O documento discute a filosofia de Nietzsche e sua crítica à tradição filosófica ocidental. Nietzsche rejeita os valores morais estabelecidos por Sócrates e o cristianismo, que valorizam a humildade e condenam valores como o orgulho. Ele propõe que os homens criem novos valores que afirmem a vida e a vontade de poder, representados pela figura do Übermensch.
2. Projeto clássico da Filosofia
O projeto clássico da Filosofia compromete-se:
Admitir que a verdade deve ser o ponto de chegada e especulações
teóricas;
Exigir que a razão revele, mediante teorias, a natureza última das
coisas,
Reconhecer que a verdade, como meta final da atividade filosófica,
figura como indispensável e fundamental para o homem
Aceitar que além da verdade, outros valores morais, como piedade,
solidariedade, humildade, também são fundamentais para a
organização da vida em sociedade.
Concordar que em última instância, aceitar a verdade e os demais
valore morais como indispensáveis para a vida equivale a
comprometer-se com determinados pressupostos metafísicos.
3. A recusa de Nietzsche
A filosofia por ele apresentada pode ser lida como
um novo itinerário que não aceitará como
necessários os valores morais que justificam nossa
conduta.
Ataca todos os autores que sustentam a
necessidade dos valores morais.
Sua estratégia seria denunciar os pressupostos da
tradição clássica e exigir o seu abandono.
4. A recusa de Nietzsche
Os valores religiosos herdados de tradições muito distantes da
sociedade atual não exercem mais função alguma na maioria
dos indivíduos.
O pensamento de Sócrates e Platão impuseram um moralismo
que valoriza muito a humildade.
Condenam os valores que nos tornam o que somos: o orgulho,
a confiança e a nobreza.
Forte crítica aos pressupostos religiosos, que invertem os
valores fundamentais que permitiram ao homem alcançar o
estado de civilidade.
Sua critica ao apego que o homem desenvolveu pelos valores
morais, e como estes derivam da aceitação de pressupostos
metafísico-religiosos.
5. Os moralistas, a verdade e a
denúncia de nietzschiana
Os valores do passado não podem ser admitidos como
parâmetros para avaliar a conduta do homem
contemporâneo.
Acreditar que nossa meta continua sendo a mesma que
as antigas tradições é o mesmo que viver de acordo com
valores que nada importam para nós.
Somente os covardes se escondem em valores que,
para ele, nada representam.
Nossos velhos hábitos contaminam nossa maneira de
pensar, agir e sentir o mundo.
6. A proposta de Nietzsche
Ele pretende buscar um novo ponto de partida que
viabilize novos valores e que seja aceito como referência
para nossas condutas.
Ele ataca os dois pilares do pensamento filosófico
ocidental: a verdade e a noção de bem.
Nossa sociedade apenas poderá triunfar se conseguir se
livrar de todos os valores decorrentes da filosofia grega e
da tradição judaico-cristã.
Essas duas tradições são ilustradas nas figuras de
Sócrates e Jesus.
Novos valores só poderão emergir os velhos e
desgastados já estiverem devidamente enterrados.
7. Críticas a Sócrates
Sócrates é o grande responsável pela decadência que se
instalou em Atenas no século V a.C.
Para ele, Sócrates é o típico exemplo do sujeito
moralista, que tenta inverter os valores, condenando o
homem nobre por ser o que ele é.
Fazendo do homem uma vítima de sua própria
consciência. No lugar de aceitar seu destino como
criatura livre e pronta para conquistar e dominar.
O ser humano se viu preso diante das armas usadas
pelos fracos os valores morais.
8. Críticas a Sócrates.
Sócrates,o primeiro dos moralistas, fez que os valores
defendidos pelo forte, pelo homem nobre eram errados.
A justiça, deveria garantir, mediante leis, os direitos dos
fracos e que o reino da força deveria ser substituído pelo
império da razão e da harmonia.
Segundo Sócrates, a virtude é a aceitação de um
conjunto de valores que molda nossa conduta e nos
garante o convívio social.
O guerreiro o conquistador, o forte outrora responsável
pela instauração das civilização, agora de vê acuado e
aprisionado na rede tecida pelos filósofos moralistas.
9. O novo conceito de bom
Foram estes que inverteram o significado de bom,
que na sua origem designava as ações de homens
nobres e conquistadores que em nada remetia a
conduta altruísta.
O termo bom somente era utilizado para aquele que
demonstrava uma conduta superior e que,
justamente por poder enxergar as coisas de um
nível distinto, tinha o direito de criar valores.
10. A genealogia da moral.
A tradição filosófica, criada por Sócrates , inverte os valores e altera o
significado de termos como bom, que passou a ser empregado em
relação aquele que demonstra, piedade, abnegação, solidariedade,
autossacrificio.
Somente merece o título de bom aquele que tem o seu verdadeiro eu
negado, passando a viver de acordo com um sistema de valores que
condena a autenticidade e a nobreza.
Colocando-se sob a proteção da uniformidade e massificação própria
de seres medíocres.
11. A genealogia da moral
Nietzsche também recusa o cristianismo e a figura de
Jesus.
Na sua concepção, o cristianismo é perigoso porque
admite como válida a moral do fraco e preconiza o
amor cristão.
O que ele recusa na doutrina cristã é seu efeito de
submeter os homens à vontade de Deus e igualar todos
os homens, acreditando que, de fato, não existe uma
diferença valorativa entre um homem e outro.
12. O niilismo.
O niilismo próprio do pensamento cristão, feito em nome da
moralidade, representa o que existe de pior na esfera da civilização.
Afinal, se devidamente interpretado, ele significa a negação de tudo o
que nos levou a ser o que somos.
O cristianismo se apresenta como uma mentira fatal e perigosa, pois
recusa o valor do orgulho, da nobreza, da paixão, do próprio instinto
que nos move.
Defendendo uma moral ascética, uma moral que defende a abstenção
dos prazeres para a obtenção da perfeição espiritual.
O cristianismo visa por fim ao nosso mundo e, para isso, conta com a
invenção da consciência que procura sempre lembrar ao homem o que
este não deve ser.
13. O niilismo
Nas garras do cristianismo, o homem não passa de um animal
domesticado, que se sente obrigado a rejeitar sua própria natureza.
Viver em conformidade com valores que são contrários ao seu próprio
ser.
O homem domesticado é um homem sem vida, é um escravo que tem
retirado de si o direito de ser livre.
Esse homem dotado de consciência e de responsabilidade, pertence a
uma cultura do pecado, em que nada lembra aquele nobre corajoso e
conquistador que Nietzsche tanto exalta.
14. Além do Homem.
Se devemos negar a moralidade socrático-cristã. O que devemos
colocar em seu lugar?
Quais seriam os valores que nos permitiriam sermos senhores de
nossas vidas?
Ele propõe que os novos valores sejam criações humanas.
Começa surgir a figura do artista, do homem criativo que ser enxerga
como agente da história e não meramente como reflexo desta.
Podemos empreender o caminho contrário e escolher valores que de
fato, realizam nossa natureza.
Livre das amarras da consciência, ele pode deixar de se submeter aos
valores morais impostos em nome dos fracos.
15. a descoberta do Além do homem.
O homem livre, ousado, criativo, que valoriza
sobretudo a vida deve novamente ocupar seu papel de
líder.
Vontade de poder. O termo poder concebe não só as
conquistas políticas, mas também a própria edificação
da própria cultura.
Esse homem livre, que está comprometido somente
com valores que afirmam a vida, não pertence ao nosso
tempo.
Por isso, para falar desse novo homem, nosso pensador
recupera a figura do poeta Zaratustra.
16. Assim falou Zaratustra.
Obra escrita em 1891, narrada em forma poética.
Nietzsche mostra os caminhos trilhados pelo fundador do
zoroatismo, na antiga Pérsia.
Zaratustra afirma que Deus está morto, e que agora o
homem terá que assumir a responsabilidade pela sua
própria vida.
E acrescenta que não devemos alimentar a esperança de
uma outra vida que não está vivida aqui e agora, presente
neste mundo.
Parece ser um grande paradoxo que justamente o fundador
de um esquema metafísico, Zaratustra, venha agora
anunciar o fim da crença acerca de Deus e da existência do
mundo.
17. Assim falou Zaratustra
No entanto, quando lida com o devido cuidado, essa
mensagem é plenamente coerente com o pensamento
nietzschiano .
Uma vez que, para ele, o pensamento metafísico, com
sua tábua de valores, foi muito importante na história
da humanidade.
A saída metafísica, quando proposta, respondeu
plenamente a um conjunto de questões postas pelo
homem antigo, e agora, entretanto esse modelo não
responde mais aos valores de nosso tempo.
18. Ubermensch
Corresponde ao sujeito comprometido com um projeto
de vida conduzida de forma nobre e brava.
Homens que vivem dessa forma acabam disseminando
valores fundamentais para toda a espécie.
Quais são esses valores que devem ser disseminados? A
criatividade.
Trata-se de um aspecto central em sua proposta, pois
Nietzsche nos assinala que o Ubermensh valoriza
muito mais a criatividade do que a verdade.
19. A criatividade
Nosso desenvolvimento está muito mais ligado ao
nosso processo criativo do que a procedimentos lógicos
ou empíricos.
Um segundo aspecto fundamental, decorrente do
primeiro e inerente a este novo estágio da humanidade
anunciado pelo Ubermensh, consiste no fato de que a
criatividade passa ser a expressão mais plena da
felicidade tão buscada pelo homem.
A arte será, doravante, concebida como meio de
autorrealização dos indivíduos e fonte fundamental
para a manutenção do bem-estar.
20. A MENSAGEM
A mensagem do velho profeta do Oriente não deve ser entendida como
uma ameaça, mas como o anúncio da autenticidade humana.
Porque dizer que Deus está morto é afirmar que devemos agora viver
plenamente a vida.
Ao afirmar isso, Nietzsche convoca todos para que possamos ser
autenticamente nós mesmos, livres de falsos valores e da perniciosa
moralidade.
O que devemos entender por bom? O bom é tudo aquilo que ajuda na
afirmação da vida.
Dessa forma, passamos a nos envolver com tudo o que significa
comprometimento com o eu.
E justamente por estar comprometido com o eu, é que todo homem
deve, permanentemente ousar, reavaliar suas crenças, procurando
sempre sua autorrealização.