SlideShare uma empresa Scribd logo
DIAS, Antonio (1944). Nascido em Campina Grande (PB). Autodidata, transferiu-se em 1960
para o Rio de Janeiro, e dois anos mais tarde participava pela primeira vez do Salão Nacional
de Arte Moderna. Praticava então uma pintura de tonalidades cavas, utilizando-se de suportes
em relevo (obtido pela adição de camadas de gesso), e sobre a superfície assim criada traçava
incisões de motivos indígenas. O crítico Walter Zanini, analisando essa primeira fase de sua
carreira, fala pertinentemente na "influência da materialidade de Tapiès" - artista de sua
admiração juvenil. Já no ano seguinte, porém, após ter sido contemplado com medalha de ouro
e prêmio de aquisição em desenho no XX Salão Paranaense de Belas Artes, Dias imprimia
violenta guinada à sua orientação artística, abandonando de vez a pintura em sua conceituação
tradicional e passando a usar o espaço compartimentado à maneira dos comics, distribuindo os
planos em duas superfícies amarradas entre si por canos e tubos. Sua figuração de então
evocava a de artistas como Francis Bacon, Roy Lichtenstein e provavelmente Baj (ainda no
dizer de Zanini), mas em breve o artista chegaria à tipicidade, enveredando então pela fase
personalíssima das vísceras, mundo dilacerado de feridas abertas e de tortura, tão condizente,
de resto, com a trágica realidade político-social por que o Brasil atravessava. É o momento de
sua destacada participação na IV Bienal de Paris (na qual obteve o prêmio de pintura) e na
mostra Opinião 65, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (ambas em 1965), bem como
já nos anos seguintes, nas mostras Opinião 66 (1966, Museu de Arte Moderna do Rio de
Janeiro), Pare! (1966, Galeria G. 4, Rio de Janeiro), Vanguarda Brasileira (Reitoria da
Universidade Federal de Minas Gerais em Belo Horizonte, 1966) e Nova Objetividade Brasileira
(1967, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro). Num depoimento escrito especialmente
para o catálogo da mostra belorizontina de 1966, Antonio Dias traça uma lúcida síntese de sua
evolução artística até então, documento esse válido não apenas em função do seu próprio
trabalho, como, de modo mais amplo, em relação ao trabalho e ao mundo-de-idéias de toda a
sua geração:

- "As feridas, a relação que tenho com a carne maltratada, por exemplo, me acompanham
desde os oito anos. Não sei o que são, se traem um acento sádico ou se são lembranças de
um sofrimento. Poderia tentar uma explicação qualquer, da realidade da carne sob as
aparências, mas não o quero fazer porque não seria verdade. Através da pintura, das minhas
coisas transferidas para o quadro, existe uma atitude profundamente fetichista. Posso notar
isso de uma maneira clara, até mesmo nos elementos que me cercam em minha casa, no meu
ateliê, nas pessoas que escolho para mim.

- Parei de fazer arte no sentido que está nos livros em 1963. Não era possível continuar. Senti
que não era apenas o produto do meu trabalho, mas a própria intenção que era medíocre.
Larguei tudo e parti para conhecer gente da minha idade. Até então só havia andado com
gente mais velha do que eu - era um contido. Meu trabalho durante esta temporada foi
acumular choques. Sentia-me preso e descobri de repente que milhares de jovens lutavam
para a libertação, lutavam para fazer alguma coisa que fosse resultante de suas idéias, de suas
relações com o mundo. Foi a conscientização dessa luta que me fez voltar ao ateliê e tentar,
através do desenho, me situar, isto é, deixar claro para mim mesmo o que eu era.

- Se no início trabalhei desenfreadamente, isso foi por que estivera parado durante muito
tempo, havia verdades acumuladas. Precisei de muita disciplina. Porque fazer um desenho,
uma pintura, é contar a verdade e não se tem verdades para contar a toda hora; mentiras sim,
se tem muitas.

- Hoje trabalho de vez em quando. Não me interessa o ato de pintar em si. Pintar me chateia.
Só pinto por necessidade de dizer. Considero a pintura uma profissão. Mas se quiserem afirmar
a pintura como um trabalho diário, então não sou profissional.

- Os jovens são propósitos em andamento. E se um jovem exerce o cinema ou a pintura, é
quase inevitável que ele pense que através de denúncia conseguirá extirpar os males do
mundo. Estou sempre pensando, por intermédio do meu trabalho, em levar as coisas para a
frente, mas é preciso armar um sistema permanente de crítica contra um otimismo vulgar. As
coisas mudam constantemente e é preciso estar sempre atento, fazer as reformulações no
momento exato. Só assim conseguiremos uma ação efetiva mínima, já que é impossível
controlar todas as coisas do mundo. Se eu conseguir dizer o que penso no meu trabalho, as
pessoas o entenderão. Mas as idéias subvertem dentro de campos paralelos: só posso
subverter aqueles que consomem pinturas. Mesmo assim, se dez pessoas entenderem o que
faço, se apenas dez se aproximarem do meu trabalho e disserem: "Compreendo o que este
cara está dizendo", esta corrente de dez pessoas irá engrossando tremendamente até se diluir
no sentido geral da vida".

Em 1967, quando já era um dos mais importantes artistas de sua geração, e após ter sido tema
- ao lado de Gerchman e de Roberto Magalhães - do curta-metragem Ver e Ouvir, de Antonio
Carlos Fontoura, Antonio Dias transferiu-se para Paris, cidade onde já em 1965 havia efetuado
uma individual e participado da mostra A Figuração Narrativa na Arte Contemporânea.
Também em 1967 expôs, com sucesso, na Galeria Delta, de Rotterdam. No ano seguinte, após
os acontecimentos de Maio de 1968 na capital francesa, o artista brasileiro mudou-se para
Milão, onde tem residido desde então, com periódicas viagens ao Brasil, Colônia e Nova
Iorque, além de curtas escapadas a outras cidades da Europa, para expor. Ao radicar-se
contudo em Milão, a arte de Antonio Dias passou por nova transformação substancial,
substituindo a figuração Pop até então seguida pela tendência conceptualista. Sem abandonar
de todo o gesto de pintar, Dias voltou-se, ali, para novos recursos expressivos, como o vídeo e
a fotografia, e abriu-se a novas tendências, como a arte condizionata, a arte política e a arte
sistêmica, de cujas mostras antológicas em Milão, Karlsruhe e Buenos Aires participou
sucessivamente em 1969, 1970 e 1971. Ao mesmo tempo, em princípios dos anos de 1970 sua
arte passava a questionar a própria arte e se tornava uma reflexão sobre sua essência e
limitações (série The Illustration of Art, Milão e Nova Iorque). Por outro lado, numa viagem ao
Nepal, em 1977, surgiram-lhe os despojados discos desenhados sobre esplêndido papel
artesanal fibroso, objeto de exposições na Europa e no Brasil, em anos subseqüentes.

Figura exponencial da jovem arte brasileira na segunda metade da década de 1960, quando
tocou-lhe desempenhar, no Rio de Janeiro, papel de autêntico chefe de escola, Antonio Dias
insere-se hoje na corrente da arte internacional de vanguarda, e seu espírito inquiridor não pára
de pesquisar novas formas de expressão, novas media, novos universos visuais. A relação de
suas individuais e de sua participação em coletivas e mostras panorâmicas, na Europa, na
América do Norte e no Brasil, é extensa, como são numerosos os museus de arte
contemporânea que conservam originais de sua mão. Em 1994 uma grande retrospectiva de
sua produção, desde 1964, teve lugar no Instituto Mathildenhöhe de Darmstadt, na Alemanha.

                            The american death, vinil s/ tela, 1967;
                       0,97 X 1,90, Pinacoteca do Estado de São Paulo.

                      Nota sobre a morte imprevista, técnica mista, 1965;
                               1,50 X 1,22, coleção particular.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Semana de arte moderna
Semana de arte modernaSemana de arte moderna
Semana de arte moderna
Fabiana Alexandre
 
Arte moderna principais artistas
Arte moderna   principais artistasArte moderna   principais artistas
Arte moderna principais artistas
Fátima Soares
 
Anita malfatti
Anita malfattiAnita malfatti
Anita malfatti
Rednei Pinto
 
Modernismo brasileiro
Modernismo brasileiroModernismo brasileiro
Modernismo brasileiroCEF16
 
Expressionismo e surrealismo no brasil
Expressionismo e surrealismo no brasilExpressionismo e surrealismo no brasil
Expressionismo e surrealismo no brasil
mundica broda
 
Antecedentes E A Semana De Arte Moderna De 1210290778407615 8
Antecedentes E A Semana De Arte Moderna De 1210290778407615 8Antecedentes E A Semana De Arte Moderna De 1210290778407615 8
Antecedentes E A Semana De Arte Moderna De 1210290778407615 8martinsramon
 
Aula 5 Fauvismo Expressionismo Cubismo
Aula 5   Fauvismo Expressionismo CubismoAula 5   Fauvismo Expressionismo Cubismo
Aula 5 Fauvismo Expressionismo Cubismo
Aline Okumura
 
Anita malffati.pptx iris.pptx pronto 2
Anita malffati.pptx iris.pptx pronto 2Anita malffati.pptx iris.pptx pronto 2
Anita malffati.pptx iris.pptx pronto 2Maria José Monteiro
 
Arquitetura moderna e grupo santa helena
Arquitetura moderna e grupo santa helenaArquitetura moderna e grupo santa helena
Arquitetura moderna e grupo santa helena
Fabiana Alexandre
 

Mais procurados (20)

Semana de arte moderna
Semana de arte modernaSemana de arte moderna
Semana de arte moderna
 
Thiago de carvalho caique xavier
Thiago de carvalho   caique xavierThiago de carvalho   caique xavier
Thiago de carvalho caique xavier
 
Luana lima ribeiro
Luana lima ribeiroLuana lima ribeiro
Luana lima ribeiro
 
Arte moderna principais artistas
Arte moderna   principais artistasArte moderna   principais artistas
Arte moderna principais artistas
 
Artes (7)
Artes (7)Artes (7)
Artes (7)
 
Anita malfatti
Anita malfattiAnita malfatti
Anita malfatti
 
Camargo, iberê
Camargo, iberêCamargo, iberê
Camargo, iberê
 
Centro de ensino sâmela
Centro de ensino   sâmelaCentro de ensino   sâmela
Centro de ensino sâmela
 
Dias, cícero
Dias, cíceroDias, cícero
Dias, cícero
 
Modernismo brasileiro
Modernismo brasileiroModernismo brasileiro
Modernismo brasileiro
 
Expressionismo e surrealismo no brasil
Expressionismo e surrealismo no brasilExpressionismo e surrealismo no brasil
Expressionismo e surrealismo no brasil
 
Antecedentes E A Semana De Arte Moderna De 1210290778407615 8
Antecedentes E A Semana De Arte Moderna De 1210290778407615 8Antecedentes E A Semana De Arte Moderna De 1210290778407615 8
Antecedentes E A Semana De Arte Moderna De 1210290778407615 8
 
Artes rafaela camilo
Artes   rafaela camiloArtes   rafaela camilo
Artes rafaela camilo
 
Aula 5 Fauvismo Expressionismo Cubismo
Aula 5   Fauvismo Expressionismo CubismoAula 5   Fauvismo Expressionismo Cubismo
Aula 5 Fauvismo Expressionismo Cubismo
 
Artes (6)
Artes (6)Artes (6)
Artes (6)
 
Centro de ensino milton
Centro de ensino    miltonCentro de ensino    milton
Centro de ensino milton
 
Anita malffati.pptx iris.pptx pronto 2
Anita malffati.pptx iris.pptx pronto 2Anita malffati.pptx iris.pptx pronto 2
Anita malffati.pptx iris.pptx pronto 2
 
Artes (2) weverton
Artes (2) wevertonArtes (2) weverton
Artes (2) weverton
 
Arquitetura moderna e grupo santa helena
Arquitetura moderna e grupo santa helenaArquitetura moderna e grupo santa helena
Arquitetura moderna e grupo santa helena
 
Gerchman, rubens
Gerchman, rubensGerchman, rubens
Gerchman, rubens
 

Destaque

O Desafio Dos Orgânicos
O Desafio Dos OrgânicosO Desafio Dos Orgânicos
O Desafio Dos Orgânicos
Brasil
 
Capital inicial nova série - cd duplo - universal
Capital inicial   nova série - cd duplo - universalCapital inicial   nova série - cd duplo - universal
Capital inicial nova série - cd duplo - universalcoletaneajovem
 
Boletim de carga mensal fevereiro 2011
Boletim de carga mensal fevereiro 2011Boletim de carga mensal fevereiro 2011
Boletim de carga mensal fevereiro 2011
ANACE - Associação Nacional dos Consumidores de Energia.
 
Atividade complementar
Atividade complementarAtividade complementar
Atividade complementardanielalves
 
Cartaz Ivone Nogueira
Cartaz Ivone NogueiraCartaz Ivone Nogueira
Cartaz Ivone Nogueira
EFAG
 
Auto jornal ed 096.indd final baixa
Auto jornal ed 096.indd final baixaAuto jornal ed 096.indd final baixa
Auto jornal ed 096.indd final baixamastermidia
 
Cartaz filme caixa_de_pandora
Cartaz filme caixa_de_pandoraCartaz filme caixa_de_pandora
Cartaz filme caixa_de_pandoraDaniel Guedes
 
Simuladinho Diagnóstico 11
Simuladinho Diagnóstico 11Simuladinho Diagnóstico 11
Simuladinho Diagnóstico 11Prof. Materaldo
 
Passa, passa, passará
Passa, passa, passaráPassa, passa, passará
Passa, passa, passarápragente miuda
 
Pág.crianças 13 11-10
Pág.crianças 13 11-10Pág.crianças 13 11-10
Pág.crianças 13 11-10
mrvpimenta
 
Televigilancia
TelevigilanciaTelevigilancia

Destaque (20)

Moda
ModaModa
Moda
 
O Desafio Dos Orgânicos
O Desafio Dos OrgânicosO Desafio Dos Orgânicos
O Desafio Dos Orgânicos
 
Jc cid0205 cma01-aracnideos7
Jc cid0205 cma01-aracnideos7Jc cid0205 cma01-aracnideos7
Jc cid0205 cma01-aracnideos7
 
Capital inicial nova série - cd duplo - universal
Capital inicial   nova série - cd duplo - universalCapital inicial   nova série - cd duplo - universal
Capital inicial nova série - cd duplo - universal
 
Boletim de carga mensal fevereiro 2011
Boletim de carga mensal fevereiro 2011Boletim de carga mensal fevereiro 2011
Boletim de carga mensal fevereiro 2011
 
Atividade complementar
Atividade complementarAtividade complementar
Atividade complementar
 
Cartaz Ivone Nogueira
Cartaz Ivone NogueiraCartaz Ivone Nogueira
Cartaz Ivone Nogueira
 
Auto jornal ed 096.indd final baixa
Auto jornal ed 096.indd final baixaAuto jornal ed 096.indd final baixa
Auto jornal ed 096.indd final baixa
 
Autoavaliacao sessao 7
Autoavaliacao sessao 7Autoavaliacao sessao 7
Autoavaliacao sessao 7
 
Casa do fcp
Casa do fcpCasa do fcp
Casa do fcp
 
Cartaz filme caixa_de_pandora
Cartaz filme caixa_de_pandoraCartaz filme caixa_de_pandora
Cartaz filme caixa_de_pandora
 
Livro 383
Livro 383Livro 383
Livro 383
 
Simuladinho Diagnóstico 11
Simuladinho Diagnóstico 11Simuladinho Diagnóstico 11
Simuladinho Diagnóstico 11
 
His m07t13b
His m07t13bHis m07t13b
His m07t13b
 
Passa, passa, passará
Passa, passa, passaráPassa, passa, passará
Passa, passa, passará
 
Oficio4
Oficio4Oficio4
Oficio4
 
3 mb
3 mb3 mb
3 mb
 
Pág.crianças 13 11-10
Pág.crianças 13 11-10Pág.crianças 13 11-10
Pág.crianças 13 11-10
 
His m07t13a
His m07t13aHis m07t13a
His m07t13a
 
Televigilancia
TelevigilanciaTelevigilancia
Televigilancia
 

Semelhante a Dias, antonio

Amaral, antonio henrique
Amaral, antonio henriqueAmaral, antonio henrique
Amaral, antonio henriquedeniselugli2
 
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no BrasilGaleria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
Suzy Nobre
 
O modernismo brasileiro
O modernismo brasileiroO modernismo brasileiro
O modernismo brasileiroJunior Onildo
 
Apostila de artes 11 dez 09
Apostila de artes 11 dez 09Apostila de artes 11 dez 09
Apostila de artes 11 dez 09
Kleber Góes
 
4) século xx no brasil- o modernismo- emiliano di cavalcanti
4)  século xx no brasil- o modernismo- emiliano di cavalcanti4)  século xx no brasil- o modernismo- emiliano di cavalcanti
4) século xx no brasil- o modernismo- emiliano di cavalcanti
ArtesElisa
 
Franco, gessiron, dito siron
Franco, gessiron, dito sironFranco, gessiron, dito siron
Franco, gessiron, dito sirondeniselugli2
 
Semana de 22
Semana de 22Semana de 22
Semana de 22
Carlos Elson Cunha
 
Arte contemporanea
Arte contemporaneaArte contemporanea
Arte contemporanea
Cristiane Seibt
 
A arte brasileira no final do império e inicio da república
A arte brasileira no final do império e inicio da repúblicaA arte brasileira no final do império e inicio da república
A arte brasileira no final do império e inicio da repúblicaCéu Barros
 
Posimpressionismo.2 novo
Posimpressionismo.2 novoPosimpressionismo.2 novo
Posimpressionismo.2 novo
CLEBER LUIS DAMACENO
 
Surrealismo
SurrealismoSurrealismo
Surrealismo
Luana Colosio
 
Representação do negro nas artes plásticas
Representação do negro nas artes plásticasRepresentação do negro nas artes plásticas
Representação do negro nas artes plásticasCEF16
 
Vida e Obras Candido Portinari
Vida e Obras Candido PortinariVida e Obras Candido Portinari
Vida e Obras Candido PortinariEriiclles
 

Semelhante a Dias, antonio (20)

Amaral, antonio henrique
Amaral, antonio henriqueAmaral, antonio henrique
Amaral, antonio henrique
 
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no BrasilGaleria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
 
O modernismo brasileiro
O modernismo brasileiroO modernismo brasileiro
O modernismo brasileiro
 
Arte moderna
Arte modernaArte moderna
Arte moderna
 
Oiticica, hélio
Oiticica, hélioOiticica, hélio
Oiticica, hélio
 
Apostila de artes 11 dez 09
Apostila de artes 11 dez 09Apostila de artes 11 dez 09
Apostila de artes 11 dez 09
 
Centro de ensino edison lobão bruno
Centro de ensino edison lobão brunoCentro de ensino edison lobão bruno
Centro de ensino edison lobão bruno
 
Clark, lígia
Clark, lígiaClark, lígia
Clark, lígia
 
4) século xx no brasil- o modernismo- emiliano di cavalcanti
4)  século xx no brasil- o modernismo- emiliano di cavalcanti4)  século xx no brasil- o modernismo- emiliano di cavalcanti
4) século xx no brasil- o modernismo- emiliano di cavalcanti
 
Franco, gessiron, dito siron
Franco, gessiron, dito sironFranco, gessiron, dito siron
Franco, gessiron, dito siron
 
Semana de 22
Semana de 22Semana de 22
Semana de 22
 
Arte contemporanea
Arte contemporaneaArte contemporanea
Arte contemporanea
 
Luana lima ribeiro
Luana lima ribeiroLuana lima ribeiro
Luana lima ribeiro
 
Maiolino 2C15
Maiolino 2C15Maiolino 2C15
Maiolino 2C15
 
A arte brasileira no final do império e inicio da república
A arte brasileira no final do império e inicio da repúblicaA arte brasileira no final do império e inicio da república
A arte brasileira no final do império e inicio da república
 
De fiori, ernesto
De fiori, ernestoDe fiori, ernesto
De fiori, ernesto
 
Posimpressionismo.2 novo
Posimpressionismo.2 novoPosimpressionismo.2 novo
Posimpressionismo.2 novo
 
Surrealismo
SurrealismoSurrealismo
Surrealismo
 
Representação do negro nas artes plásticas
Representação do negro nas artes plásticasRepresentação do negro nas artes plásticas
Representação do negro nas artes plásticas
 
Vida e Obras Candido Portinari
Vida e Obras Candido PortinariVida e Obras Candido Portinari
Vida e Obras Candido Portinari
 

Mais de deniselugli2

Zeferino da costa, joão
Zeferino da costa, joãoZeferino da costa, joão
Zeferino da costa, joãodeniselugli2
 
Weingärtner, pedro
Weingärtner, pedroWeingärtner, pedro
Weingärtner, pedrodeniselugli2
 
Wakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuoWakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuodeniselugli2
 
Vítor meireles de lima
Vítor meireles de limaVítor meireles de lima
Vítor meireles de limadeniselugli2
 
Visconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angeloVisconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angelodeniselugli2
 
Vicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiroVicente do rego monteiro
Vicente do rego monteirodeniselugli2
 
Timóteo da costa, artur
Timóteo da costa, arturTimóteo da costa, artur
Timóteo da costa, arturdeniselugli2
 
Taunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoineTaunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoinedeniselugli2
 
Sigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proençaSigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proençadeniselugli2
 
Serpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreiraSerpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreiradeniselugli2
 
Seelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesSeelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesdeniselugli2
 
Schendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, miraSchendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, miradeniselugli2
 

Mais de deniselugli2 (20)

Zeferino da costa, joão
Zeferino da costa, joãoZeferino da costa, joão
Zeferino da costa, joão
 
Weingärtner, pedro
Weingärtner, pedroWeingärtner, pedro
Weingärtner, pedro
 
Wega nery
Wega neryWega nery
Wega nery
 
Wakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuoWakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuo
 
Volpi, alfredo
Volpi, alfredoVolpi, alfredo
Volpi, alfredo
 
Vítor meireles de lima
Vítor meireles de limaVítor meireles de lima
Vítor meireles de lima
 
Visconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angeloVisconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angelo
 
Vicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiroVicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiro
 
Viaro, guido
Viaro, guidoViaro, guido
Viaro, guido
 
Valentim, rubem
Valentim, rubemValentim, rubem
Valentim, rubem
 
Tozzi, cláudio.
Tozzi, cláudio.Tozzi, cláudio.
Tozzi, cláudio.
 
Timóteo da costa, artur
Timóteo da costa, arturTimóteo da costa, artur
Timóteo da costa, artur
 
Taunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoineTaunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoine
 
Tarsila do amaral
Tarsila do amaralTarsila do amaral
Tarsila do amaral
 
Sigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proençaSigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proença
 
Serpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreiraSerpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreira
 
Segall, lasar
Segall, lasarSegall, lasar
Segall, lasar
 
Seelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesSeelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristides
 
Scliar, carlos
Scliar, carlosScliar, carlos
Scliar, carlos
 
Schendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, miraSchendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, mira
 

Último

Correção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdf
Correção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdfCorreção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdf
Correção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdf
Edilson431302
 
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptxMÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
Martin M Flynn
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTESMAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
estermidiasaldanhada
 
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
cristianofiori1
 
História Do Assaré - Prof. Francisco Leite
História Do Assaré - Prof. Francisco LeiteHistória Do Assaré - Prof. Francisco Leite
História Do Assaré - Prof. Francisco Leite
profesfrancleite
 
curso-de-direito-constitucional-gilmar-mendes.pdf
curso-de-direito-constitucional-gilmar-mendes.pdfcurso-de-direito-constitucional-gilmar-mendes.pdf
curso-de-direito-constitucional-gilmar-mendes.pdf
LeandroTelesRocha2
 
Caça-palavras - ortografia S, SS, X, C e Z
Caça-palavras - ortografia  S, SS, X, C e ZCaça-palavras - ortografia  S, SS, X, C e Z
Caça-palavras - ortografia S, SS, X, C e Z
Mary Alvarenga
 
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e Mateus
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir"  - Jorge e MateusAtividade - Letra da música "Tem Que Sorrir"  - Jorge e Mateus
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e Mateus
Mary Alvarenga
 
UFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manual
UFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manualUFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manual
UFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manual
Manuais Formação
 
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdfAPOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
CarlosEduardoSola
 
Evolução - Teorias evolucionistas - Darwin e Lamarck
Evolução - Teorias evolucionistas - Darwin e LamarckEvolução - Teorias evolucionistas - Darwin e Lamarck
Evolução - Teorias evolucionistas - Darwin e Lamarck
luanakranz
 
Unificação da Itália e a formação da Alemanha
Unificação da Itália e a formação da AlemanhaUnificação da Itália e a formação da Alemanha
Unificação da Itália e a formação da Alemanha
Acrópole - História & Educação
 
Química orgânica e as funções organicas.pptx
Química orgânica e as funções organicas.pptxQuímica orgânica e as funções organicas.pptx
Química orgânica e as funções organicas.pptx
KeilianeOliveira3
 
Acróstico - Reciclar é preciso
Acróstico   -  Reciclar é preciso Acróstico   -  Reciclar é preciso
Acróstico - Reciclar é preciso
Mary Alvarenga
 
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental ISequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Letras Mágicas
 
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Centro Jacques Delors
 
Caderno de Estudo Orientado para Ensino Médio
Caderno de Estudo Orientado para Ensino MédioCaderno de Estudo Orientado para Ensino Médio
Caderno de Estudo Orientado para Ensino Médio
rafaeloliveirafelici
 
curso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdf
curso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdfcurso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdf
curso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdf
LeandroTelesRocha2
 
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
IsabelPereira2010
 

Último (20)

Correção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdf
Correção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdfCorreção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdf
Correção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdf
 
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptxMÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
 
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTESMAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
MAIO LARANJA EU DEFENDO AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
 
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
Atividade-9-8o-ano-HIS-Os-caminhos-ate-a-independencia-do-Brasil-Brasil-Colon...
 
História Do Assaré - Prof. Francisco Leite
História Do Assaré - Prof. Francisco LeiteHistória Do Assaré - Prof. Francisco Leite
História Do Assaré - Prof. Francisco Leite
 
curso-de-direito-constitucional-gilmar-mendes.pdf
curso-de-direito-constitucional-gilmar-mendes.pdfcurso-de-direito-constitucional-gilmar-mendes.pdf
curso-de-direito-constitucional-gilmar-mendes.pdf
 
Caça-palavras - ortografia S, SS, X, C e Z
Caça-palavras - ortografia  S, SS, X, C e ZCaça-palavras - ortografia  S, SS, X, C e Z
Caça-palavras - ortografia S, SS, X, C e Z
 
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e Mateus
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir"  - Jorge e MateusAtividade - Letra da música "Tem Que Sorrir"  - Jorge e Mateus
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e Mateus
 
UFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manual
UFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manualUFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manual
UFCD_8298_Cozinha criativa_índice do manual
 
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdfAPOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
 
Evolução - Teorias evolucionistas - Darwin e Lamarck
Evolução - Teorias evolucionistas - Darwin e LamarckEvolução - Teorias evolucionistas - Darwin e Lamarck
Evolução - Teorias evolucionistas - Darwin e Lamarck
 
Unificação da Itália e a formação da Alemanha
Unificação da Itália e a formação da AlemanhaUnificação da Itália e a formação da Alemanha
Unificação da Itália e a formação da Alemanha
 
Química orgânica e as funções organicas.pptx
Química orgânica e as funções organicas.pptxQuímica orgânica e as funções organicas.pptx
Química orgânica e as funções organicas.pptx
 
Acróstico - Reciclar é preciso
Acróstico   -  Reciclar é preciso Acróstico   -  Reciclar é preciso
Acróstico - Reciclar é preciso
 
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental ISequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
Sequência Didática - Cordel para Ensino Fundamental I
 
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
Eurodeputados Portugueses 2019-2024 (nova atualização)
 
Caderno de Estudo Orientado para Ensino Médio
Caderno de Estudo Orientado para Ensino MédioCaderno de Estudo Orientado para Ensino Médio
Caderno de Estudo Orientado para Ensino Médio
 
curso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdf
curso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdfcurso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdf
curso-de-direito-administrativo-celso-antonio-bandeira-de-mello_compress.pdf
 
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
DeClara n.º 76 MAIO 2024, o jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara de...
 

Dias, antonio

  • 1. DIAS, Antonio (1944). Nascido em Campina Grande (PB). Autodidata, transferiu-se em 1960 para o Rio de Janeiro, e dois anos mais tarde participava pela primeira vez do Salão Nacional de Arte Moderna. Praticava então uma pintura de tonalidades cavas, utilizando-se de suportes em relevo (obtido pela adição de camadas de gesso), e sobre a superfície assim criada traçava incisões de motivos indígenas. O crítico Walter Zanini, analisando essa primeira fase de sua carreira, fala pertinentemente na "influência da materialidade de Tapiès" - artista de sua admiração juvenil. Já no ano seguinte, porém, após ter sido contemplado com medalha de ouro e prêmio de aquisição em desenho no XX Salão Paranaense de Belas Artes, Dias imprimia violenta guinada à sua orientação artística, abandonando de vez a pintura em sua conceituação tradicional e passando a usar o espaço compartimentado à maneira dos comics, distribuindo os planos em duas superfícies amarradas entre si por canos e tubos. Sua figuração de então evocava a de artistas como Francis Bacon, Roy Lichtenstein e provavelmente Baj (ainda no dizer de Zanini), mas em breve o artista chegaria à tipicidade, enveredando então pela fase personalíssima das vísceras, mundo dilacerado de feridas abertas e de tortura, tão condizente, de resto, com a trágica realidade político-social por que o Brasil atravessava. É o momento de sua destacada participação na IV Bienal de Paris (na qual obteve o prêmio de pintura) e na mostra Opinião 65, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (ambas em 1965), bem como já nos anos seguintes, nas mostras Opinião 66 (1966, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro), Pare! (1966, Galeria G. 4, Rio de Janeiro), Vanguarda Brasileira (Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais em Belo Horizonte, 1966) e Nova Objetividade Brasileira (1967, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro). Num depoimento escrito especialmente para o catálogo da mostra belorizontina de 1966, Antonio Dias traça uma lúcida síntese de sua evolução artística até então, documento esse válido não apenas em função do seu próprio trabalho, como, de modo mais amplo, em relação ao trabalho e ao mundo-de-idéias de toda a sua geração: - "As feridas, a relação que tenho com a carne maltratada, por exemplo, me acompanham desde os oito anos. Não sei o que são, se traem um acento sádico ou se são lembranças de um sofrimento. Poderia tentar uma explicação qualquer, da realidade da carne sob as aparências, mas não o quero fazer porque não seria verdade. Através da pintura, das minhas coisas transferidas para o quadro, existe uma atitude profundamente fetichista. Posso notar isso de uma maneira clara, até mesmo nos elementos que me cercam em minha casa, no meu ateliê, nas pessoas que escolho para mim. - Parei de fazer arte no sentido que está nos livros em 1963. Não era possível continuar. Senti que não era apenas o produto do meu trabalho, mas a própria intenção que era medíocre. Larguei tudo e parti para conhecer gente da minha idade. Até então só havia andado com gente mais velha do que eu - era um contido. Meu trabalho durante esta temporada foi acumular choques. Sentia-me preso e descobri de repente que milhares de jovens lutavam para a libertação, lutavam para fazer alguma coisa que fosse resultante de suas idéias, de suas relações com o mundo. Foi a conscientização dessa luta que me fez voltar ao ateliê e tentar, através do desenho, me situar, isto é, deixar claro para mim mesmo o que eu era. - Se no início trabalhei desenfreadamente, isso foi por que estivera parado durante muito tempo, havia verdades acumuladas. Precisei de muita disciplina. Porque fazer um desenho, uma pintura, é contar a verdade e não se tem verdades para contar a toda hora; mentiras sim, se tem muitas. - Hoje trabalho de vez em quando. Não me interessa o ato de pintar em si. Pintar me chateia. Só pinto por necessidade de dizer. Considero a pintura uma profissão. Mas se quiserem afirmar a pintura como um trabalho diário, então não sou profissional. - Os jovens são propósitos em andamento. E se um jovem exerce o cinema ou a pintura, é quase inevitável que ele pense que através de denúncia conseguirá extirpar os males do mundo. Estou sempre pensando, por intermédio do meu trabalho, em levar as coisas para a frente, mas é preciso armar um sistema permanente de crítica contra um otimismo vulgar. As coisas mudam constantemente e é preciso estar sempre atento, fazer as reformulações no momento exato. Só assim conseguiremos uma ação efetiva mínima, já que é impossível controlar todas as coisas do mundo. Se eu conseguir dizer o que penso no meu trabalho, as
  • 2. pessoas o entenderão. Mas as idéias subvertem dentro de campos paralelos: só posso subverter aqueles que consomem pinturas. Mesmo assim, se dez pessoas entenderem o que faço, se apenas dez se aproximarem do meu trabalho e disserem: "Compreendo o que este cara está dizendo", esta corrente de dez pessoas irá engrossando tremendamente até se diluir no sentido geral da vida". Em 1967, quando já era um dos mais importantes artistas de sua geração, e após ter sido tema - ao lado de Gerchman e de Roberto Magalhães - do curta-metragem Ver e Ouvir, de Antonio Carlos Fontoura, Antonio Dias transferiu-se para Paris, cidade onde já em 1965 havia efetuado uma individual e participado da mostra A Figuração Narrativa na Arte Contemporânea. Também em 1967 expôs, com sucesso, na Galeria Delta, de Rotterdam. No ano seguinte, após os acontecimentos de Maio de 1968 na capital francesa, o artista brasileiro mudou-se para Milão, onde tem residido desde então, com periódicas viagens ao Brasil, Colônia e Nova Iorque, além de curtas escapadas a outras cidades da Europa, para expor. Ao radicar-se contudo em Milão, a arte de Antonio Dias passou por nova transformação substancial, substituindo a figuração Pop até então seguida pela tendência conceptualista. Sem abandonar de todo o gesto de pintar, Dias voltou-se, ali, para novos recursos expressivos, como o vídeo e a fotografia, e abriu-se a novas tendências, como a arte condizionata, a arte política e a arte sistêmica, de cujas mostras antológicas em Milão, Karlsruhe e Buenos Aires participou sucessivamente em 1969, 1970 e 1971. Ao mesmo tempo, em princípios dos anos de 1970 sua arte passava a questionar a própria arte e se tornava uma reflexão sobre sua essência e limitações (série The Illustration of Art, Milão e Nova Iorque). Por outro lado, numa viagem ao Nepal, em 1977, surgiram-lhe os despojados discos desenhados sobre esplêndido papel artesanal fibroso, objeto de exposições na Europa e no Brasil, em anos subseqüentes. Figura exponencial da jovem arte brasileira na segunda metade da década de 1960, quando tocou-lhe desempenhar, no Rio de Janeiro, papel de autêntico chefe de escola, Antonio Dias insere-se hoje na corrente da arte internacional de vanguarda, e seu espírito inquiridor não pára de pesquisar novas formas de expressão, novas media, novos universos visuais. A relação de suas individuais e de sua participação em coletivas e mostras panorâmicas, na Europa, na América do Norte e no Brasil, é extensa, como são numerosos os museus de arte contemporânea que conservam originais de sua mão. Em 1994 uma grande retrospectiva de sua produção, desde 1964, teve lugar no Instituto Mathildenhöhe de Darmstadt, na Alemanha. The american death, vinil s/ tela, 1967; 0,97 X 1,90, Pinacoteca do Estado de São Paulo. Nota sobre a morte imprevista, técnica mista, 1965; 1,50 X 1,22, coleção particular.