O documento discute a lepra, incluindo sua transmissão por gotículas de saliva, sinais e sintomas como perda de sensibilidade térmica, formas como tuberculoide e lepromatosa, tratamento com antibióticos e situação epidemiológica global e no Brasil.
2. Transmissão
A lepra é transmitida por gotículas de saliva. O bacilo Mycobacterium
leprae é eliminado pelo aparelho respiratório da pessoa doente na
forma de aerossol durante o ato de falar, espirrar, tossir ou beijar. Quase
sempre ocorre entre contatos domiciliares, geralmente indivíduos que
dormem num mesmo quarto.
A contaminação se faz por via respiratória, pelas secreções nasais ou
pela saliva, mas é muito pouco provável a cada contato. A incubação,
excepcionalmente longa (vários anos), explica por que a doença se
desenvolve mais comumente em indivíduos adultos, apesar de que
crianças também podem ser contaminadas (a alta prevalência de lepra
em crianças é indicativo de um alto índice da doença em uma região).
Noventa por cento (90%) da população exposta à bactéria tem
resistência ao bacilo de Hansen (M. leprae), causador da lepra e
conseguem controlar a infecção sem sintomas. As formas contagiantes
são a lepromatosa/virchowiana/multibacilar e a limítrofe/boderline.
Após 15 dias de tratamento os portadores já não transmitem mais a
lepra.1
3. Sinais e Sintomas
• Essa bactéria, assim como o da tuberculose, é bastante lento para se
reproduzir a ponto de causar sintomas, de modo que o tempo de
incubação após a infecção é de 2 a 7 anos.
• Um dos primeiros efeitos da lepra, devido ao acometimento dos nervos, é
a supressão da sensação térmica, ou seja, a incapacidade de diferenciar
entre o frio e o quente no local afetado. Mais tardiamente pode evoluir
para diminuição da sensação de dor no local.
• A lepra indeterminada é a forma inicial da doença, e consiste na maioria
dos casos em manchas de coloração mais clara que a pele ao redor,
podendo ser discretamente avermelhada, com alteração de sensibilidade
à temperatura, e, eventualmente, diminuição da sudorese sobre a mancha
(anidrose). A partir do estado inicial, a lepra pode então permanecer
estável (o que acontece na maior parte dos casos) ou pode evoluir para
lepra tuberculóide ou lepromatosa, dependendo da predisposição
genética particular de cada paciente. A lepra pode adotar também vários
cursos intermediários entre estes dois tipos de lepra, sendo então
denominada lepra dimorfa.
4. Lepra tuberculoide ou paucibacilar
• Rosto com mancha descolorada e
insensível a dor de lepra tuberculoide.
• Esta forma de lepra ocorre em pacientes
que têm boa resposta imunitária ao bacilo
de Hansen, capaz de conter a
disseminação do bacilo através da
formação de agrupamentos de macrófagos
denominados "granulomas".
• Neste tipo de lepra, as manchas são bem
delimitadas e assimétricas e geralmente
são encontradas apenas poucas lesões no
corpo. Há insensibilidade a dor progressiva
conforme os nervos periféricos são
lesionados. Exames com lepromina dão
positivos. O termo paucibacilar (poucos
bacilos) é referência a contagem de bacilos
ao microscópio de amostras subcutâneas.2
5. Lepra limítrofe ou boderline
• É a forma mais comum, um tipo
intermediário entre boa e má
resposta imune. As lesões
cutâneas assemelham às da
lepra tuberculoide, mas são
mais numerosos e irregulares.
Grandes manchas podem afetar
um membro inteiro e ocorre
progressiva fraqueza e perda de
sensibilidade nos pés, mãos e
rosto. Este tipo é mais instável e
pode converter-se em
lepromatosa ou reverter
tornando-se mais parecido com
a forma tuberculoide.
6. Lepra lepromatosa ou multibacilar
• É a forma mais grave e ocorre nos casos em que
os pacientes têm pouca defesa imunitária contra
o bacilo. Ocorrem lesões simétricas de pele,
nódulos, placas, espessamento da derme,
congestão nasal com sangramento. Os pelos de
sobrancelhas e cílios caem (alopecia facial).
Geralmente a perda de sensibilidade é mais lenta.
Causa deformações cada vez mais graves em
mãos, pés, glúteos e rostos, frequentemente
requerendo amputações de
7. Epidemiologia
• Além do homem, outros animais de que se tem notícia de serem
susceptíveis à lepra são algumas espécies de macacos,coelhos, ratos e
o tatu. Este último pode servir de reservatório e há casos comprovados no
sul dos Estados Unidos de transmissão por ele. Contudo a maioria dos casos
é de transmissão entre seres humanos por contato íntimo prolongado.
• A lepra ataca hoje em dia ainda mais de 12 milhões de pessoas em todo o
mundo. Há 700.000 casos novos por ano no mundo. No entanto em países
desenvolvidos é quase inexistente, por exemplo a França conta com apenas
250 casos declarados. Em 2000, 738.284 novos casos foram identificados
(contra 640.000 em 1999). A OMS (Organização Mundial de Saúde)
referencia 91 países afetados: a Índia, a Birmânia, o Nepal totalizam 70%
dos casos em 2000. Em 2002, 763.917 novos casos foram detectados:
o Brasil, Madagáscar, Moçambique, a Tanzânia e o Nepal representam então
90% dos casos de lepra. Estima-se que seja entre 2 e 3 milhões o número de
pessoas severamente descapacitadas pela lepra em todo o mundo.3
• O Brasil foi o único país das Américas que não conseguiu a meta de reduzir
o número de novos casos para menos de 1 em cada 10.000 pessoas,
prejudicando a erradicação nos países vizinhos.4
8. Tratamento
• Hoje em dia, a lepra é tratada com antibióticos, e
esforços de Saúde Pública são dirigidos ao diagnóstico
precoce e tratamento dos doentes, à ajuda
com próteses aos pacientes curados e que sofreram
mutilações e à prevenção voltada principalmente para
evitar a disseminação. O trat Apesar de não mortal, a
lepra pode acarretar invalidez severa e/ou permanente
se não for tratada a tempo. O tratamento comporta
diversos antibióticos, a fim de evitar selecionar as
bactérias resistentes do germe. A OMS recomenda
desde 1981 uma poliquimioterapia (PQT) composta de
três medicamentos: a dapsona, a rifampicina e
a clofazimina. Essa associação destrói o agente
patogênico e cura o paciente. O tempo de tratamento
oscila entre 6 e 24 meses, de acordo com a gravidade
da doença.
• Quando as lesões já estão constituídas, o tratamento
se baseia, além da poliquimioterapia, em próteses, em
intervenções ortopédicas, em calçados especiais, etc.
Além disso, uma grande contribuição à prevenção e ao
tratamento das incapacidades causadas pela lepra é a
fisioterapia.
• amento é eminentemente ambulatorial
9. Talidomida
• Malformações congênitas devido ao uso
de Talidomida pelas mães no período
gestacional resultavam em crianças nascidas com membros
atrofiados - focomelia, especialmente os membros
superiores. Muitas dessas malformações foram
correlacionadas ao uso do medicamento Talidomida
durante a gravidez para controle de enjoos. Atualmente, o
medicamento é usado no tratamento da
lepra, lúpus sistêmico e AIDS. Para conseguir é necessário
de documentação comprovando e com controle rigoroso
do receituário, sendo proibido a venda em farmácias, só
encontrando em farmácias regionais das secretarias
estaduais de saúde, com liberação para casos muito
restritos
10. No Brasil
• No Brasil, a ONG MORHAN 9 realiza um trabalho contra
o preconceito e ajuda aos portadores da doença.
• Indenização às vítimas no Brasil
• De acordo com o decreto federal 6.168, de 24 de julho
de 2007,10 os pacientes internados compulsoriamente
e isolados em hospitais colônias de todo o país, até o
ano de 1986, terão direito à pensão vitalícia mensal no
valor de 750 reais. Para receber o benefício, os
pacientes precisam apresentar documentos que
comprovem a internação compulsória e preencher um
requerimento de pensão especial.11