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E. E. “Profª Irene Dias Ribeiro”

                        I – Juca Pirama
                              Gonçalves Dias

                   PROFª MARIA INÊS VITORINO JUSTINO


                               Outubro - 2011
 Profª de Língua Portuguesa
Sua obra pode ser enquadrada no
Romantismo. Procurou formar um
sentimento nacionalista ao incorporar
assuntos, povos e paisagens brasileiras na
literatura nacional. Ao lado de José de
Alencar, desenvolveu o indianismo.
Gonçalves Dias publicou o livro Últimos
cantos e deve ter sido escrito entre 1848 e
1851, e na obra se encontra o poema I –
Juca Pirama.
Título
• É tirado da língua tupi e significa, conforme
  explica o próprio autor, “o que há de ser morto, e
  que é digno de ser morto.” Embora tenha nome
  próprio, “Juca Pirama” não tem nada a ver com o
  nome do índio aprisionado pelos Timbiras.
Tema
• O índio adequado a um forte sentimento de honra,
  simboliza a própria força natural do ameríndio, sua alta
  cultura acerca de seu povo representado no modo como este
  acata o rígido código de ética de seu povo.

  O índio brasileiro é um clone do cavaleiro medieval das
  novelas européias românticas como as de Walter Scott.
Personagens
• I   -    Juca    Pirama     -   típico   herói
  romantizado, perfeito, sem mácula que desperta
  bons sentimentos no homem burguês leitor.
  O velho tupi - simboliza a tradição secular dos
  índios tupis. É o pai de I – Juca Pirama.
  Os   timbiras   -   índios   ferozes   e   canibais.
  O velho timbira - narrador e personagem ocular
  da estória.
Foco Narrativo
• I – Juca – Pirama é narrado em 3ª pessoa por um
  índio timbira que relata às gerações posteriores
  as proezas do guerreiro tupi que lá esteve. A
  posição do narrador é distante, revelando-se
  onisciente e onipresente.
O poema descreve, a partir de um “flash-back”, a
  estória de um índio tupi que, por ser um bravo e
  corajoso guerreiro, deveria ter sua carne comida
  numa     cerimônia     religiosa   (antropofagia).
Estilo Literário
• 1ª Geração – Romantismo:
• Apesar de ter uma fama narrativa que configura
  o      gênero     épico       e    um     conteúdo
  dramatizável, predomina no poema o gênero
  lírico – um lirismo fácil e espontâneo, perpassado
  das emoções e subjetividade do poeta. Como é
  próprio do romantismo, estilo a que está ligado
  Gonçalves Dias, é um lirismo que brota do
  coração e da “imaginação criadora” do poeta e
  que expressa bem o sentimentalismo romântico.
  A obra é indianista e vale ressaltar a musicalidade
  dos versos que é uma característica típica de
  Gonçalves Dias.
Espaço
• O autor, através do narrador timbira, não faz
  menção ao lugar em que decorre a ação; sabe-
  se, entretanto, que os timbiras viviam no
  interior do Brasil, ao contrário dos Tupis, que
  se localizavam no litoral.
Tempo
• Não há uma indicação explícita, mas percebe-se que é
  a época da colonização portuguesa, quando os índios
  já estavam sendo dizimados pelo branco, como diz, no
  seu canto de morte, o guerreiro Tupi – um triste
  remanescente :
“da tribo pujante/ que agora anda errante”.
Estrutura da obra
• A metrificação de Gonçalves Dias é bastante original:
• “Menospreza regras de mera convenção”;
• Busca a forma ideal para cada assunto, adequando bem forma
  e conteúdo;
• alterna versos longos e curtos:
   o ora para descrever (verso lento);
   o ora para dar a impressão do rufar dos tambores no ritual
      indígena.
• Dez cantos: composição épico – dramática. Todos sempre
  pautam pela apresentação de um índio cujo caráter e heroísmo
  são         salientados         a      cada         instante.
Canto 1
• - Apresentação e descrição da tribo dos Timbiras. Como está
  descrevendo o ambiente, o autor usa um verso mais lento e
  caudaloso, que é hendecassílabo (onze sílabas). A estrofe é
  sempre de seis versos (sextilha) e as rimas obedecem ao
  esquema: AA (paralelas) e BCCB (opostas ou intercaladas).

“No/ mei/o/ das/ ta/bas/ de a/me/nos/ ver/do/res, A
  1   2   3   4   5   6    7   8   9   10   11             paralela
Cer/ca/das/ de/ tron/cos/ – co/ber/tos/ de/ flo/res,   A
Al/tei/am-se /os /te/tos /d’al/ti/va/ na/ção,...”      B   intercalada
São/ mui/tos/ seus/ fi/lhos,/ nos/ â/ni/mos/ for/tes   C
                                                            paralela
Te/mí/veis/ na/ gue/rra,/ que em/ den/sas/ coor/tes    C
A/ssom/bram/ das/ ma/tas/ a/ imen/sa ex/ten/são.       B   intercalada
Canto 2
• Narra a festa canibalística dos timbiras e a aflição do
   guerreiro tupi que será sacrificado. O poeta alterna o
   decassílabo (dez sílabas) com o tetrassílabo (quatro sílabas), o
   que sugere o início do ritual com o rufar dos tambores. As
   estrofes são de quatro versos (quarteto) e o poeta só rima os
   tetrassílabos.
“Em/ fun/dos/ va/sos/ d’al/va/cen/ta ar/gi/la
 1     2 3      4 5      6    7 8     9 10
Fer/ve o/ cau/im; A
 1 2 3 4
Em/chem-se/ as/ co/pas,/ o /pra/zer/ co/me/ça
Rei/na o/ fes/tim.” A
Canto 3
• Apresentação do guerreiro tupi – I – Juca Pirama. Sem se
  preocupar com rimas e estrofação, o poeta volta a usar o
  decassílabo (com algumas irregularidades), novamente num
  ritmo mais lento, que se casa bem com a apresentação feita
  do chefe Timbira.

“Eis/ me a/qui”,/ diz/ ao/ ín/dio/ pri/sio/nei/ro;
  1 2        3       4 5 6 7 8 9 10
“Pois que fraco, e sem tribo, e sem família,
As nossas matas devassaste ousado,
Morrerás morte vil da mão de um forte”
Canto 4
• I - Juca Pirama aprisionado pelos Timbiras declama o seu canto de morte e
  pede aos Timbiras que deixem-no ir para cuidar do pai alquebrado e cego. O
  verso pentassílabo (cinco sílabas), num ritmo ligeiro, dá a impressão do
  rufar dos tambores. As estrofes com exceção da primeira (sextilha), têm oito
  versos (oitavas), e as rimas seguem o esquema AAA (paralelas) e BCCB
  (opostas e intercaladas).

“Da/ tri/bo/ pun/jan/te,   A
  1 2 3 4 5                      paralelas
Que agora anda errante     A
Por fado inconstante,      A
Guerreiros, nasci:         B intercaladas
Sou bravo, sou forte,       C
Sou filho do norte,         C   paralelas
Meu canto de morte,         C
Guerreiros ouvi.”           B intercaladas
Canto 5
• Ao escutarem o canto de morte do guerreiro tupi, os timbiras
  entendem ser aquilo um ato de covardia e desse modo
  desqualificam-no para o sacrifício. Dando a impressão do
  conflito que se estabelece e refletindo o diálogo nervoso, entre
  o chefe Timbira e o índio Tupi, o poeta altera o decassílabo
  com versos mais ou menos livres. Não há preocupação nem
  com estrofes nem com rimas.


“- Men/tis/te,/ que um/ Tu/pi/ não/ cho/ra/ nun/ca,
    1 2 3          4 5 6 7 8 9 10
E tu choraste!... Parte, não queremos
Com carne vil enfraquecer os fortes.”
Canto 6
•   O filho volta ao pai que ao pressentir o cheiro de tinta dos timbiras que
    é específica para o sacrifício desconfia do filho e ambos partem
    novamente para a tribo dos timbiras para sanarem ato tão vergonhoso
    para o povo tupi. Reproduzindo o diálogo entre pai e filho e também a
    decepção daquele, o poeta usa decassílabo juntamente com passagens
    mais ou menos livres. Não há preocupação com rimas ou estrofes.
“Curto instante, depois prossegue o velho:
Tu és valente, bem o sei; confessa,
Fizeste-0, certo, ou já não foras vivo!
- Nada fiz, mas souberam da existência
De um pobre velho, que em mim só vivia...
- E depois?...
- Eis me aqui.
- Fica essa taba?
- Na direção do sol, quando transmonta.
- Longe?
- Não muito.
- Tens razão: partamos.
Canto 7
•   Sob alegação de que os tupis são fracos, o chefe dos timbiras
    não permite a consumação do ritual. Num ritmo
    constante, marcado pelo heptassílabo (sete sílabas), o poeta
    reproduz a fala segura do pai humilhado e do chefe Timbira. A
    estrofação e as rimas são livres.
“Na/da/ fa/rei/ do/ que/ di/zes:
 1 2 3 4 5 6 7
É teu filho imbele e fraco!
Aviltaria o triunfo
Da mais guerreira das tribos
Derramar seu ignóbil sangue:
Ele chorou de cobarde;
Nós outros, fortes Timbiras,
Só de heróis fazemos pasto.”
Canto 8
• O pai envergonhado maldiz o suposto filho covarde. Para
   expressar a maldição proferida pelo velho pai, num ritmo bem
   marcado e seguro, o poeta usa o verso eneassílabo (nove
   sílabas), distribuindo-os em oitavas, com rimas alternadas e
   paralelas.
“Tu/ cho/ras/te em/ pre/sen/ça/ da/ mor/te?
  1 2 3 4                 5 6 7 8 paralelas
                                         9
Na presença de estranhos choraste? A
Não descende o cobarde do forte; A     intercaladas
Pois choraste, meu filho não és!   B
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros, C paralelas
Implorando cruéis forasteiros,      C
                                       intercaladas
Seres presa de vis Aimorés.”       B
Canto 9
• Enraivecido o guerreiro tupi lança o seu grito de guerra e
  derrota a todos valentemente em nome de sua honra.
  Casando-se com o tom narrativo e a reação altiva do
  índio Tupi, o poeta usa novamente o decassílabo com
  estrofação e rimas livres.

“Es/te,/ sim,/ que é/ meu/ fi/lho/ mui/to a/ma/do!
  1 2 3 4              5 6 7 8 9 10
E pois que o acho enfim, qual sempre o tive,
Corram livres as lágrimas que choro,
Estas lágrimas sim, que não desoram.”
Canto 10
• O velho Timbira ( narrador ) rende-se frente ao poder do
  tupi e diz a célebre frase: "meninos, eu vi". Alternando o
  hendecassílabo com pentassílabo, o poeta fecha o
  poema, de forma harmoniosa e ordenada, o que reflete o
  fim do conflito e a serenidade dos espíritos. Casando com
  essa ordem restabelecida, as estrofes vêm arrumadas em
  sextilhas e as rimas obedecem ao esquema AA (paralelas)
  e BCCB (opostas e intercaladas).
“Um velho Timbira, coberto de glória,
                                         paralelas
                Guardou na memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi! intercaladas
E à noite, nas tabas, se alguém duvidava
                       Do que ele contava, paralelas
Dizia prudente: “Meninos, eu vi!      intercaladas
Referências Bibliográficas
• http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/
  analises_completas/i/i_juca_pirama
• http://pt.shvoong.com/books/301970-juca-pirama/

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I Juca Pirama - Gonçalves Dias

  • 1. E. E. “Profª Irene Dias Ribeiro” I – Juca Pirama Gonçalves Dias PROFª MARIA INÊS VITORINO JUSTINO Outubro - 2011 Profª de Língua Portuguesa
  • 2. Sua obra pode ser enquadrada no Romantismo. Procurou formar um sentimento nacionalista ao incorporar assuntos, povos e paisagens brasileiras na literatura nacional. Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o indianismo. Gonçalves Dias publicou o livro Últimos cantos e deve ter sido escrito entre 1848 e 1851, e na obra se encontra o poema I – Juca Pirama.
  • 3.
  • 4. Título • É tirado da língua tupi e significa, conforme explica o próprio autor, “o que há de ser morto, e que é digno de ser morto.” Embora tenha nome próprio, “Juca Pirama” não tem nada a ver com o nome do índio aprisionado pelos Timbiras.
  • 5. Tema • O índio adequado a um forte sentimento de honra, simboliza a própria força natural do ameríndio, sua alta cultura acerca de seu povo representado no modo como este acata o rígido código de ética de seu povo. O índio brasileiro é um clone do cavaleiro medieval das novelas européias românticas como as de Walter Scott.
  • 6. Personagens • I - Juca Pirama - típico herói romantizado, perfeito, sem mácula que desperta bons sentimentos no homem burguês leitor. O velho tupi - simboliza a tradição secular dos índios tupis. É o pai de I – Juca Pirama. Os timbiras - índios ferozes e canibais. O velho timbira - narrador e personagem ocular da estória.
  • 7. Foco Narrativo • I – Juca – Pirama é narrado em 3ª pessoa por um índio timbira que relata às gerações posteriores as proezas do guerreiro tupi que lá esteve. A posição do narrador é distante, revelando-se onisciente e onipresente. O poema descreve, a partir de um “flash-back”, a estória de um índio tupi que, por ser um bravo e corajoso guerreiro, deveria ter sua carne comida numa cerimônia religiosa (antropofagia).
  • 8. Estilo Literário • 1ª Geração – Romantismo: • Apesar de ter uma fama narrativa que configura o gênero épico e um conteúdo dramatizável, predomina no poema o gênero lírico – um lirismo fácil e espontâneo, perpassado das emoções e subjetividade do poeta. Como é próprio do romantismo, estilo a que está ligado Gonçalves Dias, é um lirismo que brota do coração e da “imaginação criadora” do poeta e que expressa bem o sentimentalismo romântico. A obra é indianista e vale ressaltar a musicalidade dos versos que é uma característica típica de Gonçalves Dias.
  • 9. Espaço • O autor, através do narrador timbira, não faz menção ao lugar em que decorre a ação; sabe- se, entretanto, que os timbiras viviam no interior do Brasil, ao contrário dos Tupis, que se localizavam no litoral.
  • 10. Tempo • Não há uma indicação explícita, mas percebe-se que é a época da colonização portuguesa, quando os índios já estavam sendo dizimados pelo branco, como diz, no seu canto de morte, o guerreiro Tupi – um triste remanescente : “da tribo pujante/ que agora anda errante”.
  • 11. Estrutura da obra • A metrificação de Gonçalves Dias é bastante original: • “Menospreza regras de mera convenção”; • Busca a forma ideal para cada assunto, adequando bem forma e conteúdo; • alterna versos longos e curtos: o ora para descrever (verso lento); o ora para dar a impressão do rufar dos tambores no ritual indígena. • Dez cantos: composição épico – dramática. Todos sempre pautam pela apresentação de um índio cujo caráter e heroísmo são salientados a cada instante.
  • 12. Canto 1 • - Apresentação e descrição da tribo dos Timbiras. Como está descrevendo o ambiente, o autor usa um verso mais lento e caudaloso, que é hendecassílabo (onze sílabas). A estrofe é sempre de seis versos (sextilha) e as rimas obedecem ao esquema: AA (paralelas) e BCCB (opostas ou intercaladas). “No/ mei/o/ das/ ta/bas/ de a/me/nos/ ver/do/res, A 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 paralela Cer/ca/das/ de/ tron/cos/ – co/ber/tos/ de/ flo/res, A Al/tei/am-se /os /te/tos /d’al/ti/va/ na/ção,...” B intercalada São/ mui/tos/ seus/ fi/lhos,/ nos/ â/ni/mos/ for/tes C paralela Te/mí/veis/ na/ gue/rra,/ que em/ den/sas/ coor/tes C A/ssom/bram/ das/ ma/tas/ a/ imen/sa ex/ten/são. B intercalada
  • 13. Canto 2 • Narra a festa canibalística dos timbiras e a aflição do guerreiro tupi que será sacrificado. O poeta alterna o decassílabo (dez sílabas) com o tetrassílabo (quatro sílabas), o que sugere o início do ritual com o rufar dos tambores. As estrofes são de quatro versos (quarteto) e o poeta só rima os tetrassílabos. “Em/ fun/dos/ va/sos/ d’al/va/cen/ta ar/gi/la 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Fer/ve o/ cau/im; A 1 2 3 4 Em/chem-se/ as/ co/pas,/ o /pra/zer/ co/me/ça Rei/na o/ fes/tim.” A
  • 14. Canto 3 • Apresentação do guerreiro tupi – I – Juca Pirama. Sem se preocupar com rimas e estrofação, o poeta volta a usar o decassílabo (com algumas irregularidades), novamente num ritmo mais lento, que se casa bem com a apresentação feita do chefe Timbira. “Eis/ me a/qui”,/ diz/ ao/ ín/dio/ pri/sio/nei/ro; 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 “Pois que fraco, e sem tribo, e sem família, As nossas matas devassaste ousado, Morrerás morte vil da mão de um forte”
  • 15. Canto 4 • I - Juca Pirama aprisionado pelos Timbiras declama o seu canto de morte e pede aos Timbiras que deixem-no ir para cuidar do pai alquebrado e cego. O verso pentassílabo (cinco sílabas), num ritmo ligeiro, dá a impressão do rufar dos tambores. As estrofes com exceção da primeira (sextilha), têm oito versos (oitavas), e as rimas seguem o esquema AAA (paralelas) e BCCB (opostas e intercaladas). “Da/ tri/bo/ pun/jan/te, A 1 2 3 4 5 paralelas Que agora anda errante A Por fado inconstante, A Guerreiros, nasci: B intercaladas Sou bravo, sou forte, C Sou filho do norte, C paralelas Meu canto de morte, C Guerreiros ouvi.” B intercaladas
  • 16. Canto 5 • Ao escutarem o canto de morte do guerreiro tupi, os timbiras entendem ser aquilo um ato de covardia e desse modo desqualificam-no para o sacrifício. Dando a impressão do conflito que se estabelece e refletindo o diálogo nervoso, entre o chefe Timbira e o índio Tupi, o poeta altera o decassílabo com versos mais ou menos livres. Não há preocupação nem com estrofes nem com rimas. “- Men/tis/te,/ que um/ Tu/pi/ não/ cho/ra/ nun/ca, 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 E tu choraste!... Parte, não queremos Com carne vil enfraquecer os fortes.”
  • 17. Canto 6 • O filho volta ao pai que ao pressentir o cheiro de tinta dos timbiras que é específica para o sacrifício desconfia do filho e ambos partem novamente para a tribo dos timbiras para sanarem ato tão vergonhoso para o povo tupi. Reproduzindo o diálogo entre pai e filho e também a decepção daquele, o poeta usa decassílabo juntamente com passagens mais ou menos livres. Não há preocupação com rimas ou estrofes. “Curto instante, depois prossegue o velho: Tu és valente, bem o sei; confessa, Fizeste-0, certo, ou já não foras vivo! - Nada fiz, mas souberam da existência De um pobre velho, que em mim só vivia... - E depois?... - Eis me aqui. - Fica essa taba? - Na direção do sol, quando transmonta. - Longe? - Não muito. - Tens razão: partamos.
  • 18. Canto 7 • Sob alegação de que os tupis são fracos, o chefe dos timbiras não permite a consumação do ritual. Num ritmo constante, marcado pelo heptassílabo (sete sílabas), o poeta reproduz a fala segura do pai humilhado e do chefe Timbira. A estrofação e as rimas são livres. “Na/da/ fa/rei/ do/ que/ di/zes: 1 2 3 4 5 6 7 É teu filho imbele e fraco! Aviltaria o triunfo Da mais guerreira das tribos Derramar seu ignóbil sangue: Ele chorou de cobarde; Nós outros, fortes Timbiras, Só de heróis fazemos pasto.”
  • 19. Canto 8 • O pai envergonhado maldiz o suposto filho covarde. Para expressar a maldição proferida pelo velho pai, num ritmo bem marcado e seguro, o poeta usa o verso eneassílabo (nove sílabas), distribuindo-os em oitavas, com rimas alternadas e paralelas. “Tu/ cho/ras/te em/ pre/sen/ça/ da/ mor/te? 1 2 3 4 5 6 7 8 paralelas 9 Na presença de estranhos choraste? A Não descende o cobarde do forte; A intercaladas Pois choraste, meu filho não és! B Possas tu, descendente maldito De uma tribo de nobres guerreiros, C paralelas Implorando cruéis forasteiros, C intercaladas Seres presa de vis Aimorés.” B
  • 20. Canto 9 • Enraivecido o guerreiro tupi lança o seu grito de guerra e derrota a todos valentemente em nome de sua honra. Casando-se com o tom narrativo e a reação altiva do índio Tupi, o poeta usa novamente o decassílabo com estrofação e rimas livres. “Es/te,/ sim,/ que é/ meu/ fi/lho/ mui/to a/ma/do! 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 E pois que o acho enfim, qual sempre o tive, Corram livres as lágrimas que choro, Estas lágrimas sim, que não desoram.”
  • 21. Canto 10 • O velho Timbira ( narrador ) rende-se frente ao poder do tupi e diz a célebre frase: "meninos, eu vi". Alternando o hendecassílabo com pentassílabo, o poeta fecha o poema, de forma harmoniosa e ordenada, o que reflete o fim do conflito e a serenidade dos espíritos. Casando com essa ordem restabelecida, as estrofes vêm arrumadas em sextilhas e as rimas obedecem ao esquema AA (paralelas) e BCCB (opostas e intercaladas). “Um velho Timbira, coberto de glória, paralelas Guardou na memória Do moço guerreiro, do velho Tupi! intercaladas E à noite, nas tabas, se alguém duvidava Do que ele contava, paralelas Dizia prudente: “Meninos, eu vi! intercaladas
  • 22. Referências Bibliográficas • http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/ analises_completas/i/i_juca_pirama • http://pt.shvoong.com/books/301970-juca-pirama/