O documento discute três casos clínicos de pacientes com possíveis problemas psiquiátricos e fornece informações gerais sobre demências e aspectos do diagnóstico e tratamento de transtornos mentais.
1. Aspectos Gerais das Demências
Hewdy Lobo Ribeiro
Psiquiatra Forense
Coordenador UNIP: Saúde Mental
para Equipes Multiprofissionais
2. Caso Clínico - I
• A.C.F., 68 anos, casado, professor do ensino
médio, aposentado há 3 anos e morando na
zona rural há 2 anos.
• Há mais ou menos um ano e meio vem tendo
dificuldade progressiva para lembrar os
nomes dos bichos, não consegue fazer as
mesmas atividades de antes e perde seus
objetos de cuidados das atividades
domésticas.
• Recusa ler jornais por dificuldade de lembrar.
3. Caso Clínico - I
• Estas mudanças foram acontecendo aos
poucos e quando a esposa relatava para os
filhos eles não valorizavam porque não
percebiam inicialmente
• Passou ficar isolado e recusando ir em
eventos familiares e deixou de vender leite
por causa da dificuldade de cumprir horas
com leiteiro e perdeu paciência com esta
atividade e outras como curar animais
machucados
4. Aspectos Gerais das Demências
• Demência?
• Doença de Alzheimer
• Neurodegenerativa, progressiva e irreversível
• Comprometimento cognitivo de todos
domínios: memória, atenção, concentração,
linguagem, resolução de problemas,
independência e outros aspectos
5. Aspectos Gerais das Demências
• Comprometimento funcional
• Incapacitação progressiva para atividades da
vida diária
• Perda progressiva da independência dos
autocuidados
• Riscos com relação a sua segurança
• Repercussões físicas com maior número de
quedas
6. Aspectos Gerais das Demências
• Alterações do comportamento
• Agressividade imotivada
• Interesse sexual inadequado
• Relacionamento interpessoal impróprio
• Tolerância alterada
• Sono perturbado qualitativamente
• Sono reduzido quantitativamente
• Alteração do padrão alimentar
7. Aspectos Gerais das Demências
• Fase pré-clínica – quarta década – início das
alterações estruturais do cérebro
• Sem sintomas reconhecidos
• Quando ocorrem alterações estruturais e
funcionais – iniciam os sintomas clínicos
• Área cerebral – memória – Hipocampo
• Diagnóstico de certeza – post mortem –
cérebro com características específicas
• Durante a vida – Hipótese de Demência
8. Aspectos Gerais das Demências
• Possível sequência de sintomas da Doença de
Alzheimer
• Redução da capacidade de registrar informação
• Dificuldade de resgate de informações de curto
e depois de longo prazo
• Capacidade de manter atenção e concentração
vão sendo reduzidas
• Afasia – dificuldade para denominação de
objetos e compreender palavra falada
9. Aspectos Gerais das Demências
• Apraxia – dificuldades para praticar atos
motores simples e complexos
• Exemplo: vestir, alimentar e evacuar
• Agnosia – limitação para reconhecer rostos e
objetos ou pessoas
• Exemplos:
• ‘’este não é meu filho!’’ (mesmo sendo)
• ‘’cinzeiro? Nunca vi” – fumando no lugar
errado
10. Aspectos Gerais das Demências
• Outras limitações instrumentais:
• Contagem e conferência de dinheiro – operações
matemáticas ficam complexas
• Direção segura – impossibilidade de ações
simultâneas
• Cozinhar – perda do planejamento do tempo
entre ligar o gás e colocar fogo
• Administrar – limitação da capacidade de
associação de fatos, interpretação de dados e
resolução de situações novas
11. Aspectos Gerais das Demências
• Critérios Diagnósticos
• Demência do Tipo Alzheimer
• Doença de Alzheimer
• Manual Diagnóstico e Estatístico
• Associação Psiquiátrica Americana
• 1994
• Sujeito a críticas
• Usando com parcimônia
12. Aspectos Gerais das Demências
• A – Desenvolvimento de déficits múltiplos
que se manifestam por ambos:
• 1 – comprometimento da memória
(incapacidade para aprender informações
novas e para lembrar-se de informações
previamente aprendidas)
• 2 – ao menos um dos seguintes transtornos:
• * afasia *apraxia *agnosia *transtorno de
funções executivas
13. Aspectos Gerais das Demências
• B – Curso é caracterizado por início gradual e
declínio cognitivo contínuo.
• C – Os déficits cognitivos causam significativo
comprometimento social e ocupacional e
representam declínio significativo de nível de
funcionamento anterior.
• D – Os déficits cognitivos de A não se devem
a nenhuma outra causa médica ou de uso de
drogas.
14. Aspectos Gerais das Demências
• E – Os déficits não ocorrem apenas em
associação com Delirium.
• F – Os déficits não podem ser explicados por
outros transtornos.
15. Caso Clínico - I
• Quais critérios para Demência de Alzheimer
este avaliado apresenta?
• Quais perguntas ainda precisam ser feitas
neste processo de avaliação?
• Onde ainda pairam dúvidas?
• Como podemos melhorar este processo
avaliativo?
• Quais os complementos?
16. Raciocínio Clínico?
• Há doença clínica?
• Câncer, anemia, diabetes e ...
• Uso de substâncias?
• Álcool, medicamentos, ...
• Condições reativas?
• Esquecimento circunscrito
• Folie a Deux?
• Simulação?
17. Outra Doença Mental?
• Depressão?
• Perguntas:
• Apresenta tristeza sem causa reconhecida?
• Diminuição do interesse e prazer?
• Redução do sono?
• Redução do apetite?
• Sentimento de baixa estima?
• Dificuldades para solução de problemas?
18. Conclusões:
• Primeiro – conhecimentos gerais sobre uma
Síndrome – conjunto de sintomas
• Segundo – conhecimento de critérios de uma
Síndrome
• Terceiro – raciocínio clínico completo e passo a
passo para confirmar ou descartar a Síndrome
• Discussão em Equipe
• Conclusão da possível Síndrome
• Intervenção Multidisciplinar em Equipe
19. Psicoeducação. Trinta Informações que
Todos Profissionais de Saúde Mental Devem
Orientar.
• Trabalho em Equipe
• Opiniões técnicas podem não ser consensuais
• Discussões podem não ser conclusivas
• Conclusões podem ser indefinidas
• Tempo para decisão pode ser demorado
• Necessidades podem ser adiadas – pedido de
um exame
• Informação para paciente e família PRECISA
ser clara e sem contradições dos profissionais
20. Trinta Informações
• 1 – avaliação na saúde mental pode não ser
em único dia
• 2 – hipótese inicial de uma doença mental
pode ser revista e mudada com o tempo
• 3 – novos dados e informações de terceiros e
do paciente podem mudar impressões iniciais
dos profissionais
• 4 – transtornos mentais não apresentam
causa única – multifatoriais
21. Trinta Informações
• 5 – não conseguimos responder a proporção
causal de cada um dos fatores: genética,
família, ambiente, estresse e outros
• 6 – transtornos mentais raramente são
curados e quase todos podem ser tratados
para reduzir e reverter sintomas ou melhorar
a qualidade de vida
• 7 – resposta ao tratamento não é imediata –
para qualquer tratamento depende de tempo
22. Trinta Informações
• 8 – tratamento depende de equipe com
vários profissionais
• 9 – os melhores resultados dependem da
discussão entre profissionais da equipe
• 10 – maioria dos transtornos mentais não
prejudicam a capacidade cível, penal e
laborativa
• 11 – poucos portadores de transtornos
mentais recebem benefício previdenciário
23. Trinta Informações
• 12 – solicitem sempre os benefícios
previdenciários que acharem legítimos
• 13 – decisão do benefício previdenciário é do
Perito e não dos relatórios da Equipe Técnica
• 14 – melhores maneiras de evitar recaída de
sintomas é aderir ao tratamento
• 15 – mesmo aderido ao tratamento paciente
pode piorar ao longo do tempo e até internar
• 16 – internação é exceção
24. Trinta Informações
• 17 – quem fala em suicídio tem risco
aumentado e quem já tentou tem risco muito
aumentado de efetivar
• 18 – portadores de transtorno mental não
tem risco de agressão maior em relação a
população geral – exceto se usarem drogas
• 19 – dependência química é doença e precisa
de tratamento contínuo como maioria dos
transtornos mentais
• 20 – grupos de autoajuda são recomendados
25. Trinta Informações
• 21 - medicamentos psiquiátricos geralmente
não causam dependência
Obs.: controlados por receituário azul – B
– possuem potencial de causar dependência
• 22 – medicações constituem parte do
tratamento
• 23 – sintomas físicos de portadores de
transtornos mentais devem ser considerados
sempre com valor real
26. Trinta Informações
• 24 – medicamentos precisam ser usados
mesmo na ausência de sintomas – chamado
tratamento de manutenção
• 25 - maioria das doenças mentais são
tratadas a vida inteira e mesmo assim podem
apresentar piora progressiva
• 26 – cuidador e familiar deve buscar
avaliação e estar receptivo para receber
possível tratamento
27. Trinta Informações
• 27 – Eletroconvulsoterapia ainda é tratamento
realizado, sem sofrimento para o paciente e
ocorre em centro cirúrgico sob anestesia
• 28 – família geralmente não tem culpa exclusiva
do adoecimento mental dos familiares por ser
causado por múltiplos fatores
• 29 – família precisa estar inclusa no tratamento
sempre independente da aceitação do paciente
• 30 – doença mental não escolhe classe social,
idade ou qualquer outro fator
28. Caso - II
• Como esclarecer em Psicoeducação?
• A – Paciente portador de Depressão
Moderada já diagnosticada e em início de
tratamento no CAPS.
• B – Mãe de adolescente portador de
dependência de múltiplas drogas que evadiu-
se da internação e está 3 dias sem contato.
• C – Filho de paciente com Demência que fez
contato sexual impróprio com neta menor.
29. Caso - II
• D – Mãe de menor com Diagnóstico
conclusivo de Retardo Mental Moderado.
• E – Irmã cuidadora de mulher de 70 anos
portadora de Transtorno Afetivo Bipolar com
fase de mania com gastos excessivos.
• F – Paciente portador de Crises de Pânico em
início de tratamento na Unidade Básica de
Saúde depois de ter descartado todas
doenças clínicas.
30. Caso Clínico - III
• C.F.C., 12 anos, levado para mãe para
avaliação psicológica no CAPS Infantil na
Cidade de São Paulo porque não consegue
aprender na escola.
• Terceira série e duas reprovações.
• Há um ano falta muito na escola e não
obedece as regras de casa.
• Uso de álcool há um ano e uso de maconha
com outras drogas há 6 meses
31. Caso Clínico - III
• Mãe foi chamada para buscá-lo na delegacia
porque foi abordado pela polícia após
subtrair celular de transeunte
• Avaliado o menor confirma uso de
substâncias incluindo cocaína da qual sente
importante vontade de usar quando não
consegue a ponto de ter insônia e fugir de
casa de madrugada para adquirir
• Confirma envolvimento com atividades
ilegais
32. Caso Clínico - III
• Critérios para dependência química?
• Que tipo de avaliações?
• Quais discussões multiprofissionais?
• A – Enfermagem?
• B – Serviço Social?
• C – Psicologia?
• D – Médico?
• E – Justiça?
• Condutas?
33. Caso Clínico - IV
• F.C.J., 32 anos, solteira, desempregada,
terceira gestação – 30 semanas, primeiro
aborto, segundo filho abrigado.
• Pobre apoio familiar e rede de
relacionamentos pobres.
• Mora na rua e tem vínculos frágeis e
transitórios com outros moradores de rua
• Conduzida para Hospital Leonor porque
estava perambulando pelas ruas gestante
com drogas nas na mão
34. Caso Clínico - IV
• Como é a Avaliação de Equipe
Multiprofissional de Saúde Mental?
• Que informações coletarão?
• Enfermagem?
• Psicologia?
• Médico?
• Serviço Social?
• Discussões em Equipe?
• Condutas em Equipe?