2. Os sofistas despontam no cenário grego quando a reflexão
filosófica substitui as questões sobre a natureza e as leis
que regem o cosmos, ocupando-se dos temas pertencentes
aos homens.
As questões políticas, éticas e gnosiológicas constituem os
principais temas da agenda de discussões dos filósofos dos
séculos V e IV a.C.
Ocorre também uma significativa transformação geográfica
e política que estabelece uma nova ordem nas cidades
gregas.
Destaca-se nesse período, a cidade-Estado de Atenas, que
desde o fim da guerra contra os persas, se consolida como
capital intelectual, política e econômica do mundo grego.
3. O aparecimento de uma revolução intelectual que tem no
movimento sofista sua perfeita tradução.
Os sofistas encontram o solo perfeito para propagar suas
ideias e desferir duros golpes contra o pensamento
tradicional sustentado pela religião e pelas cosmologias.
Os deuses já não intervêm em nosso mundo, e de que nós
os verdadeiros responsáveis por construir e preservar os
valores que orientam nossa vida.
Será natural que o homem mais forte, ou seja, aquele que
desenvolve a habilidade para o apropriado emprego das
palavras, prevaleça sobre o mais fraco, e que essa
imposição em nada contrarie a ordem natural do mundo.
4. A democracia ateniense deu-se de forma gradual e contou
com importante participação de grandes nomes da cultura
ocidental como: Sólon (640-560 a.C), Clístenes (615-550
a.C) e Péricles (500-429 a.C)
Foi com Sólon que temos, sob o ponto de vista legal, o
primeiro movimento em direção à experiência democrática
em Atenas.
Introduziu a participação de funcionários públicos nas
discussões realizadas nas assembleias para diminuir a
influência das famílias aristocratas sobre o Estado.
Seu projeto visava impor leis que seriam válidas para
todos os membros das cidades.
Procurou tornar as assembleias um fórum fundamental de
discussões sobre a necessidade de incentivar o comércio.
5. Clístenes dá prosseguimento às reformas iniciadas por
Sólon e consegue vencer as resistências, ultrapassando a
tirania de Pisístrato e removendo as últimas resistências
antidemocráticas.
É correto afirmar que com ele se estabelece propriamente
a pólis ou espaço político onde se constituiria a natureza
do Estado propriamente dito.
Deriva de seu mandato a criação da boulé e da eclésia. A
boulé é o espaço onde o povo pode participar ativamente
da vida pública. A eclésia é a assembleia geral em que as
questões fundamentais, como declaração de guerra,
proposta de declaração de paz.
6. Com Péricles, entre 440 e 404 a.C., é que a pólis
ateniense atinge seu período mais glorioso,
consolidando a democracia.
As tendências que se desenvolviam nos anos
anteriores se consolidam no mandato de
Péricles.
Atenas destaca-se por representação plena de
todo potencial cultural do povo grego. Ao tempo
de Péricles, a tragédia, as artes, as técnicas, a
medicina e a sofistica encontram, em Atenas, o
local apropriado para florescer.
7. Os sofistas por muito tempo ignorados esquecidos
pelos historiadores da filosofia.
Essa indiferença em relação ao movimento sofista
pode ser explicada por motivos de ordem histórica e
razões teóricas.
A maioria das obras produzidas pelos sofistas não
chegou até nossos dias.
São conhecidos os nomes de 26 sofistas que atuaram
entre os anos 460 e 380 a.C.
Temos fragmentos considerados autênticos, de
apenas 3 sofistas. Protágoras (492-422 a.C.), Górgias
(485-380 a.C.) e Antífon falecido por volta de 411 a.C
sua data de nascimento é desconhecido.
8. Dessa forma, boa parte de nosso conhecimento de
nosso conhecimento sobre esses autores provém de
relatos de seus opositores.
Como acontece com duas das figuras mais
importantes da filosofia, Platão e Aristóteles.
A maioria dos historiadores, influenciada pelos
relatos negativos, principalmente de Platão e
Aristóteles, desprezava as contribuições dos sofistas.
Foi só no fim do século XIX que o movimento sofista
começou a ser cuidadosamente estudado, o que
acarretou o abandono dos preconceitos desse
movimento.
9. Livre dos juízos negativos que no passado condenaram o
movimento sofista, os historiadores da filosofia
indagaram: o que significa a palavra sofista?
O termo sofista remete às palavras gregas sophos e
sophia, que são comumente traduzidas como sábio e
sabedoria.
A sabedoria é uma habilidade de fazer determinada
coisa. Sábio é aquele que fazia bem uma determinada
coisa.
Sábio é um perito em uma arte específica, dotado de
uma habilidade própria.
Com o passar do tempo, a palavra sábio vasi se
distanciando da palavra sabedoria.
10. A palavra sábio pode ser usada somente para aquele que
sabe que, que conhece as razões, que domina uma
determinada teoria.
Sabedoria significa o saber como, o saber técnico dependente
de habilidades.
Todos aqueles que se apresentam como mestres e modelos
para o povo merecem o título de sábios.
Os novos sábios do mundo grego, além de escreverem,
também se empenham em ensinar.
Acreditam ser dotados de uma habilidade especial que
deviam a todo custo comunicar.
Os sofistas encontraram muito trabalho em Atenas no século V
a.C, onde, graças ao advento da democracia, a criação das
assembleias surge um lugar apropriado para disseminar suas
técnicas e habilidades para se tornar um bom orador.
11. Os sofistas aparecem como professores capazes de ensinar
a arte de discorrer com propriedade sobre os mais variados
temas.
Persuadindo os interlocutores a aceitar suas opiniões sobre
as questões em debate.
No século de Péricles, sofista significa, portanto, professor
profissional que fornecia instrução aos jovens mediante
pagamento.
Os sofistas não se caracterizam como um movimento
doutrinário , mas por um modo de ensinar.