O documento apresenta os principais conceitos do existencialismo de acordo com Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre. Heidegger distingue entre ente e ser, sendo o ente a existência e o ser a essência. Ele analisa a existência humana (Dasein) e conceitos como faticidade, angústia e ser-para-a-morte. Sartre defende que o homem é livre para escolher ser autêntico ou inautêntico com base em como imprime sentido à sua ação.
3. FENÔMENOS OU ESSÊNCIAS
Husserl - Heidegger
• Não são apenas:
As coisas materiais que
percebemos, imaginamos
ou lembramos;
As coisas naturais,
estudadas pelas ciências
da natureza, como
supunha Kant.
• São também:
Coisas puramente ideais
ou idealidades, isto é,
coisas que existem
apenas no pensamento:
como os entes estudados
pela matemática (figuras
geométricas, operações
algébricas etc.) e pela
lógica (universalidade,
necessidade, contradição,
etc.)
4. FENÔMENOS OU ESSÊNCIAS
Husserl - Heidegger
As coisas criadas pela ação e pela prática
humana humanas (técnicas, artes, instituições
sociais, etc.)
Em suma: os resultados da vida e da ação
humana – aquilo que chamamos de cultura –
são fenômenos: significações ou essências que
aparecem à consciência e que são constituídas
pela própria consciência.
5. A fenomenologia é a descrição de todos os
fenômenos, ou eidos ou essências
REGIÕES DO SER
• Ao ampliar o conceito de
fenômeno, Husserl propôs
que a filosofia distinguisse
diferentes tipos de
essências ou fenômenos e
que considerasse cada um
deles como manifestando
um tipo de realidade
diferente, um tipo de ser
diferente.
ONTOLOGIAS REGIONAIS
• Investigação das essências
próprias dos seres ou
desses entes: região
consciência, região
natureza, região
matemática, região arte,
região história, etc.
6. ONTOLOGIA
• Palavra que deriva do
particípio presente do verbo
einai (ser), isto é, de on
(“ente”) e tà onta (“as coisas”,
os “entes”), dos quais vem o
substantivo tò on: “o Ser”.
7. MARTIN HEIDEGGER
ÔNTICO
• Se refere à estrutura e à
essência própria de um
ente, aquilo que ele é em si
mesmo, sua identidade, sua
diferença em face de outros
entes, suas relações com
outros entes.
ONTOLÓGICO
• Se refere ao estudo
filosófico dos entes, à
investigação dos conceitos
que nos permitam conhecer
e determinar pelo
pensamento em que
consistem as modalidades
ônticas, quais os métodos
para seu estudo e quais
categorias se aplicam.
8. ÔNTICO
Diz respeito
aos entes em
sua existência
própria.
ONTOLÓGICO
Diz respeito
aos entes
tomados como
objetos do
conhecimento.
9. • Como existem diferentes esferas ou regiões
ônticas, existirão ontologias regionais que se
ocupam com cada uma delas.
• Na experiência cotidiana, distinguem-se
espontaneamente cinco grandes estruturas
ônticas: os entes materiais ou naturais (coisas
reais), os entes materiais artificiais (coisas
reais) os entes ideais, os entes de valor e os
entes metafísicos.
• Como passamos da experiência ôntica à
investigação ontológica?
10. Como passamos da experiência ôntica à
investigação ontológica?
Quando:
• Aquilo que faz parte da nossa vida cotidiana se torna
problemático, estranho, confuso;
• Somos surpreendidos pelas coisa e pelas pessoas,
porque acontece algo inesperado ou imprevisível;
• Desejamos usar certas coisas e não sabemos como
lidar com elas;
• O significado costumeiro das coisas, das ações, dos
valores ou das pessoas perde sentido ou se mostra
obscuro ou confuso;
• O que nos foi dito, ensinado e transmitido sobre eles já
não nos satisfaz e queremos saber mais e melhor.
11. O QUE É ISSO QUE CHAMAMOS DE:
COISA REAL?
Investigação ontológica
• Frutas, árvores, pedras, rios,
nossa casa, automóveis,
computador, telefone, etc.
Uma coisa é chamada de real
porque pertence a um
conjunto de entes que
possuem em comum a mesma
estrutura ontológica: são entes
que existem fora de nós, estão
no mundo diante de nós, isto
é, são um ser, uma realidade.
• São realidade;
• São entes que duram e
possuem duração: são
temporais;
• Se transformam, são
produzidos pela ação de
outros;
• Ser, realidade, temporalidade
e causalidade são conceitos
que descrevem a essência dos
entes chamados “coisas”.
12. O QUE É ISSO QUE CHAMAMOS DE:
ENTES IDEAIS?
• Ideias gerais, concebidas
pelo pensamento lógico,
matemático, científico e
filosófico: igualdade,
diferença, número, raiz
quadrada, físico, psíquico,
matéria, energi
• Não são coisas reais, são
conceitos e existem apenas
como conceitos;
INVESTIGAÇÃO ONTOLÓGICA
• Não causam uns aos outros
mas podem relacionar-se.
São relacionais, mas não
são regidos pelo conceito
de causalidade;
• Não existem do mesmo
modo que as coisas;
• Idealidade, relação e
atemporalidade são os
conceitos ontológicos para
entes ideais.
13. O QUE É ISSO QUE CHAMAMOS DE:
ENTES QUE SÃO VALORES?
• Podem ser valorizados
positiva ou negativamente:
beleza, feiura, vício, virtude,
raro, comum, justo, injusto.
INVESTIGAÇÃO ONTOLÓGICA
• Os conceitos ontológicos
principais que os descrevem
essencialmente são a
qualidade (um valor pode
ser negativo ou afirmativo)
e a polaridade ou oposição
(os valores sempre se
apresentam como pares de
opostos).
14. O QUE É ISSO QUE CHAMAMOS DE:
ENTES METAFÍSICOS?
• Entes que pertencem a uma realidade
diferente daquela a que pertencem as coisas,
as idealidades e os valores e aos quais damos
o nome de metafísicos: a divindade ou o
absoluto; o infinito e o nada; a morte e a
imortalidade; a identidade e a alteridade; o
mundo como unidade, a relação e
diferenciação de todos os entes ou de todas as
estrutura ônticas, etc.
15. Os entes considerados de acordo com a
perspectiva dos seres humanos quanto à:
ESSÊNCIA
• Todos os entes – naturais,
artificiais, ideais, valores,
metafísicos – são entes
culturais e históricos,
submetidos ao tempo, à
mudança, pois seu sentido
(sua essência) muda com a
cultura.
CATEGORIAS ONTOLÓGICAS
• Ser, realidade, causalidade,
temporalidade, idealidade,
atemporalidade, relação,
diferença, quantidade,
polaridade, oposição, etc.,
permanecem, ainda que
modifiquem seus objetos.
• É a permanência que
interessa à ontologia.
17. REALISMO
IDEALISMO
• Se eliminarmos o
sujeito ou a
consciência, restam
as coisas em si
mesmas, a realidade
verdadeira, o ser em
si.
• Se eliminarmos as
coisas ou o
nôumeno, resta a
consciência ou o
sujeito que, por
meio das operações
do conhecimento,
revela a realidade, o
objeto.
18. Heidegger e Merleau-Ponty afirmam que
as duas posições estão equivocadas:
• Se eliminarmos a
consciência, não sobra
nada, pois as coisas
existem para nós, isto é,
para uma consciência
que as percebe,
imagina, que delas se
lembra, nelas pensa,
que as transforma pelo
trabalho, etc.
• Se eliminarmos as
coisas, também não
resta nada, pois não
podemos viver sem o
mundo nem fora dele;
não somos os criadores
do mundo e sim seus
habitantes.
19. NOVA ONTOLOGIA
• Parte da afirmação de que estamos no mundo e de que
o mundo é mais velho do que nós (isto é, não esperou o
sujeito do conhecimento para existir), mas,
simultaneamente, de que somos capazes de dar
sentido ao mundo, conhecê-lo e transformá-lo.
• Somos seres temporais – nascemos e temos
consciência da morte;
• Somos seres intersubjetivos – vivemos na companhia
dos outros;
• Somos seres culturais – criamos a linguagem, o
trabalho, a sociedade, a religião, a política, a ética, as
artes, as técnicas, a filosofia e as ciências.
20. O QUE É A REALIDADE?
• É a existência do mundo material, natural, ideal,
cultural e a nossa existência nele.
• É o campo formado por seres ou entes
diferenciados e relacionados entre si que
possuem sentido em si mesmos e que também
recebem de nós outros e novos sentidos;
• Não é Objeto-Coisa, sem a consciência. Mas
também, não é o Sujeito-consciência, sem as
coisas e os outros.
21. O QUE ESTUDA A ONTOLOGIA?
• Os entes ou os seres antes que sejam
investigados pelas ciências e depois que se
tornaram enigmáticos para nossa vida cotidiana.
• Os entes ou os seres antes de serem
transformados em conceitos das ciências e depois
que nossa experiência cotidiana sofreu o
espanto, a admiração e o estranhamento de que
eles sejam como nos parecem ser, ou não sejam
o que nos parecem ser.
22. A ontologia estuda as essências antes que sejam fatos da ciência
explicativa e depois que se tornaram estranhas para nós:
• “Vejo esta casa azul”.
• O que é ver, qual é a
essência da visão?
• O que é uma casa ou
qual a essência da
habitação?
• Que é vermelho ou azul
ou qual é a essência da
cor ou o que é cor?
• Que é ver cores?
24. DISTINÇÃO ENTRE ENTE E SER
ENTE
• É a existência, a
manifestação dos
modos de ser.
SER
• É a essência, aquilo
que fundamenta e
ilumina a existência
ou os modos de ser.
25. A partir dessa diferenciação é possível
estabelecer duas fases da filosofia
heideggeriana:
• 1ª) caracterizada pela
busca do conhecimento
do ser por meio da
análise do ente
humano, da existência
humana;
• 2ª) o ente sai do
primeiro plano e o
próprio ser torna-se a
chave para a
compreensão da
existência;
26. DASEIN – SER AÍ, ESTAR AÍ
• Heidegger parte da análise do ser do
homem, dasein, um ser-no-mundo;
ele descreve três etapas que marcam
a existência e que, para a maioria
dos indivíduos, culminam em uma
existência inautêntica:
27. FATICIDADE
1. Fato da existência: o ser humano é “lançado” ao
mundo, sem saber por quê. Ao despertar para a
consciência da vida, já está aí, sem ter pedido para
nascer;
2. Desenvolvimento da existência: o ser humano
estabelece relações com o mundo (ambiente natural
e social historicamente situado). Para existir, projeta
sua vida e procura agir no campo de suas
possibilidades. Move uma busca permanente para
realizar aquilo que ainda não é. Em outras palavras,
existir é construir um projeto
29. • tentando realizar seu projeto, o ser humano
sofre a interferência de uma série de fatores
adversos que o desviam de seu caminho
existencial. Trata-se do confronto do eu com
os outros, confronto no qual o indivíduo
comum é geralmente derrotado.
• O seu eu é destruído, arruinado, dissolve-se
na banalidade do cotidiano, nas preocupações
da massa humana.
• Em vez de tornar-se si-mesmo, torna-se o que
os outros são; assim, o eu é absorvido no
com-o-outro e para-o-outro.
30. A ANGÚSTIA
• É o sentimento profundo que faz o ser
humano despertar da existência inautêntica;
• Ela revela:
o quanto nos dissolvemos em atitudes
impessoais;
o quanto somos absorvidos pela banalidade
do cotidiano;
o quanto anulamos nosso eu para inseri-lo,
alienadamente, no mundo do outro.
32. • Todo ser é um “ser rumo à
morte”, mas apenas os humanos
reconhecem isso. Nossas vidas
são temporais: somente depois
de compreender isso podemos
viver uma vida significativa e
autêntica.
33. • “A angústia, porém, é a disposição que permite
que se mantenha aberta a ameaça absoluta e
insistente de si mesma, que emerge do ser mais
próprio e singular da presença. Na angústia, a
presença dispõe-se frente ao nada da possível
impossibilidade da existência. A angústia se
angustia pelo poder-ser daquele ente assim
determinado, abrindo-lhe a possibilidade mais
extrema. Porque o antecipar simplesmente
singulariza a presença e, nessa singularização,
torna certa a totalidade de seu poder-ser, a
disposição fundamental da angústia pertence ao
compreender de si mesma, própria da presença.”
34. • Do sentido que o ser humano imprime à sua
ação, decorre a autenticidade ou a
inautencidade da sua vida.
• O indivíduo inautêntico é o que se degrada
vivendo de acordo com verdades e normas
dadas; a despersonalização o faz mergulhar no
anonimato, que anula qualquer originalidade.
• Ao contrário, a pessoa autêntica é aquela que
se projeta no tempo, sempre em direção ao
futuro. A existência é o lançar-se contínuo às
possibilidades sempre renovadas.