31º Congresso do Conasems - Apresentação do presidente do CONASS, João Gabbardo dos Reis, no do Painel "Acesso a Medicamentos no SUS: como enfrentar o desabastecimento na Assistência Farmacêutica"
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POSSIVEIS CAUSAS DO DESABASTECIMENTO DE MEDICAMENTOS
Capacidade insuficiente de produção para atender a demanda,
Questões financeiras, entre elas a rentabilidade,
Questões relacionadas ao mercado em que há supremacia de estratégias
comerciais em relação aos interesses e saúde da população,
Problemas relativos a regulação do mercado como a concentração de
produção em número restrito de fabricantes,
Descontinuidade na produção ou na cadeia de distribuição,
Questões relacionadas a qualidade, incluindo da matéria prima,
Problemas de gestão e gerência,
Elevado número de deserções nos processos de compra, com desinteresse
dos fornecedores na participação de processos licitatórios para registro de
preços,
Dificuldades no cumprimento da obrigatoriedade de atender ao Preço
Máximo de Venda ao Governo (PMVG) ou o Preço Fábrica, o que impede a
compra.
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DESABASTECIMENTO DE MEDICAMENTOS EM OUTROS PAÍSES
Há trabalhos que apontam para a existência de problemas semelhantes em
outros países entre eles os EUA.
Segundo o FDA, agência de vigilância sanitária dos EUA, a falta de
medicamentos no mercado americano tomou tais dimensões que passou a ser
detalhadamente monitorada pela agência. A situação era de tal gravidade que
foi objeto de uma “ordem executiva” do Presidente da República que
determinava que o FDA fizesse uma constante prospecção do mercado e
detectasse e informasse sobre a possibilidade de ocorrência de escassez de
medicamentos. Ainda, que fossem revistas as normas sanitárias vigentes afim de
prevenir o desabastecimento (FDA, 2011 in Romero, 2015).
Neste cenário, a sociedade americana se mobilizou e passou a exigir uma
atitude mais contundente por parte do Congresso, concedendo ao FDA “mais
poder para enfrentar essas crises” pois as leis seriam inadequadas ou
insuficientes (Romero, 2015).
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DESABASTECIMENTO NO BRASIL
No Brasil, ainda que o problema do desabastecimento
já existisse anteriormente, nos últimos anos observa-se
um agravamento da situação, que transcende
aspectos de gestão e logística. Ainda que possam estar
relacionados ao aumento no consumo e no acesso da
população a medicamentos, sua falta no mercado
apresenta graves repercussões na saúde.
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DESABASTECIMENTO DE MEDICAMENTOS NAS SES
Nas Secretarias de Saúde, soma-se às dificuldades nas
aquisições, a falta de produto no mercado por
descontinuidade temporária ou definitiva na produção ou a
redução na produção dos medicamentos.
Exemplo emblemático é o caso da falta no mercado da
penicilina benzatina, que se estende a mais de 1 ano, com
impactos sanitários mensuráveis, entre eles o aumento nos
casos de sífilis congênita.
Informe da SCTIE de outubro de 2014, mencionava
regularização a partir de novembro daquele ano.
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ATUAÇÃO DO CONASS
Em 2013 se acentuaram as dificuldades de compra e cresceu o
desabastecimento de medicamentos do componente
especializado e de uso hospitalar nas SES, em especial nos
estados do nordeste, que reuniram-se para discutir o tema e
encaminharam a “CARTA DE RECIFE” ao Ministro da Saúde, à
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, a CMED,
ao Conselho Nacional de Saúde e ao CONFAZ, alertando para a
gravidade da situação e solicitando providencias para o
enfrentamento desse grave problema.
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Em 2014, para subsidiar a discussão do desabastecimento com o
MS/SCTIE, Anvisa, representantes dos laboratórios produtores
oficiais e privados, o CONASS discutiu o tema em reunião de
Câmara Técnica da Assistência Farmacêutica e apontou os
principais problemas nas compras, com base nos relatos da
assistência farmacêutica das SES (Nota Técnica 15/agosto de
2014) e “reiterou a necessidade de uma análise aprofundada da
situação, a fim de se identificarem as causas dos problemas
relatados e a partir desse diagnóstico se buscar soluções
concretas que possibilitem superar as dificuldades,
estabelecendo-se medidas de curto, médio e longo prazos.”
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Destaca-se que o desabastecimento está presente em distintas áreas, com
ênfase para:
Medicamentos hospitalares, entre os quais se destacam os antibióticos
em geral (cefalotina, ceftriaxona, claritromicina, piperacilina+tazobactan,
gentamicina, cefazolina, amicacina); a epinefrina; hidrocortisona;
amiodarona);
Medicamentos para programas específicos como toxoplasmose
(espiramicina) e sífilis congênita (penicilina benzatina);
Vários medicamentos básicos da Rename, entre eles os de saúde mental e
neurologia (fenitoína, haloperidol decanoato), mesmo no caso de compras
em grande escala.
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RELATOS DAS SES
SES/MA – sem acesso a Hidroxiuréia para tratamento de anemia falciforme.
Em 26jun/2015 a Sanofi comunicou as SES a descontinuidade na produção de
Danazol (Ladogal) por “questões vinculadas à cadeia de produção”, com
regularização prevista apenas a partir de julho de 2016 (Informe à Anvisa de
descontinuação temporária protocolado em 9/6/2015).
Abril de 2015, SES/PA: dificuldade no abastecimento de Ciclosporina 25 mg e
50 mg. Conforme documentação da EMS: Em correspondência a EMS informa
que “...por motivos alheios a sua vontade os produtos de Ciclosporina 25 mg e
Ciclosporina 50 mg sofreram atraso na sua produção...”
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SES/AM e SES/MG: Sulfato de Protamina 1000, utilizado para reversão do efeito da
heparina, em cirurgias cardíacas e de grandes riscos está em falta, o Laboratório
Valeant, único detentor de registro, informou que estão com problema de produção,
mas que estão abastecendo diretamente os hospitais. Contudo, nem sempre os
hospitais podem fazer compras diretas e com isso as cirurgias cardíacas estão sendo
suspensas no Amazonas.
SES/MG:
Dificuldades na aquisição de Amantadina 100mg. Realizados 4 pregões sem
possibilidade de adquirir medicamento por vencimento do Certificado de Boas Práticas
junto à ANVISA, sendo o único laboratório fabricante.”
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CONSEQUENCIAS DO DESABASTECIMENTO DE MEDICAMENTOS
Impacto negativo sobre a qualidade da atenção à saúde.
Impacto negativo sobre na Segurança do paciente pela
necessidade de uso de drogas substitutivas muitas vezes de
segunda ou terceira linhas, com mais efeitos adversos e maior
toxicidade.
Interrupção ou retardo no início do tratamento.
Desequilíbrio no acesso.
Dificuldade no planejamento financeiro.
Piora nos indicadores de saúde.
Comprometimento do tratamento pela necessidade de alterar
procedimentos, deixando de atender as diretrizes clínicas e
abandonando protocolos instituídos e de eficácia comprovada