2. ELETROTERAPIA
• Estimulação Elétrica Transcutânea do Nervo.
• Embora todas as modalidades de estimulação
elétrica descritas neste capítulo sejam por via
transcutânea, esse termo (TENS) evoluiu para
descrever uma abordagem terapêutica
específica para o controle da dor.
• O uso da TENS é um subproduto do trabalho
realizado por Melzack e wall, durante seus
experimentos sobre modulação do portão de
controle da dor.
• Relatos históricos de alívio permanente da
dor crônica depois de uma única sessão de
TENS nos parecem exagerados.
• Verificou-se sua eficácia no alívio de dores
viscerais ou psicogênicas.
• Tradicionalmente as TENS são bifásicas e
assimétricas, entretanto alguns fabricantes
utilizam variantes em pulso, incluindo forma
de ondas simétricas bifásicas ou ainda
monofásicas.
Cap 5: Agentes Elétricos
TENS
Parâmetros elétricos utilizados na estimulação Transcutânea
Parâmetro Faixa
Intensidade 0-100 mA
Frequência do Pulso 1-150 pps
Duração do Pulso 10-500 µs
Melzack e Wall
3. ELETROTERAPIA
• Efeitos biofísicos.
• Apesar da unidade de TENS poder provocar
contrações musculares, seu principal uso, se
não o único, é o controle da dor.
• A TENS diminui a percepção da dor pelo
paciente, reduzindo a condutividade e a
transmissão dos impulsos dolorosos das
pequenas fibras de dor para o S.N.C.
• Afetando as grandes fibras motoras, a TENS
pode no padrão normal de proteção do
músculo (espasmo muscular), reduzindo ainda
mais os estímulos dolorosos.
• A frequência e a duração do pulso, combinadas
com a intensidade da corrente, ativam
respostas em diferentes níveis de modulação
da dor.
• Há evidências indicando que níveis de cafeína
moderados (de duas a três xícaras) podem
diminuir a eficácia do TENS (por competir com
a adenosina).
• Embora possa reduzir a percepção da dor pelo
paciente, o TTO com TENS exerce pequeno
efeito sobre a patologia principal, sendo
complementar a TTOs que visem tratar a
origem da dor.
Cap 5: Agentes Elétricos
TENS
Protocolo Para Vários Métodos de Aplicação de TENS
Parâmetro Sensorial Motor Nociva
Frequência de
pulso
60-100 pps 2-4 pps Variável
Duração do
pulso
60-100 µs 150-250 µs 300-1.000 µs
Modo Taxa modulada Explosão
metabólica
modulada
Amplitude
modulada
Duração do TTO Conforme o
necessário
30 min. 15-30 min.
Início do alívio < 10 min. 20-40 min. < 15 min.
Duração do
alívio
De minutos a
horas
Horas < 30 min.
4. ELETROTERAPIA
• TENS de alta frequência (nível sensorial).
• Frequências de pulso elevadas (60 a 100 pps), pulso de
curta duração ( < 100 µs) e intensidade no nível sensorial,
ativam o portão modulador da dor.
• Os pulsos dolorosos são transmitidos por nervos de
pequeno diâmetro, amielinizados e de transmissão lenta.
• A informação sensorial não dolorosa percorre mais
rapidamente os neurônios de diâmetro maior.
• A curta duração de fase e a elevada frequência de pulso
utilizadas na TENS convencional, fazem com que as Fibras
A-δ, de diâmetro maior, são estimuladas seletivamente e
provocam inibição pré-sináptica das fibras A-beta e C na
SG, bloqueando a transmissão da dor para a célula T.
• O portão se fecha para a dor e abre para a informação
sensorial.
• A alta frequência e baixa intensidade ↓ a atividade de
nervos excitados expontâneamente.
• Os pacientes que buscam ↓ a dor de forma subjetiva
preferem o protocolo de TENS “elevada”.
Cap 5: Agentes Elétricos
TENS
5. ELETROTERAPIA
• TENS de baixa frequência.
• É aplicada com frequência de pulso baixa (2 a 4 pps),
longa duração de fase (150 a 250 µs) e intensidade de
nível motor, em sessões de TTO que durem no máximo
45 min.
• Esses parâmetros ativam as fibras motoras e
nociceptores de pequeno diâmetro.
• O alívio da dor nesse caso ocorre pela liberação de B-
endorfinas, reduzindo a dor narcótico-símile (opióides).
• A glândula hipófise é estimulada liberando substâncias
que estimulam a produção de B-endorfinas que reduzem
a dor.
• A hipófise libera ACTH e B-lipotropina na corrente
sanguínea e estes provocam a liberação da B-endorfina,
que se liga aos sítios dos receptores das fibras A-beta e C,
bloqueando a transmissão da dor.
• Durante um tempo depois do fim do TTO, é possível que
um alívio real da dor não seja sentido, mas os efeitos
duram muito mais que com o emprego de TENS
“elevada”.
• Pode ser usada na dor crônica, dor provocada por lesão
de tecidos profundos, dor miofascial e espasmo
muscular.
• Pode acarretar contrações musculares, devendo-se evitar
movimentação articular que possa ser contraindicada.
• Estudos verificaram pequena diferença entre o grau de
redução de dor obtido com TTO de ambas frequências.
Cap 5: Agentes Elétricos
TENS
6. ELETROTERAPIA
• TENS breve intensa (nível lesão)
• É liberada em frequência de pulso elevada (> que 100 pps), pulso
de longa duração (300 a 1.000 µs) e intensidade no nível motor,
as sessões de TTO variam de poucos segundos a poucos minutos.
• O alívio da dor se dá por mecanismos de ativação no Tronco
cerebral que amortecem ou amplificam os impulsos dolorosos.
• Embora também sejam chamados de TENS de nível nocivo, a
verdadeira estimulação em nível nocivo não é obtida, devido a
limitada duração de fase do TENS (curta para ativar as fibras C).
• A estimulação intensa ativa os mecanismos neurais ascendentes,
que deixam a pessoa consciente da dor provocada pela
estimulação. No mesencéfalo, forma-se um “curto-circuito” que
estimula a liberação de opiáceos endógenos nos núcleos da rafe,
ativando o sistema descendente de supressão da dor fazendo o
impulso descer pela medula espinhal.
• Os opiáceos inibem a liberação da substância P
(neurotransmissor de impulso nocivo), bloqueando a transmissão
da dor.
• Consegue-se elevado nível de analgesia, mas os efeitos são mais
transitórios do que os obtidos com TENS elevada e baixa.
• É recomendada para redução de dor antes dos exercícios de
reabilitação.
Cap 5: Agentes Elétricos
TENS
7. ELETROTERAPIA
• Colocação do eletrodo.
• Não é uma ciência exata, sendo mais fácil se for
seguido um conjunto de construções lógicas.
• Os métodos incluem:
• - colocação direta
• - colocação contígua
• - colocação em pontos de estimulação
• - colocação em dermátomos
• - colocação no nível da raiz do nervo espinhal
comprometido.
• Geralmente em TENS “elevada” coloca-se o eletrodo
diretamente, contíguo, em dermátomos o no nível
da raiz do nervo espinhal.
• Em TTO com TENS breve e breve intensa, se visa a
estimulação de pontos.
• Isso não é absoluto, pois os parâmetros podem ser
misturados e reunidos para obter o melhor
resultado.
• Geralmente se encontram unidades de 2 a 8
eletrodos.
Cap 5: Agentes Elétricos
TENS
8. ELETROTERAPIA
• Colocação direta.
• Os eletrodos são colocados diretamente,
sobre a pele, no local dolorido, ou ao
redor dele, dispostos que cada canal
passe paralelamente à linha média do
corpo, são conectados de forma que a
corrente flua paralelamente a linha média
do corpo.
• Colocação contígua.
• Incisões pós cirúrgicas, lacerações e
outras circunstâncias em que há contra
indicação para colocação direta. Os
eletrodos são colocados na vizinhança
imediata ao local dolorido. A corrente flui
paralela umas as outras ou perpendicular
ao centro do local da dor.
Cap 5: Agentes Elétricos
TENS
9. ELETROTERAPIA
• Colocação em pontos de
estimulação.
• Áreas de pontos motores, gatilho e
acupuntura podem ser alcançadas com
TENS.
• Esses pontos são sensíveis a estimulação e
em muitos casos, localizam-se próximos uns
dos outros.
• Um único eletrodo pode estimular os três
pontos ao mesmo tempo.
• Colocação em Dermátomos.
• A colocação do eletrodo é feita ao longo do
dermátomo afetado e do dermátomo
contra-lateral, pode provocar redução da
dor.
• Ex: coloca-se o eletrodo na raiz do nervo
correspondente da medula espinhal e o
outro na terminação distal do dermátomo.
Cap 5: Agentes Elétricos
TENS
10. ELETROTERAPIA
• Colocação no nível da medula espinhal.
• Estimula a raiz do nervo da medula espinhal associado
com a dor. O eletrodo deve ser colocado paralelamente
à coluna espinhal, entre os processos transversos. É um
método inexato. Só deve ser utilizado quando a área de
superfície da região afetada for inacessível.
• Ex: Aparelhos ou dispositivos de imobilização não
removíveis.
• Colocação contralateral.
• Clocação dos eletrodos do lado oposto do corpo perto
do local onde a dor se origina no lado ferido. Se baseia
na teoria da transferência bilateral (impulsos
provenientes de um lado do corpo se “confundiriam”
com impulsos nocivos vindos do outro lado, no
cruzamento dos tratos nervosos na medula espinhal.
Cap 5: Agentes Elétricos
TENS
11. ELETROTERAPIA
• Duração e frequência do TTO.
• A TENS convencional pode ser utilizada
quando necessário (somente ter cuidado
ao aplicar enquanto o paciente dorme.
• Durante competições atléticas (pode
mascarar a dor) deve ser desencorajado.
• A TENS baixa frequência pode ser
aplicada, quando necessário em sessões
que não ultrapassem 30 min.
• A TENS breve intensa só deve ser
administrada uma vez ao dia, em sessões
que não ultrapassem os 30 minutos.
Cap 5: Agentes Elétricos
TENS
12. ELETROTERAPIA
• Precauções.
• É um TTO sintomático que pode
mascarar a dor principal e outras
patologias.
• O uso inadequado pode queimar o
eletrodo ou provocar irritação da
pele.
• A estimulação intensa ou
prolongada pode gerar espasmo
e/ou dor muscular.
• A cafeína pode reduzir a eficácia
do TTO com TENS.
• Uso de narcóticos diminui a
eficácia do TENS.
Cap 5: Agentes Elétricos
TENS
Indicações e contra indicações para utilização da TENS
Indicações Contra indicações
Controle da dor crônica Dor de origem central
TTO de dor pós cirúrgica Dor de origem desconhecida
Redução da dor aguda pós traumática
13. Referências Bibliográficas
• MARCUCCI, Fernando C. I. Histórico da Eletroterapia e Eletroacupuntura. O
Fisioterapeuta [site]. Disponível em: http://ofisioterapeuta.blogspot.com/
• Starkey C. Agentes elétricos. In: Starkey C. Recursos terapêuticos em
fisioterapia. 2ª ed. São Paulo: Manole; 2001.
• Low J, Reed A. Electrical stimulation of nerve and muscle. In:
Electrotherapy explained: principles and practice. 3ª ed. Oxford:
Butterworth-Heinemann; 2000.
• Orbach, I: Dissociação da dor física e suicídio: Hipótese “o comportamento
suicida e a ameça a vida” 24:68, 1994.
• Roeser, WM, et all: O uso da neuroestimulação transcutânea para o
controle da dor em medicina esportiva. Am J Sports Med 4:210, 1976.