O poema descreve a saudade do poeta por sua terra natal, exaltando sua natureza exuberante e a vida mais plena que levava lá, em contraste com o lugar onde se encontra exilado. Ele implora a Deus para que não morra sem retornar à terra onde ouve o canto do sabiá e desfruta das belezas naturais que não encontra em lugar algum.
2. A Poesia Romântica
Características fundamentais:
Ideologia Burguesa;
Subjetivismo;
Sentimentalismo;
Idealização;
Evasão;
Harmonia com a natureza;
Liberdade;
Nacionalismo.
O Culto do Passado
3. A Poesia Romântica
Características fundamentais:
Sentimentalismo: o “eu”
torna-se o centro do universo
– egocentrismo. As razões do
coração opõem-se ao
racionalismo clássico;
4. A Poesia Romântica
Características fundamentais:
Supervalorização do amor: o
amor foi encarado como o valor
mais importante da vida em
oposição àquele mais cultivado
pela burguesia: o dinheiro;
5. A Poesia Romântica
Características fundamentais:
Mal-do-século: o poeta sentimental,
que supervalorizava o amor, sentia-se
frustrado e desajustado diante da
realidade, o que gerava uma
sensação de angústia, tédio,
insatisfação e melancolia (spleen).
6. A Poesia Romântica
Características fundamentais:
Evasão: tentando encontrar
saídas para esse estado de
angústia, o romântico desenvolveu
mecanismos de fuga da realidade:
7. A Poesia Romântica
Características fundamentais:
Evasão no tempo: o romântico
procurou raízes da nacionalidade
na Idade Média cavalheiresca e
cristã e criou heróis nacionais –
Walter Scott > Robin Hood;
8. A Poesia Romântica
Características fundamentais:
Evasão no espaço: o romântico
exalta a natureza, concebida como
extensão do próprio “eu” – se o
poeta é triste, o cenário natural
também o é, com uma predileção
pelas paisagens noturnas;
10. A Poesia Romântica
CONTEXTO HISTÓRICO
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
Art. 11º. A livre comunicação dos pensamentos e
opiniões é um dos direitos mais preciosos do
homem: todo cidadão pode, portanto, falar,
escrever, imprimir livremente, embora deva
responder pelo abuso dessa liberdade nos casos
determinados pela lei.
11. A Poesia Romântica
A poética Romântica: Influências
Mito do “bom selvagem”
de Jean J. Rousseau;
12. A Poesia Romântica
A poética Romântica: Influências
Alemanha: em fins do século XVIII, o movimento
Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto) é responsável
por uma onda de emotividade levada ao extremo. O
sentimentalismo presente em Os sofrimentos do jovem
Werther, romance de Goethe que conta a história de
um jovem que se mata por causa de um amor
impossível, tornou moda na Europa o suicídio;
13. A Poesia Romântica
A poética Romântica: Influências
Inglaterra: Sir Walter Scott, autor de Ivanhoé,
escrevendo romances históricos, iniciou uma corrente
de superstições e fantasmas. Lord Byron, mostrou que
que a vida do artista confundia-se com a própria obra,
ele é a expressão do ideal romântico: além de escrever
poesia ultrarromântica, cheia de pessimismo,
participou de lutas pela independência da Grécia.
14. A Poesia Romântica
O Romantismo no Brasil:
Contexto Histórico
Revolução Francesa / Ascensão da Burguesia;
Chegada da Família Real (1808);
Capital: Rio de Janeiro;
Independência do Brasil (1822).
15. A Poesia Romântica
O Romantismo no Brasil
Primeira obra intencionalmente romântica da
literatura brasileira: Suspiros poéticos e saudades
(1836), de Gonçalves de Magalhães.
16. A Poesia Romântica
O Romantismo no Brasil
Guardai os louros vossos,
Guardai-os, sim, qu'eu hoje os renuncio.
Adeus, ficções de Homero!
Deixai, deixai minha alma
Em seus novos delírios engolfar-se,
[...]
Só de suspiros coroar-me quero,
[...]
Só quero suspirar, gemer só quero,
E um cântico formar co'os meus suspiros;
17. A Poesia Romântica
Fases da poesia romântica brasileira
Primeira fase (1830 a 1840):
Nacionalismo;
Indianismo;
Cor local.
Principais representantes:
Gonçalves Dias*
Porto Alegre
18. Antônio Gonçalves Dias (1823
- 1864)
1° Geração - Nacionalista-
Indianista
Antônio Gonçalves Dias nasceu a 1 de
agosto de 1823, nos arredores de Caxias,
no Maranhão. Filho de português e
mestiça, após a morte do pai é mandado
pela madrasta, em 1838, a Coimbra para
estudar Direito. Ao longo do curso,
participa do grupo de poetas
medievalistas que se reunia em torno do
periódico “O Trovador”. Formado em
1844, retorna ao Maranhão e conhece
Ana Amélia Ferreira do Vale, que lhe
inspiraria mais tarde o poema” Ainda uma
vez- – adeus!”.
19. Antônio Gonçalves Dias (1823
- 1864)
1° Geração - Nacionalista-
Indianista
É incumbido de missões de estudos ao
Norte e à Europa. Faleceu de regresso ao
Brasil em 31 de Janeiro de 1864, quando
o navio em que viajava, o “Ville de
Boulogne”, naufragou nas costas do
Maranhão. Além dos primeiros cantos,
deixou: Leonor de Mendonça, teatro
(1847), segundos cantos e Sextilhas de
Freis Antão (1848), últimos Cantos
(1851), Os Timbiras (1857), Dicionário da
Língua Tupi (1858), Obras Póstumas (6
vols., 1868-1869).
20. Antônio Gonçalves Dias (1823
- 1864)
1° Geração - Nacionalista-
Indianista
Gonçalves Dias foi o primeiro poeta
autenticamente brasileiro, na
sensibilidade e na temática, e das
mais altas vozes do lirismo
Brasileiro. A ele se deve a entrada
pela primeira vez em uma literatura
realmente Brasileira e Nacional.
21. Antônio Gonçalves Dias (1823
- 1864)
1° Geração - Nacionalista-
Indianista
Destacou-se na poesia lírico-
amorosa, indianista e nacionalista. A
temática principal de seus poemas
era a valorização das maravilhas da
natureza pátria, na qual o índio
ocupou seu lugar de destaque,
tendo como influência as ideias de
Rousseau, com o mito do “Bom
Selvagem”.
22. Antônio Gonçalves Dias (1823
- 1864)
1° Geração - Nacionalista-
Indianista
O índio era o foco da literatura, pois
era considerada uma autêntica
expressão da nacionalidade, e era
altamente idealizado. Como um
símbolo da pureza e da inocência,
representava o homem não
corrompido pela sociedade, o não
capitalista, além de assemelhar-se aos
heróis medievais, fortes e éticos.
23. Antônio Gonçalves Dias (1823
- 1864)
1° Geração - Nacionalista-
Indianista
Soube manejar com habilidade
numerosos ritmos, vários tipos de
versos e diversas formas de
composição. Já no lirismo sentimental
conseguiu não apenas descrever com
eloquência os encantos da mulher
amada, mas também particularizar um
modo de ver a natureza em
profundidade, tratar os dissabores da
vida, dos sofrimentos e da morte, bem
como traduzir o gosto e o sentimento
da solidão.
24. Antônio Gonçalves Dias (1823
- 1864)
1° Geração - Nacionalista-
Indianista
Sua obra poética, lírica ou épica,
enquadrou-se na temática
americana , isto é, de incorporação
dos assuntos e paisagens brasileiros
na literatura nacional, fazendo-a
voltar-se para a terra natal,
marcando assim a independência
em relação a Portugal
25. Antônio Gonçalves Dias (1823
- 1864)
1° Geração - Nacionalista-
Indianista
Ao lado da natureza local, recorreu
aos temas em torno do indígena, o
homem americano primitivo, tomado
como o protótipo de brasileiro,
desenvolvendo, com José de
Alencar na prosa, o movimento do
“Indianismo”, que conferiu caráter
nacional à literatura brasileira.
26. Antônio Gonçalves Dias (1823 -
1864)
1° Geração - Nacionalista-
Indianista
Características Principais
• O culto e exaltação da natureza, vista quase
sempre como reflexo de Deus;
• Tendência para a solidão, em contato com a
natureza, longe da sociedade;
• Derramamento lírico, em que o poeta
extravasa as emoções e sentimentos de
forma livre e espontânea;
27. Antônio Gonçalves Dias (1823
- 1864)
1° Geração - Nacionalista-
Indianista
• Metrificação variada e livre, sem o rigor
formalista da poesia clássica.
• Repetição de palavras que reforça a ideia que
se quer transmitir
• O uso frequente de reticências e interjeições
como recurso que expressa bem os estados
da alma.
28. A Poesia Romântica
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem que ainda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias
29. A Poesia Romântica
I-Juca Pirama
Meu canto de morte
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
30. Atividades1. (ENEM/2001)
Texto I
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
[...]
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras
Onde canta o Sabiá.
DIAS, G. Poesia e prosa completas.Rio de Janeiro: Aguilar, 1998.
31. Atividades
1. (ENEM/2001)
Texto II
Canto de regresso à Pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase tem mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que eu veja a rua 15
E o progresso de São Paulo
ANDRADE, O. Cadernos de poesia do aluno Oswald. São
Paulo: Círculo do Livro, s/d
32. Atividades
1. (ENEM/2001)
Os textos 1 e 2, escritos em contextos históricos
e culturais diversos, enfocam o mesmo motivo
poético: a paisagem brasileira entrevista a
distância. Analisando-os, conclui-se que:
a) o ufanismo, atitude de quem se orgulha
excessivamente do país em que nasceu, é o tom
de que se revestem os dois textos.
b) a exaltação da natureza é a principal
característica do texto 2, que valoriza a
paisagem tropical realçada no texto 1.
c) o texto 2 aborda o tema da nação, como o
texto 1, mas sem perder a visão crítica da
realidade brasileira.
d) o texto 1, em oposição ao texto 2, revela
distanciamento geográfico do poeta em relação
à pátria.
e) ambos os textos apresentam ironicamente a
paisagem brasileira.
33. Atividades
3. (UEM-PR)
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
[...]
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras
Onde canta o Sabiá.
DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Aguilar,
1998.
34. Atividades
3. (UEM-PR)
Sobre o poema, escrito em Coimbra, Portugal, é
correto afirmar:
a) O poema retrata o sofrimento do eu-lírico em
função da distância da mulher amada. O termo
"Sabiá", recorrente nos versos, refere-se
figurativamente ao amor feminino.
b) A utilização dos termos "cá" e "lá" atém-se
principalmente à necessidade de criar rimas,
mais do que ao desejo do poeta de estabelecer
o contraste entre espaços distintos.
c) Para o eu-lírico, estar exilado não significa
necessariamente estar longe da terra, mas das
suas referências de infância, fator que acentua a
expressão saudosista do poema.
d) Nesse poema, é possível reconhecer uma
dialética amorosa trabalhada entre o desejo
sexual pela mulher e sua idealização. O desejo
se configura pelo verso "Mais prazer encontro
eu lá" e a idealização, pelos versos "Não permita
Deus que eu morra/ Sem que eu volte para lá".
e) A ênfase na exuberância da paisagem é
estruturada a partir do jogo de contrastes entre
a natureza tropical e a natureza europeia. Os
versos da segunda estrofe reiteram a
grandiosidade paisagística brasileira, além de
enfatizarem a identidade do eu-lírico.
35. Atividades
4. UFPE
“Minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
não gorjeiam como lá”.
Do poema Canção do Exílio, do romântico Gonçalves
Dias, resultou uma série de paráfrases e paródias de
poemas que cantam as saudades da terra. uma delas
foi a de Chico Buarque, da qual se apresenta um
fragmento a seguir:
Sabiá
“Vou voltar ainda vou voltar para meu lugar
E é ainda lá que eu hei de ouvir cantar uma sabiá...
Vou deitar à sombra de uma palmeira que já não há
Colher a flor que já não dá...”
Considerando as semelhanças e diferenças entre os
dois poemas, assinale a alternativa incorreta.
36. Atividades
4. UFPE
a) o primeiro poema, representando o Romantismo,
apresenta uma visão otimista da pujança da
natureza brasileira, enquanto o segundo,
representando o Modernismo, atualiza criticamente
o dito e expressa a consciência pessimista das
carências e da destruição da natureza na terra natal.
b) Gonçalves Dias descreve a sua terra com formas
verbais no tempo presente; Chico Buarque o faz
numa tensão entre o futuro e o presente, que se
mostra negativo.
c) em ambos os poemas, o advérbio lá refere-se a
um lugar de que estão distantes as vozes do eu
poético.
d) a musicalidade dos versos, a rima, a métrica o
sentimento de perda que compõem a poesia
saudosista do Romantismo são retomados nos
versos de Chico Buarque.
e) assim como o texto atual, os versos do poeta
maranhense fazem apologia da infância, dos amores
vividos e das belezas naturais de seu país,
preservadas pela ação dos nativos.
37. Atividades
5. (PUC-RS) Para responder à questão, ler o texto que se
segue.
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
[...]
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras
Onde canta o Sabiá.
DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Aguilar,
1998.
38. Atividades
5. (PUC-RS) Para responder à questão, analisar
as afirmativas que seguem, sobre o texto.
I. Através do texto, o poeta realiza uma viagem introspectiva a
sua terra natal - ideia reforçada pelo emprego do verbo
"cismar".
II. A exaltação à pátria perdida se dá pela referência a elementos
culturais.
III. "Cá" e "lá" expressam o local do exílio e o Brasil,
respectivamente.
IV. O pessimismo do poeta, característica determinante do
Romantismo, expressa-se pela saudade da sua terra.
Pela análise das afirmativas, conclui-se que
estão corretas:
a) a I e a II, apenas;
b) a I e a III, apenas;
c) a II e a IV, apenas;
d) a III e a IV, apenas;
e) a I, a II, a III e a IV.
39. A Poesia Romântica
Fases da poesia romântica brasileira
Segunda fase (1840 a 1850):
Ultrarromantismo;
Mal-do-século
Spleen
Excessos do subjetivismo e do emocionalismo
Pessimismo
Escapismo - evasão
Principais representantes:
Junqueira Freire
Casimiro de Abreu
Álvares de Azevedo*
40. Álvares de Azevedo (1831 -
1852)
2° Geração – Mal-do-século
Lira dos Vinte Anos (1853):
nos mais de trinta poemas
que compõem a primeira
parte, o eu lírico volta-se para
o que caracteriza a poesia
ultrarromântica: aborda o
sentimento amoroso de modo
onírico e mórbido.
41. Álvares de Azevedo (1831 -
1852)
2° Geração – Mal-do-século
Lira dos Vinte Anos (1853): o
eu lírico, a todo instante,
refere-se ao temor de amar,
há certo pudor em relação à
volúpia, que se manifesta
livremente apenas no mundo
imaginário, no mundo
visionário, platônico.
42. Álvares de Azevedo (1831 -
1852)
2° Geração – Mal-do-século
Características fundamentais:
Amor platonizado e com
tendências eróticas;
Reflexo dramático do adolescente;
Contraste entre sonhar o amor e a
fuga de sua posse;
A poesia com um tom de
desespero e a profunda intuição da
morte próxima.
43. A Poesia Romântica
Era uma noite: - eu dormia...
E nos meus sonhos revia
As ilusões que sonhei!
E no meu lado senti...
Meu Deus! por que não morri?
Por que no sono acordei?
No meu leito adormecida,
Palpitante e abatida,
A amante de meu amor,
Os cabelos recendendo
Nas minhas faces correndo,
Como o luar numa flor!
Álvares de Azevedo
44. Casimiro de Abreu (1839 -
1860)
2° Geração – Mal-do-século
Vivendo três anos em Portugal,
onde elaborou boa parte de
Primaveras, Casimiro de Abreu
desenvolveu o sentimento de exílio,
que tanto perseguia os românticos.
Inspirado em Gonçalves Dias,
escreveu uma série de poemas
impregnados de nostalgia da terra
natal, denominados Canções do
exílio. Neles, contudo, não chega a
alcançar o nível de seu modelo.
45. Casimiro de Abreu (1839 -
1860)
2° Geração – Mal-do-século
No entanto, não é apenas a saudade do
Brasil e a correspondente sensação de
estar exilado que anima a sua lírica. O
que o consagrou foi a nostalgia
(tipicamente romântica) daquelas
realidades pessoais que ficam para trás:
a mãe, a irmã, o lar, a infância. Tornou-
se, por excelência, o poeta da "aurora
da vida", do tempo perdido, das
emoções da meninice. Mesmo sabendo
que a infância não significa o paraíso,
sucumbiu à doçura dessas lembranças.
46. Casimiro de Abreu (1839 -
1860)
2° Geração – Mal-do-século
À parte isso, o poeta atrai o leitor
com o ritmo fácil, a singeleza do
pensamento, a ausência de
abstrações, o caráter recitativo e o
tratamento sentimental que
empresta ao tema, garantindo a
eternidade de pelo menos um
poema, “Meus oito anos”:
47. Casimiro de Abreu (1839 -
1860)
2° Geração – Mal-do-século
“Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!”
48. Casimiro de Abreu (1839 -
1860)
2° Geração – Mal-do-século
“Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!”
49. A Poesia Romântica
Fases da poesia romântica brasileira
Terceira fase (1850 a 1860):
Condoreirismo
Temas sociais e políticos
Liberdade
Tom retórico exaltado
Pré-realismo
Principais representantes:
Fagundes Varela
Castro Alves*
50. Castro Alves (1847 - 1871)
3° Geração – Condoreirismo
A poesia da terceira geração
ficou conhecida como
condoreira, nome cuja raiz
remete ao pássaro andino
condor, ave solitária que
atinge grandes altitudes e,
por isso, tem uma visão mais
abrangente do horizonte.
51. Castro Alves (1847 - 1871)
3° Geração – Condoreirismo
Embora romântico,
sobretudo pelo que tem
de defesa da liberdade,
sua poesia é oposta à de
seus antecessores.
52. Castro Alves (1847 - 1871)
3° Geração – Condoreirismo
Sua arte mostra-se
grandiloquente e
apelativa, visando
despertar o povo brasileiro
para as questões sociais.
53. Castro Alves (1847 - 1871)
3° Geração – Condoreirismo
Seu principal tema
é a questão do
negro escravo.
54. A Poesia Romântica
IV
Era um sonho dantesco… o
tombadilho
Que das luzernas avermelha o
brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros… estalar de açoite…
Legiões de homens negros como a
noite,
Horrendos a dançar…
Negras mulheres, suspendendo às
tetas
Magras crianças, cujas bocas
pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e
espantadas,
No turbilhão de espectros
arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica,
estridente…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais …
Se o velho arqueja, se no chão
resvala,
Ouvem-se gritos… o chicote
estala.
E voam mais e mais…
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro
enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a
manobra,
E após fitando o céu que se
desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos
nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!…"
E ri-se a orquestra irônica,
estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais…
Qual um sonho dantesco as
sombras voam!…
Gritos, ais, maldições, preces
ressoam!
E ri-se Satanás!…
Castro Alves