1. Transmissão
A lepra é transmitida por gotículas de saliva. O
bacilo Mycobacterium leprae é eliminado pelo aparelho
respiratório da pessoa doente na forma de aerossol durante
o ato de falar, espirrar, tossir ou beijar. Quase sempre ocorre
entre contatos domiciliares, geralmente indivíduos que
dormem num mesmo quarto
2. • Noventa por cento (90%) da população
exposta à bactéria tem resistência ao bacilo de
Hansen (M. leprae), causador da lepra e
conseguem controlar a infecção sem
sintomas. As formas contagiantes são a
lepromatosa/virchowiana/multibacilar e a
limítrofe/boderline. Após 15 dias de
tratamento os portadores já não transmitem
mais a lepra.
4. Sinais e sintomas
• A lepra indeterminada é a forma inicial da doença, e
consiste na maioria dos casos em manchas de
coloração mais clara que a pele ao redor, podendo ser
discretamente avermelhada, com alteração de
sensibilidade à temperatura, e, eventualmente,
diminuição da sudorese sobre a mancha (anidrose). A
partir do estado inicial, a lepra pode então permanecer
estável (o que acontece na maior parte dos casos) ou
pode evoluir para lepra tuberculóide ou lepromatosa,
dependendo da predisposição genética particular de
cada paciente. A lepra pode adotar também vários
cursos intermediários entre estes dois tipos de lepra,
sendo então denominada lepra dimorfa
5. Lepra tuberculoide ou paucibacilar
• Esta forma de lepra ocorre em pacientes que têm boa
resposta imunitária ao bacilo de Hansen, capaz de
conter a disseminação do bacilo através da formação
de agrupamentos de macrófagos denominados
"granulomas".
• Neste tipo de lepra, as manchas são bem delimitadas e
assimétricas e geralmente são encontradas apenas
poucas lesões no corpo. Há insensibilidade a dor
progressiva conforme os nervos periféricos são
lesionados. Exames com lepromina dão positivos. O
termo paucibacilar (poucos bacilos) é referência a
contagem de bacilos ao microscópio de amostras
subcutâneas.2
6. Lepra limítrofe ou boderline
• Grandes manchas podem afetar um membro
inteiro e ocorre progressiva fraqueza e perda
de sensibilidade nos pés, mãos e rosto. Este
tipo é mais instável e pode converter-se em
lepromatosa ou reverter tornando-se mais
parecido com a forma tuberculoide.2
7. Lepra lepromatosa ou multibacilar
• É a forma mais grave e ocorre nos casos em que
os pacientes têm pouca defesa imunitária contra
o bacilo. Ocorrem lesões simétricas de pele,
nódulos, placas, espessamento da derme,
congestão nasal com sangramento. Os pelos de
sobrancelhas e cílios caem (alopecia facial).
Geralmente a perda de sensibilidade é mais lenta.
Causa deformações cada vez mais graves em
mãos, pés, glúteos e rostos, frequentemente
requerendo amputações de
8.
9. Epidemiologia
• A lepra ataca hoje em dia ainda mais de 12 milhões de
pessoas em todo o mundo. Há 700.000 casos novos por ano
no mundo. No entanto em países desenvolvidos é quase
inexistente, por exemplo a França conta com apenas 250
casos declarados. Em 2000, 738.284 novos casos foram
identificados (contra 640.000 em 1999).
A OMS (Organização Mundial de Saúde) referencia 91
países afetados: a Índia, a Birmânia, o Nepal totalizam 70%
dos casos em 2000. Em 2002, 763.917 novos casos foram
detectados: o Brasil, Madagáscar, Moçambique,
a Tanzânia e o Nepal representam então 90% dos casos de
lepra. Estima-se que seja entre 2 e 3 milhões o número de
pessoas severamente descapacitadas pela lepra em todo o
mundo.3
10. Tratamento
• No mundo existem muitos leprosários para o abrigo e a cura dos doentes de Hanseníase. A Igreja
administra no mundo 547 leprosários, segundo dados do último Anuário Estatístico da Igreja. Eles
são assim divididos: na África 198, na América 56 (total), na Ásia 285, na Europa 5 e na Oceania 3.
As nações com o maior número de leprosários são: na África: República Democrática do Congo (32),
Madagascar (29), África do Sul (23); na América do Norte: Estados Unidos (1); na América central:
México (8); na América central-Antilhas: República Dominicana (3); na América do Sul: Brasil (17),
Peru (6), Equador e Colômbia (4); na Ásia: Índia (220), Coreia (15); na Oceania: Papua Nova-Guiné
(3). (Agência Fides 26/01/2013).
• Hoje em dia, a lepra é tratada com antibióticos, e esforços de Saúde Pública são dirigidos ao
diagnóstico precoce e tratamento dos doentes, à ajuda com próteses aos pacientes curados e que
sofreram mutilações e à prevenção voltada principalmente para evitar a disseminação. O
tratamento é eminentemente ambulatorial.
• Apesar de não mortal, a lepra pode acarretar invalidez severa e/ou permanente se não for tratada a
tempo. O tratamento comporta diversos antibióticos, a fim de evitar selecionar as bactérias
resistentes do germe. A OMS recomenda desde 1981 uma poliquimioterapia (PQT) composta de
três medicamentos: a dapsona, a rifampicina e a clofazimina. Essa associação destrói o agente
patogênico e cura o paciente. O tempo de tratamento oscila entre 6 e 24 meses, de acordo com a
gravidade da doença.
11. No Brasil
• De acordo com o decreto federal 6.168, de 24
de julho de 2007,10 os pacientes internados
compulsoriamente e isolados em hospitais
colônias de todo o país, até o ano de 1986,
terão direito à pensão vitalícia mensal no valor
de 750 reais. Para receber o benefício, os
pacientes precisam apresentar documentos
que comprovem a internação compulsória e
preencher um requerimento de pensão
especial.11
12. Em Portugal
• Portugal foi dos últimos países a pôr fim ao internamento compulsivo de doentes
com lepra em 1976.
• Em 1985, com o início dos centros de saúde, todos os leprosos tiveram alta
colectiva mas alguns não quiseram sair. Outros, pediram para voltar para
conseguirem suportar os tratamentos às sequelas da doença.
• Na actualidade, o número de casos é muito diminuto e reside quase
exclusivamente em casos importados. A incidência da lepra em Portugal, com 11
novos casos registados em 2008, está sobretudo associada às migrações,
nomeadamente de África e do Brasil, sendo este o segundo país do Mundo com
mais casos. 14 .
• Em Portugal, os doentes são tratados com antibióticos "em ambulatório", ao
contrário do que sucedia nas décadas de 1940 e 1950, quando eram sujeitos a
internamento compulsivo e a isolamento.
• O actual Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro, em Tocha,
concelho de Cantanhede é o herdeiro do antigo Hospital Rovisco Pais que era uma
leprosaria que albergava leprosos. Depois de transformado em centro de medicina
em 1996, este centro mantém 18 ex-leprosos que foram excluídos da sociedade.
13. História
• Hipócrates utilizou pela primeira vez a denominação λέπρα (derivado de
λέπω «descamar») quando descreveu manchas brancas na pele e nos
cabelos. Entretanto, em nenhum momento informou sobre manifestações
neuronais; provavelmente estivesse se referindo aovitiligo. A
denominação lepra é utilizada na Bíblia hebraica como tsaraáth tendo o
significado de desonra, vergonha, desgraça. No Egito Antigo, há
referências a essa doença há mais de três mil anos, em hieróglifos de
1350 a.C. A Bíblia contém passagens fazendo referência ao nome lepra,
mas este termo foi utilizado para designar diversas doenças
dermatológicas de origem e gravidade variáveis. A antiga lei israelita
obrigava os sacerdotes a saberem reconhecer a doença. As descrições
mais precisas da lepra, porém, datam de 600 a.C. (Tratado Médico Indiano
de Sushrata Samhita denomina-a kushta) onde já eram descritos dois
grupos principais: Vat Rakta, que apresentava manifestações
predominantemente neurais; e Aurun Kushta onde eram observadas
características virchowianas.[carece de fontes]
15. Notas
• Após a revogação de lei "compulsória", este
sanatório tornou-se Instituto
de Dermatologia Lauro de Sousa Lima, sendo
hoje centro de pesquisa referência nacional
em dermatologia e referência mundial em
lepra.[carece de fontes]
16. Referências
• "Defeitos em bebês elevam temor por uso de talidomida no Brasil, diz 'FT'", 2007-
10-02. Página visitada em 2007-10-02.
• Ir para cima↑ Movimento de Reintegração das pessoas atingidas pela lepra
• Ir para cima↑ "DECRETO Nº 6.168, DE 24 DE JULHO DE 2007.", 24 de Julho de
2007. Página visitada em 2007-10-05.
• Ir para cima↑ "Mutirão ajuda doentes de lepra a receber benefício", 5 de outubro
de 2007. Página visitada em 2007-10-05.
• Ir para cima↑ Marques, A. H de Oliveira. Sociedade medieval portuguesa: aspectos
da vida quotidiana. [S.l.]: Sá da Costa (Lisboa), 1987. 98 p.
• Ir para cima↑ Marques, A. H. Oliveira. Sociedade medieval portuguesa: aspectos
da vida quotidiana. [S.l.]: Sá da Costa (Lisboa), 1987. 97 p.
• Ir para cima↑ Correio da Manhã (31-1-2010). Casos de lepra em Portugal ligados
às migrações Correio da Manhã. Visitado em 3de dezembro de 2012.
• Ir para cima↑ Centro de Medicina de Reabilitação ds Região Centro - Rovisco
Pais. História do Centro de Medicina de Reabilitação ds Região Centro. Visitado em
03-12-12.
17. Ligações externas
• O Hospital-Colónia Rovisco Pais: a última
leprosaria portuguesa e os universos
contingentes da experiência e da
memória. (Consultado em 30 de Março de 2011)
• Centro de Documentação Bissaya Barreto - Para o
estudo da assistência e tratamento da Lepra em
Portugal
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