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PARA QUE FILOSOFIA?
As evidências do cotidiano:
“Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na qualidade, na verdade, na diferença entre
realidade e sonho ou loucura, entre verdade e mentira; cremos também na objetividade e na
diferença entre ela e a subjetividade, na existência da vontade, da liberdade, do bem e do
mal, da moral, da sociedade”
A atitude filosófica:
Atitude Filosófica é aquela atitude de questionamento frente à vida, portanto, quando
perguntamos:
“O que é Filosofia?” A decisão de não aceitar como obvias e evidentes as coisas, as idéias,
os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-
los sem antes havê-los investigado e compreendido.
“Para que Filosofia?” Para podermos exercitar o nosso eu interior; para poder sermos
agentes e sujeitos de nossas ações, enfim, para estarmos conectados com esse cosmo do qual
fazemos parte.
A atitude crítica:
1º atitude é a negativa :dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às
idéias da experiência cotidiana, ao que todo mundo pensa e diz.
2º atitude positiva : uma interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os
comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e
de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é ? Por que
é ? Como é ? . Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.
A face positiva e negativa da atitude filosófica é o que chamamos de atitude crítica e
pensamento crítico.
Atitude filosófica : indagar
O que ? O que a coisa ou a idéia, ou o valor é ?
Como ? Como a coisa , ou o valor, ou a idéia é ?
Por que ? Por que a coisa , a idéia, ou o valor existe ?
Essas questões se referem à nossa capacidade de conhecer, a capacidade de pensar. É por
isso que elas se dirigem , por fim, ao próprio pensamento.
A filosofia torna-se o pensamento interrogando-se a si mesmo.
Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a Filosofia se realiza como
REFLEXÃO.
Reflexão Filosófica
Como é possível o próprio pensamento ?
Que é pensar , falar e agir ?
Nossas crenças cotidianas são ou não um saber verdadeiro ?
Portanto:
A atitude filosófica inicia-se indagando - O que, Como e Por que ?
- São perguntas sobre a essência, a significação ou a estrutura e a origem de todas as coisas a
reflexão filosófica indaga : Por que , O que , Para que ?
- São perguntas sobre a capacidade e a finalidade humanas para conhecer e agir .
A Filosofia é uma ciência ?
A Filosofia não é uma ciência: é uma reflexão crítica sobre os procedimentos e conceitos
científicos. Não é uma religião: é uma reflexão crítica sobre as origens e formas das crenças
religiosas. Não é arte : é uma interpretação crítica dos conteúdos, das formas, das significações das
obras de arte e do trabalho artístico. Não é sociologia nem psicologia, mas a interpretação e
avaliação crítica dos conceitos e métodos da sociologia e da psicologia. Não é política , mas
interpretação, compreensão e reflexão sobre a origem , a natureza e as formas do poder. Não é
história, mas interpretação do sentido dos acontecimentos enquanto inseridos no tempo e
compreensão do que seja o próprio tempo. Conhecimento do conhecimento e da ação humana,
conhecimento da transformação temporal dos princípios do saber e do agir, conhecimento da
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mudança das formas do real ou dos seres, a Filosofia sabe que está na História e que possui uma
história.
Qual seria a utilidade da Filosofia ?
“Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar
guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar
compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das
criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à
nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja
a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil
de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.”
Marilena Chauí
A CONSCIÊNCIA MÍTICA
INTRODUÇÃO
A noção de mito é complexa .
O Mito não é exclusividade dos povos primitivos, existe em todos os tempos e culturas
como componente indissociável da maneira humana de compreender a realidade.
O mito entre os primitivos
Entre os povos primitivos o mito é estrutura dominante
Enquanto processo vivo de compreensão da realidade, o mito surge como verdade.
O critério de adesão do mito é a crença, e não a evidência racional
O Mito é portanto uma instituição compreensiva da realidade, é uma forma espontânea de o
homem situar-se no mundo.
As raízes do mito não se acham nas explicações exclusivamente racionais, mas na realidade
vivida.
Funções do mito
A função principal do mito é acomodar e tranqüilizar o homem em um mundo assustador.
MITO – RITO – ÍDOLO
No mundo primitivo tudo é sagrado e nada é natural
Para Mircea Eliade : “uma das funções do mito é fixar os modelos exemplares de todos os
ritos e de todas as atividades humanas significativas “
“ Assim fizeram os deuses, assim fazem os homens “
O Mito não pode prescindir do Rito
O Rito: O rito deve ser entendido como um canal de comunicação com o mito, ou seja,
com o sobrenatural. Impossível reverenciar o mito sem o rito.É com o ritual que eu falo com os
deuses. É com o rito que o tempo sagrado é revivido.
“ O tempo sagrado é revivido, ou seja, toda a festa religiosa não é uma simples
comemoração, mas torna-se a ocasião em que o sagrado acontece novamente e representa a
reatualização do evento sagrado que teve lugar no passado mítico, “no começo”. ”
ex. festas religiosas como : Semana Santa Cristã
Yom Kippur
Ramadã
Ídolo = aquele que representa o mito.
“Santos” em templos religiosos
“Santos” modernos artistas e pessoas de destaque na mídia.
É com o mito que se dá a preponderância do coletivo sobre o individual
A decorrência do coletivismo é o dogmatismo : a consciência mítica é ingênua ( no sentido
de não crítica ), desprovida de problematização e supõe a aceitação tácita dos mitos e das
prescrições dos rituais.
2
A adesão ao mito é feita pela fé, pela crença. No universo cuja consciência é coletiva, a
trasngressão da norma ultrapassa quem a violou. Por isso o tabu. Ao ser transgredido, estigmatiza a
família, os amigos e, às vezes, toda a tribo. Daí os “ritos de purificação”
E os rituais do “bode expiatório” ,nos quais o pecado é transferido para um animal .
Mito e religião
“No desenvolvimento da cultura humana, não podemos fixar um ponto onde termina o mito
e a religião começa. Em todo curso de sua história, a religião permanece indissoluvelmente ligada a
elementos míticos e repassada deles.”
Mito hoje
Perguntamos : O desenvolvimento do pensamento reflexivo deveria decretar a morte da
consciência mítica ?
O mito é o ponto de partida para a compreensão do ser.
“Tudo que o que pensamos e queremos se situa inicialmente no horizonte da imaginação,
nos pressupostos míticos, cujo sentido existencial serve de base para todo trabalho posterior da
razão “
A função fabuladora persiste não só nos contos populares, no folclore, como também no dia-
a-dia, ao proferir palavras ricas em sentido mítico.
Casa, lar, amor, pai, mãe, paz, liberdade.
Personalidades dos meios de comunicação.
Nas histórias em quadrinhos, o maniqueísmo retoma o arquétipo da luta entre o bem e o
mal.
O comportamento do homem também é permeado de “rituais”
Nascimentos, casamentos, festa de debutantes, festas de ano-novo, de formatura verdadeiros
ritos de passagem.
Mito e razão se completam mutuamente
A Concepção Filosófica
Período Arcaico : Primeiros filósofos gregos - Fins séc. VII a .C. e séc. VI a .C.
Passagem do pensamento mítico - crítico racional filosófico:
“O surgimento da racionalidade crítica, ou seja, da Filosofia na Grécia não é o resultado de
um salto, um “milagre” .
É a culminação de um processo que se fez através dos tempos e tem sua dívida com o
passado mítico.
Fatores que colaboraram para o desenvolvimento da filosofia na Grécia:
A ESCRITA :
Mythos : significa “palavra” , “ o que se diz”
A primeira escrita é mágica e reservada aos privilegiados, aos sacerdotes e aos reis.
Na Grécia a escrita surge por influência dos fenícios e já no século VIII a . C. está desligada
de preocupações religiosas.
A escrita gera uma nova idade mental: postura diferente daquela de quem apenas fala .
A retomada daquilo que foi escrito e o exame por outras pessoas e noutros tempos , abrem
os horizontes do pensamento propiciando o distanciamento do vivido, o confronto das idéias, a
ampliação da crítica.
A escrita aparece como uma possibilidade maior de abstração, uma reflexão da palavra que
tenderá a modificar a própria estrutura do pensamento.
A MOEDA :
Século VIII a VI a . C. - desenvolvimento do comércio marítimo (resultado da expansão
grega )
No período de domínio exclusivo da aristocracia rural, a economia era pré-monetária e os
objetos usados para troca eram carregados de simbologia afetiva e sagrada.
A moeda aparece na Grécia por volta do século VIII a .C. . Passa a ter uma função muito
importante e revolucionária pois está relacionada com o desenvolvimento do pensamento racional
A LEI ESCRITA
Drácon ( séc.VII a .C. ) / Sólon e Clístenes ( séc. VI a .C. )
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As Leis passam a ser escritas e comuns a todos os cidadãos. Estas leis, por serem escritas
passam a permitir sua discussão e modificação.
Clístenes : fundação da PÓLIS : Organização tribal é abolida.
Estabelecem-se novas relações determinadas por nova organização administrativa.
As mudanças processadas expressaram um ideal igualitário e prepararam campo para a
Democracia nascente.
A PÓLIS E O CIDADÃO
Nascimento da Pólis séc. VIII e VII a . C. - Provocou grandes alterações na vida social e
nas relações entre os homens.
A Ágora ( praça pública ) : Espaço onde se debatem os problemas de interesse comum .
“A Polis se faz pela autonomia da palavra, não mais a palavra mágica dos mitos, mas a
palavra humana, do conflito, da discussão, da argumentação. O saber deixa de ser sagrado e passa a
ser objeto de discussão “.
A expressão da individualidade por meio do debate faz nascer a POLÍTICA.
Libertando o homem da idéia de pré-destinação e dos desígnios divinos e permitindo a ele
traçar o seu próprio destino em praça pública.
Surge, então, o Cidadão da Pólis. Ele participa dos destinos da cidade por meio do uso da
palavra em praça pública. É a isonomia : igual participação de todos os cidadãos no exercício do
poder.
Apogeu da democracia : Séc. V a . C. - período Clássico - Péricles estratego
O que era a Democracia Ateniense ? Uma nova concepção de poder
O ideal teórico da nova classe de comerciantes será elaborado pelos sofistas, filósofos do
séc. V a . C.
O Nascimento do Filósofo
A filosofia surgiu no século VI a .C. nas colônias Gregas da Magna Grécia ( sul da Itália ) e
Jônia ( atual Turquia ). Somente no século V a .C. desloca-se para Atenas.
Divisão da Filosofia Grega
Pré-socráticos
A procura do Arché ( princípio )
Escola Jônica - 1ª escola filosófica grega
Thales de Mileto - a origem de todas as coisas (Arché) = a água (o transformismo)
Anaxímenes - o Arché - o ar
Anaximandro - ápeiron ( infinito ) ( substância etérea, infinita, invisível )
Heráclito - o devir ( contínuas transformações, é a lei fundamental do universo)“ as
transformações se fazem de acordo com uma lei : Logos que é a realidade última do mundo “
Tudo segue seu curso - coisa alguma é estável:“nunca podemos tomar banho duas vezes no
mesmo rio “
“ tudo flui e nada fica como é “
Empédocles - ( quatro elementos primordiais ) Terra, Ar, Água e Fogo (o que
determinava a união entre as coisas era o amor e a luta) Os quatro elementos e os dois princípios
são eternos.
A Teoria de Empédocles foi usada e difundida pelos “cientistas” até o século XVII, quando
foi criticada por Lavoisier
Escola Itálica:
Pitágoras - religião órfica ( “Tudo o que nasce torna a nascer nas revoluções de um
determinado ciclo, até se libertar efetivamente da roda dos nascimentos “ ) matemática ( a soma
dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa ). O número é o princípio de todas as
coisas ( ARCHÉ ).
Parmênides - Ser ( a realidade é eterna e intemporal . Toda mudança é ilusória ) “Não
há mudança nas coisas . Como pode, então, o que é , vir a ser no futuro ?
Se vem a ser , então não é “
“o Ser é e o não ser não é “
Xenófanes
Zenão
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Escola Atomista
Demócrito - “ Tudo que existe é composto de átomos “
Átomo ( grego ) = a ( alfa ) - não ; tomos - divisão, divisível.
“Todas as qualidades das coisas : cor, cheiro , peso; som, beleza e vida etc., nada mais são
do que movimentos e modos de ser diferentes dos agregados de átomos que formam a respectiva
coisa “ .
Sócrates e os pós-socráticos
Sofistas : comerciantes da filosofia representavam a anti-razão
A única norma lógica e intelectual era o êxito
SOCRATES
lª etapa
Ironia ( em grego perguntar ) com hábeis perguntas, desmonta as certezas até o outro
reconhecer a ignorância.
2ª etapa
Maiêutica ( Parto das idéias ) “ conhece-te a ti mesmo “
“as pessoas geralmente começam a pensar a partir do que conhecem. Sócrates começava
pelo que não conhecia - pela ignorância “
“Só sei que nada sei” : Consiste na sabedoria de reconhecer a própria ignorância, ponto de
partida para a procura do saber.
As questões que preocupam Sócrates são aquelas referentes à moral
Sócrates procura o Logos - “a razão que se dá de algo “ - conceito : o logos da justiça / o
logos da coragem
Discípulos : Xenofonte e Platão
PLATÃO
“ Teoria das idéias “ - “ teoria do conhecimento “
“ as coisas que percebemos não constituem a verdadeira realidade. Essas coisas não passam
de aparência, de reflexo, de cópias, de sombras da verdadeira realidade. O real são as idéias das
coisas. Estas são modelos imutáveis das coisas sensíveis . Estão suspensas num céu intelectual
( tópos noetós : Lugar de conhecimento ) “
Tudo encontra-se no “Mundo das Idéias” - “O Mito da Caverna “
Obras : A República / Críton / A apologia de Sócrates / Fédon / Fimeu /Fedro/ O
Banquete.
ARISTÓTELES
O Mundo é composto por substâncias ( coisas subsistentes ) e de acidentes ( as
qualidades, propriedades das coisas )“ as substâncias , aquilo que faz com que as coisas sejam o que
são, só são percebidas através de suas qualidades as substâncias ou coisas, com respeito às
mudanças, estão em ato ( realidades) ou em potência ( em vias de transformar-se em outra
coisa)”ex.: Uma semente , em ato, é uma semente, mas em potência, poder ser uma árvore “
encadeamento - “o último motor “
Aristóteles fundou o Liceu
Sistematizador da lógica - Organon ( Livro )
Últimos lampejos da Filosofia Grega
Epicurismo : “a razão de viver seria o prazer “
“não devemos evitar os prazeres e sim escolhê-los “
O essencial era viver o melhor possível, cada momento da vida, sem preocupações de outra
ordem
- Ataraxia : o prazer máximo consistia na tranqüilidade, na paz de espírito e
harmonia consigo próprio
Estoicismo : Há uma lei universal, superior a tudo, os homens devem seguí-la.
Eram mais teóricos do que práticos
Zenão de Cítio ( fundador )
Marco Aurélio - Imperador romano foi o maior expoente
“ todas as coisas fazem parte de um único sistema que é a natureza . A vida individual só é
boa quando está em harmonia com a natureza “Ideal : Apatheia ( indiferença ante o inevitável) .
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Cinismo : Procuravam alcançar a verdadeira liberdade
Diógenes ( fundador ) andou com uma vela acesa, ao meio-dia, em Atenas,
procurando um Homem.Dormia num barril e durante o dia ficava sentado ao sol. Finalidade: chocar
a sociedade convencional.
“o caso de Alexandre, o grande “Se eu não fosse Alexandre gostaria de ser Diógenes “
“ Conta-se que Alexandre, quando estava prestes a atacar a Pérsia, soube que o filósofo se
encontrava por perto, em Corinto, e resolveu fazer-lhe uma visita. “Encontro-o num bosque de
ciprestes, quase despido, morando num tonel. Alexandre, ricamente vestido, chegou acompanhado
de sua grande comitiva, enquanto o filósofo, dentro do tonel, tomava seu banho de Sol. Vendo o
cortejo que se aproximava, nem se moveu. Alexandre, detendo-se, perguntou-lhe : “Você sabe
quem sou ? “ . Como Diógenes nada respondesse, acrescentou : “ Saiba que sou Alexandre ! “
Disse o filósofo, com indiferença : “ Eu sou Diógenes “. - Você sabe que possuo um império e
milhares de homens se curvam perante mim ? - “Pois eu só tenho este tonel, senhor, e isso me
basta . Quanto aos homens, não creio neles; há muito que procuro um e não encontro.” Alexandre,
em vez de zangar-se, riu e disse: “ Agrada-me sua maneira de ser. Para provar o quando simpatizei
com você, quero satisfazer qualquer desejo seu. Que deseja” - “ Desejo que o senhor se afaste um
pouco para não me tomar o Sol ”. Com o semblante sério, o rei disse aos que o acompanhavam : “
Se eu não fosse Alexandre, gostaria de ser Diógenes “.
A Patrística
A partir do séc. II - filosofia dos padres da Igreja - Patrística
- esforço de converter os pagãos, combater as heresias e justificar a fé : apologética.
- longa aliança entre fé e razão - durante toda a Idade Média - a razão é auxiliar da fé e a
ela subordinada. “Credo ut intelligam “ - “Creio para que possa entender “ - Sto. Agostinho.
Padres recorreram à filosofia platônica
Principal nome da patrística = Santo Agostinho ( 354-430 )
- retoma a teoria de Platão referente ao mundo sensível e ao mundo das idéias e substitui
esse último pelas idéias divinas.
TEORIA DA ILUMINAÇÃO (Adaptação da teoria platônica ).
“o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas : tal como o sol, Deus
ilumina a razão e torna possível o pensar correto “.
ESCOLÁSTICA
Desenvolve-se IX - XIII -Aliança entre a fé e a razão
A partir do séc. XI transformações - Surgimento das universidades.
Resgate do pensamento Aristotélico - Filosofia aristotélico-tomista
“as substâncias ou coisas, com respeito às mudanças, estão em ato ( realidades) ou em
potência ( em vias de transformar-se em outra coisa )” todos os elementos que constituem o mundo
em que vivemos passam por esse processo de transformação. É uma reação em cadeia. Essa cadeia
imensa está ligada à força que dá a partida para tudo - O Último Motor (Deus)
MITO E FILOSOFIA
Para os filósofos , a ordem do mundo deriva de forças opostas que se equilibram
reciprocamente, e a união dos opostos explica os fenômenos meteorológicos, as estações do ano, o
nascimento e a morte de tudo que vive Na passagem do mito à razão, há continuidade no uso
comum de certas estruturas de explicação.
Enquanto o mito é uma narrativa cujo conteúdo não se questiona, a filosofia problematiza e
convida à discussão
Enquanto no mito a inteligibilidade é dada, na filosofia ela é procurada
A filosofia rejeita o sobrenatural, a interferência de agentes divinos na explicação dos
fenômenos.
A filosofia busca a coerência interna, a definição rigorosa dos conceitos, o debate e a
discussão organiza-se em doutrina e surge, como pensamento abstrato.
Somente no século XVII as ciências encontram seu próprio método separando-se da
filosofia.
A Idade Moderna
A Teoria do Conhecimento
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A separação entre fé a razão - leva ao desenvolvimento do método científico.
O antropocentrismo - a razão humana como fundamento do saber.
O interesse pelo saber ativo, em oposição ao saber contemplativo, que leva a transformação
da natureza e ao desenvolvimento das técnicas.
Primeiros representantes do pensamento renascentista
Ética e Política
Nicolau Maquiavel : O Príncipe - O poder do soberano
O Principe, de Maquiavel
O príncipe atormentou a humanidade durante quatro séculos. E continuará a tormentá-la...”
A frase refere-se à obra de Maquiavel que serviu de instrumento teórico a muitos
governantes autoritários e totalitários, do século XVI ao século XX : àqueles que fizeram da “razão
de Estado” o pretexto para sufocar liberdades individuais de toda a sociedade.
Sobressaem-se em sua obra outras frases, que isoladamente , fora de contexto, têm servido a
ditadores diversos: “ O triunfo do mais forte é o fato essencial da história humana”. “Todos os
profetas armados venceram, desarmados arruinaram-se”. “Desprezar a arte da guerra é o primeiro
passo para a ruína, possuí-la perfeitamente, eis o meio de elevar-se ao poder”.
Assim, “Maquiavel – nome próprio universalmente conhecido, que teria de formar um
substantivo, ‘maquiavelismo’ – e um adjetivo, ‘maquiavélico’ – evoca uma época, a Renascença;
uma nação, a Itália; uma cidade, Florença; enfim, o próprio homem, o bom funcionário florentino
que, na maior ingenuidade, na total ignorância do estranho futuro, trazia o nome de Maquiavel,
votado à reputação mais ruidosa e equívoca”.
CHEVALIER , Jean-Jacques. As grandes obras políticas – de Maquiavel a
nossos dias. Rio de Janeiro, Agir,12980. p.48.
Thomas Hobbes : Leviatã*
Considerado por muitos o teórico que melhor definiu a ideologia absolutista, articulou um
sistema lógico e coerente para apresentar a necessidade do Estado despótico.
O Estado - Entidade todo-poderosa que dominaria todos os cidadãos
“O Homem é o lobo do Homem”
“Os homens dotados de razão, do sentimento de autoconservação e de defesa buscam
superar esse estado natural de destruição unindo-se para formar uma sociedade civil, mediante um
contrato segundo o qual cada um cede seus direitos ao soberano. Dessa forma, renuncia-se a todo
direito de liberdade, nocivo à paz, em benefício do Estado”
Século XVII - os pensadores do século XVII - abordagem nova
Colocação em questão da própria possibilidade do conhecimento
Deve-se indagar sobre o sujeito do conhecimento não o objeto
Quais as possibilidades de engano ou acerto ?
Quais os métodos que utilizaremos para garantir que o conhecimento seja verdadeiro ?
Duas perguntas duas correntes filosóficas :
O empirismo
O racionalismo
O Racionalismo : Século XVII - René Descartes
“Existem erros e ilusões dos sentidos. Qual o fundamento do verdadeiro conhecimento ?”
A dúvida como método de pensamento rigoroso:
- duvida de tudo que lhe chega através dos sentidos
- duvida de todas as idéias que se apresentam como verdadeiras
À medida que duvida descobre que mantém a capacidade de pensar: “Cogito, ergo sum”
( Penso, logo existo ).Este “eu” cartesiano é puro pensamento.
No caminho da dúvida a realidade do corpo foi colocada em questão.
“Discurso sobre o método”
Descartes
- dois tipos de idéias :
1) inatas( que não estão sujeitas a erro - fundamento da ciência) Já se encontram
no espírito.São inatas , não no sentido de o homem já nascer com elas, mas como resultantes
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exclusivas da capacidade de pensar. São idéias confusas e duvidosas:“dentre as idéias inatas
encontramos as de um Deus Perfeito e Infinito” ( substância infinita ).
O ponto de partida de Descartes é o pensamento, abstraindo toda e qualquer relação entre este e a
realidade .Como passar do pensamento para a matéria dos corpos ?
Pensamento - idéia de infinito que é Deus - ser perfeito - “para ser perfeito Deus deve existir ,
senão lhe faltaria algo para ser perfeito. Portanto, ele existe”
Ser perfeito nos faz ter idéias sobre o mundo exterior e sensível.
Portanto a partir de uma idéia inata podemos deduzir a idéia da existência da matéria dos corpos .O
homem é um ser duplo - dualismo-psicofísico - composto por: substância pensante - res cogitans ,
substância externa - res extensa .A razão não afeta nem é afetada pelo objeto - razão só lida com
as representações ( imagens e conceitos ) que correspondem ao objeto exterior.
O método deve garantir:
. as coisas sejam representadas corretamente, sem risco de erro ;
. controle de todas as etapas das operações intelectuais ;
. possibilidade de serem feitas deduções que levem ao progresso do conhecimento.
Acentua-se o caráter absoluto e universal da razão: só com suas forças pode chegar a descobrir as
verdades possíveis.
Antagonismo : o corpo é uma realidade física - sujeito às leis deterministas da natureza
fenômenos mentais - não têm extensão no espaço nem localização.
As principais atividades da mente são recordar, raciocinar, conhecer e querer; portanto, não se
submetem às leis físicas, mas são o lugar da liberdade
corpo - objeto de estudo da ciência
mente - objeto da reflexão filosófica
O Empirismo
John Locke - crítica ao racionalismo cartesiano - crítica à teoria das idéias inatas.
“Ensaio sobre o entendimento humano “ : todas as idéias têm origem na experiência sensível.
“ é a partir dos dados da experiência que o intelecto produz idéias”
“a razão humana é vista como uma folha em branco sobre a qual os objetos vão deixar sua
impressão sensível que será elaborada, através de certos procedimentos mentais, em idéias
particulares e idéias gerais “.
Para Locke todas as nossas idéias provêm de duas fontes : a sensação
a reflexão a sensação apreende impressões vindas do mundo externo a reflexão é o ato pelo qual o
espírito conhece suas próprias operações.
Locke : As idéias podem ser simples e complexas.
As idéias simples ,que se impõem à consciência na experiência sensível e são irredutíveis à análise
ao estabelecer relação entre as idéias simples , surgem as idéias complexas.
David Hume
Leva mais adiante o empirismo de Locke.
A razão é o hábito de associar idéias, seja por semelhança, seja por diferença.
“O que observamos é a sucessão de fatos ou a seqüência de eventos, e não o nexo causal entre esses
mesmos fatos ou eventos. O que nos faz ultrapassar o dado e afirmar mais do que pode ser
alcançado pela experiência é o hábito criado através da observação de casas semelhantes . A partir
deles, imaginamos que o fato atual se comportará de forma semelhante “ ;“a única base para as
idéias gerais é a crença, que, do ponto de vista do entendimento, faz uma extensão ilegítima do
conceito” .
Descartes : Justifica o poder da razão de perceber o mundo através de idéias claras e distintas.
Locke : valoriza os sentidos e a experiência na elaboração do conhecimento.
Hume : levanta o problema da exterioridade das relações frente aos termos.
Criticismo kantiano - Immanuel Kant :
Preocupação em encontrar uma solução para a divisão estabelecida entre o ceticismo empírico e o
racionalismo.
Qual é o verdadeiro valor dos nossos conhecimentos e o que é conhecimento ?
Kant tenta estabelecer a análise crítica da própria razão como meio de estabelecer seus limites e
suas possibilidades.
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É possível uma ”razão pura” independente da experiência ?
“CRíTICA DA RAZÃO PURA” criticismo
A razão é uma estrutura vazia, uma forma pura sem conteúdos -
- essa estrutura é inata - independe de experiência para existir
- a razão é anterior à experiência - a estrutura da razão é a priori
a priori - vem antes da experiência e não depende dela
Os conteúdos que a razão conhece e nos quais pensa dependem da experiência.
A experiência fornece a matéria ( os conteúdos) do conhecimento para a razão e esta,, por sua vez,
fornece a forma ( universal e necessária ) do conhecimento
A matéria do conhecimento, por ser fornecida pela experiência, vem depois desta por isto é : a
posteriori.
Qual o engano dos racionalistas ?
- Supor que os conteúdos ou a matéria do conhecimento são inatos. Não existem idéias inatas.
Qual o engano dos empiristas ?
- Supor que a estrutura da razão é adquirida por experiência ou causada pela experiência.
“ Na verdade, a experiência não é causa das idéias , mas é a ocasião para que a razão, recebendo a
matéria ou o conteúdo, formule as idéias”
O Iluminismo e o pensamento burguês:
O Antigo Regime – século XVII/XVIII - e suas características
Os valores da burguesia e a luta contra o antigo Regime
O Iluminismo - Razões = Luzes
Defesa da ordem natural e dos direitos naturais
John Locke e a defesa dos direitos naturais
“Todo homem nasce com os direitos naturais”
Direito à Liberdade
Direito à propriedade
Direito à vida
LOCKE : Pai do Liberalismo político
“Segundo Tratado sobre o Governo Civil”
“A sociedade existe antes do Estado, quando o Estado se torna tirano a sociedade deve pegar em
armas e depor este Estado tirano”
Jean-Jacques Rousseau - O Contrato Social e Emilio
A fisiocracia e as críticas ao absolutismo
Turgot e Quesnay - Pais da Fisiocracia
De onde vem a riqueza ?
Terra = riqueza – Não intervenção do Estado
“Laissez faire , Laissez passe”
Lei da oferta e da procura
Pouco produto e muita procura o preço sobe
Muito produto e pouca procura o preço desce
NÃO AO CONTROLE DO ESTADO E SIM À ORDEM NATURAL DAS COISAS
Adam Smith
Breve biografia
Adam Smith nasceu em 1723 na Escócia. Era filho de um escocês que ocupou o cargo de Juiz
Defensor e Interventor de Alfândegas. Foi educado nas Universidades de Glasgow e Oxford,
chegando a ser em Glasgow, professor de lógica e mais tarde de filosofia moral. Depois de treze
anos de ensino acadêmico viajou pela França durante dois anos como tutor do jovem Duque de
Buccleuch de quem recebeu uma pensão vitalícia o que lhe permitiu consagrar-se inteiramente à
tarefa de escrever.
Seu talento natural acoplado às suas experiências educacionais em Glasgow e Oxford; seus contatos
com grandes pensadores da época, tais como David Hutcheson, além dos contatos com os
fisiocratas, e da oportunidade de observação pessoal da metrópole comercial de Glasgow,
permitiram-lhe produzir o grande trabalho criativo que é
A Riqueza das Nações.
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A RIQUEZA DAS NAÇÕES
Trabalho publicado em 1776 e que levou 25 anos para ser concluído.
Funda a Escola de Economia Política Clássica. É com este trabalho que, pela primeira vez a
economia é vista como ciência. É com esta obra que Adam Smith ganha o título de Pai do
Liberalismo Econômico.
Primeira Etapa - Como é a Obra
Segunda Etapa - Comentários
Primeira Etapa :
A Riqueza das Nações está dividida em uma Introdução que estabelece o plano do autor, cinco
livros e um Apêndice.
O Livro I é : “Das Causas da Melhoria nos Poderes Produtivos da Mão-de-Obra, e da Ordem de
Acordo com a Qual o Produto é Naturalmente Distribuído entre as Diferentes Categorias de
Pessoas”
Comentário : O Livro se inicia com a discussão de sua relação com a propensão inata do homem à
troca e com o processo de crescimento econômico.
O Livro II : “Da Natureza, Acumulação e Emprego de Estoque”
Comentário : Analisa as condicionantes e características da acumulação de capital, que determinam
a oferta de emprego produtivo e sua distribuição setorial, e contém a maior parte da teoria
monetária de Smith.
O Livro III : “Do Progresso Diferente em Diferentes Nações”
Comentário : contém uma síntese abrangente da evolução econômica da Humanidade, muito
influenciada pela longa História da Inglaterra do filósofo David Hume e constitui, no contexto da
obra, o teste empírico-histórico da teoria do crescimento econômico apresentada anteriormente.
Estes três primeiros livros são principalmente uma apresentação de princípios econômicos.
O Livro IV : “Dos Sistemas de Economia Política”
Comentário : Smith discute os fundamentos das políticas comercial e colonial mercantilistas, de
onde emerge sua crítica violenta ao sistema econômico do Antigo Regime .
O Livro V : “Da Receita do Soberano ou da Comunidade”
Comentário : trata da política fiscal, analisando as políticas de gasto público, onde desenvolve
interessante discussão das vantagens e desvantagens da intervenção do Estado em diferentes áreas
de atividade.
Estes últimos dois livros levam Smith à área da economia política.
O HOMEM E A OBRA EM PERSPECTIVA HISTÓRICA , FILOSÓFICA E PSICOLÓGICA.
Sabemos que Adam Smith, nesta obra, procura responder às inquietações do período e identificar, a
origem da Riqueza das Nações. Apóia-se nos fisiocratas, porém, vai mais além , afirmando que a
riqueza não está na terra, necessariamente, e sim no trabalho.
Com este trabalho, Adam Smith estabelece uma conjugação de posturas filosóficas e metodológicas
das quais emergem duas concepções pioneiras e revolucionárias.
A Primeira: é a análise dos fenômenos econômicos como manifestação de uma ordem natural a eles
subjacentes, governada por leis objetivas e inteligíveis através de um sistema coordenado de
relações causais.
A Segunda : é a doutrina segundo a qual essa ordem natural requer, para sua operação eficiente, a
maior liberdade individual possível na esfera das relações econômicas, doutrina cujos fundamentos
racionais são derivados de seu sistema teórico, já que o interesse individual é visto por ele como a
motivação fundamental da divisão social do trabalho e da acumulação de capital, causas últimas do
crescimento do bem-estar coletivo.
A Obra de Adam Smith tem influência de sua postura como filósofo e principalmente de seu
trabalho anterior à Riqueza das Nações que é a “Teoria dos Sentimentos Morais”. O objetivo da
filosofia moral é a felicidade humana e o seu bem-estar, portanto esta não é apenas uma obra
técnica sobre economia , é muito mais do que isto, porque analisa em profundidade não só o
mecanismo natural da economia como a posição que o homem exerce dentro deste sistema. O
homem como elemento principal desta engrenagem.
Pois bem, de onde vem a Riqueza das Nações ? segundo Smith :
10
“a riqueza ou o bem estar das nações só pode ser identificado com seu produto anual per capita que,
dada sua constelação de recursos naturais, é determinado pela produtividade do trabalho ”útil”ou
produtivo.”
E diz mais :
“é o trabalho produtivo que leva ao processo de acumulação de capital gerando uma pressão de
demanda por mão-de-obra sobre o mercado de trabalho. Isto provoca um crescimento concomitante
dos salários e, a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e da população, ampliando o
tamanho dos mercados que, para um dado estoque de capital, é o determinante básico da extensão
da divisão do trabalho, iniciando-se assim, a espiral do crescimento.”
Seu toque genial decorre da percepção das conseqüências analíticas da acelerada generalização dos
métodos capitalistas de organização da produção, do progressivo aumento da competição e da maior
mobilidade de capital entre as diferentes ocupações.
A Riqueza das Nações é o produto do desenvolvimento histórico do capitalismo e da ação dos
homens.
Para Adam Smith , então, ao contrário do que queriam os fisiocratas não é a natureza mas o esforço
humano que torna os bens disponíveis e como o homem procura, a felicidade, ela somente será
encontrada, quando ele perceber que além de indivíduo, ele também é membro de uma família, de
um Estado e da grande sociedade que constitui a raça humana.
São os bens e não o ouro que constituem a riqueza de uma nação. Neste sentido ele constata que
sem os esforços cooperativos da mão-de-obra, nem a terra nem o capital poderiam produzir o que
quer que fosse. A esta constatação vem a pergunta. De que modo podem ser aumentados os
poderes produtivos do trabalho ? Através da Divisão do Trabalho.
Os homens através da divisão do trabalho, podem produzir mais e portanto gerar mais riqueza. Ex.
fabricantes de Alfinetes
Um homem sozinho no máximo poderá produzir 20 alfinetes por dia, devido o trabalho e o tempo
que gasta para ir de uma etapa a outra, de modo que se tivermos 10 trabalhadores numa fábrica
ligados pela divisão do trabalho , produzirão 48.000 alfinetes por dia o que equivaleria a dizer uma
produção de 4.800 cada um.
Adam Smith diz que a divisão do trabalho não é uma constatação necessária do sistema capitalista
pois ela surge espontaneamente.
“ a divisão de trabalho surgiu espontaneamente e é uma conseqüência da propensão a permutar que
só é encontrada no homem e não é senão expressão de seu comportamento de auto-interesse”
O auto interesse , então, é o motivo que naturalmente impele os homens, desde que nascem até que
morram. O homem carrega consigo a característica de melhorar.
Estas palavras são importantes como indicadores da defesa da iniciativa privada. Só a característica
de melhorar, que é natural no homem, permite a ele lançar-se a novos desafios.
“Somente trocando seus excedentes com outros é que ele pode adquirir todos os bens de que
necessita, e para servir a seus próprios interesses apela para o auto-interesse dos demais seres
humanos”. Já que é por tratado, escambo e por aquisição que obtemos uns dos outros a maior parte
desses bons ofícios mútuos de que necessitamos, é essa mesma disposição para permutar que
originalmente dá ensejo à divisão do trabalho e a iniciativa privada.
Todas estas ações humanas, segundo Adam Smith, estão relacionadas, já que o homem pertence à
natureza, a uma ordem natural das coisas, ao que ele chama de “bondade suprema da ordem
natural”
“ Todos os interesses econômicos que o indivíduo busca são geralmente adquiridos no decurso de
sua experiência social. Portanto não cabe ao Estado e sim aos indivíduos, livres, daí a defesa da
Livre iniciativa, juntos, seguindo esta ordem natural criar condições de riqueza e de vida.”
É no centro deste sistema que está o indivíduo, que deve seguir seus próprios interesses, ao mesmo
tempo em que promove o bem estar da sociedade como um todo, porque assim é o caráter da ordem
natural, que é um fato.
Dentro do enfoque da ordem natural, é que se gesta uma variedade de instituições econômicas
benéficas. Entre elas estão a divisão do trabalho, o desenvolvimento da moeda, o crescimento da
poupança e do investimento de capital, o desenvolvimento do comércio exterior e o ajustamento
11
mútuo da procura e da oferta. Estas e outras instituições são o resultado do comportamento de auto-
interesse do homem e funcionam no benefício da sociedade como um todo.
Encontramos, então, em A Riqueza das Nações uma noção muito clara de auto-amor e auto-
interesse.
Adam Smith ainda assinala que “a uma organização social inteligente cabe apenas agir e o quanto
possível em harmonia com os ditames da ordem natural”
A felicidade a que o homem busca estará sempre relacionada à virtude e esta virtude está centrada
no trabalho do homem e no respeito à ordem natural.
Na Idade Média a Igreja dizia que a felicidade nada tinha a ver com a virtude e que a única virtude
do homem encontrava-se na abnegação. Combatendo este conceito Adam Smith nos mostra o
contrário que a virtude encontra-se no trabalho, na liderança e no empreendimento.
Conclusão
Como conclusão podemos reconhecer a seguinte postura nas teorias de Adam Smith :
Segundo ele seis motivos determinam , de um modo natural, a conduta humana : o amor de si
mesmo, a simpatia, o desejo de ser livre, o sentimento da propriedade, o hábito do trabalho e a
tendência para trocar, permutar e substituir uma coisa pela outra. Cada homem, dados estes móveis
da conduta, é por natureza, o melhor juiz de seu próprio interesse, e , pois, se lhe deveria dar
liberdade para, à sua maneira, procurar seus interesse. Não só, deixando-o à sua sorte, obteria o
máximo de satisfação, como aumentaria o bem-estar comum .
Adam Smith enfatiza que os diferentes móveis da conduta humana equilibram-se de tal modo que o
bem de um não estará em conflito com o bem de todos.
Outros móveis, sobretudo o da simpatia, acompanham o amor de si mesmo, como resultado de que
a vantagem dos outros não deixa de estar ligada à vantagem própria.
A fé que Adam Smith tinha no equilíbrio natural dos móveis do homem foi o que o levou a fazer a
célebre declaração de que ao procurar seu próprio benefício, “uma mão invisível o conduziria a
favorecer um fim que não entrava no seu propósito, ou seja, quando o homem é livre e procura o
máximo de vantagem pessoal, impulsionado pela lei natural, está contribuindo para elevar ao
máximo o bem comum.
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O Senso comum
O senso comum é o conhecimento de todos nós.
É o saber resultante das experiências vividas e a soma dos saberes herdados.
O Senso comum , enquanto conhecimento espontâneo é :
ametódico
assistemático
empírico
ingênuo
presa das aparências
fragmentário
particular
subjetivo
O Conhecimento comum é presa fácil do “saber ilusório”
É possível transformar o senso comum em bom senso simplesmente tornando-o estruturado,
coerente e crítico.
O conhecimento científico
Sócrates: buscava a definição dos conceitos para atingir a essência das coisas
Platão : mostrava o caminho que a educação do sábio devia percorrer para ir da opinião à ciência
A ciência moderna nasce ao determinar um objeto específico de investigação e ao criar um método
pelo qual se fará o controle desse conhecimento.
A utilização de métodos rigorosos permite que a ciência atinja um tipo de conhecimento
sistemático, preciso e objetivo.
Cada ciência se torna uma ciência particular ( fenômenos ) e geral ( conclusões)
O mundo constituído pela ciência aspira a objetividade : as conclusões podem
12
ser verificadas por qualquer membro da comunidade científica. Por isso procura despojar-se do
emotivo.
“ Merleau Ponty : A ciência explica o mundo, mas se recusa a habitá-lo “
A ciência amplia o conhecimento mas o reduz pois o cientista remove toda a experiência individual
que caracterizaria o “estar-no-mundo “
Precisão e objetividade : utilização da matemática para transformar qualidade em quantidade.
Galileu
O uso de instrumentos torna a ciência mais rigorosa, precisa e objetiva
É preciso retirar do conceito de ciência a falsa idéia de que ela é a única explicação da realidade e se
trata de um conhecimento “certo” e “infalível”.
Física e demais ciências da natureza : matematizáveis
Ciências Humanas : Psicanálise : avessa a qualquer forma de experimentação ou matematização
Ciência e Poder
As ciências da natureza, organizadas como foram, a partir da Idade
Moderna possibilitam ao homem maior previsibilidade dos fenômenos e maior poder de
transformação da natureza.
Ciência e técnica = tecnologia ( técnica enriquecida pelo saber científico )
“ No entanto, o poder da ciência e da tecnologia é ambíguo, porque pode estar a serviço do homem
ou contra ele. Daí a necessidade de o trabalho do cientista e do técnico ser acompanhado por
reflexões de caráter moral e político, a fim de que sejam questionados os fins a que se destinam os
meios utilizados pelo homem: se servem ao
crescimento espiritual ou se o degradam, se servem à liberdade ou às formas de dominação.
Por isso é impossível admitir a existência do trabalho científico neutro. “
Os mitos da ciência
Iluministas : “pela ciência o homem pode espantar o medo causado pela ignorância e superstição,
guardando a esperança de um mundo melhor iluminado pelas luzes da razão” .
Positivistas : “o único valor valido é o conhecimento cientifico outras formas de
abordagem do real, como mitos, religiões e até a filosofia são expressões inferiores e
superadas da experiência humana.”
Na medida em que o positivismo reduz tudo ao racional ele cria mitos:
O mito do cientificismo : o único conhecimento válido e perfeito é o científico
O mito do progresso : o progresso é explicado como um fenômeno linear, cuja
tendência automática é o aperfeiçoamento humano.
O mito da tecnocracia : “passamos a viver num mundo onde a palavra definitiva somente pode ser
dada pelos técnicos”.
O saber derivado da ciência passa a ser o único a ter autoridade : portanto o poder pertence a quem
possui o saber.
O mito do especialista: apenas certas pessoas tem competência em
determinados setores específicos.
Conclusão : “ Se há um discurso competente, em contraposição, há incompetentes ( que somos
nós...), cujo não-saber supõe a aceitação passiva do discurso do saber. Caberia à teoria o papel de
comando sobre a prática dos homens: a teoria manda porque possui as idéias, e a
prática obedece porque é ignorante... Com essa relação hierárquica, perde-se a
dialética entre a teoria e a práxis “.
A ciência e a tecnologia, mesmo que sejam expressões da racionalidade, produzem
contraditoriamente efeitos irracionais, perversos, já que a razão é posta a serviço da
destruição da natureza, da alienação humana e da dominação.
Qual é o papel da filosofia ?
A ciência não é capaz de investigar seus próprios fundamentos, portanto:
Cabe à filosofia discutir a respeito dos conceitos, das validades dos métodos, do valor das
conclusões, bem como da concepção de homem subjacente a cada ciência.
Estabelecer a interdisciplinaridade entre os diversos campos do saber .
Recolocar o problema da unidade do saber .
A fragmentação leva o homem a estar ausente da ciência.
13
A filosofia tem compromisso com a investigação a propósito dos fins e das prioridades a que a
ciência se propõe, bem como a análise das condições em que se realizam as pesquisas e as
conseqüências das técnicas utilizadas.
A análise crítica denuncia o escamoteamento do homem e aponta as possibilidades dos vários
caminhos a buscar e a seguir.
14

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Para que a Filosofia

  • 1. PARA QUE FILOSOFIA? As evidências do cotidiano: “Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na qualidade, na verdade, na diferença entre realidade e sonho ou loucura, entre verdade e mentira; cremos também na objetividade e na diferença entre ela e a subjetividade, na existência da vontade, da liberdade, do bem e do mal, da moral, da sociedade” A atitude filosófica: Atitude Filosófica é aquela atitude de questionamento frente à vida, portanto, quando perguntamos: “O que é Filosofia?” A decisão de não aceitar como obvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá- los sem antes havê-los investigado e compreendido. “Para que Filosofia?” Para podermos exercitar o nosso eu interior; para poder sermos agentes e sujeitos de nossas ações, enfim, para estarmos conectados com esse cosmo do qual fazemos parte. A atitude crítica: 1º atitude é a negativa :dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às idéias da experiência cotidiana, ao que todo mundo pensa e diz. 2º atitude positiva : uma interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é ? Por que é ? Como é ? . Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica. A face positiva e negativa da atitude filosófica é o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico. Atitude filosófica : indagar O que ? O que a coisa ou a idéia, ou o valor é ? Como ? Como a coisa , ou o valor, ou a idéia é ? Por que ? Por que a coisa , a idéia, ou o valor existe ? Essas questões se referem à nossa capacidade de conhecer, a capacidade de pensar. É por isso que elas se dirigem , por fim, ao próprio pensamento. A filosofia torna-se o pensamento interrogando-se a si mesmo. Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a Filosofia se realiza como REFLEXÃO. Reflexão Filosófica Como é possível o próprio pensamento ? Que é pensar , falar e agir ? Nossas crenças cotidianas são ou não um saber verdadeiro ? Portanto: A atitude filosófica inicia-se indagando - O que, Como e Por que ? - São perguntas sobre a essência, a significação ou a estrutura e a origem de todas as coisas a reflexão filosófica indaga : Por que , O que , Para que ? - São perguntas sobre a capacidade e a finalidade humanas para conhecer e agir . A Filosofia é uma ciência ? A Filosofia não é uma ciência: é uma reflexão crítica sobre os procedimentos e conceitos científicos. Não é uma religião: é uma reflexão crítica sobre as origens e formas das crenças religiosas. Não é arte : é uma interpretação crítica dos conteúdos, das formas, das significações das obras de arte e do trabalho artístico. Não é sociologia nem psicologia, mas a interpretação e avaliação crítica dos conceitos e métodos da sociologia e da psicologia. Não é política , mas interpretação, compreensão e reflexão sobre a origem , a natureza e as formas do poder. Não é história, mas interpretação do sentido dos acontecimentos enquanto inseridos no tempo e compreensão do que seja o próprio tempo. Conhecimento do conhecimento e da ação humana, conhecimento da transformação temporal dos princípios do saber e do agir, conhecimento da 1
  • 2. mudança das formas do real ou dos seres, a Filosofia sabe que está na História e que possui uma história. Qual seria a utilidade da Filosofia ? “Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.” Marilena Chauí A CONSCIÊNCIA MÍTICA INTRODUÇÃO A noção de mito é complexa . O Mito não é exclusividade dos povos primitivos, existe em todos os tempos e culturas como componente indissociável da maneira humana de compreender a realidade. O mito entre os primitivos Entre os povos primitivos o mito é estrutura dominante Enquanto processo vivo de compreensão da realidade, o mito surge como verdade. O critério de adesão do mito é a crença, e não a evidência racional O Mito é portanto uma instituição compreensiva da realidade, é uma forma espontânea de o homem situar-se no mundo. As raízes do mito não se acham nas explicações exclusivamente racionais, mas na realidade vivida. Funções do mito A função principal do mito é acomodar e tranqüilizar o homem em um mundo assustador. MITO – RITO – ÍDOLO No mundo primitivo tudo é sagrado e nada é natural Para Mircea Eliade : “uma das funções do mito é fixar os modelos exemplares de todos os ritos e de todas as atividades humanas significativas “ “ Assim fizeram os deuses, assim fazem os homens “ O Mito não pode prescindir do Rito O Rito: O rito deve ser entendido como um canal de comunicação com o mito, ou seja, com o sobrenatural. Impossível reverenciar o mito sem o rito.É com o ritual que eu falo com os deuses. É com o rito que o tempo sagrado é revivido. “ O tempo sagrado é revivido, ou seja, toda a festa religiosa não é uma simples comemoração, mas torna-se a ocasião em que o sagrado acontece novamente e representa a reatualização do evento sagrado que teve lugar no passado mítico, “no começo”. ” ex. festas religiosas como : Semana Santa Cristã Yom Kippur Ramadã Ídolo = aquele que representa o mito. “Santos” em templos religiosos “Santos” modernos artistas e pessoas de destaque na mídia. É com o mito que se dá a preponderância do coletivo sobre o individual A decorrência do coletivismo é o dogmatismo : a consciência mítica é ingênua ( no sentido de não crítica ), desprovida de problematização e supõe a aceitação tácita dos mitos e das prescrições dos rituais. 2
  • 3. A adesão ao mito é feita pela fé, pela crença. No universo cuja consciência é coletiva, a trasngressão da norma ultrapassa quem a violou. Por isso o tabu. Ao ser transgredido, estigmatiza a família, os amigos e, às vezes, toda a tribo. Daí os “ritos de purificação” E os rituais do “bode expiatório” ,nos quais o pecado é transferido para um animal . Mito e religião “No desenvolvimento da cultura humana, não podemos fixar um ponto onde termina o mito e a religião começa. Em todo curso de sua história, a religião permanece indissoluvelmente ligada a elementos míticos e repassada deles.” Mito hoje Perguntamos : O desenvolvimento do pensamento reflexivo deveria decretar a morte da consciência mítica ? O mito é o ponto de partida para a compreensão do ser. “Tudo que o que pensamos e queremos se situa inicialmente no horizonte da imaginação, nos pressupostos míticos, cujo sentido existencial serve de base para todo trabalho posterior da razão “ A função fabuladora persiste não só nos contos populares, no folclore, como também no dia- a-dia, ao proferir palavras ricas em sentido mítico. Casa, lar, amor, pai, mãe, paz, liberdade. Personalidades dos meios de comunicação. Nas histórias em quadrinhos, o maniqueísmo retoma o arquétipo da luta entre o bem e o mal. O comportamento do homem também é permeado de “rituais” Nascimentos, casamentos, festa de debutantes, festas de ano-novo, de formatura verdadeiros ritos de passagem. Mito e razão se completam mutuamente A Concepção Filosófica Período Arcaico : Primeiros filósofos gregos - Fins séc. VII a .C. e séc. VI a .C. Passagem do pensamento mítico - crítico racional filosófico: “O surgimento da racionalidade crítica, ou seja, da Filosofia na Grécia não é o resultado de um salto, um “milagre” . É a culminação de um processo que se fez através dos tempos e tem sua dívida com o passado mítico. Fatores que colaboraram para o desenvolvimento da filosofia na Grécia: A ESCRITA : Mythos : significa “palavra” , “ o que se diz” A primeira escrita é mágica e reservada aos privilegiados, aos sacerdotes e aos reis. Na Grécia a escrita surge por influência dos fenícios e já no século VIII a . C. está desligada de preocupações religiosas. A escrita gera uma nova idade mental: postura diferente daquela de quem apenas fala . A retomada daquilo que foi escrito e o exame por outras pessoas e noutros tempos , abrem os horizontes do pensamento propiciando o distanciamento do vivido, o confronto das idéias, a ampliação da crítica. A escrita aparece como uma possibilidade maior de abstração, uma reflexão da palavra que tenderá a modificar a própria estrutura do pensamento. A MOEDA : Século VIII a VI a . C. - desenvolvimento do comércio marítimo (resultado da expansão grega ) No período de domínio exclusivo da aristocracia rural, a economia era pré-monetária e os objetos usados para troca eram carregados de simbologia afetiva e sagrada. A moeda aparece na Grécia por volta do século VIII a .C. . Passa a ter uma função muito importante e revolucionária pois está relacionada com o desenvolvimento do pensamento racional A LEI ESCRITA Drácon ( séc.VII a .C. ) / Sólon e Clístenes ( séc. VI a .C. ) 3
  • 4. As Leis passam a ser escritas e comuns a todos os cidadãos. Estas leis, por serem escritas passam a permitir sua discussão e modificação. Clístenes : fundação da PÓLIS : Organização tribal é abolida. Estabelecem-se novas relações determinadas por nova organização administrativa. As mudanças processadas expressaram um ideal igualitário e prepararam campo para a Democracia nascente. A PÓLIS E O CIDADÃO Nascimento da Pólis séc. VIII e VII a . C. - Provocou grandes alterações na vida social e nas relações entre os homens. A Ágora ( praça pública ) : Espaço onde se debatem os problemas de interesse comum . “A Polis se faz pela autonomia da palavra, não mais a palavra mágica dos mitos, mas a palavra humana, do conflito, da discussão, da argumentação. O saber deixa de ser sagrado e passa a ser objeto de discussão “. A expressão da individualidade por meio do debate faz nascer a POLÍTICA. Libertando o homem da idéia de pré-destinação e dos desígnios divinos e permitindo a ele traçar o seu próprio destino em praça pública. Surge, então, o Cidadão da Pólis. Ele participa dos destinos da cidade por meio do uso da palavra em praça pública. É a isonomia : igual participação de todos os cidadãos no exercício do poder. Apogeu da democracia : Séc. V a . C. - período Clássico - Péricles estratego O que era a Democracia Ateniense ? Uma nova concepção de poder O ideal teórico da nova classe de comerciantes será elaborado pelos sofistas, filósofos do séc. V a . C. O Nascimento do Filósofo A filosofia surgiu no século VI a .C. nas colônias Gregas da Magna Grécia ( sul da Itália ) e Jônia ( atual Turquia ). Somente no século V a .C. desloca-se para Atenas. Divisão da Filosofia Grega Pré-socráticos A procura do Arché ( princípio ) Escola Jônica - 1ª escola filosófica grega Thales de Mileto - a origem de todas as coisas (Arché) = a água (o transformismo) Anaxímenes - o Arché - o ar Anaximandro - ápeiron ( infinito ) ( substância etérea, infinita, invisível ) Heráclito - o devir ( contínuas transformações, é a lei fundamental do universo)“ as transformações se fazem de acordo com uma lei : Logos que é a realidade última do mundo “ Tudo segue seu curso - coisa alguma é estável:“nunca podemos tomar banho duas vezes no mesmo rio “ “ tudo flui e nada fica como é “ Empédocles - ( quatro elementos primordiais ) Terra, Ar, Água e Fogo (o que determinava a união entre as coisas era o amor e a luta) Os quatro elementos e os dois princípios são eternos. A Teoria de Empédocles foi usada e difundida pelos “cientistas” até o século XVII, quando foi criticada por Lavoisier Escola Itálica: Pitágoras - religião órfica ( “Tudo o que nasce torna a nascer nas revoluções de um determinado ciclo, até se libertar efetivamente da roda dos nascimentos “ ) matemática ( a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa ). O número é o princípio de todas as coisas ( ARCHÉ ). Parmênides - Ser ( a realidade é eterna e intemporal . Toda mudança é ilusória ) “Não há mudança nas coisas . Como pode, então, o que é , vir a ser no futuro ? Se vem a ser , então não é “ “o Ser é e o não ser não é “ Xenófanes Zenão 4
  • 5. Escola Atomista Demócrito - “ Tudo que existe é composto de átomos “ Átomo ( grego ) = a ( alfa ) - não ; tomos - divisão, divisível. “Todas as qualidades das coisas : cor, cheiro , peso; som, beleza e vida etc., nada mais são do que movimentos e modos de ser diferentes dos agregados de átomos que formam a respectiva coisa “ . Sócrates e os pós-socráticos Sofistas : comerciantes da filosofia representavam a anti-razão A única norma lógica e intelectual era o êxito SOCRATES lª etapa Ironia ( em grego perguntar ) com hábeis perguntas, desmonta as certezas até o outro reconhecer a ignorância. 2ª etapa Maiêutica ( Parto das idéias ) “ conhece-te a ti mesmo “ “as pessoas geralmente começam a pensar a partir do que conhecem. Sócrates começava pelo que não conhecia - pela ignorância “ “Só sei que nada sei” : Consiste na sabedoria de reconhecer a própria ignorância, ponto de partida para a procura do saber. As questões que preocupam Sócrates são aquelas referentes à moral Sócrates procura o Logos - “a razão que se dá de algo “ - conceito : o logos da justiça / o logos da coragem Discípulos : Xenofonte e Platão PLATÃO “ Teoria das idéias “ - “ teoria do conhecimento “ “ as coisas que percebemos não constituem a verdadeira realidade. Essas coisas não passam de aparência, de reflexo, de cópias, de sombras da verdadeira realidade. O real são as idéias das coisas. Estas são modelos imutáveis das coisas sensíveis . Estão suspensas num céu intelectual ( tópos noetós : Lugar de conhecimento ) “ Tudo encontra-se no “Mundo das Idéias” - “O Mito da Caverna “ Obras : A República / Críton / A apologia de Sócrates / Fédon / Fimeu /Fedro/ O Banquete. ARISTÓTELES O Mundo é composto por substâncias ( coisas subsistentes ) e de acidentes ( as qualidades, propriedades das coisas )“ as substâncias , aquilo que faz com que as coisas sejam o que são, só são percebidas através de suas qualidades as substâncias ou coisas, com respeito às mudanças, estão em ato ( realidades) ou em potência ( em vias de transformar-se em outra coisa)”ex.: Uma semente , em ato, é uma semente, mas em potência, poder ser uma árvore “ encadeamento - “o último motor “ Aristóteles fundou o Liceu Sistematizador da lógica - Organon ( Livro ) Últimos lampejos da Filosofia Grega Epicurismo : “a razão de viver seria o prazer “ “não devemos evitar os prazeres e sim escolhê-los “ O essencial era viver o melhor possível, cada momento da vida, sem preocupações de outra ordem - Ataraxia : o prazer máximo consistia na tranqüilidade, na paz de espírito e harmonia consigo próprio Estoicismo : Há uma lei universal, superior a tudo, os homens devem seguí-la. Eram mais teóricos do que práticos Zenão de Cítio ( fundador ) Marco Aurélio - Imperador romano foi o maior expoente “ todas as coisas fazem parte de um único sistema que é a natureza . A vida individual só é boa quando está em harmonia com a natureza “Ideal : Apatheia ( indiferença ante o inevitável) . 5
  • 6. Cinismo : Procuravam alcançar a verdadeira liberdade Diógenes ( fundador ) andou com uma vela acesa, ao meio-dia, em Atenas, procurando um Homem.Dormia num barril e durante o dia ficava sentado ao sol. Finalidade: chocar a sociedade convencional. “o caso de Alexandre, o grande “Se eu não fosse Alexandre gostaria de ser Diógenes “ “ Conta-se que Alexandre, quando estava prestes a atacar a Pérsia, soube que o filósofo se encontrava por perto, em Corinto, e resolveu fazer-lhe uma visita. “Encontro-o num bosque de ciprestes, quase despido, morando num tonel. Alexandre, ricamente vestido, chegou acompanhado de sua grande comitiva, enquanto o filósofo, dentro do tonel, tomava seu banho de Sol. Vendo o cortejo que se aproximava, nem se moveu. Alexandre, detendo-se, perguntou-lhe : “Você sabe quem sou ? “ . Como Diógenes nada respondesse, acrescentou : “ Saiba que sou Alexandre ! “ Disse o filósofo, com indiferença : “ Eu sou Diógenes “. - Você sabe que possuo um império e milhares de homens se curvam perante mim ? - “Pois eu só tenho este tonel, senhor, e isso me basta . Quanto aos homens, não creio neles; há muito que procuro um e não encontro.” Alexandre, em vez de zangar-se, riu e disse: “ Agrada-me sua maneira de ser. Para provar o quando simpatizei com você, quero satisfazer qualquer desejo seu. Que deseja” - “ Desejo que o senhor se afaste um pouco para não me tomar o Sol ”. Com o semblante sério, o rei disse aos que o acompanhavam : “ Se eu não fosse Alexandre, gostaria de ser Diógenes “. A Patrística A partir do séc. II - filosofia dos padres da Igreja - Patrística - esforço de converter os pagãos, combater as heresias e justificar a fé : apologética. - longa aliança entre fé e razão - durante toda a Idade Média - a razão é auxiliar da fé e a ela subordinada. “Credo ut intelligam “ - “Creio para que possa entender “ - Sto. Agostinho. Padres recorreram à filosofia platônica Principal nome da patrística = Santo Agostinho ( 354-430 ) - retoma a teoria de Platão referente ao mundo sensível e ao mundo das idéias e substitui esse último pelas idéias divinas. TEORIA DA ILUMINAÇÃO (Adaptação da teoria platônica ). “o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas : tal como o sol, Deus ilumina a razão e torna possível o pensar correto “. ESCOLÁSTICA Desenvolve-se IX - XIII -Aliança entre a fé e a razão A partir do séc. XI transformações - Surgimento das universidades. Resgate do pensamento Aristotélico - Filosofia aristotélico-tomista “as substâncias ou coisas, com respeito às mudanças, estão em ato ( realidades) ou em potência ( em vias de transformar-se em outra coisa )” todos os elementos que constituem o mundo em que vivemos passam por esse processo de transformação. É uma reação em cadeia. Essa cadeia imensa está ligada à força que dá a partida para tudo - O Último Motor (Deus) MITO E FILOSOFIA Para os filósofos , a ordem do mundo deriva de forças opostas que se equilibram reciprocamente, e a união dos opostos explica os fenômenos meteorológicos, as estações do ano, o nascimento e a morte de tudo que vive Na passagem do mito à razão, há continuidade no uso comum de certas estruturas de explicação. Enquanto o mito é uma narrativa cujo conteúdo não se questiona, a filosofia problematiza e convida à discussão Enquanto no mito a inteligibilidade é dada, na filosofia ela é procurada A filosofia rejeita o sobrenatural, a interferência de agentes divinos na explicação dos fenômenos. A filosofia busca a coerência interna, a definição rigorosa dos conceitos, o debate e a discussão organiza-se em doutrina e surge, como pensamento abstrato. Somente no século XVII as ciências encontram seu próprio método separando-se da filosofia. A Idade Moderna A Teoria do Conhecimento 6
  • 7. A separação entre fé a razão - leva ao desenvolvimento do método científico. O antropocentrismo - a razão humana como fundamento do saber. O interesse pelo saber ativo, em oposição ao saber contemplativo, que leva a transformação da natureza e ao desenvolvimento das técnicas. Primeiros representantes do pensamento renascentista Ética e Política Nicolau Maquiavel : O Príncipe - O poder do soberano O Principe, de Maquiavel O príncipe atormentou a humanidade durante quatro séculos. E continuará a tormentá-la...” A frase refere-se à obra de Maquiavel que serviu de instrumento teórico a muitos governantes autoritários e totalitários, do século XVI ao século XX : àqueles que fizeram da “razão de Estado” o pretexto para sufocar liberdades individuais de toda a sociedade. Sobressaem-se em sua obra outras frases, que isoladamente , fora de contexto, têm servido a ditadores diversos: “ O triunfo do mais forte é o fato essencial da história humana”. “Todos os profetas armados venceram, desarmados arruinaram-se”. “Desprezar a arte da guerra é o primeiro passo para a ruína, possuí-la perfeitamente, eis o meio de elevar-se ao poder”. Assim, “Maquiavel – nome próprio universalmente conhecido, que teria de formar um substantivo, ‘maquiavelismo’ – e um adjetivo, ‘maquiavélico’ – evoca uma época, a Renascença; uma nação, a Itália; uma cidade, Florença; enfim, o próprio homem, o bom funcionário florentino que, na maior ingenuidade, na total ignorância do estranho futuro, trazia o nome de Maquiavel, votado à reputação mais ruidosa e equívoca”. CHEVALIER , Jean-Jacques. As grandes obras políticas – de Maquiavel a nossos dias. Rio de Janeiro, Agir,12980. p.48. Thomas Hobbes : Leviatã* Considerado por muitos o teórico que melhor definiu a ideologia absolutista, articulou um sistema lógico e coerente para apresentar a necessidade do Estado despótico. O Estado - Entidade todo-poderosa que dominaria todos os cidadãos “O Homem é o lobo do Homem” “Os homens dotados de razão, do sentimento de autoconservação e de defesa buscam superar esse estado natural de destruição unindo-se para formar uma sociedade civil, mediante um contrato segundo o qual cada um cede seus direitos ao soberano. Dessa forma, renuncia-se a todo direito de liberdade, nocivo à paz, em benefício do Estado” Século XVII - os pensadores do século XVII - abordagem nova Colocação em questão da própria possibilidade do conhecimento Deve-se indagar sobre o sujeito do conhecimento não o objeto Quais as possibilidades de engano ou acerto ? Quais os métodos que utilizaremos para garantir que o conhecimento seja verdadeiro ? Duas perguntas duas correntes filosóficas : O empirismo O racionalismo O Racionalismo : Século XVII - René Descartes “Existem erros e ilusões dos sentidos. Qual o fundamento do verdadeiro conhecimento ?” A dúvida como método de pensamento rigoroso: - duvida de tudo que lhe chega através dos sentidos - duvida de todas as idéias que se apresentam como verdadeiras À medida que duvida descobre que mantém a capacidade de pensar: “Cogito, ergo sum” ( Penso, logo existo ).Este “eu” cartesiano é puro pensamento. No caminho da dúvida a realidade do corpo foi colocada em questão. “Discurso sobre o método” Descartes - dois tipos de idéias : 1) inatas( que não estão sujeitas a erro - fundamento da ciência) Já se encontram no espírito.São inatas , não no sentido de o homem já nascer com elas, mas como resultantes 7
  • 8. exclusivas da capacidade de pensar. São idéias confusas e duvidosas:“dentre as idéias inatas encontramos as de um Deus Perfeito e Infinito” ( substância infinita ). O ponto de partida de Descartes é o pensamento, abstraindo toda e qualquer relação entre este e a realidade .Como passar do pensamento para a matéria dos corpos ? Pensamento - idéia de infinito que é Deus - ser perfeito - “para ser perfeito Deus deve existir , senão lhe faltaria algo para ser perfeito. Portanto, ele existe” Ser perfeito nos faz ter idéias sobre o mundo exterior e sensível. Portanto a partir de uma idéia inata podemos deduzir a idéia da existência da matéria dos corpos .O homem é um ser duplo - dualismo-psicofísico - composto por: substância pensante - res cogitans , substância externa - res extensa .A razão não afeta nem é afetada pelo objeto - razão só lida com as representações ( imagens e conceitos ) que correspondem ao objeto exterior. O método deve garantir: . as coisas sejam representadas corretamente, sem risco de erro ; . controle de todas as etapas das operações intelectuais ; . possibilidade de serem feitas deduções que levem ao progresso do conhecimento. Acentua-se o caráter absoluto e universal da razão: só com suas forças pode chegar a descobrir as verdades possíveis. Antagonismo : o corpo é uma realidade física - sujeito às leis deterministas da natureza fenômenos mentais - não têm extensão no espaço nem localização. As principais atividades da mente são recordar, raciocinar, conhecer e querer; portanto, não se submetem às leis físicas, mas são o lugar da liberdade corpo - objeto de estudo da ciência mente - objeto da reflexão filosófica O Empirismo John Locke - crítica ao racionalismo cartesiano - crítica à teoria das idéias inatas. “Ensaio sobre o entendimento humano “ : todas as idéias têm origem na experiência sensível. “ é a partir dos dados da experiência que o intelecto produz idéias” “a razão humana é vista como uma folha em branco sobre a qual os objetos vão deixar sua impressão sensível que será elaborada, através de certos procedimentos mentais, em idéias particulares e idéias gerais “. Para Locke todas as nossas idéias provêm de duas fontes : a sensação a reflexão a sensação apreende impressões vindas do mundo externo a reflexão é o ato pelo qual o espírito conhece suas próprias operações. Locke : As idéias podem ser simples e complexas. As idéias simples ,que se impõem à consciência na experiência sensível e são irredutíveis à análise ao estabelecer relação entre as idéias simples , surgem as idéias complexas. David Hume Leva mais adiante o empirismo de Locke. A razão é o hábito de associar idéias, seja por semelhança, seja por diferença. “O que observamos é a sucessão de fatos ou a seqüência de eventos, e não o nexo causal entre esses mesmos fatos ou eventos. O que nos faz ultrapassar o dado e afirmar mais do que pode ser alcançado pela experiência é o hábito criado através da observação de casas semelhantes . A partir deles, imaginamos que o fato atual se comportará de forma semelhante “ ;“a única base para as idéias gerais é a crença, que, do ponto de vista do entendimento, faz uma extensão ilegítima do conceito” . Descartes : Justifica o poder da razão de perceber o mundo através de idéias claras e distintas. Locke : valoriza os sentidos e a experiência na elaboração do conhecimento. Hume : levanta o problema da exterioridade das relações frente aos termos. Criticismo kantiano - Immanuel Kant : Preocupação em encontrar uma solução para a divisão estabelecida entre o ceticismo empírico e o racionalismo. Qual é o verdadeiro valor dos nossos conhecimentos e o que é conhecimento ? Kant tenta estabelecer a análise crítica da própria razão como meio de estabelecer seus limites e suas possibilidades. 8
  • 9. É possível uma ”razão pura” independente da experiência ? “CRíTICA DA RAZÃO PURA” criticismo A razão é uma estrutura vazia, uma forma pura sem conteúdos - - essa estrutura é inata - independe de experiência para existir - a razão é anterior à experiência - a estrutura da razão é a priori a priori - vem antes da experiência e não depende dela Os conteúdos que a razão conhece e nos quais pensa dependem da experiência. A experiência fornece a matéria ( os conteúdos) do conhecimento para a razão e esta,, por sua vez, fornece a forma ( universal e necessária ) do conhecimento A matéria do conhecimento, por ser fornecida pela experiência, vem depois desta por isto é : a posteriori. Qual o engano dos racionalistas ? - Supor que os conteúdos ou a matéria do conhecimento são inatos. Não existem idéias inatas. Qual o engano dos empiristas ? - Supor que a estrutura da razão é adquirida por experiência ou causada pela experiência. “ Na verdade, a experiência não é causa das idéias , mas é a ocasião para que a razão, recebendo a matéria ou o conteúdo, formule as idéias” O Iluminismo e o pensamento burguês: O Antigo Regime – século XVII/XVIII - e suas características Os valores da burguesia e a luta contra o antigo Regime O Iluminismo - Razões = Luzes Defesa da ordem natural e dos direitos naturais John Locke e a defesa dos direitos naturais “Todo homem nasce com os direitos naturais” Direito à Liberdade Direito à propriedade Direito à vida LOCKE : Pai do Liberalismo político “Segundo Tratado sobre o Governo Civil” “A sociedade existe antes do Estado, quando o Estado se torna tirano a sociedade deve pegar em armas e depor este Estado tirano” Jean-Jacques Rousseau - O Contrato Social e Emilio A fisiocracia e as críticas ao absolutismo Turgot e Quesnay - Pais da Fisiocracia De onde vem a riqueza ? Terra = riqueza – Não intervenção do Estado “Laissez faire , Laissez passe” Lei da oferta e da procura Pouco produto e muita procura o preço sobe Muito produto e pouca procura o preço desce NÃO AO CONTROLE DO ESTADO E SIM À ORDEM NATURAL DAS COISAS Adam Smith Breve biografia Adam Smith nasceu em 1723 na Escócia. Era filho de um escocês que ocupou o cargo de Juiz Defensor e Interventor de Alfândegas. Foi educado nas Universidades de Glasgow e Oxford, chegando a ser em Glasgow, professor de lógica e mais tarde de filosofia moral. Depois de treze anos de ensino acadêmico viajou pela França durante dois anos como tutor do jovem Duque de Buccleuch de quem recebeu uma pensão vitalícia o que lhe permitiu consagrar-se inteiramente à tarefa de escrever. Seu talento natural acoplado às suas experiências educacionais em Glasgow e Oxford; seus contatos com grandes pensadores da época, tais como David Hutcheson, além dos contatos com os fisiocratas, e da oportunidade de observação pessoal da metrópole comercial de Glasgow, permitiram-lhe produzir o grande trabalho criativo que é A Riqueza das Nações. 9
  • 10. A RIQUEZA DAS NAÇÕES Trabalho publicado em 1776 e que levou 25 anos para ser concluído. Funda a Escola de Economia Política Clássica. É com este trabalho que, pela primeira vez a economia é vista como ciência. É com esta obra que Adam Smith ganha o título de Pai do Liberalismo Econômico. Primeira Etapa - Como é a Obra Segunda Etapa - Comentários Primeira Etapa : A Riqueza das Nações está dividida em uma Introdução que estabelece o plano do autor, cinco livros e um Apêndice. O Livro I é : “Das Causas da Melhoria nos Poderes Produtivos da Mão-de-Obra, e da Ordem de Acordo com a Qual o Produto é Naturalmente Distribuído entre as Diferentes Categorias de Pessoas” Comentário : O Livro se inicia com a discussão de sua relação com a propensão inata do homem à troca e com o processo de crescimento econômico. O Livro II : “Da Natureza, Acumulação e Emprego de Estoque” Comentário : Analisa as condicionantes e características da acumulação de capital, que determinam a oferta de emprego produtivo e sua distribuição setorial, e contém a maior parte da teoria monetária de Smith. O Livro III : “Do Progresso Diferente em Diferentes Nações” Comentário : contém uma síntese abrangente da evolução econômica da Humanidade, muito influenciada pela longa História da Inglaterra do filósofo David Hume e constitui, no contexto da obra, o teste empírico-histórico da teoria do crescimento econômico apresentada anteriormente. Estes três primeiros livros são principalmente uma apresentação de princípios econômicos. O Livro IV : “Dos Sistemas de Economia Política” Comentário : Smith discute os fundamentos das políticas comercial e colonial mercantilistas, de onde emerge sua crítica violenta ao sistema econômico do Antigo Regime . O Livro V : “Da Receita do Soberano ou da Comunidade” Comentário : trata da política fiscal, analisando as políticas de gasto público, onde desenvolve interessante discussão das vantagens e desvantagens da intervenção do Estado em diferentes áreas de atividade. Estes últimos dois livros levam Smith à área da economia política. O HOMEM E A OBRA EM PERSPECTIVA HISTÓRICA , FILOSÓFICA E PSICOLÓGICA. Sabemos que Adam Smith, nesta obra, procura responder às inquietações do período e identificar, a origem da Riqueza das Nações. Apóia-se nos fisiocratas, porém, vai mais além , afirmando que a riqueza não está na terra, necessariamente, e sim no trabalho. Com este trabalho, Adam Smith estabelece uma conjugação de posturas filosóficas e metodológicas das quais emergem duas concepções pioneiras e revolucionárias. A Primeira: é a análise dos fenômenos econômicos como manifestação de uma ordem natural a eles subjacentes, governada por leis objetivas e inteligíveis através de um sistema coordenado de relações causais. A Segunda : é a doutrina segundo a qual essa ordem natural requer, para sua operação eficiente, a maior liberdade individual possível na esfera das relações econômicas, doutrina cujos fundamentos racionais são derivados de seu sistema teórico, já que o interesse individual é visto por ele como a motivação fundamental da divisão social do trabalho e da acumulação de capital, causas últimas do crescimento do bem-estar coletivo. A Obra de Adam Smith tem influência de sua postura como filósofo e principalmente de seu trabalho anterior à Riqueza das Nações que é a “Teoria dos Sentimentos Morais”. O objetivo da filosofia moral é a felicidade humana e o seu bem-estar, portanto esta não é apenas uma obra técnica sobre economia , é muito mais do que isto, porque analisa em profundidade não só o mecanismo natural da economia como a posição que o homem exerce dentro deste sistema. O homem como elemento principal desta engrenagem. Pois bem, de onde vem a Riqueza das Nações ? segundo Smith : 10
  • 11. “a riqueza ou o bem estar das nações só pode ser identificado com seu produto anual per capita que, dada sua constelação de recursos naturais, é determinado pela produtividade do trabalho ”útil”ou produtivo.” E diz mais : “é o trabalho produtivo que leva ao processo de acumulação de capital gerando uma pressão de demanda por mão-de-obra sobre o mercado de trabalho. Isto provoca um crescimento concomitante dos salários e, a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e da população, ampliando o tamanho dos mercados que, para um dado estoque de capital, é o determinante básico da extensão da divisão do trabalho, iniciando-se assim, a espiral do crescimento.” Seu toque genial decorre da percepção das conseqüências analíticas da acelerada generalização dos métodos capitalistas de organização da produção, do progressivo aumento da competição e da maior mobilidade de capital entre as diferentes ocupações. A Riqueza das Nações é o produto do desenvolvimento histórico do capitalismo e da ação dos homens. Para Adam Smith , então, ao contrário do que queriam os fisiocratas não é a natureza mas o esforço humano que torna os bens disponíveis e como o homem procura, a felicidade, ela somente será encontrada, quando ele perceber que além de indivíduo, ele também é membro de uma família, de um Estado e da grande sociedade que constitui a raça humana. São os bens e não o ouro que constituem a riqueza de uma nação. Neste sentido ele constata que sem os esforços cooperativos da mão-de-obra, nem a terra nem o capital poderiam produzir o que quer que fosse. A esta constatação vem a pergunta. De que modo podem ser aumentados os poderes produtivos do trabalho ? Através da Divisão do Trabalho. Os homens através da divisão do trabalho, podem produzir mais e portanto gerar mais riqueza. Ex. fabricantes de Alfinetes Um homem sozinho no máximo poderá produzir 20 alfinetes por dia, devido o trabalho e o tempo que gasta para ir de uma etapa a outra, de modo que se tivermos 10 trabalhadores numa fábrica ligados pela divisão do trabalho , produzirão 48.000 alfinetes por dia o que equivaleria a dizer uma produção de 4.800 cada um. Adam Smith diz que a divisão do trabalho não é uma constatação necessária do sistema capitalista pois ela surge espontaneamente. “ a divisão de trabalho surgiu espontaneamente e é uma conseqüência da propensão a permutar que só é encontrada no homem e não é senão expressão de seu comportamento de auto-interesse” O auto interesse , então, é o motivo que naturalmente impele os homens, desde que nascem até que morram. O homem carrega consigo a característica de melhorar. Estas palavras são importantes como indicadores da defesa da iniciativa privada. Só a característica de melhorar, que é natural no homem, permite a ele lançar-se a novos desafios. “Somente trocando seus excedentes com outros é que ele pode adquirir todos os bens de que necessita, e para servir a seus próprios interesses apela para o auto-interesse dos demais seres humanos”. Já que é por tratado, escambo e por aquisição que obtemos uns dos outros a maior parte desses bons ofícios mútuos de que necessitamos, é essa mesma disposição para permutar que originalmente dá ensejo à divisão do trabalho e a iniciativa privada. Todas estas ações humanas, segundo Adam Smith, estão relacionadas, já que o homem pertence à natureza, a uma ordem natural das coisas, ao que ele chama de “bondade suprema da ordem natural” “ Todos os interesses econômicos que o indivíduo busca são geralmente adquiridos no decurso de sua experiência social. Portanto não cabe ao Estado e sim aos indivíduos, livres, daí a defesa da Livre iniciativa, juntos, seguindo esta ordem natural criar condições de riqueza e de vida.” É no centro deste sistema que está o indivíduo, que deve seguir seus próprios interesses, ao mesmo tempo em que promove o bem estar da sociedade como um todo, porque assim é o caráter da ordem natural, que é um fato. Dentro do enfoque da ordem natural, é que se gesta uma variedade de instituições econômicas benéficas. Entre elas estão a divisão do trabalho, o desenvolvimento da moeda, o crescimento da poupança e do investimento de capital, o desenvolvimento do comércio exterior e o ajustamento 11
  • 12. mútuo da procura e da oferta. Estas e outras instituições são o resultado do comportamento de auto- interesse do homem e funcionam no benefício da sociedade como um todo. Encontramos, então, em A Riqueza das Nações uma noção muito clara de auto-amor e auto- interesse. Adam Smith ainda assinala que “a uma organização social inteligente cabe apenas agir e o quanto possível em harmonia com os ditames da ordem natural” A felicidade a que o homem busca estará sempre relacionada à virtude e esta virtude está centrada no trabalho do homem e no respeito à ordem natural. Na Idade Média a Igreja dizia que a felicidade nada tinha a ver com a virtude e que a única virtude do homem encontrava-se na abnegação. Combatendo este conceito Adam Smith nos mostra o contrário que a virtude encontra-se no trabalho, na liderança e no empreendimento. Conclusão Como conclusão podemos reconhecer a seguinte postura nas teorias de Adam Smith : Segundo ele seis motivos determinam , de um modo natural, a conduta humana : o amor de si mesmo, a simpatia, o desejo de ser livre, o sentimento da propriedade, o hábito do trabalho e a tendência para trocar, permutar e substituir uma coisa pela outra. Cada homem, dados estes móveis da conduta, é por natureza, o melhor juiz de seu próprio interesse, e , pois, se lhe deveria dar liberdade para, à sua maneira, procurar seus interesse. Não só, deixando-o à sua sorte, obteria o máximo de satisfação, como aumentaria o bem-estar comum . Adam Smith enfatiza que os diferentes móveis da conduta humana equilibram-se de tal modo que o bem de um não estará em conflito com o bem de todos. Outros móveis, sobretudo o da simpatia, acompanham o amor de si mesmo, como resultado de que a vantagem dos outros não deixa de estar ligada à vantagem própria. A fé que Adam Smith tinha no equilíbrio natural dos móveis do homem foi o que o levou a fazer a célebre declaração de que ao procurar seu próprio benefício, “uma mão invisível o conduziria a favorecer um fim que não entrava no seu propósito, ou seja, quando o homem é livre e procura o máximo de vantagem pessoal, impulsionado pela lei natural, está contribuindo para elevar ao máximo o bem comum. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO O Senso comum O senso comum é o conhecimento de todos nós. É o saber resultante das experiências vividas e a soma dos saberes herdados. O Senso comum , enquanto conhecimento espontâneo é : ametódico assistemático empírico ingênuo presa das aparências fragmentário particular subjetivo O Conhecimento comum é presa fácil do “saber ilusório” É possível transformar o senso comum em bom senso simplesmente tornando-o estruturado, coerente e crítico. O conhecimento científico Sócrates: buscava a definição dos conceitos para atingir a essência das coisas Platão : mostrava o caminho que a educação do sábio devia percorrer para ir da opinião à ciência A ciência moderna nasce ao determinar um objeto específico de investigação e ao criar um método pelo qual se fará o controle desse conhecimento. A utilização de métodos rigorosos permite que a ciência atinja um tipo de conhecimento sistemático, preciso e objetivo. Cada ciência se torna uma ciência particular ( fenômenos ) e geral ( conclusões) O mundo constituído pela ciência aspira a objetividade : as conclusões podem 12
  • 13. ser verificadas por qualquer membro da comunidade científica. Por isso procura despojar-se do emotivo. “ Merleau Ponty : A ciência explica o mundo, mas se recusa a habitá-lo “ A ciência amplia o conhecimento mas o reduz pois o cientista remove toda a experiência individual que caracterizaria o “estar-no-mundo “ Precisão e objetividade : utilização da matemática para transformar qualidade em quantidade. Galileu O uso de instrumentos torna a ciência mais rigorosa, precisa e objetiva É preciso retirar do conceito de ciência a falsa idéia de que ela é a única explicação da realidade e se trata de um conhecimento “certo” e “infalível”. Física e demais ciências da natureza : matematizáveis Ciências Humanas : Psicanálise : avessa a qualquer forma de experimentação ou matematização Ciência e Poder As ciências da natureza, organizadas como foram, a partir da Idade Moderna possibilitam ao homem maior previsibilidade dos fenômenos e maior poder de transformação da natureza. Ciência e técnica = tecnologia ( técnica enriquecida pelo saber científico ) “ No entanto, o poder da ciência e da tecnologia é ambíguo, porque pode estar a serviço do homem ou contra ele. Daí a necessidade de o trabalho do cientista e do técnico ser acompanhado por reflexões de caráter moral e político, a fim de que sejam questionados os fins a que se destinam os meios utilizados pelo homem: se servem ao crescimento espiritual ou se o degradam, se servem à liberdade ou às formas de dominação. Por isso é impossível admitir a existência do trabalho científico neutro. “ Os mitos da ciência Iluministas : “pela ciência o homem pode espantar o medo causado pela ignorância e superstição, guardando a esperança de um mundo melhor iluminado pelas luzes da razão” . Positivistas : “o único valor valido é o conhecimento cientifico outras formas de abordagem do real, como mitos, religiões e até a filosofia são expressões inferiores e superadas da experiência humana.” Na medida em que o positivismo reduz tudo ao racional ele cria mitos: O mito do cientificismo : o único conhecimento válido e perfeito é o científico O mito do progresso : o progresso é explicado como um fenômeno linear, cuja tendência automática é o aperfeiçoamento humano. O mito da tecnocracia : “passamos a viver num mundo onde a palavra definitiva somente pode ser dada pelos técnicos”. O saber derivado da ciência passa a ser o único a ter autoridade : portanto o poder pertence a quem possui o saber. O mito do especialista: apenas certas pessoas tem competência em determinados setores específicos. Conclusão : “ Se há um discurso competente, em contraposição, há incompetentes ( que somos nós...), cujo não-saber supõe a aceitação passiva do discurso do saber. Caberia à teoria o papel de comando sobre a prática dos homens: a teoria manda porque possui as idéias, e a prática obedece porque é ignorante... Com essa relação hierárquica, perde-se a dialética entre a teoria e a práxis “. A ciência e a tecnologia, mesmo que sejam expressões da racionalidade, produzem contraditoriamente efeitos irracionais, perversos, já que a razão é posta a serviço da destruição da natureza, da alienação humana e da dominação. Qual é o papel da filosofia ? A ciência não é capaz de investigar seus próprios fundamentos, portanto: Cabe à filosofia discutir a respeito dos conceitos, das validades dos métodos, do valor das conclusões, bem como da concepção de homem subjacente a cada ciência. Estabelecer a interdisciplinaridade entre os diversos campos do saber . Recolocar o problema da unidade do saber . A fragmentação leva o homem a estar ausente da ciência. 13
  • 14. A filosofia tem compromisso com a investigação a propósito dos fins e das prioridades a que a ciência se propõe, bem como a análise das condições em que se realizam as pesquisas e as conseqüências das técnicas utilizadas. A análise crítica denuncia o escamoteamento do homem e aponta as possibilidades dos vários caminhos a buscar e a seguir. 14