O documento discute o esquecimento do passado pelo espírito encarnado e como isso permite ao homem seguir em frente sem se prender ao passado. Explica que o esquecimento é providencial para permitir ao espírito progredir de forma independente, apesar de a intuição alertar sobre erros anteriores.
2. PERGUNTAPERGUNTA
1- O homem esquece do seu passado?1- O homem esquece do seu passado?
392 - Por que perde o Espírito encarnado a392 - Por que perde o Espírito encarnado a
lembrança do seu passado?lembrança do seu passado?
3. RESPOSTARESPOSTA
“Não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus assim o quer
em Sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria
ofuscado, como quem, sem transição, saísse do escuro para o
claro. Esquecido de seu passado ele é mais senhor de si. ”
4. Muito sobre os mistérios do universo não nos é permitido saber,Muito sobre os mistérios do universo não nos é permitido saber,
seja por falta de merecimento, seja mesmo pela nossa condiçãoseja por falta de merecimento, seja mesmo pela nossa condição
moral e intelectual.moral e intelectual.
No campo mesmo da ciência material, que parte do princípio deNo campo mesmo da ciência material, que parte do princípio de
que tudo pode ser contestado, existem “buracos” em diversasque tudo pode ser contestado, existem “buracos” em diversas
teorias (especialmente nas áreas da Física e da Química), fatoteorias (especialmente nas áreas da Física e da Química), fato
que compromete o entendimento mais amplo das variáveisque compromete o entendimento mais amplo das variáveis
abrangidas por essas teorias. À medida que o ser humanoabrangidas por essas teorias. À medida que o ser humano
progride intelectualmente (e moralmente), consegue alcançarprogride intelectualmente (e moralmente), consegue alcançar
meios que completam esses espaços, sempre com o fruto do seumeios que completam esses espaços, sempre com o fruto do seu
mérito.mérito.
Em se falando de esquecimento do passado, o espírito consegueEm se falando de esquecimento do passado, o espírito consegue
seguir seu caminho de forma mais “independente” sem talseguir seu caminho de forma mais “independente” sem tal
conhecimento, permitindo-se aproveitar melhor as oportunidadesconhecimento, permitindo-se aproveitar melhor as oportunidades
de renovação.de renovação.
5. Os Espíritos nos alertam que existem “certas coisas” que é melhorOs Espíritos nos alertam que existem “certas coisas” que é melhor
que sejam mesmo esquecidas. Imaginemos reconhecermos, emque sejam mesmo esquecidas. Imaginemos reconhecermos, em
um amigo nosso, alguém que foi motivo de desgraça em vidasum amigo nosso, alguém que foi motivo de desgraça em vidas
anteriores à esta?anteriores à esta?
Os espíritos nos chamam a atenção para uma “transição”. ParaOs espíritos nos chamam a atenção para uma “transição”. Para
que o mundo aja em perfeita harmonia a natureza não funcionaque o mundo aja em perfeita harmonia a natureza não funciona
com transições bruscas. Deve-se existir um processo em quecom transições bruscas. Deve-se existir um processo em que
compreende a transposição de fases, partindo de um pontocompreende a transposição de fases, partindo de um ponto
instável e percorrendo um caminho até o alcance de um ponto deinstável e percorrendo um caminho até o alcance de um ponto de
equilíbrio, onde as variáveis não tenham incentivo para mudar deequilíbrio, onde as variáveis não tenham incentivo para mudar de
estado. Lembrar do passado pode ser muito perigoso, ainda maisestado. Lembrar do passado pode ser muito perigoso, ainda mais
se for de forma brusca, podendo nos mover a um ponto dese for de forma brusca, podendo nos mover a um ponto de
intenso desequilíbrio, e o retorno à estabilidade ser muito maisintenso desequilíbrio, e o retorno à estabilidade ser muito mais
demorado.demorado.
6. PERGUNTAPERGUNTA
393.393. Como pode o homem ser responsávelComo pode o homem ser responsável
por atos e resgatar faltas de que se nãopor atos e resgatar faltas de que se não
lembra? Como pode aproveitar dalembra? Como pode aproveitar da
experiência de vidas de que se esqueceu?experiência de vidas de que se esqueceu?
Concebe-se que as tribulações da existênciaConcebe-se que as tribulações da existência
lhe servissem de lição, se se recordasse dolhe servissem de lição, se se recordasse do
que as tenha podido ocasionar. Desde que,que as tenha podido ocasionar. Desde que,
porém, disso não se recorda, cada existênciaporém, disso não se recorda, cada existência
é, para ele, como se fosse a primeira e eisé, para ele, como se fosse a primeira e eis
que então está sempre a recomeçar. Comoque então está sempre a recomeçar. Como
conciliar isto com justiça de Deus?conciliar isto com justiça de Deus?
7. RESPOSTARESPOSTA
““Em cada nova existência, o homem dispõe de mais inteligência e melhorEm cada nova existência, o homem dispõe de mais inteligência e melhor
pode distinguir o bem do mal. Onde o seu mérito se se lembrasse de todo opode distinguir o bem do mal. Onde o seu mérito se se lembrasse de todo o
passado? Quando o Espírito volta à vida anterior (a vida espírita), diantepassado? Quando o Espírito volta à vida anterior (a vida espírita), diante
dos olhos se lhe estende toda a sua vida pretérita. Vê as faltas que cometeudos olhos se lhe estende toda a sua vida pretérita. Vê as faltas que cometeu
e que deram causa ao seu sofrer, assim como de que modo as teriae que deram causa ao seu sofrer, assim como de que modo as teria
evitado. Reconhece justa a situação em que se acha e busca então umaevitado. Reconhece justa a situação em que se acha e busca então uma
existência capaz de reparar a que vem de transcorrer. Escolhe provasexistência capaz de reparar a que vem de transcorrer. Escolhe provas
análogas às de que não soube aproveitar, ou as lutas que considereanálogas às de que não soube aproveitar, ou as lutas que considere
apropriadas ao seu adiantamento e pede a Espíritos que lhe são superioresapropriadas ao seu adiantamento e pede a Espíritos que lhe são superiores
que o ajudem na nova empresa que sobre si toma, ciente de que o Espírito,que o ajudem na nova empresa que sobre si toma, ciente de que o Espírito,
que lhe for dado por guia nessa outra existência, se esforçará pelo levar aque lhe for dado por guia nessa outra existência, se esforçará pelo levar a
reparar suas faltas, dando-lhe uma espécie dereparar suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuiçãointuição das em quedas em que
incorreu. Tendes essa intuição noincorreu. Tendes essa intuição no pensamentopensamento, no desejo criminoso que, no desejo criminoso que
freqüentemente vos assalta e a que instintivamente resistis, atribuindo, asfreqüentemente vos assalta e a que instintivamente resistis, atribuindo, as
mais das vezes, essa resistência aos princípios que recebestes de vossosmais das vezes, essa resistência aos princípios que recebestes de vossos
pais, quando é a voz da consciência que vos fala. Essa voz, que é apais, quando é a voz da consciência que vos fala. Essa voz, que é a
lembrança do passado, vos adverte para não recairdes nas faltas de que jálembrança do passado, vos adverte para não recairdes nas faltas de que já
vos fizestes culpados. Em a nova existência, se sofre com coragem aquelasvos fizestes culpados. Em a nova existência, se sofre com coragem aquelas
provas e resiste, o Espírito se eleva e ascende na hierarquia dos Espíritos,provas e resiste, o Espírito se eleva e ascende na hierarquia dos Espíritos,
ao voltar para o meio deles.”ao voltar para o meio deles.”
8. Comentário de Kardec:Comentário de Kardec:
Não temos, é certo, durante a vida corpórea, lembrança exata doNão temos, é certo, durante a vida corpórea, lembrança exata do
que fomos e do que fizemos em anteriores existências; mas temosque fomos e do que fizemos em anteriores existências; mas temos
de tudo isso ade tudo isso a intuiçãointuição, sendo as nossas tendências instintivas, sendo as nossas tendências instintivas
uma reminiscência do passado. E a nossauma reminiscência do passado. E a nossa consciênciaconsciência, que é o, que é o
desejo que experimentamos de não reincidir nas faltas jádesejo que experimentamos de não reincidir nas faltas já
cometidas, nos concita à resistência àqueles pendores.cometidas, nos concita à resistência àqueles pendores.
9. PERGUNTAPERGUNTA
394.394. Nos mundos mais elevados do que a Terra, onde os que osNos mundos mais elevados do que a Terra, onde os que os
habitam não se vêem premidos pelas necessidades físicas,habitam não se vêem premidos pelas necessidades físicas,
pelas enfermidades que nos afligem, os homens compreendempelas enfermidades que nos afligem, os homens compreendem
que são mais felizes do que nós? Relativa é, em geral, aque são mais felizes do que nós? Relativa é, em geral, a
felicidade. Sentimo-la, mediante comparação com um estadofelicidade. Sentimo-la, mediante comparação com um estado
menos ditoso. Visto que, em suma alguns desses mundos, semenos ditoso. Visto que, em suma alguns desses mundos, se
bem melhores do que o nosso, ainda não atingiram o estado debem melhores do que o nosso, ainda não atingiram o estado de
perfeição, seus habitantes devem ter motivos de desgostos,perfeição, seus habitantes devem ter motivos de desgostos,
embora de gênero diverso dos nossos. Entre nós, o rico,embora de gênero diverso dos nossos. Entre nós, o rico,
conquanto não sofra as angústias das necessidades materiais,conquanto não sofra as angústias das necessidades materiais,
como o pobre, nem por isso se acha isento de tribulações, quecomo o pobre, nem por isso se acha isento de tribulações, que
lhe tornam amarga a vida. Pergunto então: Na situação em quelhe tornam amarga a vida. Pergunto então: Na situação em que
se encontram, os habitantes desses mundos não se consideramse encontram, os habitantes desses mundos não se consideram
tão infelizes quanto nós, na em que nos vemos, e não setão infelizes quanto nós, na em que nos vemos, e não se
lastimam da sorte, olvidados de existências inferiores que lheslastimam da sorte, olvidados de existências inferiores que lhes
sirvam de termos de comparação?sirvam de termos de comparação?
10. RESPOSTARESPOSTA
““Cabem aqui duas respostas distintas. Há mundos, entre os de queCabem aqui duas respostas distintas. Há mundos, entre os de que
falas, cujos habitantes guardam lembrança clara e exata de suasfalas, cujos habitantes guardam lembrança clara e exata de suas
existências passadas. Esses, compreendes, pedem e sabemexistências passadas. Esses, compreendes, pedem e sabem
apreciar a felicidade de que Deus lhes permite fruir. Outros há,apreciar a felicidade de que Deus lhes permite fruir. Outros há,
porém, cujos habitantes, achando-se, como dizes, em melhoresporém, cujos habitantes, achando-se, como dizes, em melhores
condições do que vós na Terra, não deixam de experimentarcondições do que vós na Terra, não deixam de experimentar
grandes desgostos, até desgraças. Esses não apreciam agrandes desgostos, até desgraças. Esses não apreciam a
felicidade de que gozam, pela razão mesma de se não recordaremfelicidade de que gozam, pela razão mesma de se não recordarem
de um estado mais infeliz. Entretanto, se não a apreciam comode um estado mais infeliz. Entretanto, se não a apreciam como
homens, apreciam-na como Espíritos.”homens, apreciam-na como Espíritos.”
11. Comentário de Kardec:
“No esquecimento das existências anteriormente transcorridas,
sobretudo quando foram amarguradas, não há qualquer coisa de
providencial e que revela a sabedoria divina? Nos mundos
superiores, quando o recordá-las já não constitui pesadelo, é que
as vidas desgraçadas se apresentam à memória. Nos mundos
inferiores, a lembrança de todas as que se tenham sofrido não
agravaria as infelicidades presentes? Concluamos, pois, daí que
tudo o que Deus fez é perfeito e que não nos toca criticar-Lhe as
obras, nem Lhe ensinar como deveria ter regulado o Universo”.
12. À medida que o espírito se eleva moralmente e se torna maisÀ medida que o espírito se eleva moralmente e se torna mais
desprendido da matéria, pode perceber, graças ao seudesprendido da matéria, pode perceber, graças ao seu méritomérito, os, os
feitos de sua(s) vida(s) passada(s). Em mundos superiores aofeitos de sua(s) vida(s) passada(s). Em mundos superiores ao
nosso, a compreensão das leis divinas é exercida na prática,nosso, a compreensão das leis divinas é exercida na prática,
permitindo ao espírito reconhecer seus erros e acertos empermitindo ao espírito reconhecer seus erros e acertos em
existências anteriores e não se abalar, pois possuiexistências anteriores e não se abalar, pois possui equilíbrioequilíbrio
suficiente para saber e aceitar a verdade.suficiente para saber e aceitar a verdade.
Nos mundos inferiores, tomados pelos sentimentos frívolos eNos mundos inferiores, tomados pelos sentimentos frívolos e
inconstantes, a informação de feitos em vidas passadasinconstantes, a informação de feitos em vidas passadas
compromete ocompromete o equilíbrioequilíbrio, conduzindo o espírito a um estado de, conduzindo o espírito a um estado de
perturbação emocional que estagna a sua situação,perturbação emocional que estagna a sua situação,
impossibilitando encontrar meios de progredir.impossibilitando encontrar meios de progredir.
13. ““(...) Gravíssimos inconvenientes teria o nos lembrarmos das(...) Gravíssimos inconvenientes teria o nos lembrarmos das
nossas individualidades anteriores. Em certos casos, humilhar-nossas individualidades anteriores. Em certos casos, humilhar-
nos-ia sobremaneira. Em outros nos exaltaria o orgulho, peando-nos-ia sobremaneira. Em outros nos exaltaria o orgulho, peando-
nos em conseqüência, o livre-arbítrio. Para nos melhorarmos, dá-nos em conseqüência, o livre-arbítrio. Para nos melhorarmos, dá-
nos Deus exatamente o que nos é necessário e basta:nos Deus exatamente o que nos é necessário e basta: a voz daa voz da
consciência e os pendores instintivosconsciência e os pendores instintivos. Priva-nos do. Priva-nos do
que nos prejudicaria. Acrescentemos que, se nos recordássemosque nos prejudicaria. Acrescentemos que, se nos recordássemos
dos nossos precedentes atos pessoais, igualmente nosdos nossos precedentes atos pessoais, igualmente nos
recordaríamos dos outros homens, do que resultariam talvez osrecordaríamos dos outros homens, do que resultariam talvez os
mais desastrosos efeitos para as relações sociais”.mais desastrosos efeitos para as relações sociais”.
14. Comentário de Kardec:
“Nem sempre podendo honrar-nos do nosso passado, melhor é
que sobre ele um véu seja lançado. Isto concorda perfeitamente
com a doutrina dos Espíritos acerca dos mundos superiores à
Terra. Nesses mundos, onde só reina o bem, a reminiscência do
passado nada tem de dolorosa. Tal a razão por que neles as
criaturas se lembram da sua antecedente existência, como nos
lembramos do que fizemos na véspera. Quanto à estada em
mundos inferiores, não passa então, como já dissemos, de mau
sonho”.
15. PERGUNTAPERGUNTA
395.395. Podemos ter algumas revelações aPodemos ter algumas revelações a
respeito de nossas vidas anteriores?respeito de nossas vidas anteriores?
16. RESPOSTARESPOSTA
““Nem sempre. Contudo, muitos sabem o que foram e o queNem sempre. Contudo, muitos sabem o que foram e o que
faziam. Se se lhes permitisse dizê-lo abertamente, extraordináriasfaziam. Se se lhes permitisse dizê-lo abertamente, extraordinárias
revelações fariam sobre o passado.”revelações fariam sobre o passado.”
17. Essa resposta dos espíritos dá abertura para o entendimento deEssa resposta dos espíritos dá abertura para o entendimento de
queque também podemos saber de existências anteriorestambém podemos saber de existências anteriores. O que. O que
importa, nesta passagem, é que o saber delas não pode serimporta, nesta passagem, é que o saber delas não pode ser
movido pelamovido pela curiosidadecuriosidade, pois essa é algo sem causa justa. O, pois essa é algo sem causa justa. O
conhecimento de existências passadas pode ser usado para oconhecimento de existências passadas pode ser usado para o
progresso, de acordo com o mérito do espírito, e não para finsprogresso, de acordo com o mérito do espírito, e não para fins
frívolos.frívolos.
A busca desse saber pode auxiliar na administração de traumasA busca desse saber pode auxiliar na administração de traumas
e dos nossos pendores instintivos, mencionados pelos espíritos.e dos nossos pendores instintivos, mencionados pelos espíritos.
Essa revelação pode ser dada pelos espíritos ou por outrasEssa revelação pode ser dada pelos espíritos ou por outras
abordagens, inclusive da ciência materialista (abordaremos maisabordagens, inclusive da ciência materialista (abordaremos mais
adiante).adiante).
18. PERGUNTAPERGUNTA
396.396. Algumas pessoas julgam ter vagaAlgumas pessoas julgam ter vaga
recordação de um passado desconhecido,recordação de um passado desconhecido,
que se lhes apresenta como a imagemque se lhes apresenta como a imagem
fugitiva de um sonho, que em vão se tentafugitiva de um sonho, que em vão se tenta
reter. Não há nisso simples ilusão?reter. Não há nisso simples ilusão?
19. RESPOSTARESPOSTA
““Algumas vezes, é uma impressão real; mas também,Algumas vezes, é uma impressão real; mas também,
freqüentemente, não passa de mera ilusão, contra a qual precisafreqüentemente, não passa de mera ilusão, contra a qual precisa
o homem por-se em guarda, porquanto pode ser efeito deo homem por-se em guarda, porquanto pode ser efeito de
superexcitada imaginação.”superexcitada imaginação.”
20. Os Espíritos de sabedoria nos orientam, e devemos estar atentosOs Espíritos de sabedoria nos orientam, e devemos estar atentos
aos seus ensinamentos. Não devemos achar que qualqueraos seus ensinamentos. Não devemos achar que qualquer
impressão nossa seja decisiva para tirarmos conclusões a seuimpressão nossa seja decisiva para tirarmos conclusões a seu
respeito.respeito.
Nossa capacidade de criar com o pensamento é ilimitada e podeNossa capacidade de criar com o pensamento é ilimitada e pode
nos induzir a erros brutais. Então, devemos prestar muita atençãonos induzir a erros brutais. Então, devemos prestar muita atenção
em relação aos nossos “achismos”.em relação aos nossos “achismos”.
21. PERGUNTAPERGUNTA
398.398. Sendo os pendores instintivos umaSendo os pendores instintivos uma
reminiscência do seu passado, dar-se-á que,reminiscência do seu passado, dar-se-á que,
pelo estudo desses pendores, seja possívelpelo estudo desses pendores, seja possível
ao homem conhecer as faltas que cometeu?ao homem conhecer as faltas que cometeu?
22. RESPOSTARESPOSTA
““Até certo ponto, assim é. Preciso se torna, porém, levar emAté certo ponto, assim é. Preciso se torna, porém, levar em
conta a melhora que se possa ter operado no Espírito e asconta a melhora que se possa ter operado no Espírito e as
resoluções que ele haja tomado naresoluções que ele haja tomado na erraticidadeerraticidade. Pode suceder. Pode suceder
que a existência atual seja muito melhor que a precedente.”que a existência atual seja muito melhor que a precedente.”
23. Os nossos pendores instintivos nos são úteis para intuirmos o
gênero de nossas faltas do passado e ajudar-nos a melhorar
essas tendências.
Os Espíritos nos lembram dos nossos esforços conquistados
durante o período de erraticidade, onde podemos conhecer de
nossas faltas, de acordo com o nosso mérito e em momento
oportuno, a fim de continuarmos no progresso.
24. PERGUNTAPERGUNTA
a) -a) - Poderá também ser pior, isto é, poderá oPoderá também ser pior, isto é, poderá o
Espírito cometer, numa existência, faltas queEspírito cometer, numa existência, faltas que
não praticou em a precedente?não praticou em a precedente?
25. RESPOSTARESPOSTA
““Depende do seu adiantamento. Se não souber triunfar das provas,Depende do seu adiantamento. Se não souber triunfar das provas,
possivelmente será arrastado a novas faltas, conseqüentes, então,possivelmente será arrastado a novas faltas, conseqüentes, então,
da posição que escolheu. Mas, em geral, estas faltas denotam maisda posição que escolheu. Mas, em geral, estas faltas denotam mais
um estacionamento que umaum estacionamento que uma retrogradaçãoretrogradação, porquanto o Espírito, porquanto o Espírito
é suscetível de se adiantar ou de parar, nunca, porém, deé suscetível de se adiantar ou de parar, nunca, porém, de
retroceder.”retroceder.”
26. Ou seja: sim, podemos cometer faltas diferentes e piores emOu seja: sim, podemos cometer faltas diferentes e piores em
existência presente em relação a uma passada. Mas ficaexistência presente em relação a uma passada. Mas fica
registrado que isso se deve à elevação moral do espírito, ouregistrado que isso se deve à elevação moral do espírito, ou
ainda, de como ele fez a introspecção do aprendizado.ainda, de como ele fez a introspecção do aprendizado.
Cometer uma falta grave indica um estacionamento evolutivo; seCometer uma falta grave indica um estacionamento evolutivo; se
fosse uma retrogradação, estaria procedendo contra as leis dafosse uma retrogradação, estaria procedendo contra as leis da
natureza.natureza.
27. PERGUNTAPERGUNTA
399.399. Sendo as vicissitudes da vida corporalSendo as vicissitudes da vida corporal
expiação das faltas do passado e, ao mesmoexpiação das faltas do passado e, ao mesmo
tempo, provas com vistas ao futuro, seguir-tempo, provas com vistas ao futuro, seguir-
se-á que da natureza de tais vicissitudes sese-á que da natureza de tais vicissitudes se
possa deduzir de que gênero foi a existênciapossa deduzir de que gênero foi a existência
anterior?anterior?
28. RESPOSTARESPOSTA
““Muito amiúde é isso possível, pois que cada um é punidoMuito amiúde é isso possível, pois que cada um é punido
naquilo por onde pecou. Entretanto, não há que tirar daí umanaquilo por onde pecou. Entretanto, não há que tirar daí uma
regra absoluta. As tendências instintivas constituem indício maisregra absoluta. As tendências instintivas constituem indício mais
seguro, visto que as provas por que passa o Espírito o são, tantoseguro, visto que as provas por que passa o Espírito o são, tanto
pelo que respeita ao passado, quanto pelo que toca ao futuro.”pelo que respeita ao passado, quanto pelo que toca ao futuro.”
29. Primeiro ponto importante a se observar é que Kardec se refere àPrimeiro ponto importante a se observar é que Kardec se refere à
dedução das faltas anteriores aindadedução das faltas anteriores ainda encarnadoencarnado. Já foi abordada,. Já foi abordada,
de certa maneira, essa questão quando soubemos que nossosde certa maneira, essa questão quando soubemos que nossos
pendores instintivos nos dão “pistas” de nossas faltas passadas,pendores instintivos nos dão “pistas” de nossas faltas passadas,
permitindo que estejamos atentos e não caiamos em ações depermitindo que estejamos atentos e não caiamos em ações de
mesma inclinação.mesma inclinação.
Os Espíritos disseram que “cada um é punido naquilo queOs Espíritos disseram que “cada um é punido naquilo que
pecou”. Cabe lembrar quepecou”. Cabe lembrar que nós mesmosnós mesmos também escolhemostambém escolhemos
nossas provas, devido a um arrependimento anterior diante denossas provas, devido a um arrependimento anterior diante de
atitudes erradas e à vontade de querer mudar e progredir com aatitudes erradas e à vontade de querer mudar e progredir com a
reencarnaçãoreencarnação. Nossa “punição” é a oportunidade de melhorar e. Nossa “punição” é a oportunidade de melhorar e
está associada às faltas passadas.está associada às faltas passadas.
30. Comentários de KardecComentários de Kardec
Chegando ao termo que a Providência lhe assinou à vida naChegando ao termo que a Providência lhe assinou à vida na
erraticidade, o próprio Espírito escolhe as provas a que desejaerraticidade, o próprio Espírito escolhe as provas a que deseja
submeter-se para apressar o seu adiantamento, isto é, escolhesubmeter-se para apressar o seu adiantamento, isto é, escolhe
meios de adiantar-se e tais provas estão sempre em relação commeios de adiantar-se e tais provas estão sempre em relação com
as faltas que lhe cumpre expiar. Se delas triunfa, eleva-se; seas faltas que lhe cumpre expiar. Se delas triunfa, eleva-se; se
sucumbe, tem que recomeçar.sucumbe, tem que recomeçar.
O Espírito goza sempre doO Espírito goza sempre do livre-arbítriolivre-arbítrio. Em virtude dessa. Em virtude dessa
liberdade é que escolhe, quando desencarnado, as provas daliberdade é que escolhe, quando desencarnado, as provas da
vida corporal e que, quando encarnado, decide fazer ou não umavida corporal e que, quando encarnado, decide fazer ou não uma
coisa procede à escolha entre o bem e o mal. Negar ao homem ocoisa procede à escolha entre o bem e o mal. Negar ao homem o
livre-arbítrio fora reduzi-lo à condição de máquina.livre-arbítrio fora reduzi-lo à condição de máquina.
31. Mergulhando na vida corpórea, perde o Espírito, momentaneamente,Mergulhando na vida corpórea, perde o Espírito, momentaneamente,
a lembrança de suas existências anteriores, como se um véu asa lembrança de suas existências anteriores, como se um véu as
cobrisse. Todavia, conserva algumas vezes vaga consciências, lhecobrisse. Todavia, conserva algumas vezes vaga consciências, lhe
podem ser reveladas. Esta revelação, porém, só os Espíritospodem ser reveladas. Esta revelação, porém, só os Espíritos
superiores espontaneamente lhe fazem, com um fim útil, nunca parasuperiores espontaneamente lhe fazem, com um fim útil, nunca para
satisfazer a vãsatisfazer a vã curiosidadecuriosidade. As existências futuras, essas em. As existências futuras, essas em
nenhum caso podem ser reveladas, pela razão de que dependem donenhum caso podem ser reveladas, pela razão de que dependem do
modo por que o Espírito se sairá da existência atual e da escolha quemodo por que o Espírito se sairá da existência atual e da escolha que
ulteriormente faça.ulteriormente faça.
32. O esquecimento das faltas praticadas não constitui obstáculo àO esquecimento das faltas praticadas não constitui obstáculo à
melhoria do Espírito, porquanto, se é certo que este não semelhoria do Espírito, porquanto, se é certo que este não se
lembra delas com precisão, não menos certo é que alembra delas com precisão, não menos certo é que a
circunstância de as ter conhecido na erraticidade e de havercircunstância de as ter conhecido na erraticidade e de haver
desejado repará-las o guia por intuição e lhe dá a idéia de resistirdesejado repará-las o guia por intuição e lhe dá a idéia de resistir
ao mal, idéia que é a voz da consciência, tendo a secundá-la osao mal, idéia que é a voz da consciência, tendo a secundá-la os
Espíritos superiores que o assistem, se atende às boasEspíritos superiores que o assistem, se atende às boas
inspirações que lhe dão. O homem não conhece os atos queinspirações que lhe dão. O homem não conhece os atos que
praticou em suas existências pretéritas, mas pode sempre saberpraticou em suas existências pretéritas, mas pode sempre saber
qual o gênero das faltas de que se tornou culpado e qual o cunhoqual o gênero das faltas de que se tornou culpado e qual o cunho
predominante do seu caráter. Bastará então julgar do que foi, nãopredominante do seu caráter. Bastará então julgar do que foi, não
pelo que é, sim, pelas suaspelo que é, sim, pelas suas
tendências.tendências.
33. As vicissitudes da vida corpórea constituem expiação das faltasAs vicissitudes da vida corpórea constituem expiação das faltas
do passado e, simultaneamente, provas com relação ao futuro.do passado e, simultaneamente, provas com relação ao futuro.
Depuram-nos e elevam-nos, se as suportamos resignados e semDepuram-nos e elevam-nos, se as suportamos resignados e sem
murmurar.murmurar.
A natureza dessas vicissitudes e das provas que sofremosA natureza dessas vicissitudes e das provas que sofremos
também nos podem esclarecer acerca do que fomos e do quetambém nos podem esclarecer acerca do que fomos e do que
fizemos, do mesmo modo que neste mundo julgamos dos atos defizemos, do mesmo modo que neste mundo julgamos dos atos de
um culpado pelo castigo que lhe inflige a lei.um culpado pelo castigo que lhe inflige a lei.
Assim, o orgulhoso será castigado no seu orgulho, mediante aAssim, o orgulhoso será castigado no seu orgulho, mediante a
humilhação de uma existência subalterna; o mau-rico, o avarento,humilhação de uma existência subalterna; o mau-rico, o avarento,
pela miséria; o que foi cruel para os outros, pelas crueldades quepela miséria; o que foi cruel para os outros, pelas crueldades que
sofrerá; o tirano, pela escravidão; o mau filho, pela ingratidão desofrerá; o tirano, pela escravidão; o mau filho, pela ingratidão de
seus filhos; o preguiçoso, por um trabalho forçado, etc.seus filhos; o preguiçoso, por um trabalho forçado, etc.
34. O Evangelho Segundo o EspiritismoO Evangelho Segundo o Espiritismo
““Em vão se objeta que o esquecimento constitui obstáculo aEm vão se objeta que o esquecimento constitui obstáculo a
que se possa aproveitar da experiência de vidas anteriores.que se possa aproveitar da experiência de vidas anteriores.
havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, éhavendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, é
que há nisso vantagem. Com efeito, a lembrança trariaque há nisso vantagem. Com efeito, a lembrança traria
gravíssimos inconvenientes.gravíssimos inconvenientes.
Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou,Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou,
então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-
arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitávelarbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável
perturbação nas relações sociais.”perturbação nas relações sociais.”
35. ““Para nos melhorarmos, outorgou-nos Deus, precisamente, o dePara nos melhorarmos, outorgou-nos Deus, precisamente, o de
que necessitamos e nos basta: a voz da consciência e asque necessitamos e nos basta: a voz da consciência e as
tendências instintivas. Priva-nos do que nos seria prejudicial.”tendências instintivas. Priva-nos do que nos seria prejudicial.”
““Aliás, o esquecimento ocorre apenas durante a vida corpórea.Aliás, o esquecimento ocorre apenas durante a vida corpórea.
Volvendo à vida espiritual, readquire o Espírito a lembrança doVolvendo à vida espiritual, readquire o Espírito a lembrança do
passado (...)”passado (...)”
36. ImportanteImportante
““E não é somente após a morte que o Espírito recobra aE não é somente após a morte que o Espírito recobra a
lembrança dó passado. Pode dizer-se que jamais a perde, poislembrança dó passado. Pode dizer-se que jamais a perde, pois
que, como a experiência o demonstra, mesmo encarnado,que, como a experiência o demonstra, mesmo encarnado,
adormecido o corpo, ocasião em que goza de certa liberdade, oadormecido o corpo, ocasião em que goza de certa liberdade, o
Espírito tem consciência de seus atos anteriores; sabe por queEspírito tem consciência de seus atos anteriores; sabe por que
sofre e que sofre com justiça. A lembrança unicamente se apagasofre e que sofre com justiça. A lembrança unicamente se apaga
no curso da vida exterior, da vida de relação. Mas, na falta deno curso da vida exterior, da vida de relação. Mas, na falta de
uma recordação exata, que lhe poderia ser penosa e prejudicá-louma recordação exata, que lhe poderia ser penosa e prejudicá-lo
nas suas relações sociais, forças novas haure ele nessesnas suas relações sociais, forças novas haure ele nesses
instantes de emancipação da alma, se os sabe aproveitar.”instantes de emancipação da alma, se os sabe aproveitar.”
37. A parábola de JesusA parábola de Jesus
““Por estas palavras:Por estas palavras: Bem-aventurados os aflitos, pois que serãoBem-aventurados os aflitos, pois que serão
consolados,consolados, Jesus aponta a compensação que hão de ter os queJesus aponta a compensação que hão de ter os que
sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer dosofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer do
sofrimento, como prelúdio da cura. Também podem essassofrimento, como prelúdio da cura. Também podem essas
palavras ser traduzidas assim: Deveis considerar-vos felizes porpalavras ser traduzidas assim: Deveis considerar-vos felizes por
sofrerdes, visto que as dores deste mundo são o pagamento dasofrerdes, visto que as dores deste mundo são o pagamento da
dívida que as vossas passadas faltas vos fizeram contrair;dívida que as vossas passadas faltas vos fizeram contrair;
suportadas pacientemente na Terra, essas dores vos poupamsuportadas pacientemente na Terra, essas dores vos poupam
séculos de sofrimentos na vida futura. Deveis, pois, sentir-vosséculos de sofrimentos na vida futura. Deveis, pois, sentir-vos
felizes por reduzir Deus a vossa dívida, permitindo que a saldeisfelizes por reduzir Deus a vossa dívida, permitindo que a saldeis
agora, o que vos garantirá a tranqüilidade no porvir.”agora, o que vos garantirá a tranqüilidade no porvir.”
38. Como se dá o esquecimento doComo se dá o esquecimento do
passado?passado?
Esta parte foi feita com base no livro AEsta parte foi feita com base no livro A
Gênese, da codificação. Ela traz o processoGênese, da codificação. Ela traz o processo
que o espírito passa para poder esquecer oque o espírito passa para poder esquecer o
seu passado e pleitear seu caminho evolutivoseu passado e pleitear seu caminho evolutivo
na existência de expiação e provas vindoura.na existência de expiação e provas vindoura.
Para isso, vamos estudar como se dá aPara isso, vamos estudar como se dá a
encarnação.encarnação.
39. Pela sua essência espiritual, o Espírito é um ser indefinido,Pela sua essência espiritual, o Espírito é um ser indefinido,
abstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, sendo-lheabstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, sendo-lhe
indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual,indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual,
de certo modo, faz parte integrante dele. Éde certo modo, faz parte integrante dele. É semimaterialsemimaterial esseesse
envoltório, isto é, pertence à matéria pela sua origem e àenvoltório, isto é, pertence à matéria pela sua origem e à
espiritualidade pela sua natureza etérea.espiritualidade pela sua natureza etérea.
Como toda matéria, ele é extraído doComo toda matéria, ele é extraído do fluido cósmico universalfluido cósmico universal
que, nessa circunstância, sofre uma modificação especial. Esseque, nessa circunstância, sofre uma modificação especial. Esse
envoltório, denominadoenvoltório, denominado perispíritoperispírito, faz de um ser abstrato, do, faz de um ser abstrato, do
Espírito, um ser concreto, definido, apreensível peloEspírito, um ser concreto, definido, apreensível pelo
pensamentopensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matéria tangível,. Torna-o apto a atuar sobre a matéria tangível,
conforme se dá com todos os fluidos imponderáveis, que são,conforme se dá com todos os fluidos imponderáveis, que são,
como se sabe, os mais poderosos motores.como se sabe, os mais poderosos motores.
40. Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em viasQuando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias
de formação, um laço fluídico, que mais não é do que umade formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma
expansão do seuexpansão do seu perispíritoperispírito, o liga ao gérmen que o atraí por, o liga ao gérmen que o atraí por
uma força irresistível, desde o momento da concepção. A medidauma força irresistível, desde o momento da concepção. A medida
que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influênciaque o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência
do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possuido princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui
certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, aocertas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao
corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, porcorpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por
intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesseintermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse
gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega aogérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao
seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então oseu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o
ser para a vida exterior.ser para a vida exterior.
41. ““ (...) Um fenômeno particular, que a observação igualmente(...) Um fenômeno particular, que a observação igualmente
assinala, acompanha sempre a encarnação do Espírito. Desdeassinala, acompanha sempre a encarnação do Espírito. Desde
que este é apanhado no laço fluídico que o prende ao gérmen,que este é apanhado no laço fluídico que o prende ao gérmen,
entra em estado de perturbação, que aumenta, à medida que oentra em estado de perturbação, que aumenta, à medida que o
laço se aperta, perdendo o Espírito, nos últimos momentos, todalaço se aperta, perdendo o Espírito, nos últimos momentos, toda
a consciência de si próprio, de sorte que jamais presencia o seua consciência de si próprio, de sorte que jamais presencia o seu
nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito anascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a
recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que serecobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se
formam e consolidam os órgãos que lhes hão de servir àsformam e consolidam os órgãos que lhes hão de servir às
manifestações.manifestações.
42. Mas, ao mesmo tempo que o Espírito recobra a consciência de siMas, ao mesmo tempo que o Espírito recobra a consciência de si
mesmo,mesmo, perde a lembrança do seu passadoperde a lembrança do seu passado, sem perder as, sem perder as
faculdades, as qualidades e as aptidões anteriormentefaculdades, as qualidades e as aptidões anteriormente
adquiridas, que haviam ficado temporariamente em estado deadquiridas, que haviam ficado temporariamente em estado de
latência e que, voltando à atividade, vão ajudá-lo a fazer mais elatência e que, voltando à atividade, vão ajudá-lo a fazer mais e
melhor do que antes. Ele renasce qual se fizera pelo seu trabalhomelhor do que antes. Ele renasce qual se fizera pelo seu trabalho
anterior; o seu renascimento lhe é um novo ponto de partida, umanterior; o seu renascimento lhe é um novo ponto de partida, um
novo degrau a subir.novo degrau a subir.
43. Ainda aí a bondade do Criador se manifesta, porquanto,Ainda aí a bondade do Criador se manifesta, porquanto,
adicionada aos amargores de uma nova existência, a lembrança,adicionada aos amargores de uma nova existência, a lembrança,
muitas vezes aflitiva e humilhante, do passado, poderia turbá-lo emuitas vezes aflitiva e humilhante, do passado, poderia turbá-lo e
lhe criar embaraços. Ele apenas se lembra do que aprendeu, porlhe criar embaraços. Ele apenas se lembra do que aprendeu, por
lhe ser isso útil. Se às vezes lhe é dado ter uma intuição doslhe ser isso útil. Se às vezes lhe é dado ter uma intuição dos
acontecimentos passados, essa intuição é como a lembrança deacontecimentos passados, essa intuição é como a lembrança de
um sonho fugitivo. Ei-lo, pois, novo homem por mais antigo queum sonho fugitivo. Ei-lo, pois, novo homem por mais antigo que
seja como Espírito. Adota novos processos, auxiliado pelas suasseja como Espírito. Adota novos processos, auxiliado pelas suas
aquisições precedentes. Quando retorna à vida espiritual, seuaquisições precedentes. Quando retorna à vida espiritual, seu
passado se lhe desdobra diante dos olhos e ele julga de comopassado se lhe desdobra diante dos olhos e ele julga de como
empregou o tempo, se bem ou mal.empregou o tempo, se bem ou mal.
44. Não há, portanto, solução de continuidade na vida espiritual, semNão há, portanto, solução de continuidade na vida espiritual, sem
embargo do esquecimento do passado. Cada Espírito é sempre oembargo do esquecimento do passado. Cada Espírito é sempre o
mesmo eu, antes, durante e depois da encarnação, sendo esta,mesmo eu, antes, durante e depois da encarnação, sendo esta,
apenas, uma fase da sua existência. O próprio esquecimento seapenas, uma fase da sua existência. O próprio esquecimento se
dá tão-só no curso da vida exterior de relação. Durante o sono,dá tão-só no curso da vida exterior de relação. Durante o sono,
desprendido, em parte, dos liames carnais, restituído à liberdadedesprendido, em parte, dos liames carnais, restituído à liberdade
e à vida espiritual, o Espírito se lembra, pois que, então, já nãoe à vida espiritual, o Espírito se lembra, pois que, então, já não
tem a visão tão obscurecida pela matéria.tem a visão tão obscurecida pela matéria.
45. História de um Criado (Céu e Inferno)História de um Criado (Céu e Inferno)
Servindo a uma família de alta posição, era um moço cuja figuraServindo a uma família de alta posição, era um moço cuja figura
inteligente e fina surpreendia por sua distinção. Em suas maneirasinteligente e fina surpreendia por sua distinção. Em suas maneiras
nada havia de rústico ou plebeu, e, ao mesmo tempo quenada havia de rústico ou plebeu, e, ao mesmo tempo que
diligenciava bem servir seus patrões, estava longe de ostentardiligenciava bem servir seus patrões, estava longe de ostentar
quaisquer servilismos, aliás muito próprios das pessoas de suaquaisquer servilismos, aliás muito próprios das pessoas de sua
condição. Voltando, de uma feita, a casa dessa família, onde ocondição. Voltando, de uma feita, a casa dessa família, onde o
conhecêramos, e porque não o víssemos, perguntamos se o haviamconhecêramos, e porque não o víssemos, perguntamos se o haviam
despedido. Disseram-nos que tinha ido passar alguns dias na suadespedido. Disseram-nos que tinha ido passar alguns dias na sua
terra natal, e que lá falecera.terra natal, e que lá falecera.
Disseram-nos, mais, que muito lamentavam a perda de tãoDisseram-nos, mais, que muito lamentavam a perda de tão
excelente moço, possuidor de sentimentos assaz elevados para aexcelente moço, possuidor de sentimentos assaz elevados para a
sua posição. E acrescentaram que ele lhes era muito dedicado,sua posição. E acrescentaram que ele lhes era muito dedicado,
dando provas de grande afeição. Mais tarde, veio-nos a idéia dedando provas de grande afeição. Mais tarde, veio-nos a idéia de
evocar esse rapaz, e eis o que nos disse ele:evocar esse rapaz, e eis o que nos disse ele:
46. "Na penúltima encarnação, havia eu nascido de muito boa família,"Na penúltima encarnação, havia eu nascido de muito boa família,
como se diz na Terra, mas cujos bens estavam arruinados pelascomo se diz na Terra, mas cujos bens estavam arruinados pelas
prodigalidades de meu pai. Órfão muito criança, um amigo desteprodigalidades de meu pai. Órfão muito criança, um amigo deste
recolheu-me e mandou educar-me excelentemente como um filho,recolheu-me e mandou educar-me excelentemente como um filho,
educação essa que me suscitou tal ou qual vaidade. Meu protetor,educação essa que me suscitou tal ou qual vaidade. Meu protetor,
de então, é hoje o Sr. G..., ao serviço do qual me conhecestes. Éde então, é hoje o Sr. G..., ao serviço do qual me conhecestes. É
que eu quis expiar o orgulho, na última existência, sob a condiçãoque eu quis expiar o orgulho, na última existência, sob a condição
de servo, provando ao mesmo tempo a dedicação devida ao meude servo, provando ao mesmo tempo a dedicação devida ao meu
benfeitor. Cheguei mesmo a salvar-lhe a vida sem que ele obenfeitor. Cheguei mesmo a salvar-lhe a vida sem que ele o
soubesse. Isso constituiu também uma provação da qual saísoubesse. Isso constituiu também uma provação da qual saí
vitorioso e bastante confortado para me não deixar corromper numvitorioso e bastante confortado para me não deixar corromper num
meio vicioso. Conservando-me impoluto, a despeito dos mausmeio vicioso. Conservando-me impoluto, a despeito dos maus
exemplos, agradeço a Deus a recompensa, na felicidade que hojeexemplos, agradeço a Deus a recompensa, na felicidade que hoje
gozo.gozo.
47. - P. Em que circunstâncias salvastes a vida de G...?- P. Em que circunstâncias salvastes a vida de G...?
- R. Evitando que fosse esmagado por um grande tronco, em passeio- R. Evitando que fosse esmagado por um grande tronco, em passeio
a cavalo.a cavalo.
Eu que o seguia, só, percebi a iminência do perigo, e com um gritoEu que o seguia, só, percebi a iminência do perigo, e com um grito
lancinante fi-lo voltar rápido, enquanto o tronco se abatia.lancinante fi-lo voltar rápido, enquanto o tronco se abatia.
Nota - G..., a quem referimos o fato, dele se lembrou perfeitamente.Nota - G..., a quem referimos o fato, dele se lembrou perfeitamente.
- P. Por que desencarnastes tão jovem?- P. Por que desencarnastes tão jovem? - R. Porque Deus julgou- R. Porque Deus julgou
suficiente a prova.suficiente a prova.
- P. Como pudestes aproveitar essa provação quando não tínheis- P. Como pudestes aproveitar essa provação quando não tínheis
noção da sua causa anterior?noção da sua causa anterior?
- R. Na humildade da minha condição ainda me restava um instinto- R. Na humildade da minha condição ainda me restava um instinto
daquele orgulho; fui feliz por tê-lo domado, tornando proveitosa adaquele orgulho; fui feliz por tê-lo domado, tornando proveitosa a
provação que, a não ser assim, eu teria de recomeçar. Nos seusprovação que, a não ser assim, eu teria de recomeçar. Nos seus
momentos de liberdade, o meu Espírito lembrava-se do que fora e aomomentos de liberdade, o meu Espírito lembrava-se do que fora e ao
despertar invadia-lhe um desejo intuitivo de resistir às másdespertar invadia-lhe um desejo intuitivo de resistir às más
tendências. Tive mais mérito lutando assim, do que se tivesse atendências. Tive mais mérito lutando assim, do que se tivesse a
lembrança do passado. Com essa lembrança o orgulho de outroslembrança do passado. Com essa lembrança o orgulho de outros
tempos se teria exaltado, perturbando-me, ao passo que deste modotempos se teria exaltado, perturbando-me, ao passo que deste modo
apenas tive que combater as influências nocivas da minha novaapenas tive que combater as influências nocivas da minha nova
condição.condição.
48. - P. De que serviu terdes recebido uma brilhante educação, uma vez- P. De que serviu terdes recebido uma brilhante educação, uma vez
que na última encarnação não vos era possível lembrar osque na última encarnação não vos era possível lembrar os
conhecimentos adquiridos?conhecimentos adquiridos?
- R. Tais conhecimentos, dada a minha ulterior condição, seriam- R. Tais conhecimentos, dada a minha ulterior condição, seriam
supérfluos; por isso ficaram num estado latente para que hoje eu ossupérfluos; por isso ficaram num estado latente para que hoje eu os
reencontrasse. Mas tais conhecimentos não me foram de todoreencontrasse. Mas tais conhecimentos não me foram de todo
inúteis, visto como, desenvolvendo-me a inteligência, me incutiraminúteis, visto como, desenvolvendo-me a inteligência, me incutiram
predileção instintiva pelas coisas elevadas e repugnância pelospredileção instintiva pelas coisas elevadas e repugnância pelos
baixos e ignóbeis exemplos que tinha à vista. Sem aquela ducação,baixos e ignóbeis exemplos que tinha à vista. Sem aquela ducação,
eu não passaria de um criado.eu não passaria de um criado.
- P. A abnegação dos criados para com os patrões terá por- P. A abnegação dos criados para com os patrões terá por
ascendente o fato de relações anteriores?ascendente o fato de relações anteriores? - R. Sem dúvida, e ao- R. Sem dúvida, e ao
menos é esse o caso comum. As vezes tais criados são membrosmenos é esse o caso comum. As vezes tais criados são membros
da mesma família, ou, como no meu caso, escravos doda mesma família, ou, como no meu caso, escravos do
reconhecimento e que procuram saldar uma dívida, ao mesmoreconhecimento e que procuram saldar uma dívida, ao mesmo
tempo concorrendo para que progridam por sua dedicação. Vós nãotempo concorrendo para que progridam por sua dedicação. Vós não
compreendeis todos os efeitos da simpatia que a anterioridade decompreendeis todos os efeitos da simpatia que a anterioridade de
relações produz aí no mundo. A morte em absoluto não interromperelações produz aí no mundo. A morte em absoluto não interrompe
essas relações, que podem perpetuar-se por séculos e séculos.essas relações, que podem perpetuar-se por séculos e séculos.
49. -P. Por que são hoje tão raros esses exemplos de dedicação?P. Por que são hoje tão raros esses exemplos de dedicação?
-- R. Causal afeição egoística e orgulhosa do vosso século,- R. Causal afeição egoística e orgulhosa do vosso século,
agravada ainda pela incredulidade das idéias materialistas. Aagravada ainda pela incredulidade das idéias materialistas. A
verdadeira fé antepõe-se presentemente a cobiça, a avidez doverdadeira fé antepõe-se presentemente a cobiça, a avidez do
ganho, em detrimento da abnegação. Induzindo os homens àganho, em detrimento da abnegação. Induzindo os homens à
verdade, o Espiritismo fará reviver igualmente as virtudesverdade, o Espiritismo fará reviver igualmente as virtudes
esquecidas.esquecidas.
Nota - Nada melhor do que este exemplo para evidenciar o benefícioNota - Nada melhor do que este exemplo para evidenciar o benefício
do esquecimento em relação às existências anteriores.do esquecimento em relação às existências anteriores.
Se G... tivesse ciência do que havia dito o seu criado, ficaria paraSe G... tivesse ciência do que havia dito o seu criado, ficaria para
com ele numa posição embaraçosa, e não o conservaria como tal,com ele numa posição embaraçosa, e não o conservaria como tal,
obstando, por conseguinte, uma provação proveitosa para ambos.obstando, por conseguinte, uma provação proveitosa para ambos.
50. O mais importante deste estudo é a ciência de que o esquecimento doO mais importante deste estudo é a ciência de que o esquecimento do
passado é essencial para a continuação do nosso progresso; o saber dopassado é essencial para a continuação do nosso progresso; o saber do
passado pode auxiliar também na nossa evolução, mas se revela depassado pode auxiliar também na nossa evolução, mas se revela de
acordo com o nosso mérito e providência divina; Deus sabe o que faz!acordo com o nosso mérito e providência divina; Deus sabe o que faz!
Jamais se deve conhecer o passado por curiosidade, sendo esta inimigaJamais se deve conhecer o passado por curiosidade, sendo esta inimiga
mesquinha e uma fonte poderosa de nossos desequilíbrios.mesquinha e uma fonte poderosa de nossos desequilíbrios.
Preocupemo-nos com os nossos atosPreocupemo-nos com os nossos atos hoje!hoje! Estes sim são a chave deEstes sim são a chave de
que necessitamos para abrir as portas certas, que aparecem em nossoque necessitamos para abrir as portas certas, que aparecem em nosso
caminho como oportunidades para chegarmos mais próximo de Deus.caminho como oportunidades para chegarmos mais próximo de Deus.
ConclusãoConclusão
FONTE: MOCIDADE ESPÍRITA EURÍPEDES BARSANULFO