1. CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM
MEDICINA DE FAMÍLIA E
COMUNIDADE
da Sociedade Brasileira de Medicina de Família
e Comunidade
Síncope
Aline Rosa Machado
Médica Cardiologista
2. Agenda
Definição
Fisiopatologia
Classificação e causas
Diagnóstico diferencial
Avaliação clínica
Exames complementares
Pistas diagnósticas
Achados de alto risco
Quando encaminhar à emergência
Quando encaminhar ao especialista
Tratamento
3. Síncope
• Perda transitória da consciência ocasionada por
hipoperfusão cerebral global
• Início rápido, curta duração e recuperação
completa e espontânea
• Pode ser precedida de pródromos
– Náusea
– Sudorese
– Escurecimento visual
– Tontura
6. Diagnóstico Diferencial
Perda transitória de consciência pós-traumática
Parada cardiorrespiratória
Sem perda de consciência
• Quedas
• Doenças psiquiátricas
• Tontura, vertigem
• Ataque isquêmico transitório
Perda de consciência sem hipoperfusão cerebral
• Crise convulsiva
• Intoxicações exógenas agudas – álcool
• Hipoglicemia
• Hipóxia
• Hemorragia subaracnóide
7. Avaliação Clínica
• Anamnese
– Circunstancias do evento
• Posição (ortostase prolongada, ao levantar)
• Atividade (repouso, após exercício, ao urinar, ao tossir...)
• Predisponentes (ambiente quente, medo, dor, movimentação do
pescoço...)
– Pródromos
• Náusea, sudorese, aura, palpitações
– Durante o evento
• Abalos musculares
• Cianose, palidez
– Após o evento
• Duração da perda de consciência
• Confusão/letargia
• Palpitações
• Incontinência urinária/fecal
8. Avaliação Clínica
• Antecedentes
– História de doença cardíaca ou neurológica
– História familiar de morte súbita
– Uso de medicações
– Uso de álcool/drogas
– Episódios prévios
• Exame físico
– Ausculta de sopros
– Sinais de desidrataçao
– Hipotensão postural - queda de PAs ≥ 20 mmHg ou PAd ≥ 10
mmHg após três minutos em ortostase
– Diferença de amplitude de pulsos periféricos
– Desvio do ictus cardíaco, presença de B3, presença de turgência
jugular, edema
9. Exames Complementares
• Eletrocardiograma
– Avaliação de causas cardíacas
– Ajuda a estimar o risco e a gravidade do evento
• Outros exames podem ser indicados a depender
da suspeita diagnóstica:
– Ecocardiograma
– Holter
– Teste ergométrico
– Tilt-test
– Eletroencefalograma
10. Pistas diagnósticas
Sugere causa...
• Reflexa:
– Jovens, sem doença cardíaca
– Após ortostase prolongada, após refeição copiosa, após
exercício físico
– Em locais fechados, calor intenso
– Sintomas prodrômicos
– Rotação da cabeça ou pressão no pescoço (barbear,
apertar a gravata...) -> hipersensibilidade do seio
carotídeo
11. Pistas diagnósticas
Sugere causa...
• Hipotensão ortostática:
– Durante ou após levantar-se
– Após longo período deitado ou após esforço físico
intenso
– Após aumento de medicações
hipotensoras/vasodilatadoras
– Desidratação
– Presença de doença autonômica/Parkinson
– Hipotensão ortostática
12. Pistas diagnósticas
Sugere causa...
• Cardíaca
– Durante o esforço ou deitado
– Antecedida ou sucedida de palpitações
– História familiar de morte súbita
– Presença de doença cardíaca estrutural
– Alterações eletrocardiográficas
– Alterações no exame físico: sopro de estenose aórtica,
diferença de amplitude de pulsos radiais
13. Achados de Alto Risco
• Clínicos
– Síncope durante esforço físico
– Síncope em posição supina
– Precedida de palpitações
– Tipo “desliga-liga”
– História Familiar de morte súbita
– Trauma relacionado ao evento – TCE/fraturas
• Doença coronariana
• Insuficiência cardíaca
• Doença cardíaca estrutural
14. Achados de Alto Risco
• Achados no ECG
– Taquicardia ventricular não-sustentada
– Bloqueios de ramo
– Bradicardia
– Onda delta (pré-excitação)
– Intervalo QT longo ou curto
– Sd. De Brugada
– Cardiomiopatia arritmogênica do VD
15. Avaliação inicial
(Anamnese, exame físico,
ECG)
Síncope
Diagnóstico
provável
Diagnóstico
incerto
Estratificação de
risco
•Prosseguir investigação
•Encaminhar ao especialista
Alto risco de
eventos graves
•Prosseguir investigação
•Encaminhar ao especialista
Baixo risco
Eventos
recorrentes
•Sem necessidade de investigação
adicional
•Tranquilizar e explicar
Baixo risco
Eventos raros
Adaptado de: 2018 ESC Guidelines for the diagnosis and
management of syncope
Tratar conforme
causa específica
16. Quando encaminhar à Emergência
• Sinais de hipoperfusão
• Congestão pulmonar
• Dor torácica ou suspeita de SCA
• Fibrilação atrial de início recente
• Alterações de alto risco no ECG
17. Quando encaminhar ao especialista -
Cardiologia
• Síncope com suspeita de origem cardíaca
• Alterações no ECG
• Em pacientes com doença cardíaca conhecida
• História familiar de morte súbita
• Síncope de origem indeterminada
18. Tratamento
• Evitar gatilhos situacionais
• Manter hidratação e adequada ingesta de sal
• Ajuste de medicações hipotensoras
• Manobras de contrapressão isométricas
• Tilt training
– Ostostatismo com os pés 15cm afastados da parede,
30 min por dia por 30 dias
• Uso de meia elástica
• Raramente – medicações: midrodrina /
fludrocortisona
19. Conclusões
• A maioria das síncopes são de causa reflexa
• Procurar na avaliação clínica as pistas que
direcionam ao mecanismo da síncope
• O eletrocardiograma é fundamental para a
avaliação de causas cardíacas
• Estratificar o risco sempre
• Na suspeita de síncope cardíaca, sempre
encaminhar ao especialista
20. Referências
• Rotinas em Unidade Vascular. Luiz Antônio Nasi. Artmed
Editora, 2009
• Emergências Clínicas: abordagem prática. Herlon Saraiva
Martins et al. 10. ed. Manole, 2015
• Protolocos de encaminhamento da atenção básica para
atenção especializada. Brasília, Ministério da Saúde, 2016
• 2018 ESC Guidelines for the diagnosis and management of
syncope. European Heart Journal, 2018