diversos.
8. A vida do Espírito se compõe assim de uma série de
existências corporais, sendo cada uma, para ele,
uma oportunidade de progresso, da mesma forma
que cada existência corporal se compõe de uma
série de dias em cada um dos quais o homem
adquire um acréscimo de experiências e de
instrução. Todavia, da mesma forma que na vida do
homem existem dias que não produzem fruto, na
vida do Espírito há existências corporais sem
nenhum resultado, porque ele não as soube
aproveitar.
9. 192 – Pode-se, desde esta vida, por uma conduta
perfeita, superar todos os graus e se tornar Espírito
puro, sem passar pelos graus intermediários?
Não, pois o que o homem acredita ser perfeito, está longe
da perfeição; há qualidades que lhe são desconhecidas e
que não pode compreender. Ele pode ser tão perfeito
quanto o permita a sua natureza terrestre, mas, isso não é
a perfeição absoluta. Uma criança, por precoce que seja,
deve passar pela juventude antes de atingir a idade
madura; da mesma forma, também, o doente passa pelo
estado de convalescença antes de recuperar toda a saúde.
Aliás, o Espírito deve avançar em ciência e em moralidade;
e, se ele não progride senão num sentido, é necessário
que progrida também no outro para alcançar o alto da
escala. Todavia, quanto mais o homem avança na sua vida
atual, menos as provas seguintes são longas e penosas.
10. 192.a) Pode o homem, ao menos, assegurar
nesta vida uma existência futura menos cheia
de amarguras?
Sim, sem dúvida, pode abreviar a extensão e as
dificuldades do caminho. Só o negligente se encontra
sempre na mesma situação.
11. 193 – Um homem, em suas novas existências,
pode descer mais baixo que na atual?
Como posição social, sim; como Espírito, não.
12. 194 – A alma de um homem de bem pode,
numa nova encarnação, animar o corpo de
um homem perverso?
Não, visto que ela não pode degenerar.
a) A alma de um homem perverso pode vir a
ser a de um homem de bem?
Sim, se se arrependeu e isso, então, é uma
recompensa.
13. Allan Kardec:
A marcha dos Espíritos é progressiva, jamais
retrógrada. Eles se elevam gradualmente na
hierarquia e não descem da categoria que já
alcançaram. Nas suas diferentes existências
corporais, podem descer como homens, mas não
como Espíritos. Assim, a alma de um potentado da
Terra pode, mais tarde, animar o mais modesto
artesão e vice-versa, porque as posições entre os
homens, frequentemente, estão na razão inversa da
elevação dos sentimentos morais. Herodes era rei,
Jesus, carpinteiro.
14. 195 – A possibilidade de melhorar-se numa outra
existência, não pode conduzir certas pessoas a
perseverarem no mau caminho com a ideia de que
poderão sempre corrigir-se mais tarde?
Aquele que pensa assim não crê em nada e a ideia de um
castigo eterno não o deteria mais, porque a sua razão a repele
e essa ideia conduz à incredulidade sobre todas as coisas. Se se
houvesse empregado apenas meios racionais para conduzir os
homens, não haveria tantos céticos. Um espírito imperfeito
pode, com efeito, pensar durante sua existência corporal,
como dizes, mas, uma vez desligado da matéria, ele pensará de
outra forma, pois perceberá que fez cálculo errado, e é então,
que trará um sentimento contrário em uma nova existência. É
assim que se realiza o progresso e é por essa razão que, na
Terra, existem homens uns mais adiantados do que outros.
Alguns já têm experiências que outros não conhecem ainda,
mas que adquirirão pouco a pouco. Depende de cada um
apressar seu progresso ou atrasar-se indefinidamente.
15. Allan Kardec:
O homem que ocupa uma posição má deseja trocá-
la o mais depressa possível. Aquele que está
convencido de que as tribulações desta vida são
consequências de suas imperfeições, procurará
garantir uma nova existência, menos penosa. Esta
ideia o desviará mais depressa do caminho do mal,
que a ideia do fogo eterno, no qual não acredita.
16. 196 – Os Espíritos não podendo melhorar-se,
senão suportando as tribulações da vida
corporal, seguir-se-ia que a vida material
seria uma espécie de cadinho ou depurador,
pelo qual devem passar os seres do mundo
espírita para atingirem a perfeição?
Sim, é bem isso. Eles se melhoram nessas provas,
evitando o mal e praticando o bem. Porém, é só
depois de várias encarnações ou depurações
sucessivas, num tempo mais ou menos longo, e
segundo seus esforços, que eles atingem o objetivo
para o qual tendem.
17. 196.a) É o corpo que influi sobre o Espírito para
melhorá-lo ou o Espírito que influi sobre o corpo?
Teu Espírito é tudo; teu corpo é uma veste que
apodrece; eis tudo.
Allan Kardec:
No suco da videira encontramos uma comparação
material dos diferentes graus de depuração da alma. Ele
contém o licor chamado espírito ou álcool, mas,
enfraquecido por uma multidão de matérias estranhas
que lhe alteram a essência. Depois de várias destilações,
em cada uma da qual se depura de algumas impurezas,
ele alcança a pureza absoluta. O alambique é o corpo no
qual ele deve entrar para se purificar; as matérias
estranhas são como o perispírito que se depura, ele
mesmo, à medida que o Espírito se aproxima da
perfeição.
18. CRÉDITOS
Formatação: Marta Gomes P. Miranda
Referências:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Salvador
Gentile. 182ª Ed. Araras – SP: IDE, 2009. Pág. 88 a 90.
18C. E. “Joana D’arc”