O documento descreve a vida e obra do pintor brasileiro Candido Portinari, desde seu nascimento em 1903 em uma fazenda de café em São Paulo até sua morte em 1962. Detalha sua formação artística no Rio de Janeiro e viagens à Europa, onde foi influenciado pelo modernismo. Também destaca suas principais obras, como os painéis para o Ministério da Educação e os murais para a sede da ONU, retratando temas brasileiros e sociais com estilo único.
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Apostila de artes 11 dez 09
1. Apostila de Artes
Professor Kleber Góes
Candido Portinari nasce numa fazenda de café, em Brodowski, São Paulo, no
dia 29 de dezembro de 1903. Seus pais foram os imigrantes italianos Batista Portinari e
Domênica Torquato, que tiveram 12 filhos. Em 1909, o menino começa a desenhar.
No ano de 1912, participa, durante vários meses, dos trabalhos de restauração da
Igreja de Brodowski, ajudando os pintores italianos a "Dipingere Le Stelle". Mais tarde,
auxilia um escultor frentista.
A partir de uma carteira de cigarros, Portinari faz a lápis um retrato do músico Carlos
Gomes em 1914. A família guarda o desenho.
Viaja para o Rio de Janeiro em 1918. Tem aulas de desenho no Liceu de Artes e
Ofícios. Matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes, na qual estuda desenho e
pintura. Seus professores foram Amoedo, Batista da Costa, Lucílio Albuquerque e
Carlos Chambeland.
Realiza-se em 1922 na cidade de São Paulo, a Semana de Arte Moderna, porém
Portinari não participa. Expõe, pela primeira vez, no Salão da Escola de Belas Artes.
No ano de 1923, Portinari manda para o Salão da Escola de Belas Artes o retrato do
escultor Paulo Mazzucchelli, ganhando três prêmios, entre eles a medalha de bronze
do Salão.
Participa do Salão Nacional de Belas Artes de 1924 com o quadro Baile na Roça obra
com temática brasileira, mas é recusado pelo júri.
Obtém a pequena medalha de prata no Salão de 1925, no qual expõe dois retratos, e
recebe a grande medalha de prata no de 1927. Com o retrato do poeta “Olegário Mariano”, ganha o prêmio de Viagem
ao Estrangeiro de 1928.
Antes de viajar em 1929, faz sua primeira exposição individual, com 25
retratos, por iniciativa da Associação dos Artistas Brasileiros. Parte para a
Europa. Viaja pela Itália, Inglaterra, Espanha e se fixa em Paris."Comecei
a trabalhar, mas no meu quarto, porque não consegui ainda ateliê dentro
de minhas posses. Contudo, não estou triste, porque não estou perdendo
tempo: pela manhã vou ao Louvre, à tarde faço estudos. Não pretendo
fazer quadros por enquanto. Aprendo mais olhando um Ticiano, um
Raphael, do que para o Salão de Outono todo". (Carta ao amigo Olegário
Mariano)
Vai diariamente aos museus, descobre a pintura moderna da
Escola de Paris, discute sobre arte nos cafés e não tem quase
nenhum tempo para pintar. Conhece Maria Martinelli em 1930,
jovem uruguaia de 19 anos, radicada com família em Paris e se
casa com ela. Sente saudade de Brodowski e escreve para o
Brasil... "Daqui fiquei vendo melhor a minha terra - fiquei vendo
Brodowski como ela é. Aqui não tenho vontade de fazer nada. Vou
pintar o Palaninho, vou pintar aquela gente com aquela roupa e
com aquela cor. Quando comecei a pintar., senti que devia fazer a
minha gente e cheguei a fazer o “Baile na Roça”... A paisagem
onde a gente brincou a primeira vez não sai mais da gente, e eu
quando voltar vou ver se consigo fazer a minha terra..."
Portinari e Maria regressam ao Rio de Janeiro em 1931 e ele
passa a trabalhar num ritmo intenso. Participa da comissão
destinada a promover a reforma do Salão Nacional de Belas Artes,
Despejados - 1934
Óleo sobre tela
Tam: 60x73cm
O M
orro - 1936
Óleo sobre tela
Tam: 73x60c
2. no qual os artistas modernos são admitidos pela primeira vez. Portinari é convidado pelo então diretor da Escola
Nacional de Belas Artes, o arquiteto Lúcio Costa, a fazer parte da comissão organizadora do Salão. Nesse ano,
Portinari apresenta 17 obras.
Portinari expõe individualmente no Palace Hotel em 1932, dessa vez exibe obras de temática brasileira - cenas de
infância, circo, cirandas. No ano seguinte faz outra Exposição Individual no mesmo local.
No ano de 1934, Portinari pinta “Despejados”, obra de temática social. Intelectuais começam a ver em sua figura o
verdadeiro representante plástico do modernismo brasileiro. Tem sua tela “O Mestiço” adquirida pela Pinacoteca do
Estado de São Paulo, sendo assim, a primeira instituição pública a incluir uma obra de Portinari em seu acervo.
Em julho de 1935 é contratado para lecionar pintura mural e de cavalete na Universidade do Distrito Federal, no Rio de
Janeiro. Ao participar da Exposição Internacional do Instituto Carnegie, nos Estados Unidos, junto com pintores de 21
países, recebe a Segunda Menção Honrosa, com a tela "Café". Essa obra é adquirida, antes mesmo da premiação,
pelo Ministro da Educação Gustavo Capanema, para o Museu de Belas Artes.
Portinari pinta o seu primeiro mural em 1936, para o
monumento rodoviário da Estrada Rio/São Paulo, medindo 0,96
x 7,68 metros. O Ministro Gustavo Capanema convida-o a
trabalhar no edifício que será construído para o Ministério da
Educação.
Em 1937, com a intenção de dedicar-se ao estudo para os
afrescos do Ministério, Portinari, recebe a colaboração de
alguns alunos da Universidade do Distrito Federal. Bianco,
jovem pintor italiano recém-chegado ao Brasil, é apresentado a
Portinari que o convida para trabalhar no Ministério.
O ano de 1938 é marcado pela execução dos trabalhos do
Ministério da Educação. No ano seguinte nasce seu único filho,
João Cândido, em janeiro desse ano. Executou três painéis
para o pavilhão brasileiro na Feira Mundial de Nova Iorque:
Jangadas do Nordeste; Cena Gaúcha e Festa de São João. O Museu de Arte Moderna de Nova Iorque adquire o
quadro "O Morro", que René Huyghe, Diretor do Museu do Louvre, aconselhara Portinari a não utilizar. Em novembro,
expõe 269 trabalhos no Museu Nacional de Belas Artes. A Universidade do Distrito Federal é fechada.
Portinari participa em 1940 da Exposição de Arte Latino-Americana no
Museu Riverside, em Nova Iorque. Expõe com grande sucesso em
Detroit e no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. A University Of
Chicago Press publica "Portinari, his life and art", o primeiro livro
sobre o artista , com prefácio de Rockwell Kent e Josias Leão. Ilustra
"A Mulher Ausente", de Adalgisa Nery.
Em Brodowski, na casa de seus pais, Portinari passa a pintar uma
capela para sua avó - "Capela da Nonna", que já não mais podia
freqüentar a Igreja. Passa vários meses de 1942 nos Estados Unidos,
pintando quatro afrescos para a Fundação Hispânica da Biblioteca do
Congresso, em Washington. Vê o quadro "Guernica", de Pablo
Picasso, que o impressionou profundamente. Ilustra o livro infantil
"Maria Rosa", de Vera Kelsey.
A pedido de Assis Chateaubriand, pinta uma série de murais para a
Rádio Tupi do Rio, inspirados na música popular brasileira. Realiza
nova Exposição Individual no Museu Nacional de Belas Artes em
1943. Ilustra "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de
Assis.
Em 1944, pinta três painéis para a Capela Mayrink, Rio de Janeiro. Acaba de
executar um ciclo bíblico, que Assis Chateaubriand compra e leva para a Rádio
Tupi de São Paulo, onde a influência da Guernica de Picasso é visível. Trabalha
com dois painéis da Série Retirantes. Pinta um mural e azulejos sobre a vida de
São Francisco de Assis, para a Capela da Pampulha, em Belo Horizonte - MG.
Portinari perde seu grande amigo Mário de Andrade em 1945. Faz uma "Via
Sacra" para a Capela da Pampulha.
Filia-se ao Partido Comunista vendo nessa organização, mesmo clandestina, a
chance de lutar contra a ditadura, a favor da anistia e de eleições. Nomes de
grande prestígio junto à sociedade reúnem-se à esse Partido. Candidato a
Deputado Federal por São Paulo, Portinari perde as eleições. O PCB consegue
eleger um Senador - Luiz Carlos Prestes e 14 Deputados.
A
Primeira Missa no Brasil - 1948
Têmpera sobre tela
En
terro na Rede - 1944
Óleo sobre tela
Tam: 180x220cm
Retirant
- 1944
Óleo sobre tela
Tam: 180x220cm
3. No ano seguinte expõe na Galeria Charpentier, de Paris, seus quadros e desenhos das séries "Os Retirantes" e
"Meninos de Brodósqui" . Recebe a "Legião de Honra" do Governo Francês.
Candidato a Senador, em São Paulo, pelo Partido Comunista, perde por pequena margem de voto em 1947, colocando
em dúvida a lisura do pleito. Viaja para Buenos Aires, onde faz uma Exposição Individual, que volta a apresentar em
Montevidéu, no Salão da Comissão Nacional de Belas Artes do Uruguai.
Em 1948, pinta em Montevidéu, à têmpera, o grande painel "A Primeira Missa no Brasil", para o Banco Boavista do Rio
de Janeiro. Ilustra "O Alienista" de Machado de Assis. No final do ano, Portinari faz uma retrospectiva no MASP (Museu
de Arte de São Paulo), tendo as obras Enterro na Rede, Criança Morta e Retirantes, doadas ao Museu por Assis
Chateuabriand.
Entre 1949 e 1950, pinta o Mural "Tiradentes" para o Colégio de
Cataguases. Apesar do convite, não consegue participar da
Conferência Cultural e Científica para a Paz Mundial, em Nova
Iorque, pois tem seu visto de entrada negado. Viaja para a Itália
em fevereiro e visita Chiampo, terra natal de seu pai. Expõe seis
trabalhos na XXV Bienal de Veneza. Recebe, pelo painel
Tiradentes, a Medalha de Ouro da Paz do II Congresso Mundial
dos Partidários da Paz, em Varsóvia.
Participa em 1951, com uma sala especial, da 1ª Bienal de São
Paulo. A Bienal conta com mais de 2.000 trabalhos de pintura,
escultura, arquitetura e gravura de artistas de 19 países. Na Itália
é lançada a monografia Portinari, organizada e apresentada por
Eugenio Luraghi (ed. Della Mondione, Milão).
No ano de 1952 pinta para o Banco da Bahia, em Salvador, o
Mural "A Chegada da Família Real Portuguesa à Bahia". Com
ilustrações de Portinari, o semanário “O Cruzeiro”, publica o
romance “Os Cangaceiros” de José Lins do Rego. Pinta um conjunto de obras sacras para a Igreja Matriz da cidade de
Batatais - SP, pequena cidade próxima de Brodowski.
É inaugurada, em 1953, a decoração para a Igreja de Batatais. E realizada a
Via Sacra para integrar o conjunto das obras. Começa a demonstrar um
problema grave de saúde devido à intoxicação com tintas. Expõe no Museu de
Arte Moderna do Rio uma mostra com mais de 100 obras. Inicia o trabalho dos
enormes painéis "Guerra e Paz" para a sede da ONU, em Nova Iorque.
Participa em 1954 com mais quatorze artistas de quinze países da mostra
organizada pelo Comitê de Cooperação Cultural com o estrangeiro em
Varsóvia, que tem como tema principal a luta dos povos pela paz. Executa
também um painel dedicados aos "Fundadores do Estado de São Paulo" para
jornal O Estado de São Paulo. Expõe novamente no Museu de Arte de São
Paulo. Participa da III Bienal de São Paulo, com uma sala especial. Com os
sintomas da intoxicação cada vez mais presentes, é proibido pelos médicos de
pintar por algum tempo. "Estou proibido de viver", reclama.
Em 1955, o Internacional "Fine Arts Council", de Nova Iorque, confere-lhe uma
medalha como o pintor do ano. Ilustra o Romance "A Selva", de Ferreira de
Castro. Em outubro é inaugurado o painel "O Descobrimento do Brasil",
encomenda do Banco Português do Brasil, no Rio.
Viaja à Itália e Israel, em 1956, e faz
exposição nos Museus de Tel-Aviv, Haifa
e Ein Harod. Os painéis "Guerra e Paz"
são apresentados no Teatro Municipal do
Rio. Recebe o prêmio "Guggenheim's National Award", da Fundação
Guggenheim, de Nova Iorque. O Museu de Arte Moderna do Rio edita o livro
"Retrato de Portinari", de Antônio Callado.
A Maison De La Pensée, em Paris, apresenta a exposição individual de Portinari
em 1957, com o patrocínio da Embaixada do Brasil, com 136 obras. Expõe no
Museu de Munique. Os painéis "Guerra e Paz" são inaugurados na sede da ONU.
Recebe a "Hallmark Art Award", de Nova Iorque. Solomon Guggenheim expõe
"Mulheres Chorando" um dos grandes estudos preliminares do painel "Guerra".
Expõe no Museu de Munique. Os painéis "Guerra e Paz" são inaugurados na
sede da ONU. Recebe a "Hallmark Art Award", de Nova Iorque. No final do ano
Portinari começa a escrever suas memórias: “Retalhos da minha vida de infância”:
"Eram belas as manhãs frias na época da apanha do café e delicioso o canto dos
A
Chegada da Família Real Portuguesa à Bahia - 1952
Óleo sobre tela
Tam: 47X71cm
O
Descobrimento do Brasil - 1954
Óleo sobre tela
Tam: 98x79cm
Seu Baptista
4. carros de boi transportando as sacas da colheita. Quantas vezes adormecíamos sobre as sacas. A luz do sol parecia
mais forte.
Era somente para nós. Ia pela estrada afora o carro vagaroso, cantando. Dormíamos cheio de felicidades.
Sonhávamos sempre, dormindo ou não. Nossa imaginação esvoaçava pelo firmamento. Fantasias forjadas, olhando as
nuvens brancas, mais brancas do que a neve. Tudo se movia ao nosso redor como um passe de mágica. Belas eram
as seriemas, as saracuras e os tatus. Quando víamos no chão um orifício, sabíamos a que bicho pertencia.
Conhecíamos também a maioria das árvores e arbustos, sabíamos a maioria das árvores e arbustos, sabíamos suas
serventias para as doenças; as chuvas, o arco-íris, as nuvens, as estrelas, a lua, o vento e o sol eram-nos familiares. O
contacto com os elementos moldava nossa imaginação e enchia nosso coração de ternura e esperança."
Expõe em 1958, inaugurando a Galleria Del Libraio, em Bolonha - Itália,
os trabalhos com motivos de Israel, os quais mostra a seguir em Lima e
Buenos Aires. É convidado de honra, com sala especial, na 1ª Bienal do
México. No retorno de uma viagem pela Europa declara que passará a
dedicar-se à poesia. É convidado para receber em Bruxelas, a Estrela de
Ouro. Seu pai "Seu Baptista", morre no Rio de Janeiro.
No ano seguinte expõe na Galeria Waldenstein, em Nova Iorque e no
Museu Nacional de Belas Artes em Buenos Aires. A pedido da Librarie
Gallimard, executa doze ilustrações, em cores, para "O Poder e a Glória",
romance de Graham Greene. Ilustra também, com trinta gravuras , "O
Menino de Engenho", de José Lins do Rego. Pinta o mural "Inconfidência
Mineira" para o Banco Hipotecário e Agrícola de Minas Gerais S/A, do Rio
de Janeiro. Na V Bienal de São Paulo, expõe 130 trabalhos.
Após 30 anos de casamento, Portinari separa-se de Maria em 1960, que,
assumindo mais que o papel de esposa, ajudava-lhe com os problemas
do cotidiano, deixando-o livre para dedicar-se mais tempo ao seu
trabalho. Mesmo separados, Maria continua a prestar-lhe assistência.
Ainda para a Librarie Gallimard, ilustra os romances "Terre Promisse" e
"Rose de September", de André Maurois.
Executa cinco painéis para o Banco de Boston de São Paulo: "Os
Bandeirantes", "Fundação de São Paulo", "Colheita de Café", "Transporte
do Café" e "Industrialização". Expõe individualmente na Checoslováquia,
em São Paulo e na Galeria Bonino, no Rio. É convidado a participar do
júri da II Bienal do México. Realiza-se em Moscou, uma mostra de
fotografias de várias de suas obras. Nasce sua neta Denise. Feliz com o nascimento de sua neta, declara: "Minha neta
me libertará da solidão" (Poemas: cento e vinte e seis, 1960). A partir daí, passa a retratar sua neta em pintura e
poesia.
Faz a última viagem à Europa em 1961. Encontra-se com seu filho João
Candido em Paris, revê amigos e lugares que há muito lhe emocionavam.
Sua saúde mostra-se mais uma vez abalada, devido à doença que o
atacara. Juntamente com o amigo Eugenio Luraghi, planeja a exposição
para o ano seguinte em Milão. Em julho a galeria Bonino, no Rio de
Janeiro, apresenta a última exposição do artista em vida.
Envolvido no trabalho para a exposição de Milão, descuida-se de vez de
sua saúde. Morre, no dia 06 de fevereiro de 1962, na Casa de Saúde de
São José, no Rio de Janeiro, vítima de intoxicação das tintas que
utilizava. Seu corpo é velado no Ministério da Educação, de onde sai o
enterro, com grande acompanhamento.
"Quando o esquife de Portinari saiu do Ministério, na manhã do dia 8, em
carreta do Corpo de Bombeiros, dos edifícios envidraçados, do pátio do
Palácio da Educação, das bancas de jornais, dos cafés em súbito silêncio
diante da Marcha Fúnebre e do Hino Nacional, voltaram-se para o cortejo
milhares de caras irmãs das que aparecem nos Morros, nos Músicos
nos Retirantes de Portinari. Milhares de anônimas criaturas suas
disseram adeus ao pintor, miraram uma última vez o claro e sutil feiticeiro
que para sempre se aprisionou em losangos de luz e feixes de cor. Como
se no espelho apagado da vida do artista ardesse num último lampejo
tudo aquilo que refletira durante a vida". (Antônio Callado)
Informações retiradas do site
WWW.CASADEPORTINARI.COM.BR
Au
to-Retrato
M
estiço
Óleo sobre tela
Tam: 81x61cm
5. Tarsila do Amaral
Tarsila do Amaral nasceu em 1º de setembro de 1886 na Fazenda São Bernardo,
município de Capivari, interior do Estado de São Paulo. Filha de José Estanislau do
Amaral e Lydia Dias de Aguiar do Amaral. Era neta de José Estanislau do Amaral,
cognominado “o milionário” em razão da imensa fortuna que acumulou abrindo
fazendas no interior de São Paulo. Seu pai herdou apreciável fortuna e diversas
fazendas nas quais Tarsila passou a infância e adolescência.
Estuda em São Paulo no Colégio Sion e completa seus estudos em Barcelona, na
Espanha, onde pinta seu primeiro quadro, “Sagrado Coração de Jesus”, aos 16 anos.
Casa-se em 1906 com André Teixeira Pinto com quem teve sua única filha, Dulce.
Separa-se dele e começa a estudar escultura em 1916 com Zadig e Mantovani em
São Paulo. Posteriormente estuda desenho e pintura com Pedro Alexandrino. Em
1920 embarca para a Europa objetivando ingressar na Académie Julian em Paris.
Frequenta também o ateliê de Émile Renard. Em 1922 tem uma tela sua admitida no
Salão Oficial dos Artistas Franceses. Nesse
Auto-retrato - 1924
óleo/papel-tela 38 X 32,5cm,
mesmo ano regressa ao Brasil e se integra com os intelectuais do grupo modernista. Faz parte do “grupo dos cinco”
juntamente com Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Picchia. Nessa época começa seu
namoro com o escritor Oswald de Andrade. Embora não tenha sido participante da “Semana de 22” integra-se ao
Modernismo que surgia no Brasil, visto que na Europa estava fazendo estudos acadêmicos.
Volta à Europa em 1923 e tem contato com os modernistas que lá se encontravam:
intelectuais, pintores, músicos e poetas. Estuda com Albert Gleizes e Fernand
Léger, grandes mestres cubistas. Mantém estreita amizade com Blaise Cendrars,
poeta franco-suiço que visita o Brasil em 1924. Inicia sua pintura “pau-brasil”
dotada de cores e temas acentuadamente brasileiros. Em 1926 expõe em Paris,
obtendo grande sucesso. Casa-se no mesmo com Oswald de Andrade. Em 1928
pinta o “Abaporu” para dar de presente de aniversário a Oswald que se empolga
com a tela e cria o Movimento Antropofágico. É deste período a fase antropofágica
da sua pintura. Em 1929 expõe individualmente pela primeira vez no Brasil.
Separa-se de Oswald em 1930.
Em 1933 pinta o quadro “Operários” e dá início à pintura social no Brasil. No ano
seguinte participa do I Salão Paulista de Belas Artes. Passa a viver com o escritor
Luís Martins por quase vinte anos, de meados dos anos 30 a meados dos anos 50.
De 1936 à 1952, trabalha como colunista nos Diários Associados.
Nos anos 50 volta ao tema “pau brasil”.
Participa em 1951 da I Bienal de São Paulo.
Em 1963 tem sala especial na VII Bienal de
São Paulo e no ano seguinte participação especial na XXXII Bienal de Veneza.
Faleceu em São Paulo no dia 17 de janeiro de 1973.
Emiliano Di Cavalcanti nasceu em 6 de
setembro de 1897, no Rio de Janeiro,
na casa de José do Patrocínio, que era
casado com uma tia do futuro pintor. Quando seu pai morre em 1914, Di obriga-se a trabalhar e faz ilustrações para a
Revista Fon-Fon. Antes que os trepidantes anos 20 se inaugurem vamos encontrá-lo estudando na Faculdade de
Direito. Em 1917 transferindo-se para São Paulo ingressa na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Segue
A
baporu - 1928
óleo/tela 85 X 73cm
São Paulo - 1924
óleo/tela 67 x 90cm
6. fazendo ilustrações e começa a pintar. O jovem Di Cavalcanti freqüenta o atelier do impressionista George Elpons e
torna-se amigo de Mário e Oswald de Andrade. Em 1921 casa-se com Maria, filha de um primo-irmão de seu pai.
Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922 idealiza e organiza a Semana de Arte Moderna, no
Teatro Municipal de São Paulo, cria para essa ocasião as peças promocionais do
evento: catálogo e programa. Faz sua primeira viagem à Europa em 1923,
permanecendo em Paris até 1925. Freqüenta a Academia Ranson. Expõe em diversas
cidades: Londres, Berlim, Bruxelas, Amsterdan e Paris. Conhece Picasso, Léger,
Matisse, Eric Satie, Jean Cocteau e outros intelectuais franceses. Retorna ao Brasil em
1926 e ingressa no Partido Comunista. Segue fazendo ilustrações. Faz nova viagem a
Paris e cria os painéis de decoração do Teatro João Caetano no Rio de Janeiro.
Os anos 30 encontram um Di Cavalcanti imerso em dúvidas quanto a sua liberdade
como homem, artista e dogmas partidários. Inicia suas participações em exposições
coletivas, salões nacionais e internacionais como a International Art Center em Nova
Iorque. Em 1932, funda em São Paulo, com Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e
Carlos Prado, o Clube dos Artistas Modernos. Sofre sua primeira prisão em 1932
durante a Revolução Paulista.
Casa-se com a pintora Noêmia Mourão. Publica o álbum A Realidade Brasileira, série de
doze desenhos satirizando o militarismo da época. Em Paris, em 1938, trabalha na rádio
Diffusion Française nas emissões Paris Mondial. Viaja ao Recife e Lisboa onde expõe
no salão “O Século” quando retorna é preso novamente no Rio de Janeiro. Em 1936 esconde-se na Ilha de Paquetá e
é preso com Noêmia. Libertado por amigos, seguem para Paris, lá permanecendo até 1940. Em 1937 recebe medalha
de ouro com a decoração do Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira, na Exposição de Arte Técnica, em Paris.
Com a iminência da Segunda Guerra deixa Paris. Retorna ao Brasil,
fixando-se em São Paulo. Um lote de mais de quarenta obras
despachadas da Europa não chegam ao destino, extraviam-se. Passa
a combater abertamente o abstracionismo através de conferências e
artigos. Viaja para o Uruguai e Argentina, expondo em Buenos Aires.
Conhece Zuíla, que se torna uma de suas modelos preferidas. Em
1946 retorna à Paris em busca dos quadros desaparecidos, nesse
mesmo ano expõe no Rio de Janeiro, na Associação Brasileira de
Imprensa. Ilustra livros de Vinícius de Morais, Álvares de Azevedo e
Jorge Amado. Em 1947 entra em crise com Noêmia Mourão - "uma
personalidade que se basta, uma artista, e de temperamento muito
complicado...". Participa com Anita Malfatti e Lasar Segall do júri de
premiação de pintura do Grupo dos 19. Segue criticando o
abstracionismo. Expõe na Cidade do México em 1949.
É convidado e participa da I Bienal de São Paulo, 1951. Faz uma doação generosa ao
Museu de Arte Moderna de São Paulo, constituída de mais de quinhentos desenhos.
Beryl Tucker Gilman passa a ser sua companheira. Nega-se a participar da Bienal de
Veneza. Recebe a láurea de melhor pintor nacional na II Bienal de São Paulo, prêmio
dividido com Alfredo Volpi. Em 1954 o MAM, Rio de Janeiro, realiza exposição
retrospectivas de seus trabalhos.
Faz novas exposições na Bacia do Prata, retornando à Montevidéu e Buenos Aires.
Publica Viagem de minha vida. 1956 é o ano de sua participação na Bienal de Veneza e
recebe o I Prêmio da Mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste. Adota Elizabeth,
filha de Beryl. Seus trabalhos fazem parte de exposição itinerante por países europeus.
Recebe proposta de Oscar Niemayer para a criação de imagens para tapeçaria a ser
instalada no Palácio da Alvorada também pinta as estações para a Via-sacra da catedral
de Brasília.
Ganha Sala Especial na Bienal
Interamericana do México, recebendo
Medalha de Ouro. Torna-se artista
exclusivo da Petite Galerie, Rio de
Janeiro. Viagem a Paris e Moscou. Participa da Exposição de Maio,
em Paris, com a tela Tempestade. Participa com Sala Especial na VII
Bienal de São Paulo. Recebe indicação do presidente João Goulart
para ser adido cultural na França, embarca para Paris e não assume
por causa do golpe de 1964.
Vive em Paris com Ivette Bahia Rocha, apelidada de Divina. Lança
novo livro, Reminiscências líricas de um perfeito carioca e desenha
Pierreteóleo sobre tela - 78 x 65 cm
- 1922 -
M
ulheres com Frutas
óleo sobe tela - 60 x 100 cm.
- 1932 -
A
uto-retrato
óleo sobe tela - 33,5 x 26 cm.
- 1943 -
A
ldeia de Pescadores
guache - 43 x 50 cm.
- c. 1950 -
7. jóias para Lucien Joaillier. Em 1966 seus trabalhos desaparecidos no início da deácada de 40 são localizados nos
porões da Embaixada brasileira. Candidata-se a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas não se elege. Seu
cinquentenário artístico é comemorado.
modelo Marina Montini é a musa da década. Em 1971 o Museu de Arte Moderna de São Paulo organiza retrospectiva
de sua obra e recebe prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Comemora seus 75 anos no Rio de Janeiro,
em seu apartamento do Catete. A Universidade Federal da Bahia outorga-lhe o título de Doutor Honoris Causa. Faz
exposição de obras recentes na Bolsa de Arte e sua pintura Cinco Moças de Guaratinguetá é reproduzido em selo.
Falece no Rio de Janeiro em 26 de Outubro de 1976.