Gonçalves Dias foi um poeta romântico brasileiro nascido em 1823. Estudou na Europa e incorporou temas e paisagens brasileiras em sua poesia, ajudando a definir a literatura nacional. Sua obra mais famosa é a "Canção do Exílio", que exalta a natureza e a saudade da terra natal. Gonçalves Dias também se dedicou à poesia indianista e sentimentalista, retratando o índio como símbolo do brasileiro. Publicou "Primeiros Cantos", "Seg
1. UNIDADE INTEGRADA SESI SENAI – EBEP / 2° ANO QUÍMICA / ORIENTADORA: SAMANTHA B. / DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA
2. GONÇALVES DIAS – INTRODUÇÃO/BIOGRAFIA
Antônio Gonçalves Dias nasceu
em 10 de agosto de 1823. Era filho de um
comerciante português com uma mestiça.
Quando pequeno começou a trabalhar como
caixeiro da loja de seu pai, que veio a falecer
em 1837.
Em 1835 começou a estudar latim,
francês e filosofia. Mais tarde, foi estudar na
Europa, em Portugal, onde em 1838
terminou os estudos secundários e
ingressou na Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra (1840) ,
retornando em 1845, após bacharelar-se.
Mas antes de retornar, participou de dois
grupos medievistas: Gazeta Literária e O
Trovador, compartilhando das ideias
românticas de Almeida Garrett, Alexandre
Herculano e António Feliciano de Castilho.
3. Por ficar tanto tempo fora de sua
pátria inspira-se para escrever a Canção do
Exílio e parte dos poemas de "Primeiros
cantos" e "Segundos cantos".
Passou a vida toda viajando a
trabalho e estudando na Europa e no Brasil
sempre aumentando seu arsenal de obras
de todos os tipos. Em uma de suas viagens
Gonçalves Dias foi à Europa em 1862 para
um tratamento de saúde. Não obtendo
resultados retornou ao Brasil em 1864 no
navio Ville de Boulogne, que naufragou na
costa brasileira; salvaram-se todos, exceto o
poeta, que foi esquecido, agonizando em seu
leito, e se afogou.
Sua obra, de grande importância
para o Brasil, será abordada nas lâminas
seguintes.
GONÇALVES DIAS – INTRODUÇÃO/BIOGRAFIA
4. GONÇALVES DIAS – CARACTERÍSTICAS GERAIS
DE SUA LITERATURA
Sua obra poética, lírica ou épica, enquadrou-se na
temática “americana”, isto é, de incorporação dos assuntos e
paisagens brasileiros na literatura nacional, fazendo-a voltar-se
para a terra natal, marcando assim a nossa independência em
relação a Portugal. Ao lado da natureza local, recorreu aos temas
em torno do indígena, o homem americano primitivo, tomado
como o protótipo de brasileiro, desenvolvendo, com José de
Alencar na ficção, o movimento do “Indianismo”, que conferiu
caráter nacional à literatura brasileira. Os indígenas, com suas
lendas e mitos, seus dramas e conflitos, suas lutas e amores, sua
fusão com o branco, ofereceram-lhe um mundo rico de
significação simbólica. Embora não tenha sido o primeiro a
buscar na temática indígena recursos para o abrasileiramento da
literatura, Gonçalves Dias foi o que mais alto elevou o Indianismo.
5. GONÇALVES DIAS – LITERATURA ROMÂNTICA
Gonçalves fundamentou as bases da poesia brasileira, consolidando o
Romantismo. Incorporou à nossa escrita temas e formas que serviam de
modelo até o modernismo. Dotado de Riqueza temática, abrangeu múltiplos
assuntos em diversos aspectos, tais como:
• Poesia Indianista
• O culto e exaltação da natureza, vista quase sempre como reflexo de Deus;
• A tendência para a solidão, em contato com a natureza, longe da sociedade;
• O derramamento lírico, em que o poeta extravasa as emoções e sentimentos
de forma livre e espontânea;
• A necessidade de perpassar a produção poética do sentimento cristão e
religioso;
• A metrificação variada e livre, sem o rigor formalista da poesia clássica.
• O nacionalismo expresso por meio da temática indianista e também do
sentimento da pátria;
• Sentimentalismo, a concepção amorosa a partir de sentimentos puros e
castos.
• O uso frequente de reticências e interjeições como recurso que expressa bem
os estados da alma.
6. GONÇALVES DIAS – POESIA INDIANISTA
Expressa um ideal de homem brasileiro, que é retratado no índio mítico
e lendário, inspirado no “bom selvagem” de Jean Jacques Rousseau. Tem por
base o cavaleiro medieval (herói, nobre, guerreiro, fiel aos deveres). Além disso,
Gonçalves Dias não vê o colonizador branco com simpatia, e sim como o símbolo
do terror e da exploração do índio. I-Juca-Pirama: Poema que narra o último
descendente Tupi, que é feito prisioneiro de uma tribo inimiga:
7. GONÇALVES DIAS – SENTIMENTALISMO
Caracterizado pela poesia lírico-amorosa e visão trágica do amor (amar é
chorar, sofrer e morrer). Aparecem nos poemas as marcas do romantismo como o
pessimismo, insatisfação e individualismo.
Ainda Uma Vez – Adeus!
Enfim te vejo! – enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito Penei! Cruas Ânsias
Dos teus olhos afastado
Houveram-me acabrunhado,
A não lembrar-me de ti!
Ainda uma vez – Adeus –
Gonçalves Dias
8. GONÇALVES DIAS – EXALTAÇÃO DA NATUREZA
A Natureza também é o refúgio do poeta nos momentos de saudade,
solidão e desalento. Uma de suas poesias naturalistas é a Canção do Exílio, a
poesia a mais famosa em todo o Brasil. Sua temática é própria da primeira
fase do Romantismo brasileiro, em sua mescla de nostalgia e nacionalismo.
Gonçalves Dias compôs o poema cinco anos depois de partir para Portugal,
onde fora cursar Direito na Universidade de Coimbra. O texto é estruturado
a partir do contraste entre a paisagem europeia e a terra natal - jamais
nominada, sempre vista com o olhar exagerado de quem está distante e, em
sua saudade, exalta os valores que não encontra no local de exílio. A forma
equilibrada do poema tornou-o material perfeito como texto declamatório.
A grande exposição do poema ao longo da história literária brasileira teria,
para alguns autores, banalizado a criação ao ponto de extrair do leitor
contemporâneo o impacto inicial de seus versos. A Canção do Exílio foi
amplamente recriada e parodiada, principalmente pelos poetas
modernistas; dois de seus versos estão citados no Hino Nacional Brasileiro
("Nossos bosques têm mais vida,/Nossa vida, mais amores.").
9. GONÇALVES DIAS – CANÇÃO FO EXÍLIO
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
10. GONÇALVES DIAS – PRIMEIROS CANTOS
A Canção do Exílio é parte da obra “Primeiros Cantos”, que foi recebida com
entusiasmo pela crítica e fez grande sucesso junto ao público ledor de poesia. Alexandre
Herculano renomado e recatado escritor romântico de Portugal e o imperador D. Pedro
II registram rasgados elogios ao livro e tecem palavras de simpatia e incentivo para
Gonçalves Dias.
Na sequencia, vieram também Segundos Cantos e Últimos Cantos, ambos
fizeram sucesso.
11. GONÇALVES DIAS – OUTRAS OBRAS
Poesia
1846: Primeiros Cantos, Rio de Janeiro, Laemmert.
1848: Segundos Cantos, Rio de Janeiro, Ferreira Monteiro.
1851: Últimos Cantos, Rio de Janeiro, Paula Brito.
1857: Os Timbiras, Leipzig, Brockhaus
1857: Cantos, Leipzig, Brockhaus. (contendo todos os cantos anteriores e mais 16
novas composições sob o título de ‘’Novos Cantos’’).
1969: Lira Varia , in “Obras Póstumas’’, 1869. (poesias inéditas).
Teatro
1843: Patkull, in “Obras Póstumas’’, 1869.
1845: Beatriz Cenci, in “Obras Póstumas’’, 1869.
1846: Leonor de Mendonça, Rio de Janeiro, Villeneuve & Cia, 1847.
1850: Boabdil, in “Obras Póstumas’’, 1869.
Romance
1850: Meditação (fragmento), in Guanabara, Rio de Janeiro, Tip. Guanabarense.
1843: Memórias de Agapito, in “Obras Póstumas’’, 1869.
1843: Um Anjo, in “Obras Póstumas’’, 1869.
12. "Gonçalves Dias é o poeta nacional por
excelência: ninguém lhe disputa na opulência
da imaginação, no fino lavor do verso, no
conhecimento da natureza brasileira e dos
seus costumes selvagens“
-José de Alencar