2. • A palavra anestesia tem origem grega (an = privação, aísthesis =
sensação e ia = perda da sensibilidade).
• O termo anestesia é empregado para perda de qualquer tipo de
sensibilidade, sendo causada por estados patológicos ou provocada
artificialmente por agentes anestésicos
• A anestesia é caracterizada pela perda da sensibilidade dolorosa, com
perda da consciência e certo grau de amnésia.
• Em outras palavras, a analgesia é a perda da sensibilidade dolorosa, com
preservação da consciência
3. A anestesia tem como principais objetivos:
• Extirpar a sensibilidade dolorosa durante a cirurgia.
• Promover relaxamento muscular.
• Proporcionar condições ideais para a atuação da equipe cirúrgica.
4. • O primeiro relato sobre anestesia data do século I d.C., com o uso da
mandrágora, uma planta fervida e misturada ao vinho, que produzia
analgesia.
• O éter era pesquisado desde o século XIV, sendo utilizado em uma
ressecção cirúrgica em 1846.
• Depois, foram descobertas várias drogas com poderes anestésicos e
analgésicos, incluindo o clorofórmio, o óxido nitroso e a cocaína.
5. • Oficialmente, 16 de outubro de 1846 é considerado o dia em que foi
realizada a primeira intervenção cirúrgica com anestesia geral.
• No final do século XIX surgiu a anestesia regional, embora os
populares cirurgiões peruanos já utilizassem a propriedade
entorpecente da cocaína nas trepanações de crânio.
6. • Com o desenvolvimento dos mecanismos para a aplicação das drogas e
com o surgimento de novos fármacos, a anestesia tornou-se cada vez
mais segura, quando relacionada ao alívio da dor, à hipnose, ao
controle dos reflexos autonômicos, ao bloqueio neuromuscular e à
diminuição dos estímulos neuro- -humorais
7. ANESTESIA: ASPECTOS GERAIS
• A enfermagem não participa da escolha dos métodos e dos fármacos
utilizados no procedimento anestésico-cirúrgico, desenvolve atividades
que subsidiam o anestesiologista nesse processo;
• A assistência de enfermagem prestada ao paciente anestesiado no período
intraoperatório também merece destaque, não só pela previsão, provisão,
controle e avaliação dos materiais e equipamentos utilizados nas
anestesias geral e regional, realizados pelo enfermeiro, mas também por
sua atuação na indução anestésica, monitoração, intubação, extubação
endotraqueal e em situações de emergência.
8. • Após o início da anestesia, alguns procedimentos, como o
posicionamento adequado do paciente na mesa cirúrgica, a
monitoração dos parâmetros clínicos, o acompanhamento da
indução anestésica, o aquecimento do paciente e a sondagem vesical
integram atividades desenvolvidas pelos enfermeiros no período
intraoperatório.
9. • Ao término da cirurgia, o foco da assistência de enfermagem voltou-se à
extubação do paciente, ao controle dos sinais vitais, à aspiração endotraqueal,
aos cuidados com a segurança do paciente e a sua transferência para a
Unidade de Internação (UI) ou para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
• A escolha do tipo de anestesia para determinado procedimento é influenciada
por uma variedade de fatores, como condições fisiológicas; doenças
preexistentes, condições mentais e psicológicas, recuperação pós-operatória,
necessidade de manuseio da dor pós-operatória, tipo e duração do
procedimento cirúrgico, posição do paciente durante a cirurgia e exigências
particulares da equipe de cirurgia
10. Na avaliação pré-operatória, o enfermeiro/enfermagem investiga os seguintes
itens:
• Estado de saúde do paciente.
• História da doença atual: sinais e sintomas, exames realizados, hipóteses
diagnósticas, tratamento e evolução da doença.
• História de doenças preexistentes, que possam interferir no sucesso da
anestesia, como a asma, que pode acarretar em broncoconstrição aguda
grave no início da anestesia ou durante a intubação.
11. • Infecção de vias aéreas superiores (VAS), que predispõe o paciente,
principalmente as crianças, a complicações pulmonares, como
broncoespasmo e obstrução de VAS por rolhas de muco
• Hipertensão, que pode aumentar a incidência de complicações pós-
operatórias, como infarto agudo do miocárdio (IAM) ou acidente vascular
encefálico (AVE).
• Hérnia hiatal, com sintomas de refluxo esofágico, que aumenta o risco de
aspiração pulmonar.
12. • Uso de medicamentos, em especial anti-hipertensivos, antianginosos,
antiarrítmicos, anticonvulsivantes e anticoagulantes.
• Reações adversas a fármacos e alergias.
• Antecedentes familiares de complicações anestésicas.
• Tabagismo, que aumenta os riscos de complicações pulmonares.
• Uso de álcool e drogas, que aumenta os riscos de complicações
anestésicas.
13. • A maioria dos procedimentos cirúrgicos requer inconsciência
(hipnose), analgesia (ausência de dor), amnésia (perda temporária da
memória), relaxamento neuromuscular, boa exposição visceral com
total controle respiratório e dos reflexos autonômicos; outros
requerem bloqueio da condução dos impulsos em tecidos nervosos.
• Para a obtenção de uma anestesia segura, como não existe um único
fármaco capaz de produzir todos os efeitos desejáveis citados, são
necessárias várias drogas, com ações farmacológicas diversas, e que
são administradas simultaneamente
14. • Deve avaliar as condições de oxigenação, ventilação, circulação e
temperatura do paciente.
• American Society of Anestesiologist (ASA) propõe como padrões
básicos da monitoração intraoperatória de medidas de segurança ao
paciente
Presença do Anestesiologista na SO;
Avaliação contínua da oxigenação,
Ventilação,
Circulação,
Temperatura
Eletrocardiografia;
Acesso à via aérea;
Aspiração das vias aéreas;
Acesso venoso periférico e/ou central
15. • As anestesias são classificadas, quanto ao tipo, em:
• Anestesia geral: Inalatória, Intravenosa e Balanceada.
• Anestesia regional: peridural, espinhal e bloqueio de plexos nervosos. ƒ
• Anestesia combinada: geral e regional. ƒ
Anestesia local
16. ANESTESIA GERAL
• Anestesia geral é um estado de inconsciência reversível, caracterizado
por amnésia, analgesia, depressão dos reflexos, relaxamento muscular e
depressão neurovegetativa, resultante da ação de uma ou mais drogas
no sistema nervoso.
• Tem como objetivo a depressão irregular e reversível do sistema
nervoso central (SNC), produzida por fármacos, que determinarão
graus variados de bloqueio sensorial, motor, de reflexos e cognição
17. • Existem três tipos de anestesia geral: Anestesia geral inalatória.
Anestesia geral intravenosa. Anestesia geral balanceada.
• Como em todos os tipos da anestesia geral ocorre um comprometimento
significativo do SNC, é necessário que o paciente tenha a
permeabilidade das vias aéreas garantida e, para isso, se faz necessária a
intubação traqueal.
18. Didaticamente, a anestesia geral pode ser dividida em três fases:
Fase da indução: corresponde ao período compreendido entre a
administração de agentes anestésicos até o início do procedimento cirúrgico
(início da incisão cirúrgica).
Fase da manutenção: corresponde ao período compreendido entre o início
do procedimento cirúrgico até o seu término.
Fase da emergência ou do despertar: corresponde à reversão da anestesia
ou ao período em que o paciente começa a “acordar” da anestesia e, em
geral, termina quando ele se encontra pronto para deixar a SO.
19. ANESTESIA GERAL INALATÓRIA
• Na anestesia geral inalatória, os agentes anestésicos voláteis são
utilizados sob pressão e o estado de anestesia é alcançado quando o
agente inalado atinge concentração adequada no cérebro, levando à
depressão.
• Desde a utilização do éter dietílico como anestésico, a depressão é
variável e apresenta-se, didaticamente, em estágios de analgesia,
excitação, anestesia cirúrgica e sobredose
20. ANESTESIA GERAL INTRAVENOSA
• Na anestesia geral intravenosa, a infusão de fármacos é realizada, como o
próprio nome diz, por um acesso venoso, tendo como meta atingir os cinco
elementos de uma boa anestesia.
• Para isso, são empregados os anestésicos venosos não opioides
(barbitúricos, cetamina, droperidol, etomidato, propofol e
benzodiazepínicos), opioides (fentanil, alfentanil, sufentanil e remifentanil)
e bloqueadores neuromusculares
21. ANESTESIA GERAL BALANCEADA
• A anestesia geral balanceada é aquela realizada pela combinação de
agentes anestésicos inalatórios e intravenosos.
• Esse tipo de anestesia tem sido amplamente empregado nos mais diversos
procedimentos cirúrgicos, para a realização de operações de inúmeras
especialidades.
• É uma técnica antiga e bem difundida, uma vez que não existe um
anestésico intravenoso ideal e único que proporcione anestesia adequada.
22. ANESTESIA REGIONAL
• Anestesia regional é definida como a perda reversível da sensibilidade,
em decorrência da administração de um agente anestésico para bloquear
ou anestesiar a condução nervosa a uma extremidade ou região do
corpo;
• Dividida em 3 tipos.
23. ANESTESIA RAQUIDEANA
(ESPINHAL OU RAQUIANESTESIA)
• A anestesia espinhal ou raquianestesia é
realizada mediante a aplicação de
anestésico local no espaço subaracnoide,
espaço que contém o líquido
cefalorraquidiano (LCR), localizado entre
as membranas dura-máter e
subaracnóidea, resultando em bloqueio
simpático, bloqueio motor, analgesia e
insensibilidade aos estímulos
24. • A raquianestesia é feita em procedimentos cirúrgicos realizados abaixo da
cicatriz umbilical, isto é, correções de hérnias umbilical e inguinal, cirurgias
urológicas, ginecológicas, vasculares e ortopédicas;
• O posicionamento adequado para a realização da raquianestesia é o decúbito
lateral na posição fetal (pernas fletidas com os joelhos próximos do abdome e
o mento do tórax), ou sentado sobre a mesa cirúrgica, aproximando o mento
do tórax.
25. • O objetivo do posicionamento é garantir a flexão máxima das vértebras
lombares
• A punção subaracnoidea é realizada no espaço intervertebral lombar de L2 e
L3 ou L3 e L4 ou, ainda, L4 e L5, utilizando agulhas calibres 25G, 26G, 27G
do tipo cortante (Quincke), ponta de lápis (Whitacre) ou ponta de Huber
(Atraucan)
26. Existem três tipos de raquianestesia:
• A raquianestesia simples, na qual o anestesiologista, após a punção, faz uma
única dose de anestésico local;
• O bloqueio combinado raquiperidural, no qual é realizada, com um sistema
próprio de punção única, a introdução da agulha de raqui e, em seguida, o
cateter de peridural para manutenção da analgesia;
• A raquianestesia contínua, na qual é inserido um cateter subaracnoide
27. Entre as possíveis complicações decorrentes da raquianestesia, destacam-se:
• Cefaleia pós-raquianestesia:
• Retenção urinária
• Lesão das raízes nervosas durante a introdução da agulha, desencadeando dor
e parestesias, persistentes no pós-operatório
• Hematoma espinhal
• Meningite séptica
• Meningite asséptica
28. • Síndrome da cauda equina, decorrente do trauma direto ou indireto das
raízes nervosas, isquemia, infecção ou reações neurológicas
• Problemas de posicionamento podem ocorrer em virtude do bloqueio dos
estímulos dolorosos e sensitivos
• Sintomas neurológicos transitórios, caracterizados por dor de moderada
intensidade na região lombar, que se irradia para as nádegas e face dorso-
lateral das pernas, bilateralmente
• Hipotensão causada pelo bloqueio dos nervos simpáticos, que controlam o
tônus vasomotor, levando a uma vasodilatação27-29. ƒParada respiratória,
como resultado de um bloqueio acidentalmente alto (anestesia espinhal alta
ou total), causando paralisia dos músculos respiratórios e necessitando de
intubação imediata e ventilação
29. ANESTESIA PERIDURAL (EPIDURAL)
A anestesia peridural é realizada mediante aplicação de anestésico no espaço
peridural (localizado entre a membrana dura-máter e o espaço subaracnoide),
bloqueando a condução nervosa e causando insensibilidade aos estímulos.
O anestésico injetado no espaço epidural sofre, inicialmente, uma difusão
nesse espaço e, posteriormente, vai para outros locais, como o espaço
subaracnoide. Após a difusão, o anestésico local se fixa ao tecido nervoso,
bloqueando raízes nervosas intra e extradurais
30. • O posicionamento e o local de punção para a anestesia peridural são os
mesmos da raquianestesia
31. Dentre as possíveis complicações decorrentes da anestesia peridural
• Punção subaracnoide acidental, podendo causar cefaleia, hipotensão,
bradicardia e parada respiratória
• Punção vascular com infusão do anestésico local em uma veia, podendo
acarretar toxicidade sistêmica
• Infecção local/abscesso epidural,
• Retenção urinária.
• Hematoma peridural.
• Dor Lombar
32. BLOQUEIOS DE NERVOS PERIFÉRICOS
• O bloqueio de nervos periféricos de uma determinada região consiste na
administração de um anestésico local, provocando perda da sensibilidade
local.
• O início e a duração do bloqueio estão relacionados com o fármaco usado e
com sua concentração e seu volume
33. Entre as possíveis complicações decorrentes desses bloqueios, destacam-
se:
• Injeção acidental intravascular.
• Superdose do anestésico local.
• Lesão do nervo, decorrente do trauma causado pela agulha.
• Compressão do nervo, decorrente do volume de anestésico
administrado
34. ANESTESIA LOCAL
• Anestesia local é a infiltração de um anestésico local, realizada pelo
médico, que é responsável pela prescrição e administração de todas
as drogas anestésicas na área a ser manipulada.
• A enfermagem é responsável pela monitoração do paciente, devendo
contar com cardioscópio, manguito para medida de pressão arterial
não invasiva e oxímetro de pulso
35. • Os anestésicos locais bloqueiam a condução de impulsos nos tecidos
nervosos, em virtude da afinidade que possuem por tal tecido, sendo
essa ação reversível.
• A extensão da anestesia depende do local da aplicação, do volume, da
concentração e da difusão do fármaco utilizado.
• A maioria dos anestésicos locais utilizados possuem efeito
vasodilatador e as drogas mais comumente utilizadas são lidocaína,
bupivacaína e ropivacaína
36. • A anestesia local pode ser tópica ou infiltrativa.
• A anestesia local tópica consiste na aplicação de anestésicos locais em
mucosas, como oral, nasal, esôfago e no trato geniturinário.
• Na anestesia infiltrativa, os anestésicos locais são administrados no meio
intra e/ou extravascular e atingem seu objetivo quando chegam às
terminações nervosas específicas;
• Os sinais vitais devem ser verificados pelo menos a cada 15 minutos
37. • Apesar da simplicidade da técnica, da exigência de poucos equipamentos,
assim como do fato de ser econômica, não inflamável e apresentar quase ou
nenhuma incidência de complicações, podem ocorrer reações tóxicas
sistêmicas e locais, geralmente de maneira discreta e, consequentemente,
tratável.
• Na maioria das vezes, estão relacionadas aos erros de técnica ou
superdosagem.
• Os pacientes que não forem assistidos imediatamente poderão apresentar
reações graves, como hipotensão, bradicardia, pulso irregular, palidez,
sudorese e arritmias, podendo ocorrer inclusive parada cardíaca, depressão
respiratória, ansiedade, tontura e convulsões
38. SEDAÇÃO
• Independentemente do tipo de anestesia programada, a sedação é
comumente realizada.
• A sedação pode ser feita com a administração de fármacos como propofol,
midazolam e remifentanila ou, ainda, pela combinação dessas drogas;
• Os benzodiazepínicos, de modo geral, são ansiolíticos, amnésicos,
sedativos, relaxantes musculares e anticonvulsivantes.
39. Vale salientar que não possuem efeito analgésico e, por isso, podem
desencadear agitação.
Atualmente, a droga mais utilizada para sedação tem sido o midazolam, em
virtude de suas características, que incluem: ser solúvel em água, não
provocar irritação ou flebite e possuir maior ação amnésica