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TIMÓTEO DA COSTA, Artur (1882-1923). Nascido e falecido no Rio de Janeiro. De origem
humilde, irmão mais moço de João Timóteo da Costa, conheceu muito novo o cenógrafo
italiano Oreste Colliva, com quem passou a trabalhar. Os cinco anos de atividade teatral talvez
expliquem certas singularidades de sua arte, como a dramaticidade, o jogo de luz e sombras,
alguns efeitos espaciais e sobretudo certa improvisação e a agilidade técnica, evidentes por
exemplo no quadro com que ganhou o prêmio de viagem à Europa em 1906 - Antes da Aleluia.

Como tantos dos pintores de seu tempo, Artur Timóteo foi aprendiz na Casa da Moeda do Rio
de Janeiro, então dirigida por Enes de Souza, amigo e protetor dos artistas e descobridor de
vocações, de quem João Timóteo diria a Angione Costa, muitos anos mais tarde:

- Enes de Souza foi no Brasil um verdadeiro mecenas, e muitos artistas só se fizeram tais,
porque tiveram a sorte de encontrá-lo, nos primeiros postos da carreira, quando os golpes
fortes da adversidade podem desviar uma vocação. Essa grande inteligência dirigia a Casa da
Moeda e com os recursos de que dispunha procurava descobrir, nas crianças, nos aprendizes,
nos operários, indícios de inteligência, inclinação por qualquer arte, para cultivá-la, estimulá-la,
desenvolvê-la. Nós, artistas, figurávamos nas folhas de aprendizes e o éramos, de fato,
aplicando uns a sua atividade em desenhos de máquinas, outros em desenhos de moedas e
selos, em tudo que fosse obra útil e pudesse justificar a nossa presença em folha. A Casa da
Moeda era para nós como que um semi-internato. Entrávamos pela manhã, à hora dos demais
empregados da nossa classe, íamos para o trabalho, para as lições dos cursos e, à hora da
aula na Escola de Belas Artes, para lá nos encaminhávamos, regressando ao terminar os
trabalhos, para assinar o ponto de saída. Dirigindo por essa maneira singularmente inteligente
a Casa da Moeda, Enes de Souza fez mais, pelo Brasil, durante a sua direção, que todos os
cumpridores de regulamentos e burocratas que por lá têm passado.

Em 1894, graças à compreensão de Enes de Souza portanto, Artur Timóteo matriculava-se na
Escola Nacional de Belas Artes, estudando nos próximos anos com Daniel Bérard, Zeferino da
Costa, Rodolfo Amoedo e Henrique Bernardelli. Seu primeiro envio ao Salão, em 1905, passou
desapercebido, mas já em 1906 merecia menção de 1º grau, e no ano seguinte, com a
desistência de Eduardo Bevilacqua, a quem fora atribuída pelo júri a viagem à Europa,
conquistava a importante láurea, como já dissemos com a composição Antes da Aleluia.
Gonzaga Duque, comentando tal obra, achou-a "tela movimentada, de muitos agrupamentos e
infelizmente não terminada", reconhecendo no seu jovem autor alguém "talhado para ser um
grande artista". Essa acusação de Gonzaga Duque, de obra não-concluída, leva a crer não
tivesse entendido a novidade do estilo de Artur Timóteo, nervoso e apaixonado, preocupado
apenas com o essencial, e por conseguinte abandonando, como desnecessárias ou
prejudiciais, minúcias de acabamento.

Na Europa, Artur Timóteo fixou-se em Paris, percorrendo mais tarde Itália e Espanha. Chegou
a expor no Salon antes de regressar ao Brasil, logo embarcando novamente para o Velho
Mundo, comissionado pelo governo para decorar, com uma grande equipe de pintores, o
pavilhão do Brasil na Exposição de Turim de 1911.

Continuando a expor no Salão, nele conquistaria pequena e grande medalha de prata (1913 e
1919) e pequena medalha de ouro (1920). Logo em seguida sua personalidade entrou em
rápido processo de desagregação, que culminaria com sua morte, com pouco mais de 40 anos,
no Hospício dos Alienados do Rio de Janeiro, a 5 de outubro de 1923.

Artur Timóteo foi pintor de paisagens e figuras, destacando-se entre essas nus e retratos.
Algumas de suas paisagens impressionam pela textura, pela luminosidade e pela intensidade
do colorido, e motivaram a críticos preconceituosos juízos equivocados, como o de Acquarone
e Queirós Vieira que, em Primores da pintura no Brasil chamam a uma pequena mancha de
1920 de "alucinação de cores e de tintas berrantes". Em Docas do Velho Mercado, também
de 1920, de novo aparece a execução plena de agilidade, combinada ao desenho econômico e
ao corte original, nenhuma importância sendo concedida à anatomia dos minúsculos
personagens, reduzidos a meras manchas de cor. Há, inclusive, algum parentesco entre tal
pintura de Artur Timóteo e aquelas, executadas 15 anos mais tarde no Arsenal de Marinha por
José Pancetti!
Recriminou-se a Artur Timóteo o desenho deficiente e o imperfeito modelado. Virgílio Maurício,
por exemplo, escreveu sobre os nus que o que lhes compensava as berrantes falhas de
desenho e volumetria era o vívido colorido. Desde muito antes, Gonzaga Duque implicara com
o que chamou de desarticulações e deslocamentos de pernas e tronco do personagem da
pintura Livre de Preconceitos. Na verdade, Artur Timóteo, temperamento agitado ao extremo,
nunca pautou sua arte pela cega obediência aos cânones acadêmicos, pouco lhe importando a
fidelidade ao modelo ou a plasticidade de suas figuras. Toda a sua preocupação ia, muito ao
contrário, para a cor e a textura, e através delas, para a expressão. Artista dos maiores do seu
tempo, é significativo que tenha morrido mais ou menos pela mesma época da Semana de Arte
Moderna, ele que certamente foi um autêntico precursor do modernismo no Brasil.

                                Auto-retrato, óleo s/ tela, 1908;
                       0,41 X 0,33, Pinacoteca do Estado de São Paulo.

                                  Cigana, óleo s/ tela, 1910;
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Artur Timóteo da Costa: pintor modernista brasileiro

  • 1. TIMÓTEO DA COSTA, Artur (1882-1923). Nascido e falecido no Rio de Janeiro. De origem humilde, irmão mais moço de João Timóteo da Costa, conheceu muito novo o cenógrafo italiano Oreste Colliva, com quem passou a trabalhar. Os cinco anos de atividade teatral talvez expliquem certas singularidades de sua arte, como a dramaticidade, o jogo de luz e sombras, alguns efeitos espaciais e sobretudo certa improvisação e a agilidade técnica, evidentes por exemplo no quadro com que ganhou o prêmio de viagem à Europa em 1906 - Antes da Aleluia. Como tantos dos pintores de seu tempo, Artur Timóteo foi aprendiz na Casa da Moeda do Rio de Janeiro, então dirigida por Enes de Souza, amigo e protetor dos artistas e descobridor de vocações, de quem João Timóteo diria a Angione Costa, muitos anos mais tarde: - Enes de Souza foi no Brasil um verdadeiro mecenas, e muitos artistas só se fizeram tais, porque tiveram a sorte de encontrá-lo, nos primeiros postos da carreira, quando os golpes fortes da adversidade podem desviar uma vocação. Essa grande inteligência dirigia a Casa da Moeda e com os recursos de que dispunha procurava descobrir, nas crianças, nos aprendizes, nos operários, indícios de inteligência, inclinação por qualquer arte, para cultivá-la, estimulá-la, desenvolvê-la. Nós, artistas, figurávamos nas folhas de aprendizes e o éramos, de fato, aplicando uns a sua atividade em desenhos de máquinas, outros em desenhos de moedas e selos, em tudo que fosse obra útil e pudesse justificar a nossa presença em folha. A Casa da Moeda era para nós como que um semi-internato. Entrávamos pela manhã, à hora dos demais empregados da nossa classe, íamos para o trabalho, para as lições dos cursos e, à hora da aula na Escola de Belas Artes, para lá nos encaminhávamos, regressando ao terminar os trabalhos, para assinar o ponto de saída. Dirigindo por essa maneira singularmente inteligente a Casa da Moeda, Enes de Souza fez mais, pelo Brasil, durante a sua direção, que todos os cumpridores de regulamentos e burocratas que por lá têm passado. Em 1894, graças à compreensão de Enes de Souza portanto, Artur Timóteo matriculava-se na Escola Nacional de Belas Artes, estudando nos próximos anos com Daniel Bérard, Zeferino da Costa, Rodolfo Amoedo e Henrique Bernardelli. Seu primeiro envio ao Salão, em 1905, passou desapercebido, mas já em 1906 merecia menção de 1º grau, e no ano seguinte, com a desistência de Eduardo Bevilacqua, a quem fora atribuída pelo júri a viagem à Europa, conquistava a importante láurea, como já dissemos com a composição Antes da Aleluia. Gonzaga Duque, comentando tal obra, achou-a "tela movimentada, de muitos agrupamentos e infelizmente não terminada", reconhecendo no seu jovem autor alguém "talhado para ser um grande artista". Essa acusação de Gonzaga Duque, de obra não-concluída, leva a crer não tivesse entendido a novidade do estilo de Artur Timóteo, nervoso e apaixonado, preocupado apenas com o essencial, e por conseguinte abandonando, como desnecessárias ou prejudiciais, minúcias de acabamento. Na Europa, Artur Timóteo fixou-se em Paris, percorrendo mais tarde Itália e Espanha. Chegou a expor no Salon antes de regressar ao Brasil, logo embarcando novamente para o Velho Mundo, comissionado pelo governo para decorar, com uma grande equipe de pintores, o pavilhão do Brasil na Exposição de Turim de 1911. Continuando a expor no Salão, nele conquistaria pequena e grande medalha de prata (1913 e 1919) e pequena medalha de ouro (1920). Logo em seguida sua personalidade entrou em rápido processo de desagregação, que culminaria com sua morte, com pouco mais de 40 anos, no Hospício dos Alienados do Rio de Janeiro, a 5 de outubro de 1923. Artur Timóteo foi pintor de paisagens e figuras, destacando-se entre essas nus e retratos. Algumas de suas paisagens impressionam pela textura, pela luminosidade e pela intensidade do colorido, e motivaram a críticos preconceituosos juízos equivocados, como o de Acquarone e Queirós Vieira que, em Primores da pintura no Brasil chamam a uma pequena mancha de 1920 de "alucinação de cores e de tintas berrantes". Em Docas do Velho Mercado, também de 1920, de novo aparece a execução plena de agilidade, combinada ao desenho econômico e ao corte original, nenhuma importância sendo concedida à anatomia dos minúsculos personagens, reduzidos a meras manchas de cor. Há, inclusive, algum parentesco entre tal pintura de Artur Timóteo e aquelas, executadas 15 anos mais tarde no Arsenal de Marinha por José Pancetti!
  • 2. Recriminou-se a Artur Timóteo o desenho deficiente e o imperfeito modelado. Virgílio Maurício, por exemplo, escreveu sobre os nus que o que lhes compensava as berrantes falhas de desenho e volumetria era o vívido colorido. Desde muito antes, Gonzaga Duque implicara com o que chamou de desarticulações e deslocamentos de pernas e tronco do personagem da pintura Livre de Preconceitos. Na verdade, Artur Timóteo, temperamento agitado ao extremo, nunca pautou sua arte pela cega obediência aos cânones acadêmicos, pouco lhe importando a fidelidade ao modelo ou a plasticidade de suas figuras. Toda a sua preocupação ia, muito ao contrário, para a cor e a textura, e através delas, para a expressão. Artista dos maiores do seu tempo, é significativo que tenha morrido mais ou menos pela mesma época da Semana de Arte Moderna, ele que certamente foi um autêntico precursor do modernismo no Brasil. Auto-retrato, óleo s/ tela, 1908; 0,41 X 0,33, Pinacoteca do Estado de São Paulo. Cigana, óleo s/ tela, 1910; 0,55 X 0,38, Pinacoteca do Estado de São Paulo.