1. Síndrome de Transfusão Feto-
Fetal
Willian Eduardo Eckert
Especializando em Medicina Fetal do Hospital de
Clínicas da UFPR
2. Definição
• STFF é uma complicação de gestações múltiplas
resultante de comunicações vasculares
placentárias que geram fluxo sanguíneo, não
balanceado, de um feto para o outro;
• “Um feto é comprometido enquanto o outro
favorecido”;
• Taxa de mortalidade perinatal variando de 60% a
100% para ambos os fetos (sem tratamento);
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
3. Fisiopatologia
• As anastomoses entre vasos placentários de ambos os fetos podem
ser classificadas conforme a profundidade em que ocorrem e os
vasos envolvidos:
• Profundidade:
• Superficiais;
• Profundas;
• Vasos anastomosados:
• Arterioarteriais;
• Venovenosas;
• Arteriovenosas;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
4. Fisiopatologia
• Gestações com STFF tem menor quantidade de
anastomoses de todos os tipos e a maioria das que
ocorrem neste grupo são profundas;
• Grande quantidade de anastomoses superficiais parecem
ser fator protetor para desenvolvimento, acometimento
precoce e gravidade da STFF;
• Escassez de anastomoses arteriovenosas levam a menor
chance de ocorrer balanço volumétrico na circulação
cruzada entre os gêmeos;
• Evidencias recentes sugerem que o diâmetros e resistência
dos vasos e o padrão de ramificação vascular coriônica
também são importantes fatores relacionados;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
5. Fisiopatologia
• O fluxo sanguíneo bidirecional assimétrico e as
consequentes alterações bioquímicas resultam em
alterações hemodinâmicas, osmóticas e fisiológicas nos
fetos;
• A hipovolemia do feto doador estimula a ativação do SRAA
na tentativa de restaurar a volemia – vasoconstrição
exacerbada mediada pela angiotensina II e vasopressina.
Tanto a hipovolemia quanto a vasoconstrição exacerbada
levam a fluxo renal pobre e consequente oligodrâmnio;
• A hipervolemia do feto receptor leva a aumento do fluxo
sanguíneo renal resultando em poliúria e consequente
polidrâmnio;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
8. Epidemiologia
• Comunicações vasculares ocorrem em todas as
gestações monocoriônicas porém raramente nas
dicoriônicas;
• Estima-se que a STFF ocorre 5% a 15% das
gestações gemelares monocoriônicas;
• É difícil determinar a incidência real da STFF, uma
vez que pode ocorrer muito precocemente evoluindo
com perda de ambos os fetos;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
9. Achados
Ultrassonográficos
• Critérios diagnósticos ultrassonográficos:
• Fetos do mesmo sexo;
• Gestação monocoriônica;
• Polidrâmnio em uma das cavidades
amnióticas, oligodrâmnio na outra com ou
sem alterações dopplervelocimétricas e
ecocardiográficas.
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
10. Achados
Ultrassonográficos
• Em alguns casos a discordância do volume do
liquido amniótico é tão grande que o feto
doador aparece “grudado” na parede uterina;
• Sinais de hidropsia fetal podem ser
encontrados, mais comumente, no feto
receptor e raramente no feto doador;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
14. Diagnóstico Diferencial
• Restrição de crescimento intrauterino seletiva;
• Anomalias estruturais fetais discordantes;
• Infecções congênitas;
• Anormalidades cromossômicas;
• Ruptura prematura de membranas ovulares;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
15. Evolução Pré-natal
• STFF pode ocorrer de forma aguda ou
crônica;
• Na gestação inicial quadro agudo de
transfusão pode resultar em morte fetal
precoce;
• Pode ocorrer de forma aguda durante o
trabalho de parto. Neste caso teremos 2 fetos
com peso e comprimento similares, porém 1 é
policitêmico/hipervolêmico e outro
anêmico/hipovolêmico.
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
16. Evolução Pré-natal
• Na forma crônica a transfusão de sangue de
um dos fetos para o outro ocorre durante um
longo período;
• O feto doador é geralmente hipovolêmico e
apresenta variáveis graus de restrição de
crescimento;
• Insuficiência placentária e STFF estão
associadas em até 20% dos casos sendo que
em casos severos o doador pode morrer e ser
identificado ao nascimento – feto papiráceo.
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
17. Evolução Pré-natal
• O feto receptor é hipervolêmico,
frequentemente maior que o doador e pode
desenvolver miocardiopatia hipertrófica e
insuficiência cardíaca congestiva;
• Devido a poliúria o feto receptor desenvolve
polidrâmnio severo que pode levar a parto
prematuro;
• A história natural da STFF, sem tratamento, é
associada com risco de morte de 60% a 100%
para ambos os fetos;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
18. Manejo da Gestação
• Rastreio para malformações congênitas;
• Avaliação da inserção do cordão umbilical;
• Ecocardiograma fetal para ambos os fetos;
• Ressonância magnética fetal – avaliação
cérebro fetal;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
19. Manejo da Gestação
• Amniocentese:
• Cariótipo – excluir anormalidades
cromossômicas;
• Cultura para CMV – síndrome do gêmeo
preso;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
20. Manejo da Gestação• Nascimento em centro terciário – geralmente
para prematuro antes de 32 semanas de
gestação;
• Monitorização contínua dos batimento fetais
de ambos os fetos – durante trabalho de
parto;
• Dosagem de hematócrito de sangue do
cordão umbilical;
• Encaminhar placenta para serviço de
patologia;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
21. Intervenção Fetal
• Levando em consideração a alta taxa de
mortalidade perinatal, manejo expectante da
STFF não é recomendado;
• Tratamento depende da idade gestacional ao
diagnóstico;
• Na STFF de instalação precoce pode-se optar
por interrupção da gestação de 1 ou ambos
gemelares (onde o aborto é legalizado);
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
22. Intervenção Fetal
• Quando se instala no segundo trimestre,
manejo agressivo é recomendado;
• As atuais opções de tratamento são:
• Amniodrenagem seriada;
• Septostomia amniótica;
• Ablação das anastomoses com laser;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
23. Amniodrenagem Seriada
• Punção com agulha espinhal calibre 18,
guiada por ultrassonografia;
• Retirada de líquido amniótico até que o
volume retorne ao normal (maior bolsão
menor que 5 cm);
• Procedimento será repetida quantas vezes
forem necessárias para manter o volume
próximo ao normal;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
24. Amniodrenagem Seriada
• A redução do volume de LA da bolsa com
polidrâmnio diminui a pressão contra a outra
bolsa e placenta. A melhora na perfusão
placentária aumenta o volume do LA na bolsa
do “feto preso”;
• Taxa se sobrevivência em torno de 60% a
65%.
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
25. Septostomia Amniótica
• Introdução de agulha espinhal calibre 20,
guiada por ultrassonografia, na membrana
que divide as cavidades amnióticas;
• Acredita-se que com o defeito da parede o
feto doador passa a deglutir um maior volume
de liquido amniótico melhorando a volemia e
consequentemente a diurese;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
26. Septostomia Amniótica
• Uma das principais críticas ao método é a
transformação iatrogênica de uma gestação
diamniótica em uma gestação monoamniótica;
• Taxa se sobrevivência em torno de 60% a
65%.
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal
27. Ablação das Anastomoses com
Laser
• Correção da fisiopatologia subjacente;
• Tratamento de eleição para gestações até 26
semanas;
• Idade gestacional de nascimento
relativamente maior se comparado a
Amniodrenagem Seriada;
• Melhor prognóstico neurológico a curto e
longo prazos;
Síndrome de Transfusão Feto-Fetal