1. O trovadorismo surgiu na Idade Média como um reflexo do ambiente religioso e político da época, caracterizado por uma visão teocêntrica e relações de servilismo.
2. Os trovadores assumiam um eu-lírico masculino que se dirigia a uma mulher amada de forma idealizada e distante, colocando-se como seu vassalo a seu serviço.
3. Diferentes tipos de cantigas caracterizaram o trovadorismo, como as de amor, amigo, escárnio e maldizer, cada
1. Trovadorismo
1. Quais eram as características da
produção literária medieval.
2. Como se caracterizou a literatura
galego-portuguesa.
2. • Foram os gregos, e depois os romanos que,
lançaram as bases da tradição cultural do
Ocidente. Da Idade Média ao Renascimento,
essa tradição gerou, na Europa, um conjunto
de obras decisivas para nossa civilização.
• A produção artística, que se concentrava nas
mãos da Igreja, sai dos mosteiros, ganha as
cortes e as ruas.
3. Miniatura representando o jardim do amor, manuscrito do Romance da
Rosa, de Guillaume de Lorris e Jean de Meun, 1490-1500
4. Se eu não a tenho, ela me tem
o tempo todo preso, Amor,
e tolo e sábio, alegre e triste,
eu sofro e não dou troco.
É indefeso quem ama.
Amor comanda
à escravidão mais branda
e assim me rendo,
sofrendo,
à dura lida
que me é deferida.
[...]
É tal a luz que dela vem
que até me aqueço nessa dor
sem outro sol que me conquiste,
mas no sol ou no fogo
não digo quem me inflama.
O olhar me abranda,
só os olhos têm vianda,
e a ela vendo
vou tendo
mais distendida
minha sobrevida.
[...]
Eu sei cantar como ninguém mas
meu saber perde o sabor
se ela me nega o que me assiste.
Vejo-a só, não a toco,
mas sempre que me chama
para ela anda
meu corpo, sem demanda,
e sempre atendo,
sabendo
que ela me olvida / e apaga
merecida.
DANIEL, Arnaut. In: CAMPOS, Augusto
de. Invenção. São Paulo: Arc, 2003. p.90-
93. (Fragmento)
5. Idade Média: entre o mosteiro e a corte
• Inicia-se em 476 e termina em 1453.
• Herança da dominação romana: cristianismo,
latim.
• Papa Inocêncio III
“Os príncipes têm poder na terra, os sacerdotes
sobre a alma. E assim como a alma é muito mais
valiosa do que o corpo, assim também mais valioso
é o clero do que a monarquia.”
• Pessoas imperfeitas, inferiores, submissas à
Igreja: indicativo de uma postura teocêntrica.
6. TEOCENTRISMO:
se refere a uma visão de mundo
cristã, que a firma a perfeição e a
superioridade Deus, centro de
todas as coisas, e vê o ser
humano como imperfeito e
pecador.
Assim, se a cultura era algo que
dependia da reprodução
manuscrita, só se traduzia textos
que não representassem ameaça
ao poder da Igreja.
7. • Uma nova organização social: a morte do
imperador Carlos Magno obrigou a sociedade
a se organizar em torno dos senhores feudais.
• Camponeses livres, cavaleiros, nobres
empobrecidos.
• O servilismo dos vassalos origina o princípio
básico da literatura medieval: a afirmação de
subserviência de um trovador à sua dama ou
de um cavaleiro à sua donzela.
8. Trovadorismo: poesia e cortesia
Projetoliteráriodo
Trovadorismo
Literatura oral para entreter os
homens e as mulheres da nobreza
Redefinição do papel dos cavaleiros
nas cortes
Criação de estruturas literárias
equivalentes às da relação de
vassalagem
Sociedade: subserviência total a
Deus (teocentrismo), representada
literariamente pela submissão do
trovador ou do cavaleiro.
9. • Trovadorismo e o público: poesia da
sociedade; os membros da corte julgavam o
comportamento do trovador e de sua dama.
• As regras da conduta amorosa: expressar
elogios e súplicas a uma mulher da nobreza,
casada, que tivesse posição social
reconhecida.
10. Linguagem da vassalagem amorosa
• Unindo poesia e música, os textos eram
divulgados de forma oral.
• Uso de rimas;
• Expressões utilizadas para nomear a dama
(senhor, mia senhor, senhor fremosa);
• Referência aos principais valores da sociedade
cortês.
11. Jogo de amor cortês
• Um conceito europeu medieval de
atitudes, mitos e etiqueta para enaltecer o
amor. Na sua essência, o amor cortês era uma
experiência contraditória entre o desejo
erótico e a realização espiritual, "um amor ao
mesmo tempo ilícito e moralmente elevado”.
12. A teoria do amor cortês pressupõe uma concepção platônica
do amor que pode ser resumida nos pontos abaixo:
• Total submissão do enamorado à sua dama (por uma transposição
do amor às relações sociais sob o feudalismo, o enamorado rende
vassalagem à sua senhora).
• A amada é sempre distante, admirável e um compêndio de
perfeições físicas e morais.
• O estado amoroso, por transposição ao amor dos sentimentos e
imaginário religioso, é uma espécie de estado de graça que
enobrece a quem o pratica.
• Os enamorados são sempre de mesma condição aristocrática.
• O enamorado pode chegar a comunicar-se com a sua inatingível
senhora, após uma progressão de estados que vão desde o
suplicante ("fenhedor", em occitano) ao amante ("drut").
• Trata-se, frequentemente, de um amor adúltero. Por isso, o
poeta oculta o objeto de seu amor substituindo o nome da amada
por uma palavra-chave ("senhal") ou pseudônimo poético.
13. • Cantigas de amigo e cantigas de amor: pág.
48-51
• Cantigas satíricas
Critica o comportamento social de seus pares,
difamavam alguns nobres ou denunciavam as
damas que deixavam de cumprir seu papel no
jogo do amor cortês. Podem ser escárnio ou de
maldizer.
14. • Cantigas de escárnio: a critica aparece através
do duplo sentido. O efeito satírico é obtido
por meio de ironias, trocadilhos e jogos
semânticos. Ridicularizam o comportamento
dos nobres ou denunciam as mulheres que
não seguem o código do amor cortês.
15. • Cantigas de maldizer: o trovador faz sua
crítica de modo direto, explícito, identificando
a pessoa satirizada. Linguagem ofensiva,
palavras de baixo calão.
16. Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv'en [o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
en que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi perdon,
pois avedes [a] tan gran coraçon
que vos eu loe, en esta razon
vos quero já loar toda via;
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já un bon cantar farei,
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
Joan Garcia de Guilhade, CV 1097, CBN 1486
17. 1 mentira e 8 verdades sobre o Trovadorismo
1. O trovadorismo é um reflexo do ambiente
religioso e político da Idade Média.
2. Tem traços da visão teocêntrica e papel de
servilidade do homem com a Igreja.
3. O trovadorismo foi o primeiro movimento
literário da língua portuguesa. Passou a ter
destaque durante o século 12, quando
Portugal começou a se destacar como
nação.
4. Normalmente o trovador assume um eu-
lírico masculino. Ele se dirige à mulher
amada, uma figura idealizada e distante.
5. O trovador se coloca como um vassalo a
serviço da mulher. Com isso, ela se torna
um sonho, espécie de amor distante e
impossível.
6. Nas cantigas de amigo, de origem popular,
eu-lírico é feminino e usa recursos
literários típicos da tradição oral, que
facilitam a memorização das canções.
7. Como o nome indica, as cantigas de
escárnio são críticas, zombarias e
sarcásticas. Normalmente o alvo do
escárnio era alguém real e do mesmo
círculo social que o trovador.
8. As canções de escárnio usam indiretas de
forma a encobrir a agressividade, deixando
a cantiga ambígua.
9. As cantigas de maldizer trazem a mania de
falar pelas costas. Nesses casos, a pessoa
que é alvo da canção costuma ser citada
por algum codinome.