2. INTRODUÇÃO
Síndrome que torna o coração incapaz de ofertar
oxigênio em taxa adequada aos tecidos, ou o faz à
custa de elevação da sua pressão de enchimento
(pré-carga)
Devido a sua heterogeneidade e complexidade não
existe uma definição amplamente difundida e aceita.
Geralmente resulta de disfunção estrutural ou
funcional do coração, que compromete a sua
capacidade de se encher de sangue ou de ejetá-lo.
É uma complicação importante de virtualmente
todas as cardiopatias
3. EPIDEMIOLOGIA
Importante problema de saúde pública =
crescente prevalência, morbimortalidade
No Brasil, estimam-se cerca de 300 mil
internações
1ª causa de internação pelo SUS em
pacientes >60ª
IC com fração de ejeção preservada é
responsável por aproximadamente metade
dos casos, preferencialmente
4. ETIOLOGIA
IC é a manifestação inicial ou final de muitas
patologias
Devido altas taxas de mortalidade,
importante identificar fatores de risco
modificáveis → desenvolver estratégias de
prevenção
Principais: Tabagismo e Hipertensão →
devem ser considerados de alto risco para
desenvolver disfunção ventricular esquerda
(sintomática ou assintomática)
5. ETIOLOGIA – FATORES DE
RISCO
40-50% dos casos de IC na comunidade são
atribuíveis à HAS.
Hipertrofia ventricular esquerda independente de
HAS tem risco relativo de 2 a 3x maior.
Infarto do miocárdio é o principal responsável pelos
casos de IC na comunidade – sobreviventes têm risco
de 5 a 6x de desenvolver IC ao longo da vida.
DM – fator de risco independente. Aumento de risco
de 2 a 3x.
Doença valvar cardíaca – aumento de 2 a 3x risco →
devido sobrecarga de pressão (estenoses) ou de
volume (insuficiências) crônica.
6. ETIOLOGIA – FATORES DE
RISCO
Idade avançada - >65ª, risco 5-6x maior
Sexo masculino, sobrepeso e sedentarismo –
fatores de risco independentes
Outras causas de cardiomiopatia que lesam
diretamente miocárdio como toxinas, álcool,
def. vitamínicas, reações auto-imunes.
Destaque para Doença de Chagas - estimado
de 5 a 6 milhões de infectados, sendo 25-35%
com comprometimento cardíaco e
repercussão clínica (10%).
8. FISIOPATOLOGIA:
integridade do sist. Cardiovascular é interrompida por fat.
agressores, deflagrando mecanismos compensatórios. Esse processo de
readaptação miocárdica determina desequilíbrio hemodinâmico e neuro-
hormonal levando a deterioração estrutural e funcional progressivas.
Esta disfunção ventricular ocorre silenciosamente até surgirem
sinais e sintomas que caracterizem a IC
9. FISIOPATOLOGIA
DISFUNÇÃO DIASTÓLICA:
Tamanho de câmaras cardíacas normal, função
sistólica preservada, mas pressão de
ENCHIMENTO elevada
Associada a hipertensão arterial
DISFUNÇÃO SISTÓLICA:
Aumento das câmaras cardíacas associado ao
déficit de contratilidade
Ppal fator etiológico: Cardiopatia isquêmica
Frequentemente coexistem
10. FISIOPATOLOGIA
IC resulta de alterações fisiopatológicas em:
Mecanismos hemodinâmicos
- Déficit de contratilidade miocárdica (lesão de
miócitos)
- Sobrecarga de pressão e volume ventriculares
(pré e pós-carga)
- Dificuldade de enchimento ventricular - vários
mecanismos como taquicardia e ↓
complacência diastólica ventricular
Mecanismos neurohormonais
11.
12. MECANISMOS NEUROHORMONAIS
Na vigência de DC diminuído, o organismo
deflagra mecanismos compensatórios
neurohormonais para tentar manter oxigenação
tecidual.
Sistema nervoso adrenérgico: inicialmente,
hiperatividade simpática leva a ↑ DC e
redistribuição do fluxo. Com estimulação
sustentada, ocorre ↑ inotropismo e
cronotropismo , hipertrofia de miócitos ,
ativação de SRAA, vasoconstrição, edema, ↑ pré
e pós-carga e arritmias.
Com progressão: inicio predominam horm.
vasodilatadores → vasocontritores
15. CLASSIFICAÇÃO
Pode ser de acordo com a condição clínica,
hemodinâmica, funcional ou etiologia
1. Duração: Aguda < 6m; Crônica >6m.
2. Manifestação de VD, VE ou mista
3. Débito cardíaco: alto ou baixo débito
4. Fração de ejeção de VE ou VD: sistólica ou diastólica
5. Classe funcional (NYHA)
6. Estágios (evolução e progressão)
7. Estabilidade: compensada e descompensada
8. Perfil Hemodinâmico: congestão e hipoperfusão
9. Distúrbio mecânico: reconhecer se há disfunção de válvulas
18. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA
Relacionada aos sintomas de CONGESTÃO SISTÊMICA
Geralmente secundária a ICE, pode ser causada por dças pulmonares
20. CLASSIFICAÇÃO – ALTO E
BAIXO DÉBITO
Pacientes com Tireotoxicose, Fístula arterio-
venosa, Beribéri ou anemia importante ,
gravidez, podem apresentar DC com valores
elevados, associados a sinais e sintomas de IC
→ caracteriza Síndrome de Alto Débito →
pode ser reconhecida pela perfusão
aumentada da pele.
Síndrome de Baixo Débito = sinais de má
perfusão (pele fria, sudorese) e congestão.
Presença de pulso fino ou alternante.
22. CLASSIFICAÇÃO – FRAÇÃO DE
EJEÇÃO
Qdo a fração de ejeção de VE/VD é
comprometida = chamada sistólica
Sem comprometimento = chamada diastólica
(IC com FE preservada)
IC diastólica = há dificuldade de enchimento
do coração ou enchimento com pressões
elevadas.
F.R. para IC preservada: idade, sexo feminino,
obesidade, hipertensão arterial, DM, doença
coronariana, doença renal, estenose aórtica.
24. CLASSIFICAÇÃO - ESTÁGIOS
Mais recente
Baseado na evolução e progressão da IC
Reflete o modelo fisiopatológico da IC, que
considera essa SD como via final comum de
várias doenças cardíacas em indivíduos de
risco.
Essa representação com caráter contínuo
possui implicações preventivas, prognósticas
e terapêuticas.
26. CLASSIFICAÇÃO -
ESTABILIDADE
Compensada
Descompensada (“de novo” ou crônica que
descompensou) → entende-se pelo
aparecimento de sinais/sintomas, como
edema ou hipoperfusão ou hipotensão,
determinando nova estratégia terapêutica.
Persistente descompensada
Importância para terapêutica e investigação
de fatores precipitantes
28. CLASSIFICAÇÃO – PERFIL
HEMODINÂMICO
A partir da presença de congestão (“seco” sem sinais de→
congestão, ou “úmido” com sinais de congestão→ ) e da
hipoperfusão (“frio” má perfusão, ou→ “quente” boa perfusão→
Dividida em 4 situações distintas
29. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Podem ser subdivididos didaticamente em 5
categorias
Congestão pulmonar
Congestão sistêmica
Baixo débito
Estimulação adrenérgica
Remodelação cardíaca
30. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
DISPNÉIA AOS ESFORÇOS
Sinal cardinal da falência ventricular esquerda
Na anamnese – descartar que a dispnéia não seja
secundária a falta de condicionamento físico, obesidade,
doenças pulmonares, equivalente isquêmico sem IC, apnéia
obstrutiva do sono, outras.
Principal diferença entre indivíduos normais e com IC é o
grau de atividade necessário para o sintoma (grau de
tolerância prévio ao esforço)
Nos idosos – não é uma queixa comum, aparecendo em
geral em estágios tardios (tendendo a pensar que são sinais
de envelhecimento)
> disfunção ventricular, < intensidade de esforço necessária
para a dispnéia (ex. atividades de higiene pessoal)
31. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
ORTOPNÉIA
Dispnéia na posição deitada (2 a 3 min após, ainda
acordado).
Alívio sentado na beira da cama com pés pendentes
(diferente da DPN)
Atenção à mudança no padrão habitual do indivíduo
Decúbito dorsal → aumento do retorno venoso e
deslocamento do fluxo extratorácico para torácico
leva a ↑ pressões capilares e venosas pulmonares →
edema intersticial leva a ↓ complacência pulmonar ,
↑ resistência de vias aéreas e dispnéia.
Não patognomônico
32. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
TREPOPNÉIA
Dispnéia nos decúbitos laterais
Rara na forma de um lado específico (distorções
de grandes vasos de um lado?)
TOSSE
Sintoma mais prevalente na IC
Causa: congestão pulmonar
Ocorre nas mesmas situações da dispnéia
Nos idosos = tosse não produtiva seria um
equivalente da dispnéia e tosse noturna seria um
equivalente da ortopnéia
33. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
DISPNÉIA PAROXÍSTICA NOTURNA
A noite, qdo está dormindo
Início súbito, acordando com sensação de sufocamento ou
asfixia, com intensa ansiedade
Frequente palidez e sudorese fria
Se tosse com expectoração rósea e espumosa ou
sanguinolenta→ edema agudo de pulmão
“Asma cardíaca” → DPN + sibilos (broncoespasmo induzido pela
congestão da mucosa brônquica e edema pulmonar intersticial)
Pq a noite? Não claro... (maior lentidão na reabsorção de
líquidos, expansão do vol. sang intratorácico e súbita elevação do
diafragma e vol sang intratorácico ao deitar, redução do suporte
adrenérgico do sono e depressão noturna fisiológica do CR)
34. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Respiração de Cheyne-Stokes (periódica ou
cíclica)
Hiperpnéia alternada com fase de apnéia
Devido sensibilidade diminuída do centro
respiratório à pCO2 arterial.
Mais freqüente em idosos, aterosclerose
cerebral e outras lesões cerebrais prévias.
Tende a aparecer na IC avançada
35. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
EDEMA PERIFÉRICO
Inicía-se nas porções pendentes (aonde pressão
venosa atinge níveis mais altos) = pés, maléolos e
pernas – gravitacional (mais no final do dia).
Acamados – região lombossacra
Edema facial – raro, mais comum em crianças
Com progredir da disfunção ventricular, edema
tende a ascender pode chegar a anasarca e derrames
cavitários
Frio, mole, inelástico, liso e brilhante,
freqüentemente associado a cianose. Com o tempo
pode evoluir com pigmentação da pele e induração.
36. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
FADIGA E FRAQUEZA
Muito comuns
Sensação de peso nas pernas
Conseqüente do déficit de perfusão da
musculatura esquelética.
Baixa sensibilidade e especificidade.
37. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
SINTOMAS URINÁRIOS
Nictúria : inversão do ritmo urinário – qtidade
maior durante período noturno. Sinal
relativamente precoce. Decorre de melhor
redistribuição do fluxo sanguíneo a noite e
maior perfusão renal.
Oligúria: sinal tardio de IC avançado,
ocorrendo devido grave ↓ do DC, perfusão
renal inadequada e insuficiência renal.
38. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
SINTOMAS CEREBRAIS
Mais comuns nos idosos
Devido perfusão cerebral inadequada
Confusão mental, dificuldade de
concentração, déficit de memória, cefaléia,
ansiedade, insônia, pesadelos noturnos e
raramente alt. Do comportamento graves,
como psicoses, desorientação, delírio e
mesmo alucinações
39. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
SINTOMAS GASTROINTESTINAIS
Anorexia e náusea associadas a dor
abdominal e sensação de plenitude gástrica
(empachamento) – relacionados ao sistema
venoso portal e hepático congestos.
Caquexia cardíaca: anorexia, perda de peso e
desnutrição importantes na IC avançada –
devido hipoperfusão esplâncnica e
estimulação adrenérgica intensa.
40. EXAME CLÍNICO
Taquicardia sustentada – atenção para este
quadro ao repouso em pacientes com F.R.
(sinal de disfunção VE assintomática com
ativação de sist. Neuroendócrino).
Na IC já estabelecida, Taqui sinusal é achado
prevalente
Ictus desviado na cardiomegalia
Percussão precordial alterada – resultado
negativo excluiria cardiomegalia
41. EXAME CLÍNICO
Ritmo de galope: B3 é decorrente da
passagem brusca do sangue nos átrios para
os ventrículos, na fase de enchimento rápido
da diástole ventricular, provocando vibração
no miocárdio. FM, FT e Fao. Sinal de falência
ventricular.
B4: corresponde a pré-sistole ventricular –
contração atrial “atrasada”, nos casos de
complacência ou relaxamento ventricular
diminuídos. Não patognomônico
42. EXAME CLÍNICO
Sopros sistólicos: comuns na falência ventricular
esquerda devido regurgitação mitral ou
tricúspide (remodelação cardíaca → dilatação do
anel atrioventricular)
Hiperfonese de B2 em FP – devido aumento da
pressão da a.pulmonar
Pulso fino ou alternante – sinal de baixo débito
Crepitações pulmonares, sibilos (asma cardíaca)
– sinais de sobrecarga de volume
Outros sinais congestivos já citados
44. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Mais utilizados : Framingham e Boston
Cardiomegalia no Raio-X, embora ainda
importante tem sido substituído pelos dados
de ecocardiograma ou de outros exames.