SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
CAMARGO, Iberê (1914-1994). Nascido em Restinga Seca (RS) e falecido em Porto Alegre.
Pintor, desenhista e gravador, um dos mais importantes artistas brasileiros do século. Iniciou
seus estudos na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria com Salvador Parlagreco e
Frederico Loebe, em seguida freqüentando em Porto Alegre o curso técnico de arquitetura do
Instituto de Belas Artes (1936-1939), ao mesmo tempo em que tomava aulas de pintura com
João Fahrion. Realizou sua primeira individual em 1942, em Porto Alegre, nesse mesmo ano
transferindo-se ao Rio de Janeiro com bolsa de seu Estado natal afim de se aperfeiçoar em
pintura. Na capital cursou por muito pouco tempo a Escola Nacional de Belas Artes, mas não
se adaptando à orientação acadêmica ali vigente trocou-a pelos ensinamentos de Guignard,
ministrados durante apenas dois meses em dependências do prédio da União Nacional dos
Estudantes à Praia do Flamengo para um grupo de cerca de 30 alunos.

- Cheguei ao Rio em agosto de 1942. E trazia comigo uma grande vontade de aprender.
Através do casal Augusto Meyer conheci Portinari e Lelio Landucci, a quem me liguei
fraternalmente. Landucci, sensível e inteligente, sabia ver e ensinar a ver. Após uma rápida
passagem pela Escola Nacional de Belas Artes, tornei-me aluno de Guignard. A sua obra teve
breve influência sobre o meu trabalho, mas marcou-me para sempre a pureza do seu espírito.

Em 1943 Iberê fundou com Geza Heller e Elisa Byington o Grupo Guignard, um ateliê coletivo
que funcionava num prédio da Rua Marquês de Abrantes, em Botafogo, onde antes existira a
gafieira Flor do Abacate, o que levou o poeta Manuel Bandeira a batizar o grupo de Nova Flor
do Abacate. Guignard se incumbia das aulas de desenho e pintura, e segundo Iberê "impunha
o uso do lápis duro, duríssimo, o que deixava sulcos no papel como se tivessem sido feitos por
um prego".

Dessa mesma época datam seus primeiros ensaios com a gravura em metal, sob a orientação
de Hans Steiner e do próprio Guignard. Recebendo em 1947, pela Divisão Moderna do Salão
Nacional de Belas Artes, o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, estuda em 1948 em Roma com
De Chirico, Achille, Rosa e Petrucci, e em 1949 em Paris com André Lhote, retornando em
1950 ao Brasil. Em 1953 torna-se professor de gravura no Instituto de Belas Artes do Rio de
Janeiro, lecionando mais tarde essa técnica em seu próprio ateliê ou em permanências mais ou
menos longas em Porto Alegre e outras cidades, inclusive do Exterior.

Tendo participado das I, V, VI, VII, XI, XV e XVIII Bienais de São Paulo (Prêmio de Melhor
Pintor Nacional na VI Bienal, em 1961, salas especiais de pinturas, gravuras e desenhos na VII
Bienal, em 1963, e na XI Bienal, em 1971), Iberê tomou parte também em 1961 da Bienal de
Tóquio (voltando a fazê-lo em 1968) e em 1962 da Bienal de Veneza, além de ter realizado
uma retrospectiva no MAM-RJ. Sempre em 1962 pintou por encomenda da Companhia de
Navegação Costeira dois grandes painéis para os navios "Princesa Isabel" e "Princesa
Leopoldina", do mesmo modo como em 1966 seria o autor do grande painel oferecido pelo
Brasil para figurar na sede da Organização Mundial da Saúde em Genebra, na Suíça. O artista
realizou inúmeras individuais, em cidades como Porto Alegre, Santa Maria, Rio de Janeiro, São
Paulo, Curitiba, Niterói, Montevidéu, Paris, Londres e Washington, destacando-se as
retrospectivas de 1979 no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (desenhos), repetida em 1980
no Museu Guido Viaro de Curitiba, a exposição comemorativa dos 70 anos do artista, que
itinerou em 1984 por Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, a retrospectiva de 1990 no
Espaço Cultural Banco Francês e Brasileiro em Porto Alegre (gravuras), repetida em 1991 no
Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e a grande retrospectiva de 1994 no Centro
Cultural Banco do Brasil, também no Rio de Janeiro. Quanto a coletivas nas quais marcou
presença, além das já citadas, mencionem-se ainda, por sua importância, a Bienal do México
(1958), a Exposição Internacional de Gravura de 1971 na Iugoslávia, a X Quadriennale
Nazionale d’Arte di Roma (1977), Entre a Mancha e a Figura no MAM-RJ (1982),
Expressionismo no Brasil: Heranças e Afinidades (XVIII Bienal de São Paulo, 1984),
Modernidade - Arte Brasileira do Séc. XX (1988, MAM de Paris e MAM-SP), Mário Pedrosa:
Arte, Revolução e Reflexão (1991, Centro Cultural Banco do Brasil, RJ), Bienal Brasil Século
XX (1994, São Paulo) e Grito (1997, Museu Nacional de Belas Artes).

Estilisticamente Iberê Camargo foi de início figurativista, trabalhando a paisagem, a figura
humana e a natureza-morta em obediência a uma concepção naturalista-expressionista que
tinha na cor sua principal característica. Por sua obra perpassaram então diversas influências,
de Portinari aos mexicanos e de Guignard a Picasso. Típica dessa sua fase inicial é a Vista da
Lapa, do Museu Nacional de Belas Artes, com que ganhou o prêmio de viagem ao estrangeiro
do Salão de 1947: lírica, mas ao mesmo tempo vigorosa, executada em pinceladas
encrespadas e num vívido colorido. Despojando-se gradativamente pelos próximos anos, Iberê
permaneceu fiel à representação das formas e cores naturais até 1959, época em que deu
início a série dos Carretéis, na qual ainda permanecem as referências ao mundo objetivo, só
que diluídas em denso colorido e truculenta matéria. Em princípios da década de 1960 o pintor
abraçou conscientemente o não-figurativismo, do qual seria um dos principais senão o principal
representante no Brasil, e do qual não se afastaria mesmo depois que a tendência deixou de
seduzir nossos artistas. Em anos posteriores deu-se em sua pintura como que uma explosão
da cor a partir dos fundos negros em que geralmente se resolvia, embora a opulenta textura
permanecesse como característica principal de seus quadros. Como ele próprio explicou, em
entrevista a Walmir Ayala, "por uma necessidade quase táctil minha pintura é pastosa. Não se
creia, entretanto, que emprego relevos ou texturas preestabelecidas, como fazem alguns
pintores. A espessura resulta da superposição de camadas que coloco no afã de encontrar a
cor ou o tom exato".

 Na década de 1980, após o dramático episódio em que o artista se envolveu num lamentável
  incidente de rua no Rio de Janeiro, sua arte instintitivamente retomou o figurativismo, assim
    permanecendo até seus últimos anos. As figuras humanas que a partir de então pinta ou
desenha saem-lhe esquálidas, trágicas como a humanidade espectral de Giacometti, banhadas
numa atmosfera de infinita solidão e desesperança. Nesses momentos finais o homem corroído
pelo sofrimento se purifica, enquanto o artista atinge a plenitude de sua arte para se tornar uma
                   das expressões mais altas da moderna pintura brasileira.

                            Conjunto de carretéis, água-tinta, 1960;
                     0,30 X 0,50, Museu de Arte Contemporânea da USP.

                                Os carretéis, água-forte, 1960;
                            0,13 X 0,18, Museus Castro Maya, RJ.

                                Os carretéis, água-forte, 1960;
                            0,13 X 0,18, Museus Castro Maya, RJ.

                                  Ciclistas, água-forte, 1922;
                            0,20 X 0,15, Museus Castro Maya, RJ.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (20)

Mabe, manabu
Mabe, manabuMabe, manabu
Mabe, manabu
 
Centro de ensino edison lobão1
Centro de ensino edison lobão1Centro de ensino edison lobão1
Centro de ensino edison lobão1
 
Século xix na europa (II)
Século xix na europa (II)Século xix na europa (II)
Século xix na europa (II)
 
Thiago de carvalho caique xavier
Thiago de carvalho   caique xavierThiago de carvalho   caique xavier
Thiago de carvalho caique xavier
 
Arte moderna brasileira
Arte moderna brasileiraArte moderna brasileira
Arte moderna brasileira
 
9o. ano os ismos da arte moderna- Os Impressionistas: monet- renoir- degas)...
9o. ano  os ismos da arte moderna-  Os Impressionistas: monet- renoir- degas)...9o. ano  os ismos da arte moderna-  Os Impressionistas: monet- renoir- degas)...
9o. ano os ismos da arte moderna- Os Impressionistas: monet- renoir- degas)...
 
Centro de ensino sâmela
Centro de ensino   sâmelaCentro de ensino   sâmela
Centro de ensino sâmela
 
Artes (7)
Artes (7)Artes (7)
Artes (7)
 
Luana lima ribeiro
Luana lima ribeiroLuana lima ribeiro
Luana lima ribeiro
 
Centro de ensino milton
Centro de ensino    miltonCentro de ensino    milton
Centro de ensino milton
 
História da Arte: O ambiente modernista
História da Arte: O ambiente modernistaHistória da Arte: O ambiente modernista
História da Arte: O ambiente modernista
 
Século XIX no brasil (II)
Século XIX no brasil (II)Século XIX no brasil (II)
Século XIX no brasil (II)
 
Tarsila do amaral pintora de sua terra e de seu tempo
Tarsila do amaral  pintora de sua terra e de seu tempoTarsila do amaral  pintora de sua terra e de seu tempo
Tarsila do amaral pintora de sua terra e de seu tempo
 
Viaro, guido
Viaro, guidoViaro, guido
Viaro, guido
 
A gravura no rio grande do sul
A gravura no rio grande do sulA gravura no rio grande do sul
A gravura no rio grande do sul
 
Artes rafaela camilo
Artes   rafaela camiloArtes   rafaela camilo
Artes rafaela camilo
 
Arte contemporânea
Arte contemporâneaArte contemporânea
Arte contemporânea
 
Semana de arte moderna
Semana de arte modernaSemana de arte moderna
Semana de arte moderna
 
Artes (6)
Artes (6)Artes (6)
Artes (6)
 
Carybé
CarybéCarybé
Carybé
 

Destaque

Ficha de trabalho nº1 (jessica)
Ficha de trabalho nº1 (jessica)Ficha de trabalho nº1 (jessica)
Ficha de trabalho nº1 (jessica)Dulca
 
Taunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoineTaunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoinedeniselugli2
 
Prazo pagamento
Prazo pagamentoPrazo pagamento
Prazo pagamentoEu Tu
 
Essa é nossa escola edição 57
Essa é nossa escola edição 57Essa é nossa escola edição 57
Essa é nossa escola edição 57luciamaral
 
Est10 2a campaña de fumigación
Est10   2a campaña de fumigaciónEst10   2a campaña de fumigación
Est10 2a campaña de fumigaciónemmstone
 
O tempo escasseia
O tempo escasseia O tempo escasseia
O tempo escasseia Mowe Kuss
 
Problemas do sapateiro e os anões pares e impares
Problemas do sapateiro e os anões   pares e imparesProblemas do sapateiro e os anões   pares e impares
Problemas do sapateiro e os anões pares e imparesFernanda Ferreira
 
Homologação de diploma de nível superior tradução juramentada
Homologação de diploma de nível superior    tradução juramentadaHomologação de diploma de nível superior    tradução juramentada
Homologação de diploma de nível superior tradução juramentadajuramentado05
 
Diana rojas eje4_actividad 1. lectura y escrituras exploratoria
Diana rojas eje4_actividad 1. lectura y escrituras exploratoriaDiana rojas eje4_actividad 1. lectura y escrituras exploratoria
Diana rojas eje4_actividad 1. lectura y escrituras exploratoriaDiana Rojas
 
Essa é nossa escola edição 52
Essa é nossa escola edição 52Essa é nossa escola edição 52
Essa é nossa escola edição 52luciamaral
 
Planejamento e Atitude
Planejamento e AtitudePlanejamento e Atitude
Planejamento e AtitudeMarcos Luthero
 
Homologação de diplomas estrangeiros
Homologação de diplomas estrangeirosHomologação de diplomas estrangeiros
Homologação de diplomas estrangeirosjuramentado05
 

Destaque (20)

Ficha de trabalho nº1 (jessica)
Ficha de trabalho nº1 (jessica)Ficha de trabalho nº1 (jessica)
Ficha de trabalho nº1 (jessica)
 
Taunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoineTaunay, nicolas antoine
Taunay, nicolas antoine
 
Integração SAP
Integração SAPIntegração SAP
Integração SAP
 
Esgrima
EsgrimaEsgrima
Esgrima
 
Prazo pagamento
Prazo pagamentoPrazo pagamento
Prazo pagamento
 
Primeira tarefa 27-10
Primeira tarefa 27-10Primeira tarefa 27-10
Primeira tarefa 27-10
 
Essa é nossa escola edição 57
Essa é nossa escola edição 57Essa é nossa escola edição 57
Essa é nossa escola edição 57
 
Est10 2a campaña de fumigación
Est10   2a campaña de fumigaciónEst10   2a campaña de fumigación
Est10 2a campaña de fumigación
 
Cartaz Manhã triste
Cartaz Manhã tristeCartaz Manhã triste
Cartaz Manhã triste
 
12
1212
12
 
O tempo escasseia
O tempo escasseia O tempo escasseia
O tempo escasseia
 
Problemas do sapateiro e os anões pares e impares
Problemas do sapateiro e os anões   pares e imparesProblemas do sapateiro e os anões   pares e impares
Problemas do sapateiro e os anões pares e impares
 
Homologação de diploma de nível superior tradução juramentada
Homologação de diploma de nível superior    tradução juramentadaHomologação de diploma de nível superior    tradução juramentada
Homologação de diploma de nível superior tradução juramentada
 
Oficio convocao
Oficio convocaoOficio convocao
Oficio convocao
 
Abertura1
Abertura1Abertura1
Abertura1
 
Diana rojas eje4_actividad 1. lectura y escrituras exploratoria
Diana rojas eje4_actividad 1. lectura y escrituras exploratoriaDiana rojas eje4_actividad 1. lectura y escrituras exploratoria
Diana rojas eje4_actividad 1. lectura y escrituras exploratoria
 
Essa é nossa escola edição 52
Essa é nossa escola edição 52Essa é nossa escola edição 52
Essa é nossa escola edição 52
 
13 nov 2014 palabras teillier
13 nov 2014 palabras teillier13 nov 2014 palabras teillier
13 nov 2014 palabras teillier
 
Planejamento e Atitude
Planejamento e AtitudePlanejamento e Atitude
Planejamento e Atitude
 
Homologação de diplomas estrangeiros
Homologação de diplomas estrangeirosHomologação de diplomas estrangeiros
Homologação de diplomas estrangeiros
 

Semelhante a Camargo, iberê

Semelhante a Camargo, iberê (20)

Scliar, carlos
Scliar, carlosScliar, carlos
Scliar, carlos
 
Artistas imp
Artistas impArtistas imp
Artistas imp
 
O modernismo brasileiro
O modernismo brasileiroO modernismo brasileiro
O modernismo brasileiro
 
Gerchman, rubens
Gerchman, rubensGerchman, rubens
Gerchman, rubens
 
Século xix no brasil a modernização da arte
Século xix no brasil  a modernização da arteSéculo xix no brasil  a modernização da arte
Século xix no brasil a modernização da arte
 
Semana de 22
Semana de 22Semana de 22
Semana de 22
 
Costa, waldemar da
Costa, waldemar daCosta, waldemar da
Costa, waldemar da
 
Modernismo
ModernismoModernismo
Modernismo
 
Dacosta, milton
Dacosta, miltonDacosta, milton
Dacosta, milton
 
Di calvacante
Di calvacanteDi calvacante
Di calvacante
 
Modernismo Modernismo
Modernismo   ModernismoModernismo   Modernismo
Modernismo Modernismo
 
Dias, cícero
Dias, cíceroDias, cícero
Dias, cícero
 
Clark, lígia
Clark, lígiaClark, lígia
Clark, lígia
 
Arte moderna
Arte modernaArte moderna
Arte moderna
 
Dias, antonio
Dias, antonioDias, antonio
Dias, antonio
 
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no BrasilGaleria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
Galeria de Arte - Expressionismo e Surrealismo no Brasil
 
Modernismo 8ºano
Modernismo 8ºanoModernismo 8ºano
Modernismo 8ºano
 
Vicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiroVicente do rego monteiro
Vicente do rego monteiro
 
Aula 3 ef - artes
Aula 3   ef - artesAula 3   ef - artes
Aula 3 ef - artes
 
Expressionismo e surrealismo no brasil
Expressionismo e surrealismo no brasilExpressionismo e surrealismo no brasil
Expressionismo e surrealismo no brasil
 

Mais de deniselugli2

Zeferino da costa, joão
Zeferino da costa, joãoZeferino da costa, joão
Zeferino da costa, joãodeniselugli2
 
Weingärtner, pedro
Weingärtner, pedroWeingärtner, pedro
Weingärtner, pedrodeniselugli2
 
Wakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuoWakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuodeniselugli2
 
Vítor meireles de lima
Vítor meireles de limaVítor meireles de lima
Vítor meireles de limadeniselugli2
 
Visconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angeloVisconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angelodeniselugli2
 
Timóteo da costa, artur
Timóteo da costa, arturTimóteo da costa, artur
Timóteo da costa, arturdeniselugli2
 
Sigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proençaSigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proençadeniselugli2
 
Serpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreiraSerpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreiradeniselugli2
 
Seelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesSeelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesdeniselugli2
 
Schendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, miraSchendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, miradeniselugli2
 
Rugendas, johann moritz
Rugendas, johann moritzRugendas, johann moritz
Rugendas, johann moritzdeniselugli2
 

Mais de deniselugli2 (20)

Zeferino da costa, joão
Zeferino da costa, joãoZeferino da costa, joão
Zeferino da costa, joão
 
Weingärtner, pedro
Weingärtner, pedroWeingärtner, pedro
Weingärtner, pedro
 
Wega nery
Wega neryWega nery
Wega nery
 
Wakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuoWakabayashi, kazuo
Wakabayashi, kazuo
 
Volpi, alfredo
Volpi, alfredoVolpi, alfredo
Volpi, alfredo
 
Vítor meireles de lima
Vítor meireles de limaVítor meireles de lima
Vítor meireles de lima
 
Visconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angeloVisconti, eliseu d'angelo
Visconti, eliseu d'angelo
 
Valentim, rubem
Valentim, rubemValentim, rubem
Valentim, rubem
 
Tozzi, cláudio.
Tozzi, cláudio.Tozzi, cláudio.
Tozzi, cláudio.
 
Timóteo da costa, artur
Timóteo da costa, arturTimóteo da costa, artur
Timóteo da costa, artur
 
Tarsila do amaral
Tarsila do amaralTarsila do amaral
Tarsila do amaral
 
Sigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proençaSigaud, eugênio de proença
Sigaud, eugênio de proença
 
Serpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreiraSerpa, ivan ferreira
Serpa, ivan ferreira
 
Segall, lasar
Segall, lasarSegall, lasar
Segall, lasar
 
Seelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristidesSeelinger, helios aristides
Seelinger, helios aristides
 
Schendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, miraSchendel hergesheimer, mira
Schendel hergesheimer, mira
 
Samico, gilvan
Samico, gilvanSamico, gilvan
Samico, gilvan
 
Sacilotto, luís
Sacilotto, luísSacilotto, luís
Sacilotto, luís
 
Rugendas, johann moritz
Rugendas, johann moritzRugendas, johann moritz
Rugendas, johann moritz
 
Rodrigues, glauco
Rodrigues, glaucoRodrigues, glauco
Rodrigues, glauco
 

Último

COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfManuais Formação
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptxthaisamaral9365923
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxRonys4
 

Último (20)

XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdfCD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
CD_B3_C_ Criar e editar conteúdos digitais em diferentes formatos_índice.pdf
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
 

Camargo, iberê

  • 1. CAMARGO, Iberê (1914-1994). Nascido em Restinga Seca (RS) e falecido em Porto Alegre. Pintor, desenhista e gravador, um dos mais importantes artistas brasileiros do século. Iniciou seus estudos na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria com Salvador Parlagreco e Frederico Loebe, em seguida freqüentando em Porto Alegre o curso técnico de arquitetura do Instituto de Belas Artes (1936-1939), ao mesmo tempo em que tomava aulas de pintura com João Fahrion. Realizou sua primeira individual em 1942, em Porto Alegre, nesse mesmo ano transferindo-se ao Rio de Janeiro com bolsa de seu Estado natal afim de se aperfeiçoar em pintura. Na capital cursou por muito pouco tempo a Escola Nacional de Belas Artes, mas não se adaptando à orientação acadêmica ali vigente trocou-a pelos ensinamentos de Guignard, ministrados durante apenas dois meses em dependências do prédio da União Nacional dos Estudantes à Praia do Flamengo para um grupo de cerca de 30 alunos. - Cheguei ao Rio em agosto de 1942. E trazia comigo uma grande vontade de aprender. Através do casal Augusto Meyer conheci Portinari e Lelio Landucci, a quem me liguei fraternalmente. Landucci, sensível e inteligente, sabia ver e ensinar a ver. Após uma rápida passagem pela Escola Nacional de Belas Artes, tornei-me aluno de Guignard. A sua obra teve breve influência sobre o meu trabalho, mas marcou-me para sempre a pureza do seu espírito. Em 1943 Iberê fundou com Geza Heller e Elisa Byington o Grupo Guignard, um ateliê coletivo que funcionava num prédio da Rua Marquês de Abrantes, em Botafogo, onde antes existira a gafieira Flor do Abacate, o que levou o poeta Manuel Bandeira a batizar o grupo de Nova Flor do Abacate. Guignard se incumbia das aulas de desenho e pintura, e segundo Iberê "impunha o uso do lápis duro, duríssimo, o que deixava sulcos no papel como se tivessem sido feitos por um prego". Dessa mesma época datam seus primeiros ensaios com a gravura em metal, sob a orientação de Hans Steiner e do próprio Guignard. Recebendo em 1947, pela Divisão Moderna do Salão Nacional de Belas Artes, o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, estuda em 1948 em Roma com De Chirico, Achille, Rosa e Petrucci, e em 1949 em Paris com André Lhote, retornando em 1950 ao Brasil. Em 1953 torna-se professor de gravura no Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro, lecionando mais tarde essa técnica em seu próprio ateliê ou em permanências mais ou menos longas em Porto Alegre e outras cidades, inclusive do Exterior. Tendo participado das I, V, VI, VII, XI, XV e XVIII Bienais de São Paulo (Prêmio de Melhor Pintor Nacional na VI Bienal, em 1961, salas especiais de pinturas, gravuras e desenhos na VII Bienal, em 1963, e na XI Bienal, em 1971), Iberê tomou parte também em 1961 da Bienal de Tóquio (voltando a fazê-lo em 1968) e em 1962 da Bienal de Veneza, além de ter realizado uma retrospectiva no MAM-RJ. Sempre em 1962 pintou por encomenda da Companhia de Navegação Costeira dois grandes painéis para os navios "Princesa Isabel" e "Princesa Leopoldina", do mesmo modo como em 1966 seria o autor do grande painel oferecido pelo Brasil para figurar na sede da Organização Mundial da Saúde em Genebra, na Suíça. O artista realizou inúmeras individuais, em cidades como Porto Alegre, Santa Maria, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Niterói, Montevidéu, Paris, Londres e Washington, destacando-se as retrospectivas de 1979 no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (desenhos), repetida em 1980 no Museu Guido Viaro de Curitiba, a exposição comemorativa dos 70 anos do artista, que itinerou em 1984 por Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, a retrospectiva de 1990 no Espaço Cultural Banco Francês e Brasileiro em Porto Alegre (gravuras), repetida em 1991 no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e a grande retrospectiva de 1994 no Centro Cultural Banco do Brasil, também no Rio de Janeiro. Quanto a coletivas nas quais marcou presença, além das já citadas, mencionem-se ainda, por sua importância, a Bienal do México (1958), a Exposição Internacional de Gravura de 1971 na Iugoslávia, a X Quadriennale Nazionale d’Arte di Roma (1977), Entre a Mancha e a Figura no MAM-RJ (1982), Expressionismo no Brasil: Heranças e Afinidades (XVIII Bienal de São Paulo, 1984), Modernidade - Arte Brasileira do Séc. XX (1988, MAM de Paris e MAM-SP), Mário Pedrosa: Arte, Revolução e Reflexão (1991, Centro Cultural Banco do Brasil, RJ), Bienal Brasil Século XX (1994, São Paulo) e Grito (1997, Museu Nacional de Belas Artes). Estilisticamente Iberê Camargo foi de início figurativista, trabalhando a paisagem, a figura humana e a natureza-morta em obediência a uma concepção naturalista-expressionista que
  • 2. tinha na cor sua principal característica. Por sua obra perpassaram então diversas influências, de Portinari aos mexicanos e de Guignard a Picasso. Típica dessa sua fase inicial é a Vista da Lapa, do Museu Nacional de Belas Artes, com que ganhou o prêmio de viagem ao estrangeiro do Salão de 1947: lírica, mas ao mesmo tempo vigorosa, executada em pinceladas encrespadas e num vívido colorido. Despojando-se gradativamente pelos próximos anos, Iberê permaneceu fiel à representação das formas e cores naturais até 1959, época em que deu início a série dos Carretéis, na qual ainda permanecem as referências ao mundo objetivo, só que diluídas em denso colorido e truculenta matéria. Em princípios da década de 1960 o pintor abraçou conscientemente o não-figurativismo, do qual seria um dos principais senão o principal representante no Brasil, e do qual não se afastaria mesmo depois que a tendência deixou de seduzir nossos artistas. Em anos posteriores deu-se em sua pintura como que uma explosão da cor a partir dos fundos negros em que geralmente se resolvia, embora a opulenta textura permanecesse como característica principal de seus quadros. Como ele próprio explicou, em entrevista a Walmir Ayala, "por uma necessidade quase táctil minha pintura é pastosa. Não se creia, entretanto, que emprego relevos ou texturas preestabelecidas, como fazem alguns pintores. A espessura resulta da superposição de camadas que coloco no afã de encontrar a cor ou o tom exato". Na década de 1980, após o dramático episódio em que o artista se envolveu num lamentável incidente de rua no Rio de Janeiro, sua arte instintitivamente retomou o figurativismo, assim permanecendo até seus últimos anos. As figuras humanas que a partir de então pinta ou desenha saem-lhe esquálidas, trágicas como a humanidade espectral de Giacometti, banhadas numa atmosfera de infinita solidão e desesperança. Nesses momentos finais o homem corroído pelo sofrimento se purifica, enquanto o artista atinge a plenitude de sua arte para se tornar uma das expressões mais altas da moderna pintura brasileira. Conjunto de carretéis, água-tinta, 1960; 0,30 X 0,50, Museu de Arte Contemporânea da USP. Os carretéis, água-forte, 1960; 0,13 X 0,18, Museus Castro Maya, RJ. Os carretéis, água-forte, 1960; 0,13 X 0,18, Museus Castro Maya, RJ. Ciclistas, água-forte, 1922; 0,20 X 0,15, Museus Castro Maya, RJ.