2. Introdução
Com a conquista da Grécia pelos macedônios (322 a.C.)
teve inicio o período chamado helenístico. Devido a
expansão militar do império macedônico, efetuada por
Alexandre Magno, o período helenístico caracterizou-se por
um processo de interação entre a cultura grega clássica e a
cultura dos povos orientais conquistados.
O mesmo processo se deu no campo filosófico . As escolas
platônica (Academia) e aristotélica (Liceu) –continuam
abertas em plena atividade, mas os valores gregos começam
a mesclar-se com as mais diversas tradições culturais.
3. Do público ao privado
No plano político, a antiga liberdade do cidadão grego,
exercida no contexto de autonomia de suas cidades, foi
desfigurada pelo domínio macedônico, ocorrendo um
declínio da participação do cidadão nos destinos da pólis.
Com isso, a reflexão política também se enfraqueceu.
Substitui-se, assim, a vida pública pela vida privada como
centro das reflexões filosóficas. Em outras palavras, as
preocupações coletivas cedem lugar ás preocupações
pessoais.
As principais correntes filosóficas desse período vão tratar
da intimidade, da vida interior do ser humano.
Parece que a principal preocupação dos filósofos era
proporcionar às pessoas desorientadas e inseguras com a
vida social alguma forma de paz de espírito, de felicidade
interior em meio às atribulações da época.
4. Epicurismo: o prazer
O epicurismo é uma corrente filosófica fundada por Epicuro
(314-271 a.C.), que defendia que o prazer é o princípio e o
fim de uma vida feliz.
Epicuro distinguia dois tipos de prazeres. O primeiro reúne
os prazeres mais duradouros, que encantam o espírito,
como a boa conversação, a contemplação da arte. O
segundo os prazeres mais imediatos, muitos movidos pela
explosão das paixões e que, ao final, podem resultar em dor
e sofrimento.
Para que possamos desfrutar os grandes prazeres do
intelecto precisamos aprender a controlar exagerados da
paixão como medo, a cobiça e a inveja.
Por isso os epicuristas buscavam a ataraxia, isto é, o
estado de ausência da dor, quietude, serenidade e
imperturbabilidade da alma.
5. A morte não é nada para nós
Um dos obstáculos para desfrutar da paz de uma mente tranquila,
Epicuro raciocinou, é o meda morte, intensificado pela crença religiosa
de que, se incorrer na ira dos deuses, você será severamente punido
na vida após a morte. Em vez de agir contra essa medo, propondo um
estado alternativo de imortalidade, Epicuro tentou explicar a natureza
da própria morte.
Ele começou propondo que, quando morremos, não estamos cientes
da morte, já que nossa consciência para de existir quando a vida
cessa. Para explicar isso, Epicuro assumiu a visão de que o universo
inteiro consiste em átomos ou espaços vazios.
Epicuro ponderou que a alma não pode ser um espaço vazio pois ela
opera dinamicamente com o corpo, então, deve ser composta de
átomos.
Ele descreveu esses átomos distribuídos ao redor do corpo, mas tão
frágeis que se dissolvem que se dissolvem quando morremos, e então
não somos capazes de sentir mais nada. Se quando morremos
perdemos a capacidade de sentir as coisas, mental ou fisicamente, é
tolice deixar o medo da morte causar-nos medo enquanto ainda
vivemos.
6. A felicidade segundo o
epicurismo
O objetivo da
vida é a
felicidade
Nossa infelicidade é
causada pelo medo,
e nosso maior medo
é o da morte
Se pudermos
superarmos o
medo da morte,
poderemos ser
felizes
A morte é o fim da
sensação então não
pode ser
fisicamente dolorosa
A morte é o fim
da consciência,
então não pode
ser
emocionalmente
dolorosa
Não há nada o que
temer na morte
7.
8. Uma vida em conformidade
com a natureza: cinismo
A palavra cinismo vem do grego Kynos, que significa “cão”, cínico,
do grego Kynicos, significa como um cão. O termo cínico designa,
assim, a corrente dos filósofos que se propuseram viver como cães
da cidade, sem qualquer propriedade ou conforto.
O ser humano deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar
todos os bens materiais. Por isso, Diógenes de Sínope (413- 327)
– o pensador mais destacado dessa escola é conhecido como o
Sócrates demente, pois questiona os valores e as convenções
sociais e procurava viver estritamente conforme os princípios que
considerava corretos.
Vivendo em uma época em que as conquistas de Alexandre
promoveram o helenismo, mesclando culturas e populações,
Diógenes também tinha apreço pela diferença entre grego e
estrangeiro. Conta-se que, quando perguntaram qual era sua
cidadania teria respondido: “Sou cosmopolita” (palavra de origem
grega que significa “cidadão do mundo”)
9. Ceticismo: sobre a impossibilidade do
julgamento
Uma doutrina é cética quando duvida ou nega a
possibilidade de conhecermos a verdade. Essa de
conhecermos a verdade. Essa interpretação também pode
seguir duas vertentes básicas uma absoluta e outra relativa.
Fundado por Pirro de Eleia (365-270) e tendo em Timon
(320-230) seu primeiro sistematizador, o ceticismo adquiriu
notoriedade com Carnéades (214-129), que o defendeu
dentro da Academia platônica.
O ceticismo se caracteriza como uma escola filosófica que
se posiciona da seguinte forma em relação ao
conhecimento: diante de dois argumentos contrários e
ambivalentes, o melhor que temos a fazer é suspender juízo
e desistir de afirmarmos a verdade ou falsidade de uma ou
outra das teses.
10. Ceticismo absoluto
Muitos consideram o filósofo grego Górgias o fundador do
ceticismo absoluto. Ele defendia as seguintes ideais: o ser
não existe; se existisse, não poderíamos conhecê-lo; e se
pudéssemos conhecê-lo, não poderíamos comunicá-los
aos outros. outros afirmavam ser o filósofo grego Pirro como
o fundador do ceticismo absoluto. Por isso chama-se muitas
vezes o ceticismo de pirronismo.
O ceticismo absoluto despertou muita oposição. Seus
críticos consideram-no uma doutrina radical, estéril e
contraditória. Radical porque nega totalmente a
possibilidade de conhecer. Estéril porque não leva a nada.
Contraditória porque ao dizer que nada é verdadeiro, acaba
afirmando que pelo menos existe algo de verdadeiro, isto é,
o conhecimento de que nada é vedadeiro.
11. Ceticismo relativo
O ceticismo relativo como o próprio nome diz , consiste em
negar apenas parcialmente nossa capacidade de conhecer a
verdade. Ou seja, apresenta uma posição moderada em
relação às possibilidades de conhecimento se comparado ao
ceticismo absoluto. Entre as doutrinas que manifestam um
ceticismo relativo, destacamos as seguintes:
Subjetivismo – considera o conhecimento uma relação
puramente subjetiva e pessoal. O subjetivismo nasce com o
pensamento do grego Protágoras sofista do século V a.C.
Relativismo – entende que não existem verdades absolutas.
Mas apenas verdades relativas, que tem uma validade limitada.
Probabilismo - propõe que nosso conhecimento é incapaz de
atingir a certeza plena, o que podemos alcançar é uma verdade
provável.
Pragmatismo – apresenta uma concepção dos humanos como
seres práticos, ativos, e não apenas como seres pensantes.
12. Zenão de Cicio: o objetivo da vida
é viver de acordo com a natureza
o estoicismo é corrente filosófica de maior influência de seu
tempo. Foi fundada por Zenão de Cicio (326-263) . Os
representantes desta escola, conhecidos como estóicos,
defendiam que toda realidade existente é uma realidade
racional. Todos os seres, os homens e a natureza fazem parte
desta realidade. O que chamamos de Deus nada mais é do
que a fonte dos princípios que regem a realidade.
Integrados á natureza, não existe para o ser humano nenhum
outro lugar para ir ou fugir , além do próprio mundo em que
vivemos. Somos deste mundo e, ao morrer, nos dissolvemos
neste mundo.
Não dispomos de poderes para alterar , substancialmente, a
ordem universal do mundo. Mas pela filosofia podemos
compreender esta ordem universal e viver segundo ela. Assim ,
em vez do prazer dos epicuristas, Zenão propõe o dever da
compreensão como o melhor caminho para a felicidade. Ser
livre é viver segundo nossa própria natureza que, por sua vez,
integra a natureza do mundo.
13. livre-arbítrio
No entanto, Zenão também declarava que o homem recebeu uma
alma racional com a qual exerce o livre-arbítrio. Ninguém é
forçado a perseguir uma vida de bem . Cabe ao indivíduo escolher
pôr de lado as coisas sobre aas quais tem pouco ou nenhum
controle e tornar-se indiferente à dor e ao prazer, á pobreza e á
riqueza. Mas a pessoa que fizesse isso, segundo Zenão,
alcançaria uma vida em harmonia com a natureza em todos os
aspectos, bons ou ruins, vivendo de acordo com as decisões do
supremo legislador.
No plano ético, os estóicos defendiam uma atitude de austeridade
física e moral baseada em virtudes de resistência e ante o
sofrimento, a coragem ante o perigo e a indiferença ante as
riquezas materiais. O ideal perseguido era um estado de plena
serenidade para lidar com os sobressaltos da existência, fundado
na aceitação e compreensão do princípios universais que regem
toda a vida.