O documento discute a semiologia vascular periférica, descrevendo os exames físicos para avaliar insuficiência venosa, trombose venosa profunda e doença arterial periférica. Detalha sinais e sintomas, incluindo dor, edema, úlceras e alterações de pulso e temperatura. Também fornece detalhes sobre a avaliação do índice tornozelo-braço para diagnóstico de doença arterial obstrutiva crônica.
2. INSUFICIÊNCIAVENOSA - IMPORTÂNCIA
A insuficiência venosa crônica (IVC) é doença MUITO comum
Suas complicações, principalmente a úlcera de estase
venosa, causam morbidade significativa.
Afeta a produtividade no trabalho, gerando aposentadorias
por invalidez
Restringe as atividades da vida diária e de lazer.
A doença venosa significa dor, perda de mobilidade funcional
e piora da qualidade de vida
3. INSUFICIÊNCIAVENOSA - DADOS DE HISTÓRIA
• Idade – A partir dos 30 anos de idade. Microvarizes ou “aranhas vasculares”, também
chamadas de “vasos”, podem aparecer em pessoas bem mais jovens.
• Sexo – as mulheres são mais propensas do que os homens
Fatores hormonais da gestação, menstruação e menopausa, bem como anticoncepcionais e
reposição hormonal parecem ter relação com a maior facilidade de dilatação das veias
• História Familiar – se há incidência de varizes na família, a chance para a doença será maior
(principal fator de risco)
• Obesidade – o sobrepeso aumenta a pressão sobre as veias e dificulta o retorno venoso
• Traumatismo nas pernas pode lesar as veias
• Temperatura – exposição ao calor por tempo prolongado pode provocar dilatação das
veias.
A incidência de varizes é um pouco menor nos países mais frios.
• Sedentarismo – o movimento das pernas é muito importante para “bombear” o sangue das
veias. ficar muito tempo sentado ou em pé parado predispõe à insuficiência venosa .
4. INSUFICIÊNCIAVENOSA - SINTOMAS
-Sensação de peso que piora no correr do dia
-Edema de MMII, principalmente nos
tornozelos que piora no correr do dia
-Dor nos pés e nas pernas, na posição ereta,
principalmente parado
-Queimação nas pernas e planta dos pés
-Prurido, formigamento e cãibras nos MMII
-Pernas “inquietas”
-Úlceras pouco dolorosas
5. SEMIOLOGIAVENOSA - EXAME FÍSICO INSPEÇÃO
VENOSA:
Turgência venosa jugular:
Unilateral –
Pneumotórax, compressão por tumores,
Bilateral:
Insuficiencia ventricular direita ou global
Síndrome de compressão da veia cava
superior
Grandes ascites e tumores abdominais
Varizes de membros inferiores – dilatações
patológicas por alterações da túnica média das veias.
Quase exclusivas de
membros inferiores
7. SEMIOLOGIAVASCULAR PERIFÉRICA- EXAME FÍSICO INSPEÇÃO
ÚLCERA VENOSA:
Edema associado que é mais intenso no final
do dia e responde mal a diuréticos
Face medial interna da perna, próximo ao maléolo
Hiperpigmentação por hipertensão venosa
Bordos irregulares , profundidade rasa,
hemorragias
Dermatofibrose / Dermatite crônica/Eczema
Tecido em granulação/desvitalizado/necrótico
8. SEMIOLOGIAVASCULAR PERIFÉRICA- TROMBOSEVENOSA PROFUNDA
Formação de coágulos nas veias de MMII,
principalmente da raiz das coxas
Edema unilateral – desigualdade de volume dos
membros (sinal mais sensível), proporcional ao
vaso trombosado (mais proximal ou mais distal)
Empastamento muscular – sinal da bandeira=
menor mobilidade de uma panturrilha
Aumento da temperatura local
Dor espontânea ou à palpação local
Impotência funcional
9. SEMIOLOGIAVASCULAR PERIFÉRICA- TROMBOSEVENOSA PROFUNDA
Sinal de Homans – dor na panturrilha ao colocar o pé em
dorsiflexão
Sinal de Pratt – veias prétibiais túrgidas – obstrução da
passagem do sistema venoso superficial para o profundo
Manobra de Olow – dor à compressão da musculatura da
panturrilha sobre plano ósseo:
Sinal de Duque – retificação do ôco poplíteo (do S
itálico)
11. SEMIOLOGIA ARTERIAL PERIFÉRICA
ANAMNESE GERALPerguntar:
Uso de drogas vasoconstritoras:
Betabloqueadores e ergotamina
Fatores de risco para doença cardiovascular (DCV)
Idade ≥ 50 anos
Diabetes mellitus
Histórico de DCV
DCV em pais ou irmãos abaixo da idade de 65 anos
Tabagismo (tromboangeíte), consumo de álcool
Dieta rica em gorduras saturadas
12. SEMIOLOGIA ARTERIAL PERIFÉRICA
Na doença arterial periférica é importante distinguir entre:
• isquemia aguda (parte inferior) da perna com
ameaça da vitalidade dentro de horas ou dia
• doença arterial obstrutiva crônica, divididos em:
claudicação intermitente
isquemia crítica do membro.
13. INSUFICIÊNCIA ARTERIAL PERIFÉRICA AGUDA
HISTÓRIA- EXAME FÍSICO-INSPEÇÃO
Em geral é embólica
Início súbito – o paciente relata o momento exato do início dos sintomas
Foco emboligênico conhecido (fibrilação atrial, IAM)
Ausência de claudicação
Pulsos contralaterais normais
Obstrução em áreas de redução de fluxo
(aórtica, ilíaca, femural, poplítea)
14. SEMIOLOGIA ARTERIAL PERIFÉRICA
ANAMNESE E EXAME FÍSICO:
Avaliar sinais de isquemia aguda da perna:
• Arteriais:
Ausência de pulsação à palpação das artérias tibial posterior, pediosa e/ou artéria
femoral Sopro na artéria femoral;
Baixa temperatura da pele do pé em palpação com parte dorsal da mão;
Palidez ou cianose da perna/pé;
• Neurológicos:
Dor aguda e intensa no membro afetado, mesmo em repouso, que pode ser precedida por:
Distúrbios
sensoriais da perna (frequentemente espaço interdigital e região dorsal do pé entre
primeiro e segundo raios)
Fraqueza da perna/pé (normalmente fraqueza/distúrbio motor dos músculos do pé).
15. SEMIOLOGIA ARTERIAL PERIFÉRICA
INSUFICIÊNCIA ARTERIAL CRONICA - ANAMNESE
Perguntar:
Duração dos sintomas: progressão lenta ou, por vezes, rápida
diferença entre esquerda e direita
Limitações p/ atividades físicas, no trabalho ou atividades diárias
Distância máxima de caminhada
.
16. SEMIOLOGIA ARTERIAL PERIFÉRICA
ANAMNESE - SINTOMAS
Perguntar:
Sintomas sugestivos de claudicação intermitente:
-Dor e sensações desagradáveis na perna ou região glútea durante movimento físico
que
reduzem em repouso (cansaço, rigidez, câimbras, diferença de temperatura)
Sintomas sugestivos de isquemia crítica: (risco de instalação de
gangrena)
-Dor em repouso e/ou dor noturna (especialmente parte anterior do pé e dedos),
que diminui à medida que o paciente se levanta ou pendura a perna afetada
-Alterações da pele ou unhas dos pés (feridas ou úlceras);
17. INSUFICIÊNCIA ARTERIAL PERIFÉRICA
SINTOMAS
Dor depende do local da obstrução, quanto maior o calibre do vaso
obstruído maior a intensidade da dor
5 Ps: Pain (dor) – palidez – pulso (ausência) – parestesia – paralisia
Claudicação intermitente
Claudicação severa / dor em repouso: sinais de isquemia crítica
Sintomas se intensificam com o frio
18. SEMIOLOGIA ARTERIAL PERIFÉRICA
EXAME FÍSICO:
Inspeção, palpação e ausculta dos trajetos arteriais
Procurar diferenças entre os lados direito e esquerdo
Medir a pressão arterial em ambos os membros
33. SEMIOLOGIA ARTERIAL PERIFÉRICA
EXAME FÍSICO:
Atenção à cor da pele e à falta de pelos,
alterações discretas nas fases iniciais
Gangrena Gangrena Vasoespasmo Infecção
38. INSUFICIÊNCIA ARTERIAL PERIFÉRICA
EXAME FÍSICO-INSPEÇÃO
ÚLCERAS ARTERIAIS
Mais frequentes no pé e no terço distal da perna
Também próximo à articulação do joelho
Tamanho pequeno – podem ser bilaterais
Dolorosas – Bordos bem delimitados não sangrantes
Fundo com crostas enegrecidas e aderidas
41. SEMIOLOGIA ARTERIAL PERIFÉRICA
EXAME FÍSICO:
Sinais frequentes de doença arterial obstrutiva crônica:
• Arterial:
Pulsações fracas à palpação das artérias tibial posterior,
pediosa e/ou artéria femoral
Sopro na artéria femoral
Baixa temperatura da pele do pé e da perna à palpação com parte dorsal da mão.
• Distúrbios tróficos:
Feridas nos dedos do pé, pé e tornozelo;
42. INSUFICIÊNCIA ARTERIAL PERIFÉRICA
EXAME FÍSICO-INSPEÇÃO
Presença de tortuosidades (arterioesclerose)
Pulsações visíveis - principalmente em grandes artérias:
Insuficiencia aórtica,
hipertireoidismo , pacientes emagrecidos
Manobra de isquemia provocada: (Teste de Buerger)
Elevar os MMII do paciente até
90 graus; esperar um minuto e observar a coloração da região
plantar em relação ao decúbito horizontal. O aparecimento de
palidez significa isquemia do membro
Ulcerações e gangrena – seu aparecimento significa risco iminente
de perda da extremidade
43. SEMIOLOGIA ARTERIAL PERIFÉRICA
EXAME FÍSICO:
Exame Complementar:
• Em suspeita de doença arterial obstrutiva crônica
determinar o índice tornozelo-braço (ITB) com o
auxílio de dispositivo Doppler portátil.
• Procedimento ITB: ver texto integral da diretriz.
• Cálculo do ITB para ambas as pernas separadamente:
Pressão arterial mais alta
(a.tibial posterior ou pediosa do tornozelo esquerdo(direito))
ITB
esquerda(direita)=___________________________________________________
Pressão arterial mais alta (a.braquial) dos braços
44. SEMIOLOGIA ARTERIAL PERIFÉRICA
EXAME FÍSICO:Avaliação:
• Há isquemia aguda em dor em repouso (Pain), a ausência de pulsações no pé
(Pulseless), alterações na cor (Parlor) e temperatura do pé, dormência na perna
(Paresthesias) e fraqueza de perna/pé (Paralyse) (5Ps).
• Doença arterial obstrutiva crônica é quase certa em ITB <0,8 em uma medida ou
uma média <0,9 após medir 3 vezes.
• Doença arterial obstrutiva crônica pode ser praticamente excluída em uma única
ITB> 1.1 ou uma média > 1.0 após de 3 medidas.
• Em ITB médio entre 0,9 e 1,0 o diagnostico de doença arterial obstrutiva crônica
não pode ser estabelecido com certeza.
Considere diagnósticos alternativos, como estenose do canal vertebral.
45. SEMIOLOGIAVASCULAR PERIFÉRICA
EXAME FÍSICO:Avaliação:
Em diabetes mellitus, devido a rigidez nas artérias, também valores elevados de
ITB (ITB> 1.1 ou uma média > 1.0 após de 3 medidas) podem indicar doença
arterial obstrutiva crônica.
• Há claudicação intermitente em dor e outros sintomas desagradáveis (cansaço,
rigidez, cãibras, diferenças de temperatura) na perna ou região glútea durante
esforço físico para reduzir ao descanso e anormalidades no ITB mencionadas
acima;
• Há isquemia crítica no pé ou na perna com dor em repouso e/ou distúrbios
tróficos pé ou perna (feridas, redução na quantidade de pelos, anormalidades
nas unhas) e uma pressão sistólica abaixo de 50 mmHg medida com auxílio de
um dispositivo Doppler.