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SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 1
CADERNO
DE
SOCIOLOGIA
CADERNO 1 e 2
SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 2
Cultura
Cultura no senso comum
Quem nunca ouviu falar algum dia “Fulano de Tal não têm cultura”?! No senso comum a cultura
ganha um significado diferente.
O significado de cultura no senso comum costuma vir atrelado a uma ideia de conhecimento,
conhecimento esse que se adquire por meio de condições sociais. Por exemplo, “Fulano de Tal é tão culto!
Estudou no exterior e fala cinco línguas diferentes”. Ao modo que tudo que é mais popular se torna menos
significante nesse sentido, por exemplo, “Fulano de Tal não tem cultura, ele ouve funk”. Quando utilizamos
essa forma de definição, estamos nos referindo a pessoas que não tiveram acesso a determinadas
informações e saberes durante sua vida, e acabando por classificar esses conhecimentos ou saberes
entre mais ou menos “sofisticados”.
Sob essa óptica, cultura se torna um termo para classificar os indivíduos, as pessoas com as
mesmas afinidades ou até grupos inteiros, de modo generalizante. Cultura se torna sinônimo de um
projeto de civilidade.
A sociologia entra a partir daqui para refutar esse sentido preconceituoso de se tratar a cultura. Aos
olhos da sociologia cultura é tudo aquilo que vêm da criação humana, como por exemplo, ideias,
costumes, leis, crenças e até as vestimentas. A cultura é todo esse apanhado de conhecimento
proveniente do convívio social, por tanto, só os seres humanos possuem cultura, e não existe um ser
humano sequer que não tenha cultura.
Diferentes visões sobre o que é cultura
Cultura é um termo de origem latina e que tem ligação com o verbo “cultivar”, no sentido de ser
um meio de se buscar o crescimento – daí, por exemplo, a palavra agricultura. Essa ideia de se “buscar o
crescimento” em termos de formação intelectual do homem, desejada como a mais ampla que se pudesse
alcançar, foi utilizada de maneira usual a partir do Iluminismo, na Europa do século XVIII. “Cultura
compreendia, então, tudo aquilo que um indivíduo deveria adquirir para se tornar uma pessoa moral e
intelectual, no sentido mais pleno possível” (SIMÕES; GIUMBELLI, 2010, p.188). Daí, afirmarmos que
alguns “têm mais cultura” do que outros, em razão do seu acesso a essa “formação intelectual mais
ampla”, que pode incluir não somente a educação formal, adquirida nas escolas, como também, como um
aperfeiçoamento posterior desse saber – e acessível a um número bem menor de pessoas –, o gosto
“refinado” pelas artes plásticas, pela literatura, pela música clássica.
Voltando mais ainda no tempo histórico, podemos dizer que o ato do ser humano de transformar a
natureza pode ser entendido como uma primeira definição de cultura. Afinal, os homens e as mulheres
são diferentes dos animais, pois eles são “inventores do mundo”. Isto significa dizer que os seres humanos
são os únicos que não se submeteram totalmente à natureza, mas sim a transformam. Cultura, portanto,
pode ser definida por oposição à natureza. Assim, o ser humano, ao contrário dos animais, não vive de
acordo com seus instintos, mas sim a partir da sua capacidade de pensar a realidade que o cerca e de
construir significados. Estes são realizações culturais, que se transformam em símbolos. Os símbolos são
representações dos homens sobre a sua realidade, e não estão presentes em todas as sociedades da
mesma forma, variando de acordo com o tempo histórico e com o espaço físico e geográfico. Essa é outra
forma de definir cultura, ou seja, como uma representação da realidade ou da ação dos indivíduos.
A representação da realidade acontece muitas vezes por meio dos símbolos. O termo símbolo tem
sua origem no grego (sýmbolon), que designa um elemento representativo que está no lugar de algo que
tanto pode ser um objeto como um conceito ou ideia.
O símbolo é um elemento essencial na comunicação e nas culturas, e é difundido no cotidiano
pelas mais variadas formas da realidade e do saber humanos. Alguns símbolos são reconhecidos
internacionalmente e outros, só em um determinado grupo ou contexto religioso, cultural etc...
Podemos resumir símbolo como alguma coisa que representa algo para alguém, e ele será um dos
elementos centrais das culturas. Por meio dos símbolos, os indivíduos representam a realidade em que
vivem e formam a sua cultura, cultivam e inventam formas de se relacionar uns com os outros, formam
uma visão sobre o mundo. Portanto, diferentemente do senso comum, a cultura como forma de
representar a realidade existe em todos os lugares e indivíduos, não havendo, portanto, pessoas que têm
e pessoas que não têm cultura. Todos nós temos uma cultura, que se expressa em símbolos – as formas
de se vestir, as formas de falar, as formas religiosas, as formas artísticas etc.
SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 3
Cultura e o significado antropológico
No sentido antropológico, cultura é um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e
deve ser classificado.
A Antropologia é uma Ciência Social que nasceu no século XIX, como um projeto de ciência que
consistia em reconhecer, conhecer e compreender a diversidade das manifestações culturais dos povos
no tempo e no espaço. A Antropologia nos permitiu descobrir que aquilo que pensávamos ser natural em
nós mesmos é, na verdade, cultural, ou seja, ficamos perplexos e conscientes de que o menor de nossos
comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem realmente nada de natural. Enfim,
a Antropologia nos diz que o conhecimento de nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento
de outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas
outras, mas não a única.
Para entendermos melhor o significado antropológico de cultura, vamos nos reportar ao
antropólogo brasileiro Roberto DaMatta que elaborou uma síntese de algumas dessas definições.
Segundo ele, cultura “é um mapa, um receituário, um código, através do qual, as pessoas de um dado
grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas” (DaMATTA, 1986, p. 123). Em
outras palavras, a cultura é o “cimento” que dá unidade a certo grupo de pessoas que divide os
mesmos usos e costumes, os mesmos valores. Deste ponto de vista, portanto, podemos dizer que tudo o
que faz parte do mundo humano é cultura. Concretamente, podemos falar de culturas, ao invés de
cultura, no singular.
Assim, referimo-nos a uma cultura indígena, com seus modos de vestir, dormir, caminhar, se
relacionar etc., como a uma cultura chinesa, japonesa, francesa, cigana, nordestina... Enfim, quando
estudamos e identificamos traços de comportamentos, personalidades, simbologias comuns, atitudes
comuns em determinados grupos, comunidades ou nações, podemos dizer que há uma cultura específica
desses indivíduos que compõem grupos, comunidades ou nações.
Resumindo:
• No decorrer da História, os instintos originais do homem foram secundarizados pela cultura;
• A cultura é produzida pelo homem em qualquer meio geográfico;
• A cultura permitiu que o homem se adaptasse ao meio, como também que este se adaptasse ao próprio
homem e suas necessidades;
• A herança cultural prevalece sobre a herança genética do homem, pois este aprende hábitos e costumes
através da sua cultura;
• A cultura é acumulada socialmente a partir da experiência histórica vivida pelas gerações anteriores;
• A cultura estabelece regras que determinam como o mundo pode e deve ser classificado;
• A cultura condiciona o comportamento humano e pode servir como justificativa para todas as suas
ações;
• A cultura dá unidade a grupos de pessoas que compartilham os meus usos, costumes e valores;
• Uma cultura se modifica (e modifica) no contato com outra cultura.
Cultura Erudita e Cultura Popular
Ao analisar o “Renascimento”, movimento cultural surgido no norte da Itália, nos séculos XIV e XV,
percebemos que ele estava ligado a uma determinada parcela da população da Europa: a burguesia. A
burguesia era formada por comerciantes que tinham como objetivo principal o lucro, através do comércio
de especiarias vindas do oriente. Esse segmento da sociedade conquistou não apenas novos espaços
sociais e econômicos, mas também procurou resgatar ou fazer renascer antigos conhecimentos da cultura
greco- romana. Daí o nome Renascimento. Desde a sua origem, a burguesia preocupou-se com a
transmissão desse conhecimento a seus pares. A partir daí, então, foram surgindo instituições como as
universidades, as academias e as ordens profissionais (advogados, médicos, engenheiros e outros). Com
o passar dos séculos e com o processo de escolarização, a cultura dessa elite burguesa tomou corpo,
desenvolveu-se com base em técnicas racionalistas e científicas. Surgiu assim a cultura erudita. Essa
cultura “erudita”, ou “superior”, também designada de “elite”, foi se distanciando da cultura, da maioria
da população, pois era feita pela e para a burguesia. Por isso, ao pensarmos em cultura erudita,
imediatamente concluímos que seus produtores fazem, parte de uma elite política, econômica e cultural
que pode ter acesso ao saber associado à escrita, aos livros, ao estudo.
SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 4
A cultura popular, por sua vez, mais próxima do senso comum e mais identificada com ele, é
produzida e consumida pela própria população, sem necessitar de técnicas racionalizadas e científicas. É
uma cultura em geral transmitida oralmente, registrando as tradições e os costumes de um
determinado grupo social. Da mesma forma que a cultura erudita, a cultura popular alcança formas
artísticas expressivas e significativas. Vale ressaltar que, ao afirmar que os produtores da cultura erudita
fazem parte de uma elite não significa dizer que essa cultura seja homogênea, é impossível definir cultura
erudita, porque não podem ser homogeneizados os elementos culturais produzidos por intelectuais,
fazendeiros, empresários, burocratas, etc. porém, é igualmente impossível definir cultura popular, dada às
populações culturais diferenciadas de camponeses, operários, classe média baixa, etc.
Indústria Cultural
A partir do final do século XX, a industrialização em larga escala atingiu, também, os elementos da
cultura erudita (pertencente a uma elite que pode ter acesso ao saber associado à escrita, aos livros, ao
estudo) e da cultura popular (aquela de senso comum produzida e consumida pela própria população, sem
necessidade de técnicas racionalizadas e científicas, transmitida oralmente, registrando as tradições e os
costumes de um determinado grupo social). O incessante desenvolvimento da tecnologia, tornando-a cada
vez mais sofisticada, principalmente nos meios de comunicação de massa (p.ex. cinema, rádio, televisão),
passou a atingir um grande número de pessoas, dando origem à “cultura de massa”. Ao contrário das
culturas erudita e popular, a cultura de massa não está ligada a nenhum grupo social específico, pois é
transmitida de maneira industrializada, para um público generalizado, de diferentes camadas
socioeconômicas.
O que temos, então, é a formação de um enorme mercado de consumidores em potencial,
atraídos pelos produtos oferecidos pela indústria cultural. Esse mercado constitui o que chamamos de
“sociedade de consumo”. Em "Dialética do Iluminismo", texto clássico escrito em 1947 por Adorno e
Horkheimer, pertencentes à Escola de Frankfurt, define-se indústria cultural como um sistema político e
econômico que tem por finalidade produzir bens de cultura (p.ex. filmes, livros, música popular) como
mercadorias e como estratégia de controle social. Desta maneira, filmes e músicas de quaisquer gêneros
são vendidos não como bens artísticos ou culturais, mas como produtos de consumo e, por consequência,
ao invés de contribuírem para formação de cidadãos críticos, manteriam as pessoas "alienadas" da
realidade. Em outras palavras, “Indústria cultural” é o termo empregado para designar o modo de fazer
cultura a partir da lógica da produção industrial que possui padrões que se repetem com a intenção de
formar uma estética ou percepção comum voltada para o consumismo, a arte passa a ser produzida
visando o lucro.
Com a industrialização dos elementos da cultura erudita e da popular, o produto cultural irá se
apresentar de uma forma esteticamente nova e diferente. Podemos tomar como exemplo a gravação de
uma sinfonia de Beethoven executada com o auxílio de sintetizadores e outros aparelhos de alta
tecnologia, cujo ritmo e som diferentes quase original uma nova obra. A indústria cultural, utilizando-se dos
meios de comunicação de massa, primeiramente lança seu produto em grande quantidade (tiragens de
milhões de discos, por exemplo) e depois induz as pessoas a consumirem esse produto, apelando para
outras razões além de seu valor artístico. A cultura de massa, ao divulgar através dos meios de
comunicação produtos culturais de diferentes origens (erudita ou popular), possibilita o seu conhecimento
por diferentes camadas sociais, criando também um campo estético próprio e atraente voltado para o
consumo generalizado da sociedade.
Meios de Comunicação de Massa – Instrumentos de Poder
Vivemos em uma era interligada em que pessoas de todo o planeta participam de uma única ordem
informacional uma situação que é, em grande parte, resultado do alcance internacional das comunicações
modernas. As transformações na mídia ou nas comunicações de massa contribuem radicalmente na
alteração da vida das pessoas e suas relações no meio sociocultural.
Quando se fala em mídia de massa ou comunicação de massa está se referindo a uma ampla
variedade de formas de meios de comunicação que abrange um volume de audiência enorme e que
envolve milhões de pessoas em toda uma sociedade moderna e globalizada como a nossa. São meios de
comunicação de massa: a televisão, os jornais, o cinema, as revistas, o rádio, a publicidade, vídeos
games, CDs, internet, celulares e etc.
A mídia de massa não pode mais ser vista como um simples meio de entretenimento, como se
fosse algo que não interferisse na vida das pessoas; as comunicações de massa são instrumentos de
SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 5
informação que influencia em nossa forma de pensar e agir, atingindo o comportamento individual, social,
cultural e institucional; como o caso da alteração de valores sociais dos jovens, as banalidades de
questões sociais (pobreza, desemprego, violência, corrupção) e a opinião pública (posicionamento
reflexivo e prático das pessoas em determinadas situações específicas sobre questões socioeconômicas,
política-jurídico e cultural-ideológica).
Os donos dos meios de comunicação de massa são os novos donos de um poder moderno e
tecnológico, pois eles têm em suas mãos instrumentos que podem influenciar, controlar, manipular ou
interferir nas estruturas sociais, seja nas instituições sociais, econômicas ou políticas; a mídia de massa
têm dono, são grupos de pessoas que vivem de lucro, logo suas empresas estão a serviço de seus
interesses, que com certeza não é o da sociedade como um todo. Os meios de comunicação de massa se
relacionam intimamente com o capitalismo. A mídia exerce seu poder de uma forma ideológica,
camuflando suas intenções através da exposição de marketing sistematicamente e intensivamente visando
incutir na cabeça das pessoas perspectivas alheias aos seus próprios interesses. Isso acontece, por
exemplo, na veiculação de comerciais, novelas, filmes, desenhos, programas, séries, telejornais ou jornais
escritos, revistas, rádios e etc. (PIERRE BOURDIEU).
Identidade
A identidade é um conceito importante que devemos entender. Todas as pessoas se identificam
com alguma coisa e, também, recorrentemente usamos essa palavra em nosso cotidiano. Mas, para as
ciências sociais o que ela significa?
Vamos pensar nos seguintes termos: o que define um povo, apesar disto compor sua cultura, não é
uma mera demarcação territorial ou sua língua, mas, todo um conjunto de características – sociais,
políticas e culturais – que o fazem um grupo indenitário, se diferenciado, assim, de outros grupos.
Logo, o que faz um determinado povo se diferenciar de outro é justamente a identidade. Portanto, a
identidade:
Propicia a sensação de pertencimento, fazendo com que cada indivíduo dívida a sociedade em
dois grupos: nós e eles. Os que são como eu e os que não são. Desse modo, sabemos quem somos por
sabermos que não somos o outro. A identidade, portanto, é definida pela diferença, estabelecida por uma
marcação simbólica relativa a outras identidades (ARAUJO, 2012).
A identidade está internalizada em nós. Assim, muitas vezes, suas características passam
despercebidas, a ponto de indivíduos perceberem que fazem parte de um grupo somente quando são
postos à frente de um outro grupo indenitário.
Na modernidade, a consolidação de grandes identidades coletivas foi uma marca importante,
principalmente aquelas originadas pelas condições de existência, como as identidades de classe ou
nacionais. Entretanto, nas últimas décadas, as transformações sociais ocorridas em todas as sociedades
modificaram os elementos constituintes das identidades. Nesse contexto, identidades são construídas em
relação a demandas específicas de diferentes grupos, definidos com base em critérios como etnia, gênero
etc.
Para a Antropologia, a identidade ela não é inata, sendo a mesma construída. Ela é construída,
justamente, por intermédio de nossas relações sociais, crenças e costumes. Logo, no próprio indivíduo
várias identidades podem ter espaço. Por exemplo, uma pessoa pode se identificar como “homem”,
“católico” e “de esquerda”. Todas essas formas de enxergar o mundo, são identidades. As identidades,
para a antropologia, não devem ser hierarquizadas, umas como mais evoluídas do que outras.
Continuando, a identidade não deve ser apenas uma questão de uso de objetos. Por exemplo, se
identificar enquanto “índio” não deve ser interpretada como uma questão de usar arco, flecha e pintar o
rosto. Ser “índio” é muito mais do que isso. Para os antropólogos, a temática tange a um modo de ser e
não um modo de aparecer. Ou seja, o índio não deixa de ser índio por não usar coisas ligadas a tradição,
e muito menos deixa de ser por usar coisas advindas de outras culturas. Nós, brasileiros, por exemplo,
usamos uma série de coisas de outras culturas e não deixamos, ainda, de ser brasileiros. Eduardo
Viveiros de Castro (2006), ilustra bem a questão:
A identidade designava para nós um certo modo de devir, algo essencialmente invisível, mas nem
por isso menos eficaz: um movimento infinitesimal incessante de diferenciação, não um estado massivo de
“diferença” interiorizada e estabilizada, isto é, uma identidade. (Um dia seria bom os antropólogos pararem
de chamar identidade de diferença e vice-versa.) A nossa luta, portanto, era conceitual: nosso problema
era fazer com que o “ainda” do juízo de senso comum “esse pessoal ainda é índio” (ou “não é mais”) não
significasse um estado transitório ou uma etapa a ser vencida. A ideia é a de que os índios “ainda” não
tinham sido vencidos, nem jamais o seriam. Eles jamais acabariam de ser índios, “ainda que”... Ou
SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 7
Ao determinismo por obviamente ser uma teoria racista e muito fácil de ser refutada, por exemplo,
se pegar um bebê chinês e criar-lo na alemanha, com uma família alemã, independente de suas
características físicas e biológicas, ela vai crescer de acordo com a cultura dessa família alemã.
Ao difusionismo por não terem provas suficientes que sustentem essa teoria.
A partir de então Boas Propõe o relativismo cultural . Que propõe o entendimento de determinados
povos através deles mesmos, através de suas próprias crenças. Aqui já não há mais comparações.
De acordo com a teoria de Boas, as culturas são únicas e estão em constante transformação, em
um permanente estado de fluxo.
Relativismo: Não há verdade absoluta. Propõe uma abordagem cultural e moral sem julgamentos pré-
concebidos.
Exercícios
1) O que significa cultura no sentido antropológico?
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2) O que significa a afirmação “nossa sociedade é multicultural”?
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_____________________________________________________________________________________
3) Explique a importância da definição de cultura pela Sociologia, comparando-a com a definição do senso
comum.
_____________________________________________________________________________________
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_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
4) (ENEM, 2001) Os textos referem-se à integração do índio à chamada civilização brasileira. I - “Mais uma
vez, nós, os povos indígenas, somos vítimas de um pensamento que separa e que tenta nos eliminar
cultural, social e até fisicamente. A justificativa é a de que
somos apenas 250 mil pessoas e o Brasil não pode suportar esse ônus. (...) É preciso congelar essas
idéias colonizadoras, porque elas são irreais e hipócritas e também genocidas. (...) Nós, índios, queremos
falar, mas queremos ser escutados na nossa língua, nos nossos costumes.” Marcos Terena, presidente do
Comitê Intertribal Articulador dos Direitos Indígenas na ONU e fundador das Nações Indígenas, Folha de
S. Paulo, 31 de agosto de 1994.
II - “O Brasil não terá índios no final do século XXI (...) E por que isso? Pela razão muito simples que
consiste no fato de o índio brasileiro não ser distinto das demais comunidades primitivas que existiram no
mundo. A história não é outra coisa senão um processo civilizatório, que conduz o homem, por conta
própria ou por difusão da cultura, a passar do paleolítico ao neolítico e do neolítico a um estágio
civilizatório. ” Hélio Jaguaribe, cientista político, Folha de S. Paulo, 2 de setembro de 1994.
Pode-se afirmar, segundo os textos, que:

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  • 1. SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 1 CADERNO DE SOCIOLOGIA CADERNO 1 e 2
  • 2. SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 2 Cultura Cultura no senso comum Quem nunca ouviu falar algum dia “Fulano de Tal não têm cultura”?! No senso comum a cultura ganha um significado diferente. O significado de cultura no senso comum costuma vir atrelado a uma ideia de conhecimento, conhecimento esse que se adquire por meio de condições sociais. Por exemplo, “Fulano de Tal é tão culto! Estudou no exterior e fala cinco línguas diferentes”. Ao modo que tudo que é mais popular se torna menos significante nesse sentido, por exemplo, “Fulano de Tal não tem cultura, ele ouve funk”. Quando utilizamos essa forma de definição, estamos nos referindo a pessoas que não tiveram acesso a determinadas informações e saberes durante sua vida, e acabando por classificar esses conhecimentos ou saberes entre mais ou menos “sofisticados”. Sob essa óptica, cultura se torna um termo para classificar os indivíduos, as pessoas com as mesmas afinidades ou até grupos inteiros, de modo generalizante. Cultura se torna sinônimo de um projeto de civilidade. A sociologia entra a partir daqui para refutar esse sentido preconceituoso de se tratar a cultura. Aos olhos da sociologia cultura é tudo aquilo que vêm da criação humana, como por exemplo, ideias, costumes, leis, crenças e até as vestimentas. A cultura é todo esse apanhado de conhecimento proveniente do convívio social, por tanto, só os seres humanos possuem cultura, e não existe um ser humano sequer que não tenha cultura. Diferentes visões sobre o que é cultura Cultura é um termo de origem latina e que tem ligação com o verbo “cultivar”, no sentido de ser um meio de se buscar o crescimento – daí, por exemplo, a palavra agricultura. Essa ideia de se “buscar o crescimento” em termos de formação intelectual do homem, desejada como a mais ampla que se pudesse alcançar, foi utilizada de maneira usual a partir do Iluminismo, na Europa do século XVIII. “Cultura compreendia, então, tudo aquilo que um indivíduo deveria adquirir para se tornar uma pessoa moral e intelectual, no sentido mais pleno possível” (SIMÕES; GIUMBELLI, 2010, p.188). Daí, afirmarmos que alguns “têm mais cultura” do que outros, em razão do seu acesso a essa “formação intelectual mais ampla”, que pode incluir não somente a educação formal, adquirida nas escolas, como também, como um aperfeiçoamento posterior desse saber – e acessível a um número bem menor de pessoas –, o gosto “refinado” pelas artes plásticas, pela literatura, pela música clássica. Voltando mais ainda no tempo histórico, podemos dizer que o ato do ser humano de transformar a natureza pode ser entendido como uma primeira definição de cultura. Afinal, os homens e as mulheres são diferentes dos animais, pois eles são “inventores do mundo”. Isto significa dizer que os seres humanos são os únicos que não se submeteram totalmente à natureza, mas sim a transformam. Cultura, portanto, pode ser definida por oposição à natureza. Assim, o ser humano, ao contrário dos animais, não vive de acordo com seus instintos, mas sim a partir da sua capacidade de pensar a realidade que o cerca e de construir significados. Estes são realizações culturais, que se transformam em símbolos. Os símbolos são representações dos homens sobre a sua realidade, e não estão presentes em todas as sociedades da mesma forma, variando de acordo com o tempo histórico e com o espaço físico e geográfico. Essa é outra forma de definir cultura, ou seja, como uma representação da realidade ou da ação dos indivíduos. A representação da realidade acontece muitas vezes por meio dos símbolos. O termo símbolo tem sua origem no grego (sýmbolon), que designa um elemento representativo que está no lugar de algo que tanto pode ser um objeto como um conceito ou ideia. O símbolo é um elemento essencial na comunicação e nas culturas, e é difundido no cotidiano pelas mais variadas formas da realidade e do saber humanos. Alguns símbolos são reconhecidos internacionalmente e outros, só em um determinado grupo ou contexto religioso, cultural etc... Podemos resumir símbolo como alguma coisa que representa algo para alguém, e ele será um dos elementos centrais das culturas. Por meio dos símbolos, os indivíduos representam a realidade em que vivem e formam a sua cultura, cultivam e inventam formas de se relacionar uns com os outros, formam uma visão sobre o mundo. Portanto, diferentemente do senso comum, a cultura como forma de representar a realidade existe em todos os lugares e indivíduos, não havendo, portanto, pessoas que têm e pessoas que não têm cultura. Todos nós temos uma cultura, que se expressa em símbolos – as formas de se vestir, as formas de falar, as formas religiosas, as formas artísticas etc.
  • 3. SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 3 Cultura e o significado antropológico No sentido antropológico, cultura é um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e deve ser classificado. A Antropologia é uma Ciência Social que nasceu no século XIX, como um projeto de ciência que consistia em reconhecer, conhecer e compreender a diversidade das manifestações culturais dos povos no tempo e no espaço. A Antropologia nos permitiu descobrir que aquilo que pensávamos ser natural em nós mesmos é, na verdade, cultural, ou seja, ficamos perplexos e conscientes de que o menor de nossos comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem realmente nada de natural. Enfim, a Antropologia nos diz que o conhecimento de nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento de outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única. Para entendermos melhor o significado antropológico de cultura, vamos nos reportar ao antropólogo brasileiro Roberto DaMatta que elaborou uma síntese de algumas dessas definições. Segundo ele, cultura “é um mapa, um receituário, um código, através do qual, as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas” (DaMATTA, 1986, p. 123). Em outras palavras, a cultura é o “cimento” que dá unidade a certo grupo de pessoas que divide os mesmos usos e costumes, os mesmos valores. Deste ponto de vista, portanto, podemos dizer que tudo o que faz parte do mundo humano é cultura. Concretamente, podemos falar de culturas, ao invés de cultura, no singular. Assim, referimo-nos a uma cultura indígena, com seus modos de vestir, dormir, caminhar, se relacionar etc., como a uma cultura chinesa, japonesa, francesa, cigana, nordestina... Enfim, quando estudamos e identificamos traços de comportamentos, personalidades, simbologias comuns, atitudes comuns em determinados grupos, comunidades ou nações, podemos dizer que há uma cultura específica desses indivíduos que compõem grupos, comunidades ou nações. Resumindo: • No decorrer da História, os instintos originais do homem foram secundarizados pela cultura; • A cultura é produzida pelo homem em qualquer meio geográfico; • A cultura permitiu que o homem se adaptasse ao meio, como também que este se adaptasse ao próprio homem e suas necessidades; • A herança cultural prevalece sobre a herança genética do homem, pois este aprende hábitos e costumes através da sua cultura; • A cultura é acumulada socialmente a partir da experiência histórica vivida pelas gerações anteriores; • A cultura estabelece regras que determinam como o mundo pode e deve ser classificado; • A cultura condiciona o comportamento humano e pode servir como justificativa para todas as suas ações; • A cultura dá unidade a grupos de pessoas que compartilham os meus usos, costumes e valores; • Uma cultura se modifica (e modifica) no contato com outra cultura. Cultura Erudita e Cultura Popular Ao analisar o “Renascimento”, movimento cultural surgido no norte da Itália, nos séculos XIV e XV, percebemos que ele estava ligado a uma determinada parcela da população da Europa: a burguesia. A burguesia era formada por comerciantes que tinham como objetivo principal o lucro, através do comércio de especiarias vindas do oriente. Esse segmento da sociedade conquistou não apenas novos espaços sociais e econômicos, mas também procurou resgatar ou fazer renascer antigos conhecimentos da cultura greco- romana. Daí o nome Renascimento. Desde a sua origem, a burguesia preocupou-se com a transmissão desse conhecimento a seus pares. A partir daí, então, foram surgindo instituições como as universidades, as academias e as ordens profissionais (advogados, médicos, engenheiros e outros). Com o passar dos séculos e com o processo de escolarização, a cultura dessa elite burguesa tomou corpo, desenvolveu-se com base em técnicas racionalistas e científicas. Surgiu assim a cultura erudita. Essa cultura “erudita”, ou “superior”, também designada de “elite”, foi se distanciando da cultura, da maioria da população, pois era feita pela e para a burguesia. Por isso, ao pensarmos em cultura erudita, imediatamente concluímos que seus produtores fazem, parte de uma elite política, econômica e cultural que pode ter acesso ao saber associado à escrita, aos livros, ao estudo.
  • 4. SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 4 A cultura popular, por sua vez, mais próxima do senso comum e mais identificada com ele, é produzida e consumida pela própria população, sem necessitar de técnicas racionalizadas e científicas. É uma cultura em geral transmitida oralmente, registrando as tradições e os costumes de um determinado grupo social. Da mesma forma que a cultura erudita, a cultura popular alcança formas artísticas expressivas e significativas. Vale ressaltar que, ao afirmar que os produtores da cultura erudita fazem parte de uma elite não significa dizer que essa cultura seja homogênea, é impossível definir cultura erudita, porque não podem ser homogeneizados os elementos culturais produzidos por intelectuais, fazendeiros, empresários, burocratas, etc. porém, é igualmente impossível definir cultura popular, dada às populações culturais diferenciadas de camponeses, operários, classe média baixa, etc. Indústria Cultural A partir do final do século XX, a industrialização em larga escala atingiu, também, os elementos da cultura erudita (pertencente a uma elite que pode ter acesso ao saber associado à escrita, aos livros, ao estudo) e da cultura popular (aquela de senso comum produzida e consumida pela própria população, sem necessidade de técnicas racionalizadas e científicas, transmitida oralmente, registrando as tradições e os costumes de um determinado grupo social). O incessante desenvolvimento da tecnologia, tornando-a cada vez mais sofisticada, principalmente nos meios de comunicação de massa (p.ex. cinema, rádio, televisão), passou a atingir um grande número de pessoas, dando origem à “cultura de massa”. Ao contrário das culturas erudita e popular, a cultura de massa não está ligada a nenhum grupo social específico, pois é transmitida de maneira industrializada, para um público generalizado, de diferentes camadas socioeconômicas. O que temos, então, é a formação de um enorme mercado de consumidores em potencial, atraídos pelos produtos oferecidos pela indústria cultural. Esse mercado constitui o que chamamos de “sociedade de consumo”. Em "Dialética do Iluminismo", texto clássico escrito em 1947 por Adorno e Horkheimer, pertencentes à Escola de Frankfurt, define-se indústria cultural como um sistema político e econômico que tem por finalidade produzir bens de cultura (p.ex. filmes, livros, música popular) como mercadorias e como estratégia de controle social. Desta maneira, filmes e músicas de quaisquer gêneros são vendidos não como bens artísticos ou culturais, mas como produtos de consumo e, por consequência, ao invés de contribuírem para formação de cidadãos críticos, manteriam as pessoas "alienadas" da realidade. Em outras palavras, “Indústria cultural” é o termo empregado para designar o modo de fazer cultura a partir da lógica da produção industrial que possui padrões que se repetem com a intenção de formar uma estética ou percepção comum voltada para o consumismo, a arte passa a ser produzida visando o lucro. Com a industrialização dos elementos da cultura erudita e da popular, o produto cultural irá se apresentar de uma forma esteticamente nova e diferente. Podemos tomar como exemplo a gravação de uma sinfonia de Beethoven executada com o auxílio de sintetizadores e outros aparelhos de alta tecnologia, cujo ritmo e som diferentes quase original uma nova obra. A indústria cultural, utilizando-se dos meios de comunicação de massa, primeiramente lança seu produto em grande quantidade (tiragens de milhões de discos, por exemplo) e depois induz as pessoas a consumirem esse produto, apelando para outras razões além de seu valor artístico. A cultura de massa, ao divulgar através dos meios de comunicação produtos culturais de diferentes origens (erudita ou popular), possibilita o seu conhecimento por diferentes camadas sociais, criando também um campo estético próprio e atraente voltado para o consumo generalizado da sociedade. Meios de Comunicação de Massa – Instrumentos de Poder Vivemos em uma era interligada em que pessoas de todo o planeta participam de uma única ordem informacional uma situação que é, em grande parte, resultado do alcance internacional das comunicações modernas. As transformações na mídia ou nas comunicações de massa contribuem radicalmente na alteração da vida das pessoas e suas relações no meio sociocultural. Quando se fala em mídia de massa ou comunicação de massa está se referindo a uma ampla variedade de formas de meios de comunicação que abrange um volume de audiência enorme e que envolve milhões de pessoas em toda uma sociedade moderna e globalizada como a nossa. São meios de comunicação de massa: a televisão, os jornais, o cinema, as revistas, o rádio, a publicidade, vídeos games, CDs, internet, celulares e etc. A mídia de massa não pode mais ser vista como um simples meio de entretenimento, como se fosse algo que não interferisse na vida das pessoas; as comunicações de massa são instrumentos de
  • 5. SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 5 informação que influencia em nossa forma de pensar e agir, atingindo o comportamento individual, social, cultural e institucional; como o caso da alteração de valores sociais dos jovens, as banalidades de questões sociais (pobreza, desemprego, violência, corrupção) e a opinião pública (posicionamento reflexivo e prático das pessoas em determinadas situações específicas sobre questões socioeconômicas, política-jurídico e cultural-ideológica). Os donos dos meios de comunicação de massa são os novos donos de um poder moderno e tecnológico, pois eles têm em suas mãos instrumentos que podem influenciar, controlar, manipular ou interferir nas estruturas sociais, seja nas instituições sociais, econômicas ou políticas; a mídia de massa têm dono, são grupos de pessoas que vivem de lucro, logo suas empresas estão a serviço de seus interesses, que com certeza não é o da sociedade como um todo. Os meios de comunicação de massa se relacionam intimamente com o capitalismo. A mídia exerce seu poder de uma forma ideológica, camuflando suas intenções através da exposição de marketing sistematicamente e intensivamente visando incutir na cabeça das pessoas perspectivas alheias aos seus próprios interesses. Isso acontece, por exemplo, na veiculação de comerciais, novelas, filmes, desenhos, programas, séries, telejornais ou jornais escritos, revistas, rádios e etc. (PIERRE BOURDIEU). Identidade A identidade é um conceito importante que devemos entender. Todas as pessoas se identificam com alguma coisa e, também, recorrentemente usamos essa palavra em nosso cotidiano. Mas, para as ciências sociais o que ela significa? Vamos pensar nos seguintes termos: o que define um povo, apesar disto compor sua cultura, não é uma mera demarcação territorial ou sua língua, mas, todo um conjunto de características – sociais, políticas e culturais – que o fazem um grupo indenitário, se diferenciado, assim, de outros grupos. Logo, o que faz um determinado povo se diferenciar de outro é justamente a identidade. Portanto, a identidade: Propicia a sensação de pertencimento, fazendo com que cada indivíduo dívida a sociedade em dois grupos: nós e eles. Os que são como eu e os que não são. Desse modo, sabemos quem somos por sabermos que não somos o outro. A identidade, portanto, é definida pela diferença, estabelecida por uma marcação simbólica relativa a outras identidades (ARAUJO, 2012). A identidade está internalizada em nós. Assim, muitas vezes, suas características passam despercebidas, a ponto de indivíduos perceberem que fazem parte de um grupo somente quando são postos à frente de um outro grupo indenitário. Na modernidade, a consolidação de grandes identidades coletivas foi uma marca importante, principalmente aquelas originadas pelas condições de existência, como as identidades de classe ou nacionais. Entretanto, nas últimas décadas, as transformações sociais ocorridas em todas as sociedades modificaram os elementos constituintes das identidades. Nesse contexto, identidades são construídas em relação a demandas específicas de diferentes grupos, definidos com base em critérios como etnia, gênero etc. Para a Antropologia, a identidade ela não é inata, sendo a mesma construída. Ela é construída, justamente, por intermédio de nossas relações sociais, crenças e costumes. Logo, no próprio indivíduo várias identidades podem ter espaço. Por exemplo, uma pessoa pode se identificar como “homem”, “católico” e “de esquerda”. Todas essas formas de enxergar o mundo, são identidades. As identidades, para a antropologia, não devem ser hierarquizadas, umas como mais evoluídas do que outras. Continuando, a identidade não deve ser apenas uma questão de uso de objetos. Por exemplo, se identificar enquanto “índio” não deve ser interpretada como uma questão de usar arco, flecha e pintar o rosto. Ser “índio” é muito mais do que isso. Para os antropólogos, a temática tange a um modo de ser e não um modo de aparecer. Ou seja, o índio não deixa de ser índio por não usar coisas ligadas a tradição, e muito menos deixa de ser por usar coisas advindas de outras culturas. Nós, brasileiros, por exemplo, usamos uma série de coisas de outras culturas e não deixamos, ainda, de ser brasileiros. Eduardo Viveiros de Castro (2006), ilustra bem a questão: A identidade designava para nós um certo modo de devir, algo essencialmente invisível, mas nem por isso menos eficaz: um movimento infinitesimal incessante de diferenciação, não um estado massivo de “diferença” interiorizada e estabilizada, isto é, uma identidade. (Um dia seria bom os antropólogos pararem de chamar identidade de diferença e vice-versa.) A nossa luta, portanto, era conceitual: nosso problema era fazer com que o “ainda” do juízo de senso comum “esse pessoal ainda é índio” (ou “não é mais”) não significasse um estado transitório ou uma etapa a ser vencida. A ideia é a de que os índios “ainda” não tinham sido vencidos, nem jamais o seriam. Eles jamais acabariam de ser índios, “ainda que”... Ou
  • 6. SOCIOLOGIA / CADERNO 1 e 2 - 7 Ao determinismo por obviamente ser uma teoria racista e muito fácil de ser refutada, por exemplo, se pegar um bebê chinês e criar-lo na alemanha, com uma família alemã, independente de suas características físicas e biológicas, ela vai crescer de acordo com a cultura dessa família alemã. Ao difusionismo por não terem provas suficientes que sustentem essa teoria. A partir de então Boas Propõe o relativismo cultural . Que propõe o entendimento de determinados povos através deles mesmos, através de suas próprias crenças. Aqui já não há mais comparações. De acordo com a teoria de Boas, as culturas são únicas e estão em constante transformação, em um permanente estado de fluxo. Relativismo: Não há verdade absoluta. Propõe uma abordagem cultural e moral sem julgamentos pré- concebidos. Exercícios 1) O que significa cultura no sentido antropológico? _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ 2) O que significa a afirmação “nossa sociedade é multicultural”? _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ 3) Explique a importância da definição de cultura pela Sociologia, comparando-a com a definição do senso comum. _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ 4) (ENEM, 2001) Os textos referem-se à integração do índio à chamada civilização brasileira. I - “Mais uma vez, nós, os povos indígenas, somos vítimas de um pensamento que separa e que tenta nos eliminar cultural, social e até fisicamente. A justificativa é a de que somos apenas 250 mil pessoas e o Brasil não pode suportar esse ônus. (...) É preciso congelar essas idéias colonizadoras, porque elas são irreais e hipócritas e também genocidas. (...) Nós, índios, queremos falar, mas queremos ser escutados na nossa língua, nos nossos costumes.” Marcos Terena, presidente do Comitê Intertribal Articulador dos Direitos Indígenas na ONU e fundador das Nações Indígenas, Folha de S. Paulo, 31 de agosto de 1994. II - “O Brasil não terá índios no final do século XXI (...) E por que isso? Pela razão muito simples que consiste no fato de o índio brasileiro não ser distinto das demais comunidades primitivas que existiram no mundo. A história não é outra coisa senão um processo civilizatório, que conduz o homem, por conta própria ou por difusão da cultura, a passar do paleolítico ao neolítico e do neolítico a um estágio civilizatório. ” Hélio Jaguaribe, cientista político, Folha de S. Paulo, 2 de setembro de 1994. Pode-se afirmar, segundo os textos, que: