O documento discute a relação entre liberdade e consciência. Apresenta definições filosóficas de consciência como o conhecimento interno do eu e distingue entre consciência imediata e refletida. Discute visões de Descartes, Espinosa e Nietzsche sobre a consciência. Define liberdade como ausência de coação e capacidade de escolha. Explora perspectivas de filósofos como Leibniz, Descartes e Sartre sobre a liberdade. Conclui que a liberdade e a consciência estão relacionadas, sendo necessária liberdade
2. CONSCIÊNCIA
A consciência é a percepção imediata do sujeito daquilo que se passa,
dentro ou fora dele. É talvez uma das maiores fontes de problemas de toda a
filosofia, por ser ao mesmo tempo o facto mais básico e também o que traz
mais dúvidas quanto ao que na realidade é.
A consciência pode definir-se como o conhecimento que o Homem
possui dos seus próprios pensamentos, sentimentos e atos. Podem-se distinguir
dois tipos de consciência, a consciência imediata e a refletida. A consciência
imediata ou espontânea caracteriza-se por ser a que remete para a existência
do Homem perante si mesmo, no momento em que pensa ou age. A
consciência refletida ou secundária é a capacidade do Homem recuar perante
os seus pensamentos, julgá-los e analisá-los.
A consciência possibilita ao Homem pensar o mundo que o rodeia e é
nela que estão enraizados o sentimento de existência e o pensamento de
morte, por exemplo. A consciência é a essência do ser humano e fonte de
conhecimento e de verdade.
3. CONSCIÊNCIA
De acordo com Descartes, e o seu princípio "penso, logo existo", a
consciência surge como fundamento e modelo de todo o conhecimento.
Através dela sabe-se que se existe e que se é, ou seja, uma coisa pensante, uma
alma separada do corpo.
Para Espinosa, a consciência é a fonte de ilusões. Somos conscientes
dos nossos desejos e representações, facto que torna a consciência um
conhecimento incompleto, que mantém o Homem ignorante das causas que
produzem conhecimento verdadeiro e total. Assim, a consciência não é de
modo algum lugar de conhecimento verdadeiro, mas sim causadora de ilusões,
especialmente da ilusão da liberdade. Existe ainda a consciência moral que é a
consciência que os seres humanos possuem e que os permite distinguir o que
uma ação tem de moralmente prescrita ou proibida.
Segundo Nietzsche, a consciência moral, a voz da consciência, é na
realidade a expressão de sentimentos que não têm nada de moral.
4. LIBERDADE
A liberdade consiste na ausência de qualquer coação externa, na livre
condição do homem que não é escravo ou prisioneiro.
Uma pessoa livre participa ativamente no que quiser e dispõe completamente
da sua pessoa.
Inicialmente, a liberdade foi um estatuto, uma condição social
garantida por um conjunto de direitos e deveres. Esse estatuto era um bem,
que alguns tinham, no caso do amo ou cidadão, e outros não tinham, no caso
dos escravos, que eram considerados utensílios privados de direitos.
Numa perspectiva filosófica, a liberdade é uma característica
individual puramente psicológica e moral, embora, sem a liberdade física, a
liberdade não tenha um carácter objetivo. Os estoicos pensaram a liberdade
meramente interior, sem pensar na sua condição exterior. Aquele que só
depende dele e não conhece o sofrimento real ou a coação, é livre. Ou seja, a
liberdade é vista como o estado ideal do ser humano que atinge a harmonia
através do domínio das paixões.
5. LIBERDADE
Na Filosofia Clássica, com Leibniz e Espinosa, a liberdade é a
independência interior e a capacidade moral de se determinar somente através
da razão.
Para Descartes, a liberdade pode ser dividida em dois tempos: a
liberdade de indiferença, ou o poder de poder escolher e optar entre o bem e o
mal, e a liberdade iluminada e inclinada para o conhecimento do bem. Mas
Deus é a única entidade verdadeiramente livre. Jean Paul Sartre atribui ao
Homem o livre arbítrio, que concebe, ao mesmo tempo, como absoluta
responsabilidade.
Para Rousseau, o poder de autodeterminação é incompatível com a
própria existência de sociedade, já que, se cada um só fizer o que quer, pode
eventualmente ir em oposição ao outro.
Tal como Rousseau, Kant defende que não há liberdade sem lei; a lei limita a
liberdade, mas é condição para a existência da liberdade. A liberdade é, então,
o poder de obedecer à lei moral.
6. LIBERDADE
A capacidade de se fazer o que se quer, sem coação, e o direito de não
se ser coagido a fazer o que não se quer.
Para Malebranche, o Homem é livre, não no sentido de que seja capaz
de produzir alguma coisa, mas no sentido de que é capaz de suspender a ação
divina em si. Desta forma, a vontade, embora seja livre, não é causa produtora.
Para Raymond Aron, a única liberdade fundamental é a de não se ser
impedido de fazer algo. Todas as outras liberdades são direitos.De facto, existe
um desejo humano de alcançar a liberdade, entendida como vontade.
Para Nietzche, "cada qual se considera livre exatamente onde o seu
sentimento de existir é mais forte."
7. LIBERDADE & CONSCIÊNCIA
À capacidade de julgar as suas ações, decidindo, se são corretas ou não,
escolhendo o seu caminho na vida, denomina-se de consciência moral.
A possibilidade que o indivíduo tem de poder escolher o seu caminho na vida
constitui a liberdade.
A liberdade e a consciência estão intimamente relacionadas. Quando não
temos escolha (liberdade) é impossível decidir entre o bem e o mal (consciência
moral). Sendo assim só tem sentido julgar moralmente a ação de uma pessoa
se essa ação for praticada em liberdade.
A partir do momento em que estamos livre de escolher entre esta ou aquela
ação, tornamo-nos responsáveis pelo que praticamos. É
esta responsabilidade que pode ser julgada pela consciência moral do próprio
indivíduo (consciência moral) ou do grupo social (consciência civil).
8. LIBERDADE & CONSCIÊNCIA
Condições necessárias para que se seja moralmente responsável:
• Ter consciência das intenções e das consequências dos seus atos;
• As causas dos atos praticados por o individuo têm que estar nele própria e
não noutro agente que o força a agir contrariando a sua vontade, isto é, agindo
sem ser coagido por outrem.
9. EREM PROFESSOR
TRAJANO DE MENDONÇA
Recife, de 13 novembro de 2012
Elza Kellyne
Ingrid Monalisa
Janaina Reis
Josevânia Silva
Sérgio Francisco