O documento além de conter a maioria dos autores e obras do Romantismo brasileiro, também explica várias das características desse período literário e como eles estão presentes nas obras desses importantes autores.
2. POESIA ROMÂNTICA NO BRASIL
A primeira geração, fase de formação (indianista, nacionalista e
religiosa):
Gonçalves de Magalhães;
Manuel de Araújo Porto Alegre - Considerado o fundador da história e da crítica de arte
brasileira, escreve diversos artigos, como Memória sobre a Antiga Escola Fluminense,
publicado no ano de 1841. Entre as obras literárias de sua autoria destacam-se os livros de
poesia, As Brasilianas (1863), e Colombo (1866);
Joaquim Norberto de Sousa Silva- Obra mais relevante foi "Brasileiras Célebres", antologia
de perfis femininos, alguns dos quais publicados anteriormente na Revista Popular, ilustra a
aliança entre historicismo romântico e nacionalismo.
Na primeira primeira fase da poesia romântica brasileira, é comum dividir os poetas em dois
grupos, o fluminense e o Maranhense.
O grupo fluminense, sediado pela capital do império, articulou-se em três revistas: Niterói,
Minerva brasiliense e Guanabara. Tem maior importância histórica e teórica do que
propriamente artística. Foi principalmente propagandista da estética romântica:
Obs.: Os dois grupos têm
em comum a sobrevivência
de resíduos do Classicismo.
Mesmo assim, aproximam-
se da nova literatura pelo
tema indianista, pela
melancolia, pela
reabilitação da poesia
religiosa e por uma
transparente influência dos
modelos românticos
europeus: Garret e
Lamartine.
3. POESIA ROMÂNTICA NO BRASIL
A primeira geração, fase de formação (indianista, nacionalista e
religiosa):
João Francisco Lisboa - foi um político, historiador, jornalista e escritor brasileiro, a quem
a Academia Brasileira de Letras conferiu o patronato da cadeira 18. Não teve uma obra
de sobrepeso às outras: “Jornal de Timon”, reunidos em dois volumes(1852-54), Vida do
Padre Antônio Vieira (obra inacabada, publicação póstuma), Crônica maranhense-
1969 e Crônica Política do Império (Jornal de Timon) ;
Odorico Mendes- foi um político, tradutor, poeta, publicista e humanista brasileiro, mais
conhecido por ser autor das primeiras traduções integrais para português das obras
de Virgílio e Homero, sendo precursor da moderna tradução criativa.
O Grupo Maranhense, constituído por:
Contudo, coube a um maranhense, radicado no Rio de Janeiro, o papel de consolidar o
Romantismo, identificando-se fortemente com o gosto poético nacional; trata se de
Gonçalves Dias.
4. GONÇALVES DE MAGALHÃES
Iniciador do romantismo do romantismo brasileiro
É considerado o iniciador do Romantismo brasileiro; ao tentar
introduzir o novo estilo em várias áreas literárias.
Sua obra, vista atualmente, é cheia de lugares-comuns e de medíocre
valor poético. Entretanto, alguns escritos teóricos trazem à tona sua lúcida
visão das mutações literárias, com o advento do Romantismo.
Escreveu poesias indianistas, amorosas e religiosas (também escreveu
ensaios e peças):
Suspiros poéticos, foi a obra de maior
importância literária do autor de
saudades,publicada em Paris, em 1836;
Poesias (1832);
O Poeta e a Inquisição (1838);
Olgiato (1839);
Os Mistérios (1857);
Urânia (1862)Cânticos;
Fúnebres (1864);
Opúsculos Históricos e Literários (1865);
Fatos do Espírito Humano (1865);
Confederação dos Tamoios (1856);
A Alma e o Cérebro (1876);
Comentários e Pensamentos (1880).
Além de poeta, se formou
em medicina, atuou como
professor e ingressou na
profissão de Diplomata
exercendo a função de
Ministro de Negócios,
recebeu o título de
Visconde Araguaia.
5. Mestiço (filho de português e
cafuza), foi para Coimbra (1838),
onde, com dificuldades
pecuniárias, estudou direito.
Bacharelou-se em 1844, voltou
para o Brasil e jornalismo; entrou
como professor de Latim de
Niterói. Em 1851, viajou pelo
Amazonas em comissão de
estudos , e a Europa, em 1854, em
missão da secretaria de negócios
estrangeiros, onde trabalhava. Em
1859, viajou pelo Ceará e
Amazonas como chefe da seção
etnográfica de uma comissão
científica. Pereceu em Naufráugio,
voltando da Europa, no Ville de
Boulogne, no baixio Atins, à vista
do Maranhão.
Gonçalves Dias (Caxias, MA, 1823 -
Naufráugio, Costas do Maranhão, 1864)
Foi o primeiro poeta no Romantismo
brasileiro a trazer para o âmbito artístico,
com altura épica, as tradições indígenas:
personagens, ritos, lendas e ambiências.
Explorou também o medievalismo, e seu lirismo
amoroso equipara-se por vezes às melhores produções em
língua portuguesa. Deixou marcas permanentes na
poesia brasileira, influenciando até o Modernismo, pela
riqueza temática, processos expressionais, ritmos
nuançados e revitalizados como o uso da “medida
velha”(redondilhas), retirada do Cancioneiro de Garcia de
Resende.
6. Poesia:
Primeiros Cantos (1846);
Segundos Cantos e Sextilhas do
Frei Antão(1848);
Últimos Cantos;
Os Timbiras(1857).
Teatro:
Patkull;
Beatriz Cenci;
Leonor de Mendonça;
Boadbil.
Outros gêneros:
Meditação- poema em prosa;
Dicionário da língua Tupi;
Brasil e Oceânia-memória
histórica.
Obras de Gonçalves Dias
A riqueza temática
Expressa na multiplicidade de assuntos sobre os quais
versou, nos diversos aspectos de sua obra: poesia indianista,
lirismo amoroso, poesia religiosa, poesia saudosista,
medievalismo e poesia gótica. Como exemplo desta última
modalidade temática, temos: “A Lira Quebrada”, de Últimos
Cantos, em que a insatisfação e o tédio antecipam o “mal-do-
século”:
Uma febre, um ardor nunca apagado,
Um querer sem motivo, um tédio à vida,
Sem motivo também – caprichos loucos,
Anelo doutro mundo e doutras coisas.
Anelo doutro mundo e doutras coisas,
Desejar coisas vãs, viver de sonhos,
Correr após um bem logo esquecido,
Sentir amor e só topar frieza,
Cismar venturas e encontrar só flores.
7. Poesia indianista
O indianismo expressa um ideal de homem brasileiro. É
um índio mítico e lendário, inspirado no “bom selvagem“ de
Jean Jacques Rousseau. Tem por modelo o cavaleiro
medieval – herói, nobre, guerreiro, fiel aos deveres tribais -
e é trabalhado pela imaginação, fantasia e
sentimentalidade, conciliando o primitivismo e com os altos
valores morais do cristianismo. É relevante observar que
Gonçalves Dias sentia efetiva simpatia pelo tema indianista,
também por ter um quarto de sangue indígena (ele era
mestiço).
Ao contrário de Alencar, que olhava com simpatia o branco
colonizador.
Gonçalves Dias vê no europeu o símbolo do terror e da
exploração do índio.
Herança clássica:
Virtuosismo, erudição e
ligação com a sintaxe
portuguesa.
Modelos Europeus:
Garret influenciou o
lirismo sentimental e
Alexandre Herculano
ofereceu as sugestões da
poesia religiosa e dos
temas e forma
medievais.
A expressividade do
rítmo próprio, atingiu
com perfeição um
virtuosismo inigualável.
8. Eis rebenta a meus pés um fantasma,
Um fantasma d'imensa extensão;
Liso crânio repousa a meu lado,
Feia cobra se enrosca no chão.
O meu sangue gelou-se nas veias,
Todo inteiro — ossos, carnes — tremi,
Frio horror me coou pelos membros,
Frio vento no rosto senti.
Era feio, medonho, tremendo,
O' Guerreiros, o espectro que eu vi.Falam
Deuses nos cantos do Piaga,
O' Guerreiros, meus cantos ouvi
(Canto Piaga)
Musicalidade;
Nacionalismo.;
Nova métrica;
Idealização do índio brasileiro.
O guerreiro Piaga conta para sua tribo, seu
sonho. A mensagem da premunição, é que
futuramente virão fantasmas destruir seu
povo. os fantasmas estão se referindo aos
europeus, e ele quer alertar a todos contra
essa ameaça.
O poema apresenta musicalidade própria,
rompe com o sistema de métrica europeu.
Poesia indianista
9. Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiro, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
O poema, desenvolvido em dez cantos, narra o drama de
I-Juca-Pirama (= aquele que vai morrer), último descendente da
tribo tupi, que é feito prisioneiro de uma tribo inimiga. Movido
pelo amor filial, pois o índio tupi era arrimo de seu pai, velho e
cego, 1-Juca-Pirama, contrariando a ética do índio, implora ao
chefe dos timbiras pela sua libertação. O chefe timbira a
concede, não sem antes humilhar o prisioneiro: “Não
queremos com carne vil enfraquecer os fortes”.
O contraponto rítmico e melódico às diversas situações do
poema.
A idealização do índio- exaltação do espírito guerreiro indígena,
e da cultura e rituais dos índios.
(I-Juca -Pirama)
10. Enfim te vejo! - enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri, Muito penei!
Cruas ânsias Dos teus olhos
afastado
Houveram-me acabrunhado,
A não lembrar-me de ti!
(AINDA UMA VEZ- ADEUS)
A poesia lírico-amorosa
A lírica amorosa de Gonçalves Dias caracteriza-se por
sentimentalismo e por uma concepção eminentemente
trágica do amor (amar é chorar, sofrer e morrer)
aproximação de amor e morte (Eros e Thanatos) na
poesia, desde os gregos.
Em muitas composições aparecem lugares-comuns do
Romantismo: pessimismo, insatisfação e individualismo,
temperados, porém, pelo gosto da norma universalizante e
pela dignidade clássica.
A lírica naturista e saudosista
É constante a atitude panteísta, de contemplação da
natureza como manifestação de Deus. A natureza é
também refúgio e confidente do poeta, nos momentos de
saudade, solidão e desalento.
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
(CANÇÃO DO EXÍLIO)
11. A SEGUNDA GERAÇÃO: byroniana - individualista -
mal-do-século - ultrarromantismo
A geração de poetas que se seguiu à de Gonçalves Dias
caracterizou-se pela exasperação do subjetivismo, da introversão,
pelo exagero do sentimentalismo, da imaginação. Álvares de
Azevedo foi o seu melhor representante, secundado por Fagundes
Varela, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Laurindo Rebelo.
A morte, o pessimismo, o tédio da vida; o escapismo através do álcool,
da fantasia, do intelectualismo livresco; a saudade, o erotismo
idealizado ou reprimido povoam a poesia desses jovens.
O período marcou também a incorporação de novos temas: o humor
(oscilando da graça ao humor negro), o satanismo (a poesia
“maldita"), os temas roceiros e caboclos, além da antecipação de
algumas atitudes condoreiras: a poesia patriótica e abolicionista.
12. A Lira Dos Vinte Anos - Reúne o melhor da produção poética de Álvares
de Azevedo: "Ideias Íntimas”, “Spleen e Charutos”, “Lembrança de
Morrer”, “Se Eu Morresse Amanhã”, “É Ela! É Ela! É Ela! É Ela!" são alguns
dos poemas mais expressivos do Romantismo egótico;
O Poema do Frade e Conde Lopo - Poemas narrativos cuja tônica é o
satanismo;
Macário - De difícil classificação quanto ao gênero, oscila entre o teatro,
o diário íntimo e a narrativa, que se estabelece através do diálogo entre
Satã e Penseroso, tendo por centro os vícios e desatinos da cidade de
São Paulo;
Noite na Taverna – Contos fantásticos, macabros. Numa taverna, em
noite escura de tormenta, entre mundanas bêbadas e adormecidas,
jovens boêmios resolvem, por desfastio, contar casos verdadeiros e
escabrosos que tivessem vivido (inspiração na obra do Poe).
Álvares de Azevedo (São Paulo, SP, 1831 - Rio de
Janeiro, RJ, 1852)
Obra
Filho da alta burguesia,
foi aluno brilhante e leitor
precoce. Cursou o Colégio
Pedro II, vindo para São
Paulo, em 1848, cursar
Direito. Ligou-se aos
grupos boêmios e políticos
da Faculdade, integrando a
“Sociedade Epicureia" e “A
Bucha".Faleceu em 1852,
sem concluir o curso e
inédito em livro.
13. O erotismo é uma constante, mas o amor só se realiza
no plano da fantasia. Não é necessário ser muito esperto
para perceber a ousada confissão da prática do “vício
solitário”:
Em frente do meu leito, em negro quadro,
A minha amante dorme. É uma estampa
De bela adormecida. A rósea face
Parece em visos de um amor lascivo
De fogos vagabundos acender-se ...
O amor é sempre irrealizado, e só ocorre no plano do sonho,
da fantasia. Ou o poeta sonha a posse sexual da amada, ou a
amada dorme, e a contemplação do sono estimula os
desejos do poeta.
Álvares de Azevedo
Antônio Álvares de
Azevedo (1831-1852) foi o
mais típico representante
da “escola byroniana", do
ultra romantismo, da
poesia egótica. Sua obra é
uma permanente
antinomia: ingenuidade e
satanismo, egocentrismo e
autoironia, idealismo e
realismo, desespero e
humor, a pálida virgem e a
prostituta sifilítica, amor e
medo, Ariel e Calibã.
14. Os temas religiosos são mesclados com o temor da
morte, com a solidão revoltada, com a sensualidade
domável. Sua poesia tende a confundir-se, tal a liberdade
de construção de seus versos, com a prosa ritmada. Ao
acento romântico egocêntrico da época vem juntar-se uma
lancinante nota de dor, expressa em suas interrogações
constantes sobre o valor da vida, do pecado e da
morte. Deixou os livros: Inspirações do Claustro e
Contradições Poéticas.
Junqueira Freire (1832,
Salvador, BA; 1855,
idem)Luís José Junqueira
Freire cursou o Liceu
Provincial de Salvador e
ingressou aos 19 anos na
Ordem dos Beneditinos,
fazendo-se monge; vocação
controvertida, essa escolha
muito o fez sofrer,
desagregando-lhe a
sensibilidade exacerbada.
Deixou a Ordem em 1854 e
morreu um ano depois.
Junqueira Freire
15. A saudade da pátria longínqua, a temática amorosa, em que a figura da
virgem entrevista “entre amor e medo” é constante, se desenvolve sem
grandes profundidades, marcada pela sensibilidade espontânea e pulsões
eróticas de um estro adolescente. Poeta de enorme popularidade, sua obra
oferece um acesso fácil, musical, sem complexidade filosófica ou
psicológica, acaba sendo mais acessível.
Principais obras: Meus oito anos, Saudades, Minh'alma é triste, Amor e
Medo, Desejo, Dores, Berço e Túmulo, Infância, A Valsa, Perdão, Poesia e
Amor, Segredos e Última Folha.
Como te enganas! meu amor é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
Es bela – eu moço; tens amor – eu medo!...
Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes,
Das folhas secas, do chorar das fontes,
Das horas longas a correr velozes.
Casimiro José Marques de
Abreu não terminou os estudos
secundários, dedicando-se ao
comércio, no Rio. Seguiu para
Lisboa em 1853, onde passou
quatro anos, lá representando a
peça Camões e o Jau (1856).
Retornou no ano seguinte ao
Rio e continuou no comércio,
levando uma vida boêmia. Em
1859, publicou As Primaveras,
seu único livro de poesias.
Faleceu, aos 21 anos, de
tuberculose.
O poema "amor e medo"
vale por verdadeiro
retrato do lirismo
amoroso dos poetas
dessa fase. Há dois planos
bem nítidos: o da
realidade (medo), e o do
sonho (amor, desejo
carnal).
16. A natureza, sempre presente em sua poesia. A dualidade cidade versus
campo, natureza versus civilização encontra nele uma expressão
significativa no âmbito dos dilemas românticos. Ora byroniano como Álvares
de Azevedo, ora ingênuo como Casimiro de Abreu, chega às notas
altissonantes do futuro condoreirismo de Castro Alves.
Deixou obra extensa e variada.
- Noturnos (1861) -
O Estandarte Auriverde (1863)
-Vozes da América (1864)
Cantos e Fantasias (1865)
- Cantos Meridionais (1869)
- Cantos do Ermo e da Cidade (1869)
- Anchieta ou Evangelho nas Selvas
- Cantos Religiosos (poesias em colaboração com Ernestina Fagundes Varela;
1878)
- Diário de Lázaro (poemeto, 1880)
Luís Nicolau Fagundes
Varela viveu sucessivamente
em São João Marcos,
Catalão, Angra dos Reis e
Petrópolis vindo em 1859
para São Paulo, completar
os preparatórios de Direito.
Boêmio e envolvido pela
literatura e por questões
sociais da época, só ingressa
na Faculdade em 1862.
Depois da morte do filho, a
quem dedicou “o Cântico do
Calvário”, seu melhor
poema, teve uma vida
marcada pela decadência
Fagundes Varela
Os momentos mais expressivos de
Fagundes nos que tematizam a roça, a zona
rural, opondo o bucolismo à civilização:
“Antonico e Corá”, “A Flor de Roca" e
"Juvenília” representam essa vertente da obra
do poeta.
Os pinheiros murmuravam
No viso das cordilheiras,
E a brisa lenta e tardia
(Juvrnília)
17. A
TERCEIRA
GERAÇÃO
A POESIA
CONDORE
IRA OU
SOCIAL
A crise do Segundo Reinado, a Guerra do
Paraguai, a Campanha Abolicionista, os ideais
republicanos galvanizaram a inteligência brasileira
da década de 1860/70, propiciando o aparecimento
de uma modalidade de poesia pública (ou social),
de uma “poesia de comício”, destinada a empolgar
as assembleias, os comícios em praça pública e os
meetings estudantis, nos anfiteatros das
faculdades de Direito de São Paulo e Olinda.
O gosto pela frase pomposa, pela retórica
grandiloquente é característico da tradição
brasileira, e encontrou na movimentada alocução
de Castro Alves seu mais legítimo representante.
18. Fez os primeiros estudos em Salvador. Datam da
adolescência os primeiros versos e os primeiros
contatos com a poesia de Victor Hugo. Na
Faculdade de Direito de Recife, ligou-se a Tobias
Barreto e participou ativamente da vida acadêmica,
ganhando notoriedade. Vida amorosa intensa(foi
amante da atriz Eugênia Câmara). Veio para o Sul,
em 1868, onde conheceu José de Alencare de Assis.
Matriculou-se no curso de Direito de São Paulo com
seus colegas Joaquim Nabuco e Rui Barbosa pou da
Campanha Abolicionista. Já tuberculoso, feriu o ná
esquerdo numa caçada e teve de amputá-lo. Muito
debilitado, voltou para a Bahia, onde chegou a tratar
da edição de Espumas Flutuantes (1870), único livro
que viu publicado. Faleceu no ano seguinte, com 24
anos de idade.
Obras:
Poesia - Espumas Flutuantes (1870);
A Cachoeira de Paulo Afonso (1876);
Os Escravos (1883), incluindo “O Navio
Negreiro” e “Vozes da África”.
Teatro - A Revolução de Minas (1867).
Castro Alves (Fazenda Cabeceiras, Curralinho,
hoje Castro Alves, BA, 1847 - Salvador, BA, 1871)
19. Mais conhecido por Sousândrade, Joaquim de Sousa Andrade foi um escritor e poeta maranhense muito
influente da literatura brasileira.
Em 1857, publicou seu primeiro livro de poesia “Harpas Selvagens”(1857). Sua obra mais destacada é o
poema narrativo: O Guesa (1871) baseado na lenda indígena Guesa Errante.
Joaquim de Sousa Andrade (1833-1902)
Tobias Barreto de Meneses (1839-1889)
Tobias Barreto foi poeta, filósofo e crítico brasileiro, notável pelos seus poemas românticos com grande
influência do escritor Victor-Marie Hugo (1802-1885). Suas obras: Glosa (1864), Amar (1866), O Gênio da
Humanidade (1866), A Escravidão (1868).
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo (1849-1910)
Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, Joaquim Nabuco foi um poeta, jornalista,
diplomata, orador, político e historiador brasileiro.Os principais temas de sua obra: abolição da
escravatura e liberdade religiosa. Suas obras: Abolicionismo (1883), Escravos (1886), Minha formação
(1900).
Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero (1851-1914)
Sílvio Romero, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, foi um crítico literário, poeta,
ensaísta, historiador, filósofo, professor e político brasileiro.
De suas obras destacam-se: A poesia contemporânea (1869), Cantos do fim do século (1878) e Últimos
harpejos (1883).
20. No Brasil, o romance romântico (em Macedo, Alencar, Bernardo Guimarães, Franklin Távora,
Taunay) elaborou a realidade, conforme o ponto de vista que norteou todo o nosso Romantismo, ou
seja, o nacionalismo literário. O nacionalismo na literatura brasileira consistiu, basicamente, em
escrever sobre temas locais; no romance, a consequência foi a descrição de lugares, cenas, fatos
e costumes do Brasil, ampliando largamente a visão da terra e do homem brasileiro. Numa
sociedade pouco urbanizada, portanto ainda caracterizada por uma rede pouco variada de
relações sociais, o romance não poderia realmente lançar-se desde logo ao estudo das
complicações psicológicas. O advento da burguesia criava, porém, novos problemas de ajustamento
da conduta.
Quanto à matéria, o romance brasileiro nasceu regionalista e de costumes; ou melhor, pendeu
desde cedo para a descrição dos tipos humanos e das formas de vida social nas cidades e nos
campos. O romance histórico enquadrou se nesta mesma orientação. O romance indianista
constituiu desenvolvimento à parte. Assim, há três graus na matéria romanesca, determinados
pelo espaço em que se desenvolve a narrativa:
cidade – vida urbana
campo – vida rural
selva - vida primitiva
Prosa e ficção
21. Ficção: A Moreninha (1844); O Moço Loiro (1845); Os Dois
Amores; Rosa; Vicentina; O Forasteiro; Os Romances de
Semana (contos); A Luneta Mágica; O Rio do Quarto; Nina;
As Vítimas Algozes (novelas); As Mulheres de Mantilha; A
Namoradeira; Um Noivo e Duas Noivas (1871) etc;
Teatro: O Cego; Cobé; O Fantasma Branco; O Primo da
Califórnia; Lusbela; Cincinato Quebra-Louça; Vingança
por Vingança etc;
Poesia: A Nebulosa, poema-romance (1857);
Outros: A Carteira de meu TU meu Tio; Um Passeio P
Memória do Ouvidor. eira de meu Tio; Memórias de um
Sobrinho de m Passeio pela Cidade do Rio de
Janeiro; Características.
Obra:
Joaquim Manuel de Macedo (São João do
Itaboraí, RJ, 1820 - Rio de Janeiro, 1882)
Características
Fidelidade aos ambientes, cenas,
costumes e tipos do Rio de Janeiro no
Império, razão pela qual sua obra
vale como documento da vida
urbana do século XIX.
Personagens superficiais e não
convincentes. Pouca penetração
psicológica. Volta-se para o exterior:
atos, gestos, palavras, diálogos, gritos.
Linguagem simples e coloquial nos
diálogos, que são vivos e espontâneos
e revelam a experiência adquirida por
Macedo no teatro. Já nas digressões e
narrações, a linguagem é elaborada,
revelando as preocupações
gramaticais e estilísticas de Macedo -
professor de Português.
22. José Martiniano de Alencar nasceu em
Mecejana, perto de Fortaleza, província do Ceará,
no ano de 1829. Ainda na primeira infância,
transferiu-se com a família para o Rio, onde o pai
desenvolveria a carreira política e onde fez os
estudos elementares e alguns preparatórios, tendo
retornado à terra natal apenas uma vez, aos
doze anos. Apaixonado pela Literatura desde a
infância, levava em 1843 esboços de romance para
São Paulo; nesta cidade ficou até 1850, terminando
os preparatórios e cursando Direito. Em 1877,
morreu, cansado, desiludido, sempre magoado na
vaidade, tão intensa quanto retraída, embora já
então considerado a primeira figura das nossas
letras.
José de Alencar (Mecejana, CE, 1829 -
RJ, 1877)
Romances: Cinco Minutos, o Guarani, A
Viuvinha, Lucíola, As Minas de Prata,
Diva, Iracema, O Gaúcho, A Pata da
Gazela, Sonhos d'Ouro, Til, Alfarrábios, A
Guerra dos Mascates, Ubirajara, Senhora,
O Sertanejo, Encar nação;
Teatro: O Demônio Familiar, Verso e
Reverso, As Asas de um Anjo, Mãe, O
Jesuíta;
Crítica, Polêmica, Publicismo: Cartas
sobre a Confederação dos Tamoios, Ao
Imperador, Cartas Políticas de Erasmo e
Ao Imperador, Novas Cartas Políticas de
Erasmo, Ao Povo, O Juízo de Deus, A Visão
de Jó, O Sistema Representativo;
Crónicas e Autobiografia: Ao Correr da
Pena, Como e Por que sou Romancista.
Obra
23. Manuel Antônio de Almeida (Rio de Janeiro, 1831 - Naufrágio,
Costas do Rio de Janeiro, 1861)
Novela de tom humorístico que faz crônica de costumes do Rio Colonial, na época de D. João VI;
Não há idealização das personagens, mas observação direta e objetiva. Presença das camadas
inferiores da população (barbeiros, comadres, parteiras, meirinhos, “saloias”, designados pela
ocupação que exercem). Rompe a tensão bem x mal, herói x vilão, típica do Romantismo. Os
personagens não são heróis nem vilões, praticam o bem e o mal, impulsionados pelas necessidades de
sobrevivência (a fome, a ascensão social);
Leonardo Pataca é o primeiro malandro da literatura brasileira. Apontado por Mário de Andrade como
personagem picaresco;
O realismo de Manuel Antônio de Almeida não se esgota nas linhas meio caricaturais com que define
uma variada galeria de tipos populares.
Obras:
Memórias de um sargento de milícias (1854-55)
Drama lírico: Dois amores
Poesia: alguns poemas publicados em revistas e jornais.
Características:
24. Romance contra o celibato clerical e a vocação forçada;
Mistura a idealização romântica com elementos tomados da narrativa oral,
na base do “contador de causos e de histórias”. A linguagem de Bernardo
Guimarães, adjetivosa e convencional;
Romance: O Seminarista (1872), sua melhor obra; O Garimpeiro; Maurício; A
Escrava Isaura, sua obra mais popular, porém medíocre; 0 Ermitão de Muquém;
O Índio Afonso; A Ilha Maldita; O Pão de Ouro; Lendas e Romances; Lendas e
Tradições da Província de Minas Gerais.Poesia: Cantos da Solidão.
O Seminarista:
O romance regionalista ou sertanejo: Bernardo Guimarães
25. Romance: A Mocidade de Trajano (1871) (pseudônimo de Sílvio Dinarte);
Inocência (1872) (Sílvio Dinarte); Lágrimas do Coração (mais tarde refundido
com o nome de Manuscrito de uma Mulher); Ouro sobre o Azul: 0 Encilhamento
(com o pseudônimo de Heitor Malheiros); No Declínio (1889);
Conto: Histórias Brasileiras; Narrativas Militares; Ao Entardecer (1889);
Livros sobre a Guerra e o Sertão: A Retirada de Laguna; Cenas de Viagem; Diário
do Exército; Céus e Terras do Brasil;
Teatro: Por um Triz Coronel; Amélia Smith, Da Mão à Boca se Perde a Sopa; A
Conquista do Filho.
Visconde de Taunay
26. Romance: O Cabeleira (1876); O Matuto; O Sacrifício; Lourenço;
A Casa de Palha; Os índios do Jaguaribe.
Novela: Um Casamento no Arrabalde.
Teatro: Um mistério de Família; Três Lágrimas.
Conto: A Trindade Maldita.
Crítica: Cartas a Cincinato.
O mais radical e coerente dos regionalistas dese java que a literatura da sua
região se diferenciasse das outras sobre uma base de realidade local vivida e
observada, nutrida pelo senso da História, da Geografia, dos problemas
humanos. Isso o levou a uma atitude documentária, que teve como consequência
a interpretação do passado por meio do romance histórico e o senso do real na
visão do presente.
Franklin Távora