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MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
História, Exame Físico e Diagnóstico Diferencial das 
Cardiopatias na Infância 
15 
ETAPAS 
P1: QUANDO SUSPEITAR DE 
UMA CARDIOPATIA? 
P2: QUAL O TIPO DE CIANOSE? 
P 3: HÁ SINAIS DE ICC? 
P4: EXISTEM 
INTERCORRÊNCIAS QUE 
AGRAVAM O QUADRO? 
P5: PODEMOS MELHORAR 
O PACIENTE, ANTES MESMO DO 
ESTABELECIMENTO 
DO DIAGNÓSTICO? 
I – Avaliação Pediátrica Inicial 
R1: Sinais que nos levam a pensar na presença de uma cardiopatia na 
criança incluem: taquipnéia ou taquicardia, cianose, sopros ou 
outras alterações da ausculta, e hepatomegalia. 
R2: A cianose pode ser periférica (extremidades) ou central (mucosas). 
Para o diagnóstico diferencial entre cianose de origem cardíaca 
ou não, podemos realizar o teste de hiperóxia, como se segue: 
1. Colher gasometria arterial em ar ambiente no MSD 
2. Aplicar 100% de 02 com cateter por 10 min 
3. Colher nova gasometria arterial 
4. PO2 inalterado = provável CCC com hipofluxo 
ou circulação em paralelo 
PO2 75-150mmHg = provável CCC com mistura 
comum - hiperfluxo 
PO2 > 150mmHg = CCC improvável 
R3: Sinais sugestivos de ICC incluem: taquicardia, taquipnéia, 
hepatomegalia, cardiomegalia e presença de ritmo de galope na 
ausculta cardíaca. 
R4: É fundamental afastar possíveis fatores agravantes do quadro 
clínico como: hipoglicemia, distúrbios hidro-eletrolíticos e ácido-básicos, 
hipo ou hipertermia, anemia e infecções respiratórias. 
R5: Na maioria das vezes, SIM. Antes de iniciar a análise segmentar 
sequencial da cardiopatia, é importante tratar as possíveis 
intercorrências e a insuficiência cardíaca congestiva, se presente. 
Para esta última, manter a criança em decúbito elevado, iniciar 
oxigenoterapia (se não houver suspeita de cardiopatia “canal-dependente”), 
diurético (furosemida) na dose de 1 mg/kg/dose 12- 
12h e digital (digoxina ou cedilanide) na dose de ataque de 0.01- 
0.03 mg/kg/dia de 8 - 8h ou manutenção de 0.01 mg/kg/dia de 12- 
12h, de acordo com a gravidade do quadro.
CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 
16 
1. SOPRO 
TIPOS DE SOPRO 
SEGUNDA BULHA CARDÍACA 
O manuseio da cianose é mais complexo, e por vezes, requer o 
estabelecimento de mais detalhes da patologia cardíaca. Quando o 
teste da hiperóxia é positivo, geralmente podemos administrar 
oxigênio com segurança. Quando negativo, melhor aguardar 
maior esclarecimento da cardiopatia, para evitar a utilização de 
O2 numa patologia “canal-dependendentes”, o que poderá 
acelerar o fechamento do canal arterial com consequente agravo 
do quadro clínico. 
II – Exame físico do aparelho cardiovascular 
= turbulência = diferencial de pressão entre dois locais 
? Obrigatório x dependente 
1. Sopro obrigatório: Aquele que está sempre presente pois origina-se 
num local onde as pressões são sempre diferentes. Exemplo: Sopro 
através de uma valva cardíaca = estenose aórtica, estenose pulmonar, 
etc. Estas cardiopatias “sopram” desde intra-útero e consequentemente 
se apresentam no exame físico da sala de parto. 
2. Sopro dependente: Aquele que para aparecer, ou “desaparecer” 
depende de um diferencial de pressão entre as circulações sistêmica e 
pulmonar. Exemplo: Sopro de uma CIV - não é auscultado na sala de 
parto pois as pressões entre a circulação pulmonar e a sistêmica são 
semelhantes. Aparece nos dias subsequentes com a queda da circulação 
pulmonar. 
? Sistólico x diastólico x contínuo 
1. Sopro sistólico: Aquele que acontece durante a sístole ventricular, 
podendo ser ejetivo (estenose aórtica, estenose pulmonar, CIV) ou 
regurgitante (insuficiência mitral, insuficiência tricúspide). 
2. Sopro diastólico: Aquele que acontece durante a diástole ventricular 
(insuficiência aórtica, insuficiência pulmonar, estenose mitral, estenose 
tricúspide). 
5. Sopro contínuo: Aquele que acontece durante todo o ciclo cardíaco 
(persistência de canal arterial, fístula arteriovenosa). 
A 2a bulha cardíaca é o som do fechamento das valvas aórtica e 
pulmonar. Como as alterações da circulação pulmonar constituem um dos 
aspectos mais importantes das cardiopatias congênitas, a ausculta correta 
da 2a bulha nos dá subsídios importantes para o diagnóstico diferencial
MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
17 
COMPORTAMENTO ANORMAL DA 
2A BULHA 
PULSOS PERIFÉRICOS 
ALTERAÇÕES DOS PULSOS 
PERIFÉRICOS 
destas patologias. Na segunda-bulha normal, o 1o componente 
corresponde ao fechamento da valva aórtica e o 2o componente ao 
fechamento da valva pulmonar. 
O comportamento normal da segunda bulha, depende do ciclo 
respiratório: Na inspiração, por haver um aumento da pressão negativa 
intra-torácica e maior drenagem de sangue das veias cavas para o átrio 
direito, um maior volume de sangue passa através do ventrículo direito 
“atrasando” em alguns milisegundos o fechamento da valva pulmonar e 
consequentemente “desdobrando a 2a bulha”. Na expiração, pela redução 
do volume de fluxo através desta valva, seu fechamento se dá mais 
precocemente, junto com o componente aórtico. Há portanto, um 
desdobramento fisiológico da 2a bulha em crianças normais, acentuado 
pela inspiração profunda. 
Os componentes aórtico e pulmonar têm amplitudes semelhantes 
sendo o pulmonar um pouco menos intenso que o aórtico. 
1. Desdobramento fixo: quando o volume de sangue que passa do 
ventrículo direito para a artéria pulmonar está constantemente 
aumentado, como na comunicação interatrial, o componente pulmonar 
sempre “atrasado”, gera um desdobramento fixo da segunda bulha. 
2. Hiperfonese de B2: os componentes aórtico e pulmonar podem elevar o 
som da 2a bulha. O componente aórtico, quando este vaso se encontra 
mais próximo da parede torácica, ex. transposição dos grandes vasos. 
O componente pulmonar, quando aumenta o som da 2a bulha reflete um 
aumento na pressão arterial pulmonar e é um dado muito importante no 
exame físico de crianças com suspeita de cardiopatia congênita. 
3. 2a bulha única: a segunda-bulha é única na presença de estenose severa 
ou atresia de uma das vias de saída ventricular, mais freqüentemente, a 
estenose pulmonar severa, tetralogia de Fallot ou atresia pulmonar. 
Os pulsos periféricos nos dizem muito sobre a circulação em 
diversos setores do corpo e nos dão indícios da etiologia da malformação 
cardíaca observada. Os pulsos periféricos normais têm amplitude 
semelhante nos membros superiores e inferiores e são sincrônicos. No 
neonato os pulsos distais como pediosos ou tibiais posteriores são 
facilmente comprimidos, por vezes dificultando sua palpação. A 
comparação deve ser realizada entre cubitais e femorais. 
1. Pulsos de amplitude diminuída: podem refletir um quadro de baixo 
débito cardíaco (sepsis, disfunção miocárdica, etc) ou uma obstrução
CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 
18 
P1: QUAL O FATOR 
PREPONDERANTE NO QUADRO 
CLÍNICO? 
P2: HÁ SOPROS 
ASSOCIADOS? 
central como a estenose aórtica valvar. 
2. Pulsos de amplitude aumentada: geralmente refletem uma situação de 
hiperdinamia, de origem cardíaca (insuficiência aórtica, grande canal 
arterial, fístulas arteriovenosas) ou não (anemia). 
3. Pulsos cubitais palpáveis e femorais impalpáveis: refletem uma 
obstrução da circulação sistêmica após a emergência dos vasos da 
base, como na coarctação da aorta ou interrução do arco aórtico. Por 
vezes, a coarctação pode estar muito próxima ao nível de emergência 
da artéria subclávia esquerda, fazendo com que o pulso esteja diminuído 
no braço esquerdo. 
4. Pulsos cubitais impalpáveis e femorais palpáveis: refletem uma 
situação extrema na qual não há praticamente nenhum fluxo através da 
aorta ascendente, como na atresia aórtica ou hipoplasia do coração 
esquerdo. Os pulsos dos membros inferiores são mantidos através de 
um grande canal arterial patente. 
III – Diagnóstico Diferencial das Cardiopatias 
R1: Quatro possibilidades: 
a. CIANOSE 
b. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA 
c.. AMBOS 
d. NENHUM (apenas SOPRO) 
POSSIBILIDADE A = CIANOSE ISOLADA 
como principal apresentação clínica, pensar em: 
CARDIOPATIAS COM OBSTRUÇÃO À CIRCULAÇÃO 
PULMONAR 
(funcionais ou estruturais) 
ou 
CARDIOPATIAS COM CIRCULAÇÃO EM PARALELO 
R1: SIM, há um sopro sistólico ejetivo, bem audível: 
Raciocínio lógico: 
- Se for uma cardiopatia com obstrução à circulação pulmonar, 
o SS corresponde a um grau de estenose pulmonar. 
Diagnóstico mais provável: Tetralogia de Fallot
MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
19 
P3: COMO SE 
COMPORTAM O PRECÓRDIO E OS 
RUÍDOS CARDÍACOS? 
Outras possibilidades: Estenose pulmonar com CIV 
Cardiopatia complexa cujo 
principal problema nesta fase é a 
estenose pulmonar. 
- Se for uma cardiopatia com circulação em paralelo, o SS deve 
corresponder a uma estenose da via de saída de um dos 
ventrículos ou uma CIV. 
Diagóstico mais provável: Transposição com CIV ou EP 
R2: NÃO, não há sopros significantes: 
Raciocínio lógico: 
- Se for uma cardiopatia com obstrução mecânica à circulação 
pulmonar, a lesão deve ser extrema, com total obstrução da via 
de saída, daí a ausência do sopro sistólico, ou alternativamente 
estamos lidando com um “obstrução funcional ao fluxo 
pulmonar”. 
Diagnósticos prováveis: Atresia da valva pulmonar 
Persistência do padrão fetal 
Outras possibilidades: Patologias complexas que cursam 
com atresia pulmonar. 
- Se for uma cardiopatia com circulação em paralelo, não deve 
haver defeito septal ou estenose de via de saída associada. 
Diagnóstico provável: Transposição das grandes artérias 
R1: O precórdio é calmo, as bulhas normais ou a 2a bulha é unica. 
Raciocínio lógico 
- As pressões na artéria pulmonar devem ser normais ou 
diminuídas. 
Diagnósticos prováveis: Transposição dos Grandes Vasos 
Tetralogia de Fallot 
Atresia pulmonar 
R2: O precórdio é ativo e a 2a bulha desdobra e é hiperfonética. 
Raciocínio lógico: 
- As pressões na artéria pulmonar devem estar elevadas.
CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 
20 
P4: HÁ HIPO, NORMO OU 
HIPERFLUXO PULMONAR NO 
RAIO X DO TÓRAX? 
P5: HÁ HIPERTROFIA 
VENTRICULAR NO 
ELETROCARDIOGRAMA? 
Diagnóstico mais provável: Persistência do padrão fetal. 
Dicas do diagnóstico: Na persistência do padrão fetal, como a obstrução ao 
fluxo pulmonar se deve a uma hiper-resistência da circulação pulmonar, o 
TESTE DE HIPERÓXIA tende a ser positivo, com boa resposta a 
oxigenoterapia, que é a maior ferramenta terapêutica nestes pacientes. 
R1: Há hipofluxo pulmonar. 
Raciocínio lógico: 
- Devemos estar lidando com uma cardiopatia que cursa com 
obstrução importante do fluxo sanguíneo pulmonar. Ela pode ser funcional, 
como na persistência do padrão fetal, ou estrutural. 
Com Sopro Sistólico ejetivo: 
Diagnóstico mais provável: Tetralogia de Fallot 
Sem sopros significantes: 
Diagnóstico mais provável: Atresia pulmonar 
Persistência do p. fetal 
Dicas do diagnóstico: Outros dados do RxT de tórax que corroboram este 
diagnóstico é o escavamento do tronco pulmonar, e por vezes, o levantamento 
da ponta dando a impressão de tamanco holandês, este último, mais comum 
na tetralogia de Fallot. 
R2: Há normo ou hiperfluxo pulmonar. 
Raciocínio lógico: 
O normo ou hiperfluxo pulmonar com cianose importante fala a 
favor de uma circulação em paralelo. 
Diagnóstico provável: Transposição dos grandes vasos. 
Dicas do Diagnóstico: O pedículo estreito e forma ovóide do coração são outros 
dados auxiliares, porém nem sempre fáceis de identificar. 
R1: Há hipertrofia ventricular direita 
Raciocínio lógico: 
Várias cardiopatias podem cursar com o HVD, o que no período 
neonatal pode ser normal já que o VD é dominante nesta faixa etária. 
Diagnóstico provável: Tetralogia de Fallot 
Transposição dos grandes vasos 
Persistência do padrão fetal
MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
21 
P6: COMO SE COMPORTAM OS 
PULSOS DA CRIANÇA? 
R2: Há hipertrofia ventricular esquerda 
Raciocínio lógico: 
Na dominância do ventrículo esquerdo, é improvável que estejamos 
lidando com uma persistência do padrão fetal ou uma tetralogia de Fallot. 
Devemos estar lidando com cardiopatias mais complexas. 
Diagnóstico provável: Atresia tricúspide 
Atresia pulmonar 
POSSIBILIDADE B =ICC ISOLADA 
Como principal apresentação clínica, pensar em: 
CARDIOPATIAS COM OBSTRUÇÃO A CIRCULAÇÃO SISTÊMICA 
ou 
CARDIOPATIAS COM HIPERFLUXO PULMONAR 
R1: São todos palpáveis, porém diminuídos. 
Raciocínio lógico: 
- Pensar em uma cardiopatia com obstrução à circulação 
sistêmica. Como os pulsos estão diminuídos simetricamente, a obstrução 
deve ser a nível central. 
Diagnóstico mais provável: Estenose aórtica valvar 
R2: Os femorais têm amplitude reduzida ou estão ausentes, os radias 
têm amplitude normal. 
Raciocínio lógico: 
- Pensar em uma cardiopatia com obstrução à circulação 
sistêmica. Como os pulsos estão diminuídos nos membros inferiores e 
normais nos superiores, o nível da obstrução deve ser após a emergência 
dos vasos da base. 
Diagnósticos mais prováveis: Coarctação da aorta 
Interrupção da aorta 
R3: Os femorais têm amplitude normal e os radiais têm amplitude
CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 
22 
TRUNCUS ARTERISUS 
diminuída ou estão ausentes. 
Raciocínio lógico: 
- Pensar em uma cardiopatia com obstrução à circulação 
sistêmica. Como os pulsos estão diminuídos ou ausentes nos membros 
superiores, deve haver importante obstrução à aorta ascendente. Os pulsos 
normais nos membros inferiores provavelmente refletem a continuação de 
um grande canal arterial com a aorta descendente. 
Diagnóstico mais provável: Atresia aórtica 
Hipoplasia do coração esquerdo 
R4: Os pulsos têm amplitude aumentada 
Raciocínio lógico: 
- Deve haver uma “fuga aórtica” para dar um diferencial importante 
de pressão e levar ao aumento da amplitude do pulso. 
Diagnóstico mais provável: Persistência do Canal Arterial 
Quando há importante obstrução à circulação sistêmica, e o canal 
arterial está perfundindo parte ou toda esta circulação sistêmica. Desta 
forma, as pressões no tronco e ramo das artérias pulmonares são 
aumentadas. No RxT, além da dilatação dos vasos, vemos aumento do 
fluxo pulmonar. 
Dicas do diagnóstico: O eletrocardiograma também mostra sinais de 
sobrecarga do ventrículo direito, já que este bombeia para as duas circulações. 
POSSIBILIDADE C=CIANOSE E ICC 
como principal apresentação clínica, pensar em: 
CARDIOPATIAS COM MISTURA COMPLETA 
As cardiopatias que cursam com associação de Cianose e 
Insuficiência Cardíaca Congestiva são geralmente mais complexas, de 
prognóstico mais reservado e podem ser agrupadas sob o título de 
Cardiopatias de Mistura Completa.
MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
23 
ANOMALIAS DA VALVA 
TRICÚSPIDE (ATRESIAS, 
EBSTEIS, DISPLASIAS) 
ATRESIA MITRAL 
DRENAGEM ANÔMALA TOTAL 
DAS VEIAS PULMONARES 
ESTENOSE PULMONAR 
Dentre estas detacamos: 
- Truncus Arteriosus 
- Anomalias da valva tricúspide 
- Atresia mitral 
- Drenagem anômala total das veias pulmonares 
- Outras complexas (ventrículo único, etc). 
Dicas do diagnóstico: 
- Os pulsos são amplos (geralmente a valva truncal é incompetente e 
há ainda a fuga para as artérias pulmonares). 
- O SS é importante e muitas vezes sisto-sistólico (quase como o 
canal arterial) 
- O precordio mostra atividade intensa 
- No RxT há cardiomegalia e geralmente hiperfluxo pulmonar 
- O ECG pode mostrar sobrecarga bi-ventricular 
Dicas do diagnóstico: 
- Importante dilatação do átrio direito no RxT e ECG 
- Geralmente hipertrofia esquerda no ECG 
- Eixo elétrico pode ter desvio superior 
- Sopro de CIV ou EP 
Dicas do diagnóstico: 
- Importante dilatação do átrio esquerdo, com hipertrofia direita 
- Sopro de CIV ou EP 
Dicas do diagnóstico: 
- Coração geralmente pequeno 
- Congestão veno-capilar importante 
- Imagem de boneco de neve no RxT da DATVP supracardíaca 
- Sem sopros significantes 
Obs.: Cardiopatias mais complexas ,como dupla via de entrada de um 
ventrículo único, também se incluem neste grupo. Embora os detalhes 
anatômicos possam ser difíceis de reconhecer clinicamente, é importante 
saber classificar a cardiopatia no grupo funcional. 
POSSIBILIDADE D = SOPRO SEM OUTRAS ALTERAÇÕES 
como principal apresentação clínica, pensar em: 
CARDIOPATIAS OBSTRUTIVAS OU 
COM HIPERFLUXO PULMONAR
CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 
24 
ESTENOSE AÓRTICA 
COMUNICAÇÃO 
INTERVENTRICULAR 
DEFEITO DO SEPTO 
ATRIOVENTRICULAR 
PERSISTÊNCIA DO CANAL 
ARTERIAL 
COMUNICAÇÃO INTERATRIAL 
As cardiopatias obstrutivas, quando não críticas, podem cursar sem 
cianose ou ICC e apresentar-se apenas pelo sopro cardíaco. Dentre elas, 
destacamos: - Estenose pulmonar 
- Estenose aórtica 
Dicas do diagnóstico: 
- Sopro sistólico ejetivo no foco pulmonar 
- Click proto-sistólico 
- Abaulamento do tronco pulmonar no RxT 
- HVD no ECG 
Dicas do diagnóstico: 
- Sopro sistólico ejetivo no foco aórtico com irradiação para o 
pescoço 
- Click proto-sistólico 
- Dilatação da aorta ascendente 
- HVD no ECG 
As cardiopatias com hiperfluxo pulmonar são classicamente: 
- Comunicação interventricular 
- Defeito completo do canal atrioventricular 
- Persistência do canal arterial 
- Comunicação interatrial 
Dicas do diagnóstico: 
- As grandes comunicações interventriculares apresentam pouco ou 
nenhum sopro devido a equalização das pressões entre os dois lados 
da circulação. À medida que a resistência pulmonar diminui elas 
apresentam aumento do fluxo pulmonar (taquipnéia progressiva, sem 
cianose) e evoluem à ICC se não tratadas. 
- As pequenas comunicações intervertriculares apresentam, após a 
queda da resistência pulmonar, sopro importante pelo diferencial de 
pressão. O aumento do fluxo pulmonar é pequeno e a área cardíaca 
pode ser normal. 
Dicas do diagnóstico: 
- Comporta-se clinicamente como uma grande CIV embora sopros de 
regurgitação da valva AV única possam ser mais audíveis. 
- No ECG têm um eixo desviado superiormente. 
- Têm associação frequente com Síndrome de Down. 
Dicas do Diagnóstico: 
- Sopro em maquinária (após a queda da resistência pulmonar), 
anteriormente só sistólico 
- Pulsos amplos pela “fuga do canal” 
- Pulsos pediosos facilmente palpáveis no neonato
MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Dicas do Diagnóstico: 
- Apresentação neonatal é rara (nesta fase a maioria tem o foramen 
oval patente) 
- Sopro pouco significante - diagnóstico diferencial com sopro inocente 
- Desdobramento fixo da 2a bulha (pelo hiperfluxo pulmonar) 
QUADRO I 
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DAS CARDIOPATIAS NA INFÂNCIA 
Exame pediátrico geral Exame do aparelho cardiovascular 
Raios X do tórax Eletrocardiograma 
Ecocardiograma Cateterismo cardíaco 
QUADRO II 
SEQUÊNCIA DA ANÁLISE SEGMENTAR DO 
DIAGNÓSTICO DAS CARDIOPATIAS NA INFÂNCIA 
25 
1. Avaliação Pediátrica Inicial 
1. Quando suspeitar de cardiopatia? 
2. Há sinais de hipóxia? 
3. Há sinais de ICC? 
4. Existem intercorrências que agravam o quadro? 
5. Posso melhorar o paciente antes do diagnóstico? 
2. Dados básicos do Diagnóstico Cardiovascular 
1. Sopros 2. 2a bulha 3. Pulsos 
4. RxT 5. Eletrocardiograma 
3. Avaliação Cardiológica 
1. Quando a cianose é o principal achado. 
2. Quando a insuficiência cardíaca congestiva prepondera. 
3. Em situações com cianose e ICC.
CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 
4. Na presença de sopro, sem cianose ou ICC evidente. 
26
MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
QUADRO I 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS CARDIOPATIAS NA INFÂNCIA 
27 
Apresentação 
principal Pensar em Cardiopatia mais provável 
Cianose Circulação em paralelo Transp. dos grandes vasos 
Obstrução mecânica ao fluxo pulmonar Tetralogia de Fallot 
Estenose pulmonar 
Atresia pulmonar 
Obstrução funcional ao fluxo pulmonarPersistência do padrão fetal 
ICC Obstrução mecânica ao fluxo sistêmico Coarctação da aorta 
Interrupção do arco aórtico 
Estenose valvar aórtica 
Hipoplasia do cor.o esquerdo 
Hiperfluxo pulmonar Canal arterial persistente 
Cianose + ICC Cardiopatias com mistura completa Truncus arteriosus 
Atresia tricúspide, anomalia de 
Ebstein, displasia tricúspide 
Atresia mitral 
Drenagem anômala total das 
veias pulmonares 
Dupla via de entrada de um 
ventrículo 
Outras cardiopatias complexas 
com mistura completa 
Sopro sem Hiperfluxo pulmonar Comunicação interventricular 
cianose ou ICC Defeito do septo 
atrioventricular 
Canal arterial patente 
Obstrução à circulação sistêmica Estenose aórtica 
Obstrução à circulação pulmonar Estenose pulmonar 
Tetralogia de Fallot 
ANOTAÇÕES
CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 
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  • 1. MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL História, Exame Físico e Diagnóstico Diferencial das Cardiopatias na Infância 15 ETAPAS P1: QUANDO SUSPEITAR DE UMA CARDIOPATIA? P2: QUAL O TIPO DE CIANOSE? P 3: HÁ SINAIS DE ICC? P4: EXISTEM INTERCORRÊNCIAS QUE AGRAVAM O QUADRO? P5: PODEMOS MELHORAR O PACIENTE, ANTES MESMO DO ESTABELECIMENTO DO DIAGNÓSTICO? I – Avaliação Pediátrica Inicial R1: Sinais que nos levam a pensar na presença de uma cardiopatia na criança incluem: taquipnéia ou taquicardia, cianose, sopros ou outras alterações da ausculta, e hepatomegalia. R2: A cianose pode ser periférica (extremidades) ou central (mucosas). Para o diagnóstico diferencial entre cianose de origem cardíaca ou não, podemos realizar o teste de hiperóxia, como se segue: 1. Colher gasometria arterial em ar ambiente no MSD 2. Aplicar 100% de 02 com cateter por 10 min 3. Colher nova gasometria arterial 4. PO2 inalterado = provável CCC com hipofluxo ou circulação em paralelo PO2 75-150mmHg = provável CCC com mistura comum - hiperfluxo PO2 > 150mmHg = CCC improvável R3: Sinais sugestivos de ICC incluem: taquicardia, taquipnéia, hepatomegalia, cardiomegalia e presença de ritmo de galope na ausculta cardíaca. R4: É fundamental afastar possíveis fatores agravantes do quadro clínico como: hipoglicemia, distúrbios hidro-eletrolíticos e ácido-básicos, hipo ou hipertermia, anemia e infecções respiratórias. R5: Na maioria das vezes, SIM. Antes de iniciar a análise segmentar sequencial da cardiopatia, é importante tratar as possíveis intercorrências e a insuficiência cardíaca congestiva, se presente. Para esta última, manter a criança em decúbito elevado, iniciar oxigenoterapia (se não houver suspeita de cardiopatia “canal-dependente”), diurético (furosemida) na dose de 1 mg/kg/dose 12- 12h e digital (digoxina ou cedilanide) na dose de ataque de 0.01- 0.03 mg/kg/dia de 8 - 8h ou manutenção de 0.01 mg/kg/dia de 12- 12h, de acordo com a gravidade do quadro.
  • 2. CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 16 1. SOPRO TIPOS DE SOPRO SEGUNDA BULHA CARDÍACA O manuseio da cianose é mais complexo, e por vezes, requer o estabelecimento de mais detalhes da patologia cardíaca. Quando o teste da hiperóxia é positivo, geralmente podemos administrar oxigênio com segurança. Quando negativo, melhor aguardar maior esclarecimento da cardiopatia, para evitar a utilização de O2 numa patologia “canal-dependendentes”, o que poderá acelerar o fechamento do canal arterial com consequente agravo do quadro clínico. II – Exame físico do aparelho cardiovascular = turbulência = diferencial de pressão entre dois locais ? Obrigatório x dependente 1. Sopro obrigatório: Aquele que está sempre presente pois origina-se num local onde as pressões são sempre diferentes. Exemplo: Sopro através de uma valva cardíaca = estenose aórtica, estenose pulmonar, etc. Estas cardiopatias “sopram” desde intra-útero e consequentemente se apresentam no exame físico da sala de parto. 2. Sopro dependente: Aquele que para aparecer, ou “desaparecer” depende de um diferencial de pressão entre as circulações sistêmica e pulmonar. Exemplo: Sopro de uma CIV - não é auscultado na sala de parto pois as pressões entre a circulação pulmonar e a sistêmica são semelhantes. Aparece nos dias subsequentes com a queda da circulação pulmonar. ? Sistólico x diastólico x contínuo 1. Sopro sistólico: Aquele que acontece durante a sístole ventricular, podendo ser ejetivo (estenose aórtica, estenose pulmonar, CIV) ou regurgitante (insuficiência mitral, insuficiência tricúspide). 2. Sopro diastólico: Aquele que acontece durante a diástole ventricular (insuficiência aórtica, insuficiência pulmonar, estenose mitral, estenose tricúspide). 5. Sopro contínuo: Aquele que acontece durante todo o ciclo cardíaco (persistência de canal arterial, fístula arteriovenosa). A 2a bulha cardíaca é o som do fechamento das valvas aórtica e pulmonar. Como as alterações da circulação pulmonar constituem um dos aspectos mais importantes das cardiopatias congênitas, a ausculta correta da 2a bulha nos dá subsídios importantes para o diagnóstico diferencial
  • 3. MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 17 COMPORTAMENTO ANORMAL DA 2A BULHA PULSOS PERIFÉRICOS ALTERAÇÕES DOS PULSOS PERIFÉRICOS destas patologias. Na segunda-bulha normal, o 1o componente corresponde ao fechamento da valva aórtica e o 2o componente ao fechamento da valva pulmonar. O comportamento normal da segunda bulha, depende do ciclo respiratório: Na inspiração, por haver um aumento da pressão negativa intra-torácica e maior drenagem de sangue das veias cavas para o átrio direito, um maior volume de sangue passa através do ventrículo direito “atrasando” em alguns milisegundos o fechamento da valva pulmonar e consequentemente “desdobrando a 2a bulha”. Na expiração, pela redução do volume de fluxo através desta valva, seu fechamento se dá mais precocemente, junto com o componente aórtico. Há portanto, um desdobramento fisiológico da 2a bulha em crianças normais, acentuado pela inspiração profunda. Os componentes aórtico e pulmonar têm amplitudes semelhantes sendo o pulmonar um pouco menos intenso que o aórtico. 1. Desdobramento fixo: quando o volume de sangue que passa do ventrículo direito para a artéria pulmonar está constantemente aumentado, como na comunicação interatrial, o componente pulmonar sempre “atrasado”, gera um desdobramento fixo da segunda bulha. 2. Hiperfonese de B2: os componentes aórtico e pulmonar podem elevar o som da 2a bulha. O componente aórtico, quando este vaso se encontra mais próximo da parede torácica, ex. transposição dos grandes vasos. O componente pulmonar, quando aumenta o som da 2a bulha reflete um aumento na pressão arterial pulmonar e é um dado muito importante no exame físico de crianças com suspeita de cardiopatia congênita. 3. 2a bulha única: a segunda-bulha é única na presença de estenose severa ou atresia de uma das vias de saída ventricular, mais freqüentemente, a estenose pulmonar severa, tetralogia de Fallot ou atresia pulmonar. Os pulsos periféricos nos dizem muito sobre a circulação em diversos setores do corpo e nos dão indícios da etiologia da malformação cardíaca observada. Os pulsos periféricos normais têm amplitude semelhante nos membros superiores e inferiores e são sincrônicos. No neonato os pulsos distais como pediosos ou tibiais posteriores são facilmente comprimidos, por vezes dificultando sua palpação. A comparação deve ser realizada entre cubitais e femorais. 1. Pulsos de amplitude diminuída: podem refletir um quadro de baixo débito cardíaco (sepsis, disfunção miocárdica, etc) ou uma obstrução
  • 4. CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 18 P1: QUAL O FATOR PREPONDERANTE NO QUADRO CLÍNICO? P2: HÁ SOPROS ASSOCIADOS? central como a estenose aórtica valvar. 2. Pulsos de amplitude aumentada: geralmente refletem uma situação de hiperdinamia, de origem cardíaca (insuficiência aórtica, grande canal arterial, fístulas arteriovenosas) ou não (anemia). 3. Pulsos cubitais palpáveis e femorais impalpáveis: refletem uma obstrução da circulação sistêmica após a emergência dos vasos da base, como na coarctação da aorta ou interrução do arco aórtico. Por vezes, a coarctação pode estar muito próxima ao nível de emergência da artéria subclávia esquerda, fazendo com que o pulso esteja diminuído no braço esquerdo. 4. Pulsos cubitais impalpáveis e femorais palpáveis: refletem uma situação extrema na qual não há praticamente nenhum fluxo através da aorta ascendente, como na atresia aórtica ou hipoplasia do coração esquerdo. Os pulsos dos membros inferiores são mantidos através de um grande canal arterial patente. III – Diagnóstico Diferencial das Cardiopatias R1: Quatro possibilidades: a. CIANOSE b. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA c.. AMBOS d. NENHUM (apenas SOPRO) POSSIBILIDADE A = CIANOSE ISOLADA como principal apresentação clínica, pensar em: CARDIOPATIAS COM OBSTRUÇÃO À CIRCULAÇÃO PULMONAR (funcionais ou estruturais) ou CARDIOPATIAS COM CIRCULAÇÃO EM PARALELO R1: SIM, há um sopro sistólico ejetivo, bem audível: Raciocínio lógico: - Se for uma cardiopatia com obstrução à circulação pulmonar, o SS corresponde a um grau de estenose pulmonar. Diagnóstico mais provável: Tetralogia de Fallot
  • 5. MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 19 P3: COMO SE COMPORTAM O PRECÓRDIO E OS RUÍDOS CARDÍACOS? Outras possibilidades: Estenose pulmonar com CIV Cardiopatia complexa cujo principal problema nesta fase é a estenose pulmonar. - Se for uma cardiopatia com circulação em paralelo, o SS deve corresponder a uma estenose da via de saída de um dos ventrículos ou uma CIV. Diagóstico mais provável: Transposição com CIV ou EP R2: NÃO, não há sopros significantes: Raciocínio lógico: - Se for uma cardiopatia com obstrução mecânica à circulação pulmonar, a lesão deve ser extrema, com total obstrução da via de saída, daí a ausência do sopro sistólico, ou alternativamente estamos lidando com um “obstrução funcional ao fluxo pulmonar”. Diagnósticos prováveis: Atresia da valva pulmonar Persistência do padrão fetal Outras possibilidades: Patologias complexas que cursam com atresia pulmonar. - Se for uma cardiopatia com circulação em paralelo, não deve haver defeito septal ou estenose de via de saída associada. Diagnóstico provável: Transposição das grandes artérias R1: O precórdio é calmo, as bulhas normais ou a 2a bulha é unica. Raciocínio lógico - As pressões na artéria pulmonar devem ser normais ou diminuídas. Diagnósticos prováveis: Transposição dos Grandes Vasos Tetralogia de Fallot Atresia pulmonar R2: O precórdio é ativo e a 2a bulha desdobra e é hiperfonética. Raciocínio lógico: - As pressões na artéria pulmonar devem estar elevadas.
  • 6. CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 20 P4: HÁ HIPO, NORMO OU HIPERFLUXO PULMONAR NO RAIO X DO TÓRAX? P5: HÁ HIPERTROFIA VENTRICULAR NO ELETROCARDIOGRAMA? Diagnóstico mais provável: Persistência do padrão fetal. Dicas do diagnóstico: Na persistência do padrão fetal, como a obstrução ao fluxo pulmonar se deve a uma hiper-resistência da circulação pulmonar, o TESTE DE HIPERÓXIA tende a ser positivo, com boa resposta a oxigenoterapia, que é a maior ferramenta terapêutica nestes pacientes. R1: Há hipofluxo pulmonar. Raciocínio lógico: - Devemos estar lidando com uma cardiopatia que cursa com obstrução importante do fluxo sanguíneo pulmonar. Ela pode ser funcional, como na persistência do padrão fetal, ou estrutural. Com Sopro Sistólico ejetivo: Diagnóstico mais provável: Tetralogia de Fallot Sem sopros significantes: Diagnóstico mais provável: Atresia pulmonar Persistência do p. fetal Dicas do diagnóstico: Outros dados do RxT de tórax que corroboram este diagnóstico é o escavamento do tronco pulmonar, e por vezes, o levantamento da ponta dando a impressão de tamanco holandês, este último, mais comum na tetralogia de Fallot. R2: Há normo ou hiperfluxo pulmonar. Raciocínio lógico: O normo ou hiperfluxo pulmonar com cianose importante fala a favor de uma circulação em paralelo. Diagnóstico provável: Transposição dos grandes vasos. Dicas do Diagnóstico: O pedículo estreito e forma ovóide do coração são outros dados auxiliares, porém nem sempre fáceis de identificar. R1: Há hipertrofia ventricular direita Raciocínio lógico: Várias cardiopatias podem cursar com o HVD, o que no período neonatal pode ser normal já que o VD é dominante nesta faixa etária. Diagnóstico provável: Tetralogia de Fallot Transposição dos grandes vasos Persistência do padrão fetal
  • 7. MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 21 P6: COMO SE COMPORTAM OS PULSOS DA CRIANÇA? R2: Há hipertrofia ventricular esquerda Raciocínio lógico: Na dominância do ventrículo esquerdo, é improvável que estejamos lidando com uma persistência do padrão fetal ou uma tetralogia de Fallot. Devemos estar lidando com cardiopatias mais complexas. Diagnóstico provável: Atresia tricúspide Atresia pulmonar POSSIBILIDADE B =ICC ISOLADA Como principal apresentação clínica, pensar em: CARDIOPATIAS COM OBSTRUÇÃO A CIRCULAÇÃO SISTÊMICA ou CARDIOPATIAS COM HIPERFLUXO PULMONAR R1: São todos palpáveis, porém diminuídos. Raciocínio lógico: - Pensar em uma cardiopatia com obstrução à circulação sistêmica. Como os pulsos estão diminuídos simetricamente, a obstrução deve ser a nível central. Diagnóstico mais provável: Estenose aórtica valvar R2: Os femorais têm amplitude reduzida ou estão ausentes, os radias têm amplitude normal. Raciocínio lógico: - Pensar em uma cardiopatia com obstrução à circulação sistêmica. Como os pulsos estão diminuídos nos membros inferiores e normais nos superiores, o nível da obstrução deve ser após a emergência dos vasos da base. Diagnósticos mais prováveis: Coarctação da aorta Interrupção da aorta R3: Os femorais têm amplitude normal e os radiais têm amplitude
  • 8. CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 22 TRUNCUS ARTERISUS diminuída ou estão ausentes. Raciocínio lógico: - Pensar em uma cardiopatia com obstrução à circulação sistêmica. Como os pulsos estão diminuídos ou ausentes nos membros superiores, deve haver importante obstrução à aorta ascendente. Os pulsos normais nos membros inferiores provavelmente refletem a continuação de um grande canal arterial com a aorta descendente. Diagnóstico mais provável: Atresia aórtica Hipoplasia do coração esquerdo R4: Os pulsos têm amplitude aumentada Raciocínio lógico: - Deve haver uma “fuga aórtica” para dar um diferencial importante de pressão e levar ao aumento da amplitude do pulso. Diagnóstico mais provável: Persistência do Canal Arterial Quando há importante obstrução à circulação sistêmica, e o canal arterial está perfundindo parte ou toda esta circulação sistêmica. Desta forma, as pressões no tronco e ramo das artérias pulmonares são aumentadas. No RxT, além da dilatação dos vasos, vemos aumento do fluxo pulmonar. Dicas do diagnóstico: O eletrocardiograma também mostra sinais de sobrecarga do ventrículo direito, já que este bombeia para as duas circulações. POSSIBILIDADE C=CIANOSE E ICC como principal apresentação clínica, pensar em: CARDIOPATIAS COM MISTURA COMPLETA As cardiopatias que cursam com associação de Cianose e Insuficiência Cardíaca Congestiva são geralmente mais complexas, de prognóstico mais reservado e podem ser agrupadas sob o título de Cardiopatias de Mistura Completa.
  • 9. MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 23 ANOMALIAS DA VALVA TRICÚSPIDE (ATRESIAS, EBSTEIS, DISPLASIAS) ATRESIA MITRAL DRENAGEM ANÔMALA TOTAL DAS VEIAS PULMONARES ESTENOSE PULMONAR Dentre estas detacamos: - Truncus Arteriosus - Anomalias da valva tricúspide - Atresia mitral - Drenagem anômala total das veias pulmonares - Outras complexas (ventrículo único, etc). Dicas do diagnóstico: - Os pulsos são amplos (geralmente a valva truncal é incompetente e há ainda a fuga para as artérias pulmonares). - O SS é importante e muitas vezes sisto-sistólico (quase como o canal arterial) - O precordio mostra atividade intensa - No RxT há cardiomegalia e geralmente hiperfluxo pulmonar - O ECG pode mostrar sobrecarga bi-ventricular Dicas do diagnóstico: - Importante dilatação do átrio direito no RxT e ECG - Geralmente hipertrofia esquerda no ECG - Eixo elétrico pode ter desvio superior - Sopro de CIV ou EP Dicas do diagnóstico: - Importante dilatação do átrio esquerdo, com hipertrofia direita - Sopro de CIV ou EP Dicas do diagnóstico: - Coração geralmente pequeno - Congestão veno-capilar importante - Imagem de boneco de neve no RxT da DATVP supracardíaca - Sem sopros significantes Obs.: Cardiopatias mais complexas ,como dupla via de entrada de um ventrículo único, também se incluem neste grupo. Embora os detalhes anatômicos possam ser difíceis de reconhecer clinicamente, é importante saber classificar a cardiopatia no grupo funcional. POSSIBILIDADE D = SOPRO SEM OUTRAS ALTERAÇÕES como principal apresentação clínica, pensar em: CARDIOPATIAS OBSTRUTIVAS OU COM HIPERFLUXO PULMONAR
  • 10. CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 24 ESTENOSE AÓRTICA COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR DEFEITO DO SEPTO ATRIOVENTRICULAR PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL COMUNICAÇÃO INTERATRIAL As cardiopatias obstrutivas, quando não críticas, podem cursar sem cianose ou ICC e apresentar-se apenas pelo sopro cardíaco. Dentre elas, destacamos: - Estenose pulmonar - Estenose aórtica Dicas do diagnóstico: - Sopro sistólico ejetivo no foco pulmonar - Click proto-sistólico - Abaulamento do tronco pulmonar no RxT - HVD no ECG Dicas do diagnóstico: - Sopro sistólico ejetivo no foco aórtico com irradiação para o pescoço - Click proto-sistólico - Dilatação da aorta ascendente - HVD no ECG As cardiopatias com hiperfluxo pulmonar são classicamente: - Comunicação interventricular - Defeito completo do canal atrioventricular - Persistência do canal arterial - Comunicação interatrial Dicas do diagnóstico: - As grandes comunicações interventriculares apresentam pouco ou nenhum sopro devido a equalização das pressões entre os dois lados da circulação. À medida que a resistência pulmonar diminui elas apresentam aumento do fluxo pulmonar (taquipnéia progressiva, sem cianose) e evoluem à ICC se não tratadas. - As pequenas comunicações intervertriculares apresentam, após a queda da resistência pulmonar, sopro importante pelo diferencial de pressão. O aumento do fluxo pulmonar é pequeno e a área cardíaca pode ser normal. Dicas do diagnóstico: - Comporta-se clinicamente como uma grande CIV embora sopros de regurgitação da valva AV única possam ser mais audíveis. - No ECG têm um eixo desviado superiormente. - Têm associação frequente com Síndrome de Down. Dicas do Diagnóstico: - Sopro em maquinária (após a queda da resistência pulmonar), anteriormente só sistólico - Pulsos amplos pela “fuga do canal” - Pulsos pediosos facilmente palpáveis no neonato
  • 11. MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Dicas do Diagnóstico: - Apresentação neonatal é rara (nesta fase a maioria tem o foramen oval patente) - Sopro pouco significante - diagnóstico diferencial com sopro inocente - Desdobramento fixo da 2a bulha (pelo hiperfluxo pulmonar) QUADRO I AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DAS CARDIOPATIAS NA INFÂNCIA Exame pediátrico geral Exame do aparelho cardiovascular Raios X do tórax Eletrocardiograma Ecocardiograma Cateterismo cardíaco QUADRO II SEQUÊNCIA DA ANÁLISE SEGMENTAR DO DIAGNÓSTICO DAS CARDIOPATIAS NA INFÂNCIA 25 1. Avaliação Pediátrica Inicial 1. Quando suspeitar de cardiopatia? 2. Há sinais de hipóxia? 3. Há sinais de ICC? 4. Existem intercorrências que agravam o quadro? 5. Posso melhorar o paciente antes do diagnóstico? 2. Dados básicos do Diagnóstico Cardiovascular 1. Sopros 2. 2a bulha 3. Pulsos 4. RxT 5. Eletrocardiograma 3. Avaliação Cardiológica 1. Quando a cianose é o principal achado. 2. Quando a insuficiência cardíaca congestiva prepondera. 3. Em situações com cianose e ICC.
  • 12. CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 4. Na presença de sopro, sem cianose ou ICC evidente. 26
  • 13. MÓDULO 2 – MÉTODOS DIAGNÓSTICOS – HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL QUADRO I DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS CARDIOPATIAS NA INFÂNCIA 27 Apresentação principal Pensar em Cardiopatia mais provável Cianose Circulação em paralelo Transp. dos grandes vasos Obstrução mecânica ao fluxo pulmonar Tetralogia de Fallot Estenose pulmonar Atresia pulmonar Obstrução funcional ao fluxo pulmonarPersistência do padrão fetal ICC Obstrução mecânica ao fluxo sistêmico Coarctação da aorta Interrupção do arco aórtico Estenose valvar aórtica Hipoplasia do cor.o esquerdo Hiperfluxo pulmonar Canal arterial persistente Cianose + ICC Cardiopatias com mistura completa Truncus arteriosus Atresia tricúspide, anomalia de Ebstein, displasia tricúspide Atresia mitral Drenagem anômala total das veias pulmonares Dupla via de entrada de um ventrículo Outras cardiopatias complexas com mistura completa Sopro sem Hiperfluxo pulmonar Comunicação interventricular cianose ou ICC Defeito do septo atrioventricular Canal arterial patente Obstrução à circulação sistêmica Estenose aórtica Obstrução à circulação pulmonar Estenose pulmonar Tetralogia de Fallot ANOTAÇÕES
  • 14. CARDIOLOGIA PARA PEDIATRAS – EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA – CADUCEUS - UCMF – INCOR-PE - RHP 28