Este documento resume as perguntas e respostas sobre a vida espírita contidas no Livro dos Espíritos de Allan Kardec. As principais ideias apresentadas são:
1) Os espíritos conservam as percepções que tinham na vida física e desenvolvem outras novas, uma vez libertos do corpo material.
2) Seus conhecimentos e percepções dependem de seu grau de evolução, sendo os espíritos superiores mais esclarecidos.
3) Eles vêem sem necessidade de luz exterior e podem ver
2. CAPÍTULO VI: VIDA ESPÍRITA
PERCEPÇÕES, SENSAÇÕES E
SOFRIMENTOS DOS ESPÍRITOS
Questões 237 à 256
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3. 237 – Uma vez no mundo dos Espíritos, a
alma conserva ainda as percepções que
tinha quando da sua vida física?
Sim, e outras que ela não possuía porque seu
corpo era como um véu que as obscureciam. A
inteligência é um atributo do Espírito, mas que se
manifesta mais livremente quando não há
obstáculos.
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4. 238 – As percepções e os
conhecimentos dos Espíritos são
indefinidos; em uma palavra,
sabem eles todas as coisas?
Quanto mais se aproximam da
perfeição, mais sabem; se são
superiores, sabem muito. Os Espíritos
inferiores são mais ou menos
ignorantes sobre todas as coisas.
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5. 239 – Os Espíritos conhecem o
princípio das coisas?
Conhecem segundo a sua elevação
e a sua pureza; os Espíritos
inferiores, a esse respeito, não
sabem mais que os homens.
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6. 240 – Os Espíritos compreendem
o tempo como nós?
Não, e é por isto que não nos
compreendeis sempre, quando se
trata de fixar datas ou épocas.
Allan Kardec:
Os Espíritos vivem fora do tempo, tal
como o compreendemos; o tempo
para eles se anula, por assim dizer, e
os séculos, tão longos para nós, não
são aos seus olhos senão instantes
que se esvaecem na eternidade, da
mesma forma que as desigualdades
do solo se apagam e desaparecem
para aqueles que se elevam no
espaço.
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7. 241 – Os Espíritos têm, do presente,
uma ideia mais precisa e mais justa
que nós?
Do mesmo modo que aquele que vê
claramente as coisas tem uma ideia mais
justa do que o cego. Os Espíritos veem o que
não vedes; eles julgam, pois, de outro modo
que vós, mas ainda uma vez, isto depende
da sua elevação.
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8. 242 – Como é que os Espíritos têm
conhecimento do passado? Esse
conhecimento lhes é limitado?
O passado, quando nos ocupamos dele, é
presente; precisamente como te recordas de
uma coisa que te impressionou durante o teu
exílio. Entretanto, como não temos mais o
véu material que obscurece a tua
inteligência, lembramo-nos de coisas que se
apagam para a tua memória, mas os
Espíritos não conhecem tudo, a começar
pela sua própria criação.
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9. 243 – Os Espíritos conhecem o futuro?
Isto depende ainda de sua perfeição; frequentemente,
eles apenas o entreveem, mas nem sempre têm a
permissão de o revelar.
Quando o veem, parece-lhes presente. O Espírito vê o
futuro mais claramente, à medida que se aproxima de
Deus. Depois da morte, a alma vê e abrange, de um golpe
de vista, suas migrações passadas, mas não pode ver o
que Deus lhe reserva; para isso, é necessário que esteja
integrada nele, depois de muitas existências.
243.a) Os Espíritos que alcançaram a perfeição absoluta
têm o conhecimento completo do futuro?
Completo não é a palavra, porque só Deus é soberano
senhor e ninguém o pode igualar. 9
10. 244 – Os Espíritos veem a Deus?
Só os Espíritos superiores o veem e o compreendem; os
Espíritos inferiores o sentem e o adivinham.
244.a) Quando um Espírito inferior diz que Deus lhe
proíbe ou lhe permite uma coisa, como sabe que a ordem
vem de Deus?
Ele não vê a Deus, mas sente a sua soberania e, quando
uma coisa não deve ser feita ou uma palavra não deve ser
dita, ele pressente como por uma intuição, uma
advertência invisível que o proíbe de fazê-lo. Vós mesmos
não tendes pressentimentos, que são como uma
advertência secreta, de fazer, ou não, alguma coisa? Ocorre
o mesmo para nós, somente que num grau superior,
porque como compreendes, sendo a essência dos Espíritos
mais sutil que a tua, eles podem melhor receber as
advertências divinas. 10
11. 244.b) A ordem é transmitida diretamente por Deus
ou por intermédio de outros Espíritos?
Ela não vem diretamente de Deus; para comunicar-se
com ele é preciso ser digno. Deus lhes transmite suas
ordens pelos Espíritos mais elevados em perfeição e em
instrução. 11
12. 245 – A visão dos Espíritos é
circunscrita como nos seres
corpóreos?
Não, ela reside neles.
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No livro Mecanismos da Mediunidade, André Luiz nos lembra que a
ciência admite que vivemos em um reino de ondas transfiguradas em luz,
eletricidade, calor ou matéria. Portanto, podemos representar tudo o que
conhecemos por ondas.
“Nesse reino de energias, em que a matéria concentrada estrutura o Globo
de nossa moradia e em que a matéria em expansão lhe forma o clima
peculiar, a vida desenvolve agitação.
E toda agitação produz ondas.
Uma frase que emitimos ou um instrumento que vibra criam ondas sonoras.
Liguemos o aquecedor e espalharemos ondas caloríficas.
Acendamos a lâmpada e exteriorizaremos ondas luminosas.
Façamos funcionar o receptor radiofônico e encontraremos ondas elétricas.
Em suma, toda inquietação se propaga em forma de ondas, através dos
diferentes corpos da Natureza.”
A Doutrina Espírita nos ensina que vivemos mergulhados no fluido cósmico
universal. Nós influenciamos o ambiente ao nosso redor por meio de
palavras, pensamentos e atitudes.
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O espectro visível se situa entre os 380nm1
(violeta/azul) e os 780nm (vermelho) do espectro.
Nós não somos capazes de identificar todos os
tipos de onda a olho nu.
1 - Nanômetro
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Texto: Mecanismos da Mediunidade – Capítulo 1 – Item Outros reinos ondulatórios, pág. 21.
16. 246 – Os Espíritos têm
necessidade da luz para ver?
Veem por si mesmos, não têm
necessidade da luz exterior; para
eles não há trevas, a não ser
aquelas em que se encontram por
expiação.
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17. 247 – Os Espíritos têm necessidade de se
transportarem para ver dois lugares
diferentes? Podem, por exemplo, ver
simultaneamente os dois hemisférios do
globo?
Como o Espírito se transporta com a rapidez
do pensamento, pode-se dizer que vê tudo a
uma só vez; seu pensamento pode irradiar e
se dirigir, ao mesmo tempo, sobre vários
pontos diferentes. Esta faculdade depende
de sua pureza: quanto menos puro ele for,
mais sua visão é limitada; somente os
Espíritos superiores podem ter visão de
conjunto.
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18. Allan Kardec:
A faculdade de ver, nos Espíritos, é uma
propriedade inerente à sua natureza e que
reside em todo o seu ser, como a luz reside em
todas as partes de um corpo luminoso. É uma
espécie de lucidez universal que se estende a
tudo, envolve, a uma só vez, o espaço, o tempo
e as coisas e para a qual não há trevas nem
obstáculos materiais. Compreende-se que deve
ser assim; no homem a visão se realiza através
do funcionamento de um órgão impressionado
pela luz, e sem luz ele fica na obscuridade. No
Espírito a faculdade de ver sendo um atributo
próprio, abstração feita de todo agente exterior,
a visão é independente da luz (Veja-se:
Ubiquidade, nº 92).
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20. 248 – O Espírito vê as coisas tão
distintamente como nós?
Mais distintamente, porque sua visão
penetra aquilo que não podeis
penetrar; nada a obscurece.
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21. 249 – O Espírito percebe os sons?
Sim, e percebe até mesmo o que os vossos sentidos obtusos
não podem perceber.
249.a) A faculdade de ouvir, como a de ver, está em
todo o seu ser?
Todas as percepções são atributos do Espírito e fazem parte
do seu ser. Quando está revestido de um corpo material,
elas não lhe chegam senão por um canal de órgãos; mas no
estado de liberdade, não estão mais localizadas. 21
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Espectro sonoro
Ultrassons: Sons com
frequências muito
elevadas, superiores a
20.000 Hz. O ouvido
humano não consegue
ouvir.
Sons audíveis: Para os
seres humanos - sons
com frequência
compreendida entre os
20 Hz e os 20.000 Hz.
Infrassons - sons de
frequência de 0 a 20
Hz (não audíveis).
23. 250 – Sendo as percepções atributos do próprio
Espírito, é possível que ele deixe de usá-las?
O Espírito só vê e ouve o que ele quiser. Isto de uma
maneira geral e, sobretudo, para os Espíritos elevados; os
imperfeitos ouvem e veem frequentemente, queiram ou
não, aquilo que pode ser útil ao seu adiantamento. 23
24. 251 – Os Espíritos são sensíveis à música?
Quereis falar de vossa música? O que é ela diante da
música celeste? Desta harmonia que nada sobre a Terra
pode vos dar uma ideia? Uma é para a outra o que o
canto do selvagem é para a suave melodia. Entretanto, os
Espíritos vulgares podem experimentar um certo prazer
em ouvir a vossa música, porque não são ainda capazes
de compreender outra mais sublime. A música tem para
os Espíritos encantos infinitos, em razão de suas
qualidades sensitivas muito desenvolvidas. Refiro-me
música celeste, que é tudo o que a imaginação espiritual
pode conceber de mais belo e de mais suave.
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25. 252 – Os Espíritos são sensíveis às belezas da
Natureza?
As belezas naturais dos diversos mundos são tão
diferentes que se está longe de as conhecer. Sim, são
sensíveis de acordo com a sua aptidão em apreciá-las
e compreendê-las. Para os Espíritos elevados, há
belezas de conjunto diante das quais desaparecem,
por assim dizer, as belezas dos detalhes.
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26. 253 – Os Espíritos
experimentam as nossas
necessidades e os nossos
sofrimentos físicos?
Eles os conhecem, visto que
os suportaram, mas não
sentem materialmente como
vós, porque são Espíritos.
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27. 254 – Os Espíritos experimentam a fadiga
e a necessidade de repouso?
Não podem sentir a fadiga tal como a entendeis e,
por conseguinte, não têm necessidade de vosso
repouso corporal, pois eles não têm órgãos cujas
forças devam ser reparadas. O Espírito repousa no
sentido de que não tem uma atividade constante. Sua
ação não é material, mas intelectual, e, seu repouso,
moral. Há momentos em que seu pensamento deixa
de ser tão ativo e não se fixa sobre um objeto
determinado; é um verdadeiro repouso, mas que não
pode ser comparado ao repouso do corpo. A espécie
de fadiga que os Espíritos podem experimentar está
em razão da sua inferioridade: quanto mais sejam
elevados, menos necessitam de repouso.
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28. 255 – Quando um Espírito diz que
sofre, qual a natureza dos sofrimentos
que experimenta?
Angústias morais, que o torturam mais
dolorosamente que os sofrimentos físicos.
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29. 256 – Por que, então, alguns
Espíritos se queixam de sofrer
frio ou calor?
Lembrança do que padeceram
durante a vida, tão penosa, algumas
vezes, como a realidade.
Frequentemente, é uma comparação
que fazem para exprimirem melhor a
sua situação. Quando se lembram do
corpo, experimentam uma espécie de
impressão como quando se tira um
capote e se crê ainda vesti-lo algum
tempo depois.
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30. CRÉDITOS:
Formatação: Marta G. P. Miranda
Referências:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
Tradução de Salvador Gentile. 182ª Ed.
Araras – SP: IDE, 2009. Pág. 107 a 111.
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