O documento descreve a cultura que floresceu na Europa no século XIII, particularmente nas cidades, com o desenvolvimento das catedrais, da literatura cortesã e do teatro religioso. A peste negra no século XIV causou a morte de um terço da população europeia e gerou medo e desespero.
2. Uma Europa renovada
“No século XIII, a Europa sobretudo enche-se de homens. Os antigos
campos cultivados expandem-se, outros novos surgem nos baldios. Mais
numerosos, estes homens produziam mais e, como não eram ainda
excessivamente numerosos, o seu nível de vida subia. (…) Muitas igrejas
paroquiais foram então reconstruídas; as casas rurais ganharam solidez e
os enxovais que se preparavam para o casamento das filhas tornaram-se
mais luxuosos (…). Na sociedade urbana, o círculo alargava-se, assim, a
homens capazes de se mostrarem magníficos, de ornamentarem as suas
existências e realizarem esse gesto eminentemente gratifcante: fazer uma
encomenda aos artistas. Entre os promotores da criação artística já não
contavam só guerreiros e homens de oração. (…)”
Georges Duby, Arte e Sociedade, em G. Duby e M. Laclotte, História
Artística da Europa – A Idade Média
3. A EUROPA DAS CIDADES – DO
RENASCIMENTO DO SÉC. XIII A MEADOS DE
QUATROCENTOS
Séc.XII – XIII
Europa: renovação
Séc. XIV – Fomes,
pestes e guerra
melhoria climática
Séc. XII – crescimento económico progressos agrícolas
excedentes
Crescimento demográfico
Desenvolvimento do comércio, industrias (têxteis, tintas na
Flandres, Itália, Inglaterra)
Reaparecimento das feiras, crescimento das cidades.
4. Economia de
Mercado : circulação A elite aristocrática Economia
de moeda, com poder de monetária
mercadorias: troca compra e
de produtos por capitalista
dinheiro
Aparecem os cambistas; os bancos
Cresce a burguesia, que procura o lucro e a promoção individual.
Desenvolvem-se os mesteres, as corporações, os ofícios para os artesãos; as
Guildas ou hansas para os comerciantes.
Os reis concedem estatuto jurídico próprio aos burgueses em troca do seu
apoio da burguesia para centralizar o poder.
5. O ressurgimento urbano
A partir do século XIII registou-se
um aumento significativo do
mundo urbano:
- Cidades velhas – construção de
novas muralhas
- cidades novas – locais de feiras,
perto de mar ou de uma abadia
Locais de reunião e de festa:
- Catedral
- praça pública
6. As catedrais
Nas cidades, a catedral ou a sé tornaram-se o
símbolo do poder :
-Dos bispos: poder espiritual sobre o território
episcopal;
- Dos burgueses: participação monetária na
construção e manutenção das catedrais
A catedral transforma-se no símbolo da cidade e
é através dela que a comunidade urbana se
afirma.
Abadia St. Dennis - França
7. As catedrais
- festas
- feiras
- representações teatrais
- justiça (pelourinho)
- escolas/universidades
Motores da religiosidade, do poder
político e económico
Fachada da Catedral de
Notre-Dame - Paris
8. As catedrais
“A luz, que aparece simultaneamente
como o próprio Deus e como o agente da
união entre a alma e Deus, deve encher
inteiramente o Reino cujo campo os muros
da catedral simbolicamente delimitam”
G. Duby, O tempo das catedrais
Vitral representando o Abade Suger (interior de St. Dennis)
9. As catedrais
A vista humana não sabe, a
princípio, onde fixar-se: se olha
os tetos, estão floridos como
tecidos brilhantes; se se vira para
as paredes, são uma espécie de
delicioso jardim; se é ofuscada
pelos jorros de luz que entram
pela parede, admira a
inestimável beleza do vidro e a
variedade do mais precioso
trabalho.”
Interior da Abadia St. Dennis Padre Teófilo, século XIII
10. As catedrais
Abade Suger, considerado o criador do
estilo gótico, com o seu projeto da
abadia de St. Dennis
- Abadia como “reino de Deus sobre
a Terra”
- verticalidade
- decoração dos pórticos
- vitrais
“Teoria da iluminação” (Deus é
Luz!”): representação do divino no
espaço espiritual e físico da
catedral Abadia St. Dennis - França
11. A cultura cortesã
Século XII
desenvolvimento da cultura Ideal cavaleiresco e cortês
cortesã
• lealdade
• cortesia
• amor
Gentileza
Valorização de: • paz
+
• alegria de viver
civilidade
•Prazer
• elegância
12. A cultura cortesã
Literatura
Cantigas de escárnio
“Romance da Rosa” Cantigas de amigo Cantigas de amor
e maldizer
(poema francês (o poeta repre- (o trovador de- (crítica ou sátira
medieval escrito senta a mulher monstra um dirigida a uma
como um sonho que exprime os amor nobre e pessoa real, que
alegórico sobre o seus sentimen- sensual à sua era alguém próximo
amor) tos pelo amante amada) do trovador)
ausente)
13. A cultura cortesã
Literatura
“Quero e ordeno-te que (diz o deus do amor, dirigindo-se a
um jovem enamorado)
faças desaparecer das tuas maneiras toda a vilania. A
vilania faz os vilões; e os vilões (…) são incapazes de
“Romance da Rosa” sentimentos delicados. Sê social, justo e moderado no que
dizes. Evita pronunciar palavras grosseiras e populares.
Serve e honra todas as mulheres; põe nisso todo o teu
empenho. Se ouvires alguém falar mal de uma delas,
desaprova, a fim de que ele se cale.
Para te tornares amável, é preciso que sejas elegante.
Cuida do teu vestuário e calçado. Depois, lembra-te de te
manteres de bom humor: entrega-te à alegria e ao prazer.
Ninguém ama um homem sombrio. E sobretudo foge da
avareza. É importante saber dar.”
Guilherme de Lorris, O Romance da Rosa,
primeira metade do século XIII
14. A cultura cortesã
Música com funções profanas e Danças individuais ou
religiosas coletivas (carola, estampies,
baladas, rondó)
15. A cultura cortesã
Teatro religioso
Representado no adro das igrejas e
nas praças por atores ambulantes
O religioso misturava-se com o
simbólico e o sério com o
grotesco
Papel doutrinal e pedagógico
mas também recreativo
(link para exemplos de textos medievais)
16. Dante Alighieri
Nasce em Florença em 1265
Apaixonado por Beatriz Portinari,
dedica-lhe quase toda a sua poesia
Após a sua morte, intervém na vida
política da cidade, acabando por ser
condenado ao desterro
Refugiou-se em verona, Pádua,
Casentino, Paris, talvez Oxford, Pisa e
finalmente em Ravena, onde morreu em
1317
17. Dante Alighieri
A sua principal obra foi “A Divina
Comédia”
Numa viagem ao mundo dos mortos, em
que Dante é o guia, faz uma explicação
da vida e da morte, passando pelo
Inferno, Purgatório e Paraíso.
Tem um final feliz, isto é, apesar de um
percurso cheio de dor, o autor explica
como o homem pode ser mais virtuoso
em vida e atingir a redenção.
18. A Divina Comédia
Escrita em italiano vulgar,
cultiva o dolce stil nuovo
Linguagem clara, delicada,
exigente e depurada
Rigor e ordenação estrutural
Pormenor descritivo e beleza
do detalhe
Forte crítica social, política e
religiosa
Uso da fantasia para
descrever imagens visuais e
auditivas
Aproximação à cultura literária
classicista
19. Os sinais de fragilidade
Alterações climáticas: chuva e frio maus anos agrícolas
Aumento dos preços Recessão
fome económica
Guerra dos 100 anos
o Grande Cisma do Ocidente: Urbano VI (Roma) e Clemente
VII (Avinhão)
Peste Negra
revoltas populares
20. A propagação
da Peste Negra
Morte de 1/3 a ½
da população
europeia
Sentimentos de
medo e terror
22. Consequências da Peste Negra
“No ano do senhor de 1348 houve em quase toda a superfície do globo uma
tal mortalidade como raramente se terá conhecido outra. Os vivos mal
chegavam para enterrar os mortos ou evitavam-nos com horror (...). Mais,
coisa temerosa de ouvir, os cães, os gatos, os galos, as galinhas e todos os
outros animais domésticos sofriam a mesma sorte (...). A este mal
acrescentou-se outro: correu o ruído de que certos criminosos,
particularmente judeus, deitavam nos rios e fontes venenos que faziam
engrossar a peste. Por isso, tanto cristãos como judeus inocentes foram
queimados, mortos, quanto é certo que tudo aquilo provinha da constelação
ou da vingança divina."
Vitae papirum, Avenionensirum, Clemente VI, Prima Vita
23. Consequências da Peste Negra
Medo e desespero
Massacres de judeus e leprosos
+
Movimento dos flagelantes
+
Aumento das doações à Igreja
+
Aumento das procissões e peregrinações
+
Construção de hospitais e albergarias
As danças macabras