O documento discute os tópicos de anestesia e recuperação pós-anestésica. Aborda os objetivos da anestesia, os tipos de anestesia como geral, local e bloqueios regionais. Também descreve a sala de recuperação pós-anestésica, incluindo equipamentos, cuidados de enfermagem e possíveis complicações no pós-operatório imediato.
1. ANESTESIA E RECUPERAÇÃO PÓS-
ANESTÉSICA
Profª Esp. Dayse Flores G. D’Ângelo
Prof. Jhone Braga
2. ANESTESIA perda total ou parcial da sensibilidade,
especialmente tátil.
ANALGESIA perda da sensibilidade à dor com
conservação das demais sensações.
3. ESCOLHA DO TIPO DE ANESTESIA
O anestesiologista leva em conta alguns fatores:
- Condições fisiológicas do paciente;
- Doenças pré-existentes;
- Recuperação pós-operatória;
- Opções de manuseio da dor pós-operatória;
- Tipo e duração do procedimento cirúrgico;
- Posição do paciente durante a cirurgia;
- Solicitação do cirurgião.
4. OBJETIVOS DA ANESTESIA
Os principais objetivos são:
- Suprir a sensibilidade dolorosa durante a
cirurgia, com manutenção ou não da
consciência;
- Relaxamento muscular;
- Proporcionar condições ideais para a ação
da equipe cirúrgica.
5. MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA
Consiste na administração de uma ou
mais drogas antes do ato anestésico, para:
- produzir amnésia e sedação,
- abolir ou diminuir dor eventualmente existente,
- potencializar os agentes anestésicos,
- diminuir secreções de vias aéreas,
- reduzir a ansiedade.
Obs.: as medicações pré-anestésicas devem ser
administradas 45 a 75 minutos antes de começar
a anestesia.
6. ANESTESIOLOGIA
Os anestesiologistas vem ampliando sua área de atuação
além do intraoperatório, atuando também no pré-operatório
e pós-operatório
Verificam a segurança do paciente de acordo com a
classificação das condições físicas desenvolvidas
pela Sociedade Americana de Anestesiologia.
7. SOCIEDADE AMERICANA DE ANESTESIOLOGIA - ASA
§ ASA I - Paciente sadio normal;
§ ASA II - Paciente com doença sistêmica leve;
§ ASA III - Paciente com doença sistêmica severa;
§ ASA IV - Paciente com doença sistêmica severa,
que é um constante risco para a vida;
§ ASA V - Moribundo que não se espera sobreviver
sem a cirurgia;
§ ASA VI - Paciente com morte cerebral declarada /
doação de orgãos.
8. TIPOS DE ANESTESIA
Anestesia geral estado de inconsciência reversível,
obtido por inalação ou por via endovenosa, que é
caracterizado por:
- amnésia (perda temporária da memória)
- inconsciência (hipnose),
- analgesia (ausência de dor),
- relaxamento muscular e
- bloqueio dos reflexos autônomos obtidos pela administração
de fármacos específicos.
DIVIDIDA EM 4 FASES:
• Desintubação
• Reversão
• Manutenção
• Indução
9. BLOQUEIOS REGIONAIS
Anestesia regional é definida como a perda
reversível da sensibilidade, decorrente a
administração de um agente anestésico para
bloquear ou anestesiar a condução nervosa a
uma extremidade ou região do corpo.
ANESTESIA RAQUIDIANA, PERIDURAL E
BLOQUEIO DE PLEXO
10. BLOQUEIO DE PLEXO: o anestésico é
administrado na extensão de um plexo nervoso.
ex.: plexo braquial para anestesiar o braço.
ANESTESIA PERIDURAL: o anestésico se
difunde no espaço peridural, e se fixa no tecido
nervoso, bloqueando as raízes nervosas
reversivelmente.
ANESTESIA RAQUIDIANA: ocorre o bloqueio
nervoso reversível das raízes nervosas, levando à
perda da atividade autonômica, sensitiva e motora.
11.
12.
13. ANESTESIA LOCAL: pode ser por infiltração ou tópica.
INFILTRAÇÃO: utilizam-se anestésicos associados com a
adrenalina, com o objetivo de aumentar a ação do bloqueio
por vasoconstrição e prevenir sua rápida absorção para a
corrente circulatória.
TÓPICA: utiliza-se em mucosas do nariz, boca, árvore
traqueobrônquica, esôfago, trato genitourinário para
produzir anestesia em loco.
15. SRPA
É a área destinada à permanência do paciente
logo após o término do ato anestésico cirúrgico
até a recuperação da consciência, eliminação
de anestésicos e estabilização dos sinais vitais;
Deve estar instalada dentro do CC ou nas suas
proximidades, favorecendo o transporte rápido
do paciente anestesiado para este local;
16. SRPA
Dimensionamento
Varia de acordo com o porte e complexidade do
bloco cirúrgico;
Nº de macas = nº SO + 1 (cirurgia de alta
complexidade a recuperação pode se dar na
UTI);
Distância entre leitos = 0,8m
Distância entre leitos e parede (exceto
cabeceira) = 0,6m
17. SRPA
Sistemas de Abastecimento,
Instalações e Equipamentos básicos:
Oxigênio com fluxômetro
Ar comprimido
Vácuo clínico
Sinalização de enfermagem
Tomadas 110 e 220w
Foco de luz
Monitor cardíaco
Oxímetro de pulso
Esfigmomanômetro
18. SRPA
Equipamentos e materiais de suporte
respiratório:
Ventiladores mecânicos (em geral não tem);
Máscaras e cateteres (O2);
Sondas de aspiração
Carrinho emergência (com material para intubação e ventilação
manual);
Equipamentos e materiais de suporte
cardiovascular
Para soro e transfusão, catereres, seringas e agulhas;
19. SRPA – CAMAS
Devem ser do tipo cama-maca,
Providas de grades laterais (segurança),
Manivelas (posições proclive e trendelemburg),
Encaixes para adaptar suportes de soro
Cabeceira removível (facilita atendimento em
situações de emergência).
Durante o transporte, o anestesiologista
permanece na cabeceira da maca (para manter as vias
aéreas do paciente) e um membro da equipe cirúrgica
permanece na outra extremidade.
A transferência do paciente da SO para a
SRPA é responsabilidade do
anestesiologista.
20.
21. SRPA
Quando o paciente chegar à SRPA, o anestesista passa
informações ao enfermeiro da SRPA sobre:
Nome do paciente
Idade
Procedimento cirúrgico e complicações
Tipo de anestesia
Medicamentos pré-operatórios
Drogas anestésicas
Sinais vitais pré e pós-operatórios
Perda estimada de sangue
Ingestão e eliminação hídrica intra-operatórias
Alergias
Prescrição de analgesia durante a recuperação
Todos os sedativos,
analgésicos, ou
outras drogas dadas
na SRPA geralmente
são prescritos pelos
anestesista..
22. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA RECUPERAÇÃO
PÓS-ANESTÉSICA
deve estar voltada para a individualidade de cada paciente,
desde a admissão, até a alta da unidade (prestando também
informações aos familiares que aguardam notícias).
VIGILÂNCIA CONSTANTE ATÉ SUA
COMPLETA RECUPERAÇÃO
Movimento
respiratório
Estabilidade
hemodinâmica
Saturação de O²
Consciência
Temperatura
corporal
Avaliar incisão
cirúrgica
23. SRPA
Em relação a frequência das avaliações é
recomendado que durante a permanência do
paciente na SRPA, a sua avaliação seja a cada 15
minutos na primeira hora, caso se apresente
estável, a cada 30 minutos na segunda hora e a
após, de hora em hora. Esta frequência varia de
acordo com a situação do paciente podendo ter
intervalos menores do que o recomendado.
São utilizadas escalas para facilitar esta
avaliação do estado fisiológico dos pacientes
submetidos ao procedimento anestésico-cirúrgico.
24. Escala de Aldrete e Kroulik
Atividade Capaz de mover 4 membros voluntariamente ou sob comando
Capaz de mover 2 membros voluntariamente ou sob comando
Incapaz de mover os membros voluntariamente ou sob comando
2
1
0
Respiração Capaz de respirar profundamente ou tossir livremente
Dispnéia ou limitação da respiração
Apnéia
2
1
0
Circulação PA 20% do nível pré-anestésico
PA 20-49% do nível pré-anestésico
PA 50% do nível pré-anestésico
2
1
0
Consciência Lúcido, orientado no tempo e espaço
Desperta, se solicitado
Não responde
2
1
0
Saturação Capaz de manter sat de O² maior que 92% respirando em ar ambiente
Necessita de O² para manter sat de O² maior que 90%
Saturação de O² menor que 90% com O² suplementar
2
1
0
25. Em geral, o paciente recebe alta da
recuperação anestésica quando o Índice
de Aldrete e Kroulik for 9 ou 10.
26. Este índice utiliza apenas três itens sendo mais fácil
sua utilização em pediatria tendo como objetivo de
verificar os estágios de recuperação de crianças
submetidas a procedimentos sob anestesia geral,
pontuando os itens acima de zero a dois.
Alta quando o índice for 5 ou 6
27. O médico é responsável pela alta do paciente.
Porém, deve haver consonância entre o
anestesista e o enfermeiro da SRPA.
Quando um escore de alta é utilizado na SRPA,
este tem que ser aprovado pelo departamento
de anestesiologia da instituição. A pontuação
pode variar dependendo se o paciente receberá
alta para o quarto do hospital, para a UTI ou
para outra unidade de curto prazo ou casa.
SRPA
29. TRANSPORTE
Quando o paciente estiver pronto para
receber alta da SRPA, o enfermeiro do CC
entra em contato com a clínica cirúrgica
para buscá-lo.
30. A alta também se dá através da avaliação do enfermeiro quando
detecta a estabilidade das condições orgânicas do paciente, como:
Saturação de oxigênio normal;
Paciente orientado no tempo e no espaço;
Ausência de sangramento ativo na ferida operatória;
Ausência de retenção urinária;
Inexistência de queixa álgica ou manutenção de dor sob controle;
Sinais vitais estáveis;
Sinais de volemia adequada, como volume urinário de 30ml/h e PA
estabilizada no nível de normalidade do paciente;
Ausência de náuseas e vômitos;
Presença de atividade e força muscular;
Presença de sensibilidade cutânea após bloqueio motor;
Valor de Aldrete e Kroulik for 9 ou 10, quando utilizado no serviço.
SRPA
31. O ENFERMEIRO AO PASSAR O PACIENTE,
FORNECE AINDA INFORMAÇÕES SOBRE:
• Sinais vitais;
• Tipo de anestesia e cirurgia realizada;
• Perda sanguínea;
• Nível de consciência;
• Condição física geral;
• Presença de equipos intravenosos, tubos de secreção e
curativos;
• Administração de medicação realizada na SRPA;
• E qualquer tipo de intercorrência durante o
transoperatório e o POI na SRPA.
32. ANTES DE TRANSFERIR O PACIENTE O
ENFERMEIRO DEVE:
Conferir o prontuário
Curativos
Drenos
Registros de Enfermagem
33. CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO POI
O enfermeiro deve avaliar:
Respiração – permeabilidade das vias aéreas.
Circulação – SSVV e perfusão nas extremidades.
Sistema nervoso – nível de consciência, reflexos.
Drenagem – drenos, avaliar curativo (sangramento,
sujidade, sinais flogísticos ao redor).
Conforto – tipo e localização da dor.
Estado psicológico – natureza das perguntas do paciente,
necessidade de sono e repouso, disponibilidade de
campainha ou luz para chamada.
Segurança – necessidades de grades laterais, tubos de
drenagens desobstruídos.
Equipamentos – examinar quanto ao seu funcionamento
adequado.
34. COMPLICAÇÕES NO PÓS-
OPERATÓRIO
IMEDIATO
FEBRE, no Pré-Operatório – relacionada a infecção
pré-existente, reação a drogas, reações
transfusionais ou hipertermia maligna.
A HIPERTERMIA MALIGNA OCORRE NA EXPOSIÇÃO A BLOQUEADORES
NEUROMUSCULARES E A ANESTÉSICOS INALATÓRIOS, DEFLAGRANDO UM
INFLUXO SIGNIFICATIVO DE CA²+ PARA O MÚSCULO, GERANDO CONTRATURA
E CALOR. PODE OCORRER NOS PRIMEIROS 30 MIN DO INÍCIO DA ANESTESIA
ATÉ AS PRIMEIRAS 24H.
35. A SONOLÊNCIA é uma característica
frequente no cliente cirúrgico.
Cuidado de enfermagem – certificar quanto ao
nível de consciência, as alterações devem ser
imediatamente comunicadas.
SEDE, a atropina, utilizada durante a
anestesia diminui as secreções, ocasionando a
secura da mucosa oral.
Cuidado de enfermagem - Umedecer os lábios do
paciente com algodão ou gaze embebidos em
água.
A DOR mais comum é aquela que ocorre na
região alvo da cirurgia, a qual diminui
gradativamente com o passar do tempo. Esta
pode variar quanto à localização, intensidade,
duração e tipo.
Cuidado de enfermagem - Ouvir a queixa.
Administrar analgésicos e sedativos prescritos e
observar o efeito das mediadas aplicadas.
36. NÁUSEAS / VÔMITOS - Os efeitos colaterais dos
anestésicos e a diminuição do peristaltismo
ocasionam distensão abdominal, acúmulo de
líquidos e restos alimentares no trato digestório,
podendo apresentar náuseas e vômito.
Cuidados de Enfermagem - Posicionar o paciente,
em decúbito lateral ou com a cabeça lateralizada;
Administrar antiemético. Realizar higiene oral para
eliminar o mau hálito/ gosto da boca.
RETENCÃO URINÁRIA - medo da dor,
traumatismo intraoperatório, infecção anterior à
cirurgia, bloqueio emocional e impossibilidade de
urinar por estar deitado ou em posição
desconfortável.
Cuidados de Enfermagem - Estimular micção: abrir
torneira, aplicar calor supra púbico, se não houver
incisão nessa área. Medir e anotar diurese.
Cateterismo vesical se necessário.
37. DISTENSÃO ABDOMINAL - É o acúmulo de
gases e fezes, no trato gastrintestinal.
Cuidados de Enfermagem – observar sinais e
sintomas, pois pode ocasionar: dispneia devido a
pressão abdominal sobre o diafragma, náuseas,
vômitos, dor e desconforto abdominal.
COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS – frequentes
no POI, principalmente em clientes obesos,
fumantes, idosos.
Cuidados de Enfermagem - observar se há aumento
de temperatura, queixa de dispnéia ou dor aos
movimentos respiratórios, ensinar e estimular os
exercícios respiratórios; manter posição de Fowler;
verificar a indicação de nebulização/oxigenoterapia;
aspirar secreções orofaríngeas.
38. EMBOLIA PULMONAR - coágulos que se
formam devido a longos períodos de estase
venosa e podem percorrer a circulação
sanguínea e parar nos pulmões, obstruindo
uma ou mais artérias pulmonares.
Cuidados de Enfermagem - observar se há queixa
de dor torácica ou forte dispneia, cianose.
Controlar rigorosamente os SSVV.
COMPLICAÇÕES CIRCULATÓRIAS –
alterações em vasos, principalmente dos MMII,
comuns no POI de cirurgias abdominais, pélvicas
e vasculares.
Cuidados de Enfermagem - observar se as
extremidades estão edemaciadas, dolorosas,
quentes e avermelhadas, se estiver realizar
elevação, administrar anticoagulante conforme
prescrição, atentar para possível compressão dos
MMII por tempo prolongado (gesso, ataduras e
talas) ou posições viciosas e pacientes com
deficiência circulatória (varizes).
39. HEMORRAGIA - É a perda anormal de
sangue. A gravidade depende da localização do
sangramento e do volume perdido. No POI é
comum ocorrer na ferida operatória ou
internamente (local operado).
Cuidados de enfermagem – estar atento se houver
hipotensão, palidez cutânea, taquicardia,
sudorese e dispneia, verificar sangramento,
observar sinais e sintomas de choque, infundir
rapidamente soluções endovenosas, mudar, se
possível, a posição do paciente (Trendlemburg
para facilitar a irrigação dos pulmões, rins e
coração, se hemorragia intracraniana manter o
paciente em posição de Fowler), verificar SSVV,
especialmente PA e pulso, manter paciente
aquecido, providenciar tipagem sanguínea,
anotar o local e volume de sangue.
40. CHOQUE - É a consequência de um
suprimento insuficiente de sangue e
oxigênio aos tecidos. No paciente cirúrgico
o mais comum é o Hipovolêmico.
Cuidados de Enfermagem - identificar sinais e
sintomas de choque (diminuição da pressão
arterial, pulso rápido e filiforme, taquipneia,
palidez, pele fria, úmida e pegajosa), infundir
líquidos endovenosos, controlar e registrar SSVV,
manter o paciente aquecido e vias aéreas livres,
elevar as extremidades inferiores (se possível),
mantendo posição de Trendlemburg.
41. DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM NO
PÓS-OPERATÓRIO
Risco para infecção relacionado a...
Risco para lesão perioperatória de posicionamento cirúrgico
relacionado a...
Risco para injúria relacionado a...
Dor relacionada a...
Risco para aspiração relacionado a...
Risco para integridade da pele prejudicada relacionado a...
Risco para temperatura corporal alterada relacionado a...
Risco de hipotermia relacionada a...
Permeabilidade ineficaz de vias aéreas relacionada a...
Troca gasosa prejudicada relacionada a...