Cinco alternativas da humanidade são aspectos filosóficos que Kardec apresenta como caminhos para a evolução humana. Contidos no livro Obras Póstumas.
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4. Se inquieta o que possa vir depois de um
dia de vinte e quatro horas, com sobrada
razão deve preocupar o que será depois
do grande dia da vida, porque não se
trata de alguns instantes, mas da
eternidade.
5. Viveremos ou não depois
daquele dia? Não há que
fugir; é questão de vida
ou de morte, é a suprema
alternativa!...(61)
6. Apesar de todas as inovações
culturais e avanços científicos
verificados depois de Kardec até
os nossos dias, a tese das cinco
alternativas não foi alterada.
Mudaram-se alguns rótulos, mas
as posições continuam as
mesmas:
7. materialismo, panteísmo,
deísmo, dogmatismo ou
espiritismo. Nesta última
incluem-se as grandes doutrinas
reencarnacionistas já existentes
no tempo de Kardec e escolas
que surgiram posteriormente,
inspiradas nos princípios
espíritas, como os vários ramos
teosóficos. (N. do Rev.)
8. 1.° Doutrina Materialista
A inteligência do homem é uma
propriedade da matéria; nasce e
morre com o organismo. O
homem é tão nada antes, como é
nada depois da vida corporal.
9. Consequências:
não sendo senão matéria, o
não tem de reais e de
os gozos materiais;
as afeições morais são
laços morais a morte os rompe
sempre;
10. as misérias da vida não têm
compensação;
o suicídio deve ser o fim racional e
lógico da existência, quando não há
esperança de melhoria para os
sofrimentos.
11. É inútil qualquer constrangimento para
vencer ruins inclinações; deve viver para
si, o melhor possível, enquanto dura a
vida terrestre; é estupidez contrariar-se
e sacrificar comodidades e bem-estar
por amor de alguém, isto é,
12. por quem há de ser aniquilado também;
os deveres sociais ficam sem
fundamento, o bem e o mal são coisas
inventadas e a contenção social fica
reduzida à ação material da lei civil.
13. 2.° Doutrina Panteísta
O princípio inteligente (alma),
independente da matéria, está espalhado
por todo o universo, mas individualiza-se
em cada ser durante a vida, e volta, pela
morte, à massa comum, como voltam ao
oceano as águas da chuva
14. Consequências.
Sem individualidade e sem
consciência de si mesmo, o ser é
como se não existisse. As
consequências morais desta
doutrina são exatamente as
mesmas do materialismo
15. Observação.
Um determinado número de panteístas
admite que a alma, aspirada, ao nascer,
do todo universal, conserva a sua
individualidade por tempo indefinido,
não voltando à massa geral senão
depois de ter alcançado o último grau
da perfeição.
16. As consequências desta variedade de
crenças são absolutamente as mesmas
que as da doutrina panteísta,
propriamente dita, porque é
completamente inútil todo o trabalho
para adquirir conhecimentos, dos quais
se perderá a consciência, aniquilando-se
a alma depois de um tempo
relativamente curto.
17. 3.° Doutrina Deísta
O deísmo compreende duas
ordens bem distintas de
crentes: os deístas
independentes e os
providenciais.
18. Os primeiros creem em Deus e admitem
todos os seus atributos como criador.
19. Deus, dizem, estabeleceu as leis gerais,
que regem o universo; mas essas leis,
uma vez estabelecidas, funcionam por si
sós, sem que o seu autor cuide delas. As
criaturas fazem o que querem ou o que
podem, sem que Ele com isso se
importe.
20. Não há providência, e desde que Deus
não se ocupa conosco, nada temos que
lhe pedir e menos que lhe agradecer.
21. Quem nega a intervenção da providência
na vida do homem, faz como a criança,
que se julga com bastante capacidade
para dispensar a tutela, os conselhos e a
proteção dos pais; ou pensa que estes
não se devem mais ocupar com ela,
desde que lhe deram o ser.
22. Deus, dizem, estabeleceu as leis gerais,
que regem o universo; mas essas leis,
uma vez estabelecidas, funcionam por si
sós, sem que o seu autor cuide delas. As
criaturas fazem o que querem ou o que
podem, sem que Ele com isso se
importe.
23. Esta crença é filha do orgulho e encerra
o pensamento de libertar-se de um
poder superior, que fere o amor próprio
de cada um.
24. Ao passo que uns recusam reconhecer
aquele poder, outros aceitam a sua
existência, condenando-o porém à
nulidade.
25. Há uma diferença essencial entre o
deísta independente, de que nos temos
ocupado, e o deísta providencial;
este crê não somente na existência e no
poder criador de Deus, como também
em sua intervenção incessante na
criação; não admite, porém, o culto
externo, nem o dogmatismo atual.
26. 4.° Doutrina Dogmática
A alma, independente da
matéria, é criada para
cada ser, mas sobrevive à
morte e conserva a sua
individualidade depois
dela.
27. O seu destino é, desde aquele
momento, irrevogavelmente
fixado; os seus progressos
ulteriores são nulos, sendo, por
conseguinte, intelectual e
moralmente, e para sempre, o
que era quando acabou na vida.
28. A do mau, sendo condenada a
castigos eternos e irremissíveis, no
inferno, nada colhe pelo
arrependimento; Deus recusa-lhe
a possibilidade de reparar o mal
que fez.
29. A do bom é recompensada com
a vista de Deus e com a
perpétua contemplação no céu.
Os casos de condenação ou de
salvação ficam à decisão ou juízo
de homens falíveis, a quem foi
dado o poder de condenar e
absolver.
30. Nota. Se a esta última
proposição se objetar, que Deus
julga em última instância,
responder-se-á, perguntando:
qual é, então, o valor da decisão
pronunciada pelos homens, pois
que pode ser anulada?
31. Separação definitiva e absoluta
dos condenados e dos eleitos.
Inutilidade de socorros morais e
de consolações aos condenados.
Criação de anjos ou almas
privilegiadas, isentas de todo o
trabalho para chegarem à
perfeição, etc., etc.
33. 1.° — Donde vêm as disposições
inatas, intelectivas e morais que
fazem os homens nascer bons ou
maus, inteligentes ou idiotas?
34. 2.° — Qual o destino dos que
morrem na infância? Por que hão
de alcançar a bem-aventurança,
sem o trabalho a que estão
sujeitos os outros por longos anos?
Por que hão de ser
recompensados, sem nenhum
bem terem feito, ou hão de ser
privados da felicidade perfeita,
sem terem feito o mal?
35. 3.° — Qual o destino dos loucos e
idiotas, que não têm consciência
dos seus atos?
36. 4.° — Onde o cunho da justiça
nas misérias e enfermidades de
nascença, quando não são
resultantes de nenhum ato da
vida presente?
37. 5.° — Qual o destino dos
selvagens e de todos os que
morrem, por força maior, no
estado de inferioridade moral, em
que os colocou a natureza, se
não lhes é permitido progredir
ulteriormente?
38. 6.° — Por que criou Deus uns mais
favorecidos que outros?
39. 7.° — Por que chamar da vida,
prematuramente, os que
poderiam progredir, se vivessem
mais tempo, uma vez que não
lhes é dado fazê-lo depois da
morte?
40. 8.° — Por que a criação de anjos,
sem nenhum trabalho elevados à
perfeição, quando o homem é
submetido às mais rudes provas,
em que tem mais provas, em que
tem mais probabilidades de
sucumbir do que sair vitorioso,
etc., etc.?
41. 5.° Doutrina Espírita
O princípio inteligente
é independente da
matéria. A alma
individual preexiste e
sobrevive ao corpo.
42. O ponto de partida é o mesmo
para todas as almas, sem
exceção; todas são criadas
simples e ignorantes e estão
submetidas à lei do progresso
indefinido.
43. Nada de criaturas privilegiadas
ou mais favorecidas que outras;
os anjos são almas elevadas à
perfeição, depois de terem
passado, como as outras, por
todos os graus da inferioridade.
44. As almas ou Espíritos progridem,
mais ou menos rapidamente, em
virtude do seu livre-arbítrio e na
medida do seu trabalho e boa
vontade.
45. A vida espiritual é a normal; a
corpórea não passa de uma fase
transitória da vida do Espírito,
enquanto este reveste o invólucro
material de que se despoja pela
morte.
46. O Espírito progride no estado
corporal e no espiritual; aquele,
porém, lhe é necessário até que
tenha alcançado determinado
grau de perfeição.
47. Desenvolve-se pelo trabalho a
que é sujeito pelas próprias
necessidades e adquire, por esse
trabalho, conhecimentos práticos
especiais.
48. Sendo insuficiente uma única
existência corpórea para adquirir
todas as perfeições, toma um
corpo tantas vezes quanta lhe é
necessário, trazendo, quando se
reencarna, o adiantamento
adquirido nas anteriores
existências e na vida espiritual.
49. Sendo insuficiente uma única
existência corpórea para adquirir
todas as perfeições, toma um
corpo tantas vezes quanta lhe é
necessário, trazendo, quando se
reencarna, o adiantamento
adquirido nas anteriores
existências e na vida espiritual.
50. O estado feliz ou desgraçado
dos Espíritos é inerente ao seu
adiantamento moral; a punição
é a consequência do seu
endurecimento no mal, de
maneira que são eles próprios
que se castigam;
51. nunca, porém, lhes é fechada a
porta do arrependimento, por
onde podem, quando quiserem,
voltar ao caminho do bem e
alcançar, com o tempo, todos os
progressos.
52. Os que morrem ainda crianças
podem ser mais ou menos
adiantados, porque já têm tido
outras existências, nas quais
puderam praticar o bem ou fazer
más obras.
53. A morte não os isenta das provas
pelas quais devem passar,
porque, a seu tempo,
recomeçarão nova existência, na
Terra ou em mundos superiores,
segundo o grau de elevação de
cada um.
54. A alma dos loucos e idiotas é da
mesma natureza das outras e a
sua inteligência é muitas vezes
superior, sofrendo pela
insuficiência de meios para entrar
em relação com as suas
companheiras de existência,
55. como os mundos sofrem por não
poderem falar, senão como
expiação ou prova. Abusaram da
inteligência em anteriores
existências e aceitaram,
voluntariamente, a pena que os
reduziu à impotência, para
expurgo do mal que fizeram.