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Distúrbios
ácido-básicos
Relevância: Muito Alta
Todos as aulas da Mentoria possuem relevância moderada, alta ou muito alta,
baseado na incidência nas provas de residência médica dos últimos 5 anos.
Distúrbios ácido-básicos
3
Distúrbios do equilíbrio acidobásico é um tema que muita gente tem medo, mas para as provas de
residênciaoseufocodevesernainterpretaçãodagasometriaarterialesuacorrelaçãocomacondição
clínica do paciente para então manejar cada distúrbio metabólico e/ou respiratório apresentado.
Outrotemaquevocêdevefocaraquiénaacidosemetabólica,suasprincipaiscausaseprincipalmente
com o cálculo do ânion gap.
Fique tranquilo que a partir de hoje, finalmente, você entenderá e acertará as principais questões de
prova sobre gasometria arterial e ânion gap. Vamos com tudo!
O que você precisa saber?
Gasometria arterial
Valores de referência:
• pH: 7,35-7,45 mmHg
• pO²: 60-100 mmHg
• pCO²: 35-45 mmHg
• HCO³: 22-26 mEq/L
• Base Excess: -3 a +3: são alterados por eventos crônicos (para menos de -3 ou para mais
de +3), representa o “excesso” de base. Valores negativos indicam que há déficit de base.
Curiosidade: como diferenciar uma gasometria arterial da venosa?
A grande diferença entre uma gasometria arterial da venosa está nos seus gases – pO² e pCO², as
alterações nos outros parâmetros são bem discretas.
• Arterial: pO² mais alto (60-100 mmHg) e pCO² mais baixo (35-45 mmHg)
• Venosa: pO² mais baixo (25-40 mmHg) e pCO² mais alto (41-50 mmHg)
Correlações básicas:
• Uma solução tampão é formada por substâncias que não permitem grandes variações de pH.
• Existe um sistema, o bicarbonato-CO², ele é o principal sistema tampão do meio interno!
• HCO³ + H → CO² + H²O (fórmula simplificada do sistema bicarbonato-CO²)
• HCO³ é a base do nosso tampão fisiológico. Suas alterações serão de cunho metabólico e
os rins são os responsáveis pela sua resposta compensatória, que é mais lenta.
• pCO² funciona como um ácido tampão. Suas alterações são de cunho respiratório e os
pulmões são os responsáveis pela sua resposta compensatória, que é mais rápida.
• Sempre que um falhar, por ex.: metabólico; o outro tentará compensar, p.ex.:
compensação respiratória.
Distúrbios ácido-básicos
4
Entendendo essa magnífica fisiologia, podemos definir os quatro principais distúrbios do equilíbrio
acidobásico que podem cair na sua prova (imagem abaixo):
• ↓ HCO³ (menos base) → pH baixo = acidose metabólica
• ↑ HCO³ (mais base) → pH alto = alcalose metabólica
• ↑ CO² (mais ácido) → pH baixo = acidose respiratória
• ↓ CO² (menos ácido) → pH alto = alcalose respiratória
Distúrbios do equilíbrio acidobásico.
Para facilitar o seu entendimento sobre esses quatro distúrbios, vamos ver abaixo alguns exemplos
de gasometrias arteriais:
Acidose metabólica
pH= 7,25
pCO² = 23 mmHg
HCO³- = 10 mEq/L
Alcalose metabólica
pH= 7,56
pCO² = 47 mmHg
HCO³- = 30 mEq/L
Alcalose respiratória
pH= 7,60
pCO² = 22 mmHg
HCO³- = 18 mEq/L
Acidose respiratória
pH= 7,20
pCO² = 50 mmHg
HCO³- = 28 mEq/L
O que é uma resposta compensatória?
Se você prestou bastante atenção aos valores apresentados aqui acima reparou que, na verdade,
TODOS os 3 parâmetros estão alterados em TODOS os exemplos. Isso acontece pois em uma
situação que a doença primária causa um distúrbio ácidobásico, nosso corpo tenta compensar esse
distúrbio primário com um secundário (voluntariamente estimulado).
Acidose metabólica
Alcalose metabólica
Acidose respiratória
Alcalose respiratória
pH
Situaçãoácido-base
Normal
Normal
Normal
Normal
HCO3
pCO2
Distúrbios ácido-básicos
5
Imagine um paciente diabético que apresenta uma cetoacidose. Um dos critérios diagnósticos para
ele é justamente a presença de uma acidose metabólica que pode inclusive ser grave!
Mas ao mesmo tempo, um dos sinais clássicos dessa doença é a respiração de Kussmaul, a qual
é caracterizada por respirações ruidosas na qual o paciente faz ventilações com altos volumes
correntes rapidamente e repetidamente.
Sabe qual a fisiopatologia desse achado? Uma das formas de tentar aumentar o pH que está baixo
(acidótico) pela presença dos cetoácidos é justamente retirar os demais ácidos presentes no plasma.
E uma forma prática de fazer isso é expirando a maior quantidade de CO² possível através da
respiração.
Ou seja, a acidose metabólica (pH baixo com HCO³ baixo) recebe uma resposta compensatória
através da diminuição do pCO² realizada pelo aumento do volume corrente. Veja o exemplo abaixo:
Acidose metabólica
pH= 7,25
pCO² = 23 mmHg
HCO³- = 10 mEq/L
Reparou agora?
Se a resposta é "compensatória" por que o pH não está compensado (normal)?
Ótima pergunta! Nossos sistemas não são capazes de normalizar o pH através das respostas
compensatórias. O objetivo é apenas não permitir que a alteração seja muito grave fazendo com que
o paciente apresente uma acidose ou alcalose incompatível com a vida humana.
Check list - interpretação da gasometria:
A partir de hoje, sempre quando se deparar com uma gasometria arterial, seja ela nas provas ou na
prática clínica, faça as perguntas abaixo nessa ordem para interpretar corretamente esse exame,
te garanto que essa sistematização facilitará muito vida.
1. Como está o pH?
pH baixo (é uma acidose) ou alto (é uma alcalose)
2. Quem justifica a acidose/alcalose?
• Há alteração no CO²: acidose ou alcalose respiratória
• Há alteração no HCO³: acidose ou alcalose metabólica
Distúrbios ácido-básicos
6
Mas para complicar nossas vidas, existem também os distúrbios mistos, os quais são dois distúrbios
acidobásicos independentes. Quando as bancas de prova querem deixar a questão um pouco mais
difícil inserem esses distúrbios na gaso, mas vamos continuar o nosso check list para acertarmos
qualquer tipo de pergunta sobre o assunto. Vamos lá!
1. Como está o pH?
pH baixo (é uma acidose) ou alto (é uma alcalose)
2. Quem justifica a acidose/alcalose?
Aqui, a resposta pode ser os dois (CO² e HCO³) gerando uma acidose ou alcalose mista.
Mas como saber se as alterações de CO² e HCO³ são por compensação de distúrbio simples ou se são
dois distúrbios independentes (mistos)?
Se:
• Resposta compensatória inadequada → após fazer os cálculos abaixo OU
• pH normal + pCO² e HCO³ alterados → a resposta quando é compensatória não consegue
normalizar o pH, mas somente deixá-lo próximo do valor normal.
Para facilitar o entendimento, vou exemplificar isso para você:
pH = 7,43 pCO² = 55 mmHg HCO³ = 35 mEq/L
Reparem no pH normal às custas de pCO² e HCO³ totalmente alterados, com certeza há um distúrbio
misto neste caso, sacou?
Outradicasobredistúrbiomisto:arespostacompensatóriaadequadaésemprenosentidododistúrbio
primário (p. ex. aumento do HCO³ na alcalose metabólica é acompanhado do aumento do pCO²) E
não é completa, ou seja, o pH não fica na faixa normal.
Agora vamos aprender algumas fórmulas para identificar os distúrbios mistos com pH alterado:
• Se há acidose metabólica utilize a seguinte fórmula para calcular a resposta compensatória:
pCO² esperada = (1,5 x HCO³) + 8 / Obs.: variação permitida +/- 2
pCO² ideal
HCO³ x 1,5 + 8 + / - 2
Cálculo do pCO
²
ideal.
Distúrbios ácido-básicos
7
• Se há alcalose metabólica utilize a fórmula: pCO² esperada = HCO³ + 15 (+/- 2)
• Se há acidose respiratória:
− Aguda: HCO³ aumenta 1 mEq/L quando a pCO² aumenta 10 mmHg.
− Crônica: HCO³ aumenta 4 mEq/L quando a pCO² aumenta 10 mmHg.
• Se há alcalose respiratória:
− Aguda: HCO³ diminui 2 mEq/L quando a pCO² diminui 10 mmHg.
− Crônica: HCO³ diminui 4 mEq/L quando a pCO² diminui 10 mmHg.
Todas essas fórmulas quantificam quanto a resposta compensatória esperada deve alcançar, se os
valores forem diferentes desse intervalo, considere um distúrbio misto.
Mas deixa eu te contar um segredo: vamos aplicar a metodologia JJ aqui? O clássico princípio de
Pareto! De todas essas fórmulas, a que você mais deve se preocupar, pois é a que mais cai nas provas
de residência, é o do pCO² esperado!
Agora vamos praticar vendo alguns exemplos de gasometrias arteriais:
Exemplo 1:
pH= 7,19
pCO² = 32 mmHg
HCO³ = 10 mEq/L
Nesse caso temos uma acidose (pH < 7,35) metabólica (HCO³ < 22). Por isso utilizamos a fórmula
para pCO² esperada = (1,5 x 10) + 8 = 23.
Note que na gasometria o pCO² é 32, já no cálculo da equação, se estivesse ocorrendo somente
acidosemetabólica,oPCO²eraparaserde23mmHg.Logo,éumdistúrbiomisto-acidosemetabólica
e respiratória.
Exemplo 2:
pH= 7,40
pCO² = 55 mmHg
HCO³ = 32 mEq/L
Distúrbios ácido-básicos
8
Nesse caso temos pH normal com CO² e HCO³ alterados = acidose respiratória (pCO² aumentado) e
alcalose metabólica (HCO³ aumentado).
Exemplo 3:
pH= 7,50
pCO² = 49 mmHg
HCO³ = 30 mEq/L
Nesse caso temos uma alcalose (pH < 7,45) metabólica (HCO³ < 22). Por isso utilizamos a fórmula
para pCO² esperada = HCO³ + 15 -> 30 + 15 = 45 mmHg
Note que na gasometria o pCO² é 49, já no cálculo de compensação, se estivesse ocorrendo somente
alcalose metabólica, o PCO² era para ser de 45 mmHg. Logo, é um distúrbio misto - alcalose
metabólica e acidose respiratória.
BE (base excess)
Para fecharmos o assunto sobre gasometria arterial, é importante destacar também o base excess.
Qual a sua principal utilidade? Diferenciar os distúrbios respiratórios – em agudos, crônicos e crônicos
descompensados. Como isso se apresenta na gasometria arterial?
• Acidose respiratória aguda: pH muito baixo e BE normal.
• Acidose respiratória crônica compensada: pH normal ou quase, BE alto.
• Acidose respiratória crônica descompensada: pH muito baixo e BE alto.
pH = 7,16
pCO² = 60
HCO³=24
BE = 1
AGUDO
pH= 7.36
pCO²=50
HCO³= 30
BE = 8
CRÔNICO
Essa é outra informação chave para você também obter êxito nas questões consideradas mais difíceis
sobre gasometria arterial.
Quero ver se você já está craque no assunto respondendo a questão a seguir:
Distúrbios ácido-básicos
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(UFMT-MT - 2019) Criança de 5 anos de idade dá entrada no PS com quadro de dispneia e agitação.
No exame físico, apresenta face angustiada, sudoreica, cianótica, temperatura de 37,9 °C, FR de 45
irpm,FCde144bpm,extremidadesfrias,comacentuadastiragensintercostais,diafragmáticaeretração
da fúrcula esternal. Ausculta pulmonar com murmúrio vesicular diminuído, sem sibilos, SPO2 88%.
A gasometria em ar ambiente apresentou os seguintes resultados: pH 7,30; PaO² 58mmHg;
PCO² 55 mmHg; Bicarbonato 18 mEq/L. Em relação ao quadro descrito, marque a afirmativa correta.
(A) Trata-se de acidose respiratória.
(B) Deve-se administrar oxigênio por cateter nasal, fluidos endovenosos e bicarbonato
imediatamente.
(C) Estão indicados intubação endotraqueal para ventilação mecânica invasiva, broncodilatadores
e antibióticos como primeiras condutas de emergência.
(D) Trata-se de acidose mista.
Gabarito: D
CCQ:
Reconhecer os diagnósticos gasométricos nos
distúrbios do equilíbrio acidobásico.
Conhecer os princípios básicos da gasometria arterial é fundamental para obter sucesso nas questões
sobre distúrbios acidobásicos, questões como essa que exigem apenas o diagnóstico gasométrico do
caso clínico é um CCQ importantíssimo para as provas de residência.
Vamos ao passo a passo?!
1. Como está o pH?
pH baixo (é uma acidose).
2. Quem justifica a acidose/alcalose?
• Há aumento no CO²: acidose respiratória
• Há diminuição no HCO³: acidose metabólica
Logo, acidose respiratória + metabólica = distúrbio misto!
Calma aí! Antes de fecharmos esse assunto, surgiu uma dúvida. E o pO²? Ele praticamente não foi
citado durante a explicação. Por quê?
Ótimapergunta!AsaturaçãodeO2(SatO²)epO²sãoparâmetrosimportantesnaavaliaçãogasométrica,
porém, para alcançar o diagnóstico do distúrbio acidobásico pela gasometria arterial é necessário
apenas do pH, pCO² e HCO³, portanto, nesse momento, a SatO² e pO² não serão necessárias.
Distúrbios ácido-básicos
10
Acidose metabólica
Distúrbio ácido básico que mais cai na prova de residência! Atenção!
Na gaso: pH <7,35 e HCO³ <22 mEq/L
Memorize isso: na presença de uma acidose metabólica SEMPRE faça o cálculo do ânion gap!
Através desse cálculo é possível investigar a etiologia desse distúrbio metabólico.
Ânion gap (AG) ou hiato aniônico
É o conjunto de ânions plasmáticos não medidos, fundamentais para o equilíbrio eletroquímico.
Fórmula para cálculo do ÂNION GAP = Na+ – (Cl- + HCO³-) = 8-12 mEq/L (valor normal)
ÂNION GAP
AG = Na – (Cl + HCO³)
Cálculo do ânion gap.
Etiologias
Causas de acidose metabólica.
AG normal ou acidose hiperclorêmica:
Esse tipo de acidose metabólica é caracterizado pela perda de HCO³ para o meio externo ou da
retenção direta do H. Para que ocorra o equilíbrio eletroquímico do plasma, o HCO³ reduzido deve ser
compensado pelo aumento do cloreto plasmático, por isso que essa acidose é hiperclorêmica.
• Digestivas → Perda abaixo do piloro (perde HCO³): diarreia, fístula
• Renais → Perda urinária: acidose tubular renal, ureterossigmoidostomia, hipoaldosteronismo,
usodediuréticospoupadoresdeK(espironolactona),insuficiênciarenalcrônica(faseprecoce)
AGnormal
Diarreia
Insuficiência renal crônica
Excesso de soro fisiológico
Acidose tubular renal (tipo I, II e IV)
Insuficiência suprarrenal
AGaumentado
Rabdomiólise
Intoxicações (salicilatos, etilenoglicol, metanol)
Acidose lática (sepse, choque, PCR, isquemia mesentérica)
Uremia
Cetoacidose diabética
Cetoacidose alcoólica
Distúrbios ácido-básicos
11
• Hipoaldosteronismo
• Soro fisiológico 0,9% - hidratação vigorosa - hipercloremia leva a redução do HCO³
• ATR (acidose tubular renal) I, II e IV (imagem a seguir)
− ATRI:bloqueionaexcreçãodeH+notúbulocoletor:hipocalemia,urinabásicaeacidose
metabólica hiperclorêmica. Ex: Síndrome de Sjogren, congênita ou nefrocalcinose.
− ATR II: causada pela disfunção no túbulo proximal, leva a uma bicarbonatúria e
hipocalemia,poisoK+éexcretadojuntoaoHCO³:acidosemetabólicahiperclorêmica,
hipocalemia. Causas: congênita, Mieloma Múltiplo e Síndrome de Fanconi.
− ATRIV:causadapelaperdadaaçãodaaldosteronanotúbulocoletor,gerahipercalemia
eacidosemetabólicahiperclorêmica.Causas:Lesãotubularpornefropatiafalciformee
nefropatia por analgésicos, doença de Addison e hipoaldosteronismo hiporreninêmico
no DM (hipoaldosteronismo hiporreninêmico e/ou resistência tubular à aldosterona).
Acidose tubular renal.
→ De todas as causas de acidose metabólica com AG normal (hiperclorêmica), dê uma atenção maior
às acidose tubulares renais, foque nas suas principais características, pois são CCQs importantes nas
provas de residência.
AG aumentado ou normoclorêmica:
Aqui é um pouco diferente do que ocorre na outra etiologia de acidose metabólica, os ácidos
acumulados se dissociam em H + base aniônica, o hidrogênio consome o bicarbonato do sangue,
enquanto esse ânion formado se acumula cada vez mais na corrente sanguínea levando assim ao
aumento do ânion gap, por isso é uma acidose metabólica de ânion gap aumentado e normoclorêmica.
Macanismo
Potássio
Acidose Hiperclorêmica
Causa
Complicação
Local
Tipo I
Acidificação distral prejudicada
(levando à retenção de H+)
Baixo
Sim
Autoimunidade
(Síndrome de Sjogren)
Nefrolitíase
(hipercalciúria)
Distal
Acidose Tubular Renal
Tipo II
Redução da reabosorção
proximal de HCO3
Baixo
Sim
Síndrome de Fanconi
Hipofosfatemia
Proximal
Tipo IV
Menor ação da
aldosterona
Alto
Sim
Hipoaldosteronismo
hiporreninêmico
(Nefropatia Diabética)
Hipercalemia
Distal
Distúrbios ácido-básicos
12
• Cetoacidose diabética ou alcoólica ou por jejum exacerbado (aumento dos cetoânions)
• Acidose lática (sepse, choque isquemia mesentérica) *causa mais comum de acidose
metabólica com ânion gap aumentado
• Uremia
• Intoxicações (AAS, etilenoglicol, metanol)
• Rabdomiólise
Vamos aprender um pouco mais sobre o assunto com a questão abaixo:
(USP-RP-2018)Mulher,50anos,tabagista,encontradadesacordadaporvizinhoselevadaaopronto-
socorro. Exame físico: regular estado geral, descorada +/4, desidratada ++/4, PA: 140 x 80 mmHg,
FC: 80 bpm, escala de coma de Glasgow= 10. Exames laboratoriais: gasometria arterial (ar ambiente):
pH: 7,25; pO²: 85 mmHg; pCO²: 48 mmHg; HCO³: 13 mEq/L; Saturação O²: 88%; Sódio sérico:
145 mmol/L; Potássio sérico: 3,5 mmol/L; Cloro sérico: 96 mmol/L; Albumina sérica: 4g/dL.
Qual é a causa mais provável do rebaixamento do nível de consciência?
(A) Uso abusivo de diuréticos
(B) Hipoventilação alveolar
(C) Perdas gastrointestinais
(D) Intoxicação exógena por álcool
Gabarito: D
CCQ:
Reconhecer o diagnóstico do distúrbio ácido básico
através do cálculo de ânion gap.
Questão clássica de prova, onde ela apenas joga algumas informações sobre a história clínica da
paciente e uma gasometria arterial com alguns exames laboratoriais.
Vamos ao passo a passo?!
1. Como está o pH?
pH baixo (é uma acidose).
2. Quem justifica a acidose/alcalose?
• Há diminuição no HCO³: acidose metabólica
3. Ânion gap = 145 - (13 + 96) = 36
Logo, acidose metabólica com ânion gap elevado!
Distúrbios ácido-básicos
13
Aí vai mais uma dica → sempre quando te fornecerem valores de sódio, potássio, bicarbonato e cloreto
junto calcule o ânion gap, pois apenas com esse resultado já é possível suspeitar da causa base e
assim acertar a questão.
Tratamento
1. Acidose lática: não repor base, mas tratar a causa básica. Repor bicarbonato de sódio se pH
< 7,1 ou HCO³ < 10 mEq/L.
2. Cetoacidose: tratar a cetoacidose, pois os cetoácidos são transformados em bases em nível
hepático. Repor bicarbonato se pH < 7,0 ou HCO³ < 10 mEq/L.
→ A reposição de bases não está indicada de rotina na grande maioria das acidoses
metabólicas com AG aumentado, principalmente a acidose lática e cetoacidose, sendo
usado apenas em casos muito graves e refratários ao tratamento inicial. Nas intoxicações,
uremia, entre outras, mesmo sendo uma acidose metabólica com AG aumentado possui
indicação de reposição de bicarbonato.
3. Acidose hiperclorêmica: suspender NaCl 0,9% e administrar citrato de potássio
→ Com exceção da acidose tubular tipo IV, hipoaldosteronismo e acidose causada por
diuréticos (a terapêutica dessas patologias está focado na sua causa base), a reposição de
bases está sempre indicada na sua terapêutica.
4. Uremia: NaHCO³ (bicarbonato de sódio) ou diálise de urgência
5. Intoxicação: NaHCO³ ou diálise de urgência
Importante!
AinfusãodeNaHCO³podelevaracomplicaçõescomo:sobrecargahídrica(ICCeidosos),acidoseliquórica
paradoxal, sobrecarga de sódio e hipocalcemia (pois o cálcio se liga mais à albumina com a alcalose).
Alcalose metabólica
Na gasometria arterial:
• pH > 7,45 e HCO³ > 26
Aalcalosemetabólicasurgequandoexisteperdadehidrogênio(H+)paraascélulasouparaomeioexterno.
Etiologia e tratamento:
Hipovolemia:
É a principal causa. A hipovolemia impede o rim de ‘jogar’ bicarbonato para fora, pois no estado
hipovolêmico o rim torna-se ávido para reabsorver sódio e água. Quando ele reabsorve o Na+, ele
também reabsorve HCO³-.
Distúrbios ácido-básicos
14
Há também HIPOCLOREMIA, como há muito HCO³-, o rim expolia Cl- para manter o equilíbrio
aniônico. Também é vista a HIPOCALEMIA, pois o rim passa a perder mais K+ do que H+ (que está
escasso no sangue) pelo mecanismo da aldosterona.
a. Gastrointestinal: perdas digestivas acima do piloro (perde H+); obstrução mecânica de
delgado. Por ex.: estenose hipertrófica do piloro, pancreatite.
b. Renal: desordem tubulares (Batter e Gitelman); diuréticos de alça e tiazídicos; alcalose pós-
hipercapnia crônica.
Normo ou Hipervolêmica
Hiperaldosteronismo primário: entra muito Na, e hipertensão renovascular.
Exógena
Hemotransfusão maciça (pelo citrato)
Iatrogenia: administração em excesso de NaHCO³
→ Para avaliar as causas de forma mais específica utilize o cloro urinário:
• Causas hipovolêmicas: Cl urinário baixo (< 10 ou 20 mEq/L): perdas gastrointestinais por
exemplo, vômitos.
• Causas hipervolêmicas: Ur Cl alto: hiperaldosteronismo primário ou secundário
(hipervolêmicas). Causas hipovolêmicas por diuréticos ou Síndrome de Bartter e Gitelman.
Tratamento:
1. Reposição volêmica e correção hidroeletrolítica (principal).
2. Tratamento da causa base.
Distúrbios ventilatórios
Acidose respiratória
Gasometria arterial:
• pH < 7,35 / pCO² > 45mmHg
Etiologia:
• Aguda (pH < 7,35 + BE normal) ou agudizada (pH<7,35 + BE alterado):
Lesão em SNC; Guillain-Barré; Miastenia Gravis; obstrução de vias aéreas superiores
Distúrbios ácido-básicos
15
• Crônica (pH normal ou próximo + BE alterado)
DPOC; fibrose intersticial idiopática; obesidade + SAHOS (Síndrome de Pickwick)
Tratamento:
• Ventilação não invasiva (VNI) (quando indicado)
• Ventilação invasiva: IOT + VM (quando indicado)
Alcalose respiratória
Gasometria arterial:
• pH > 7,45 / pCO² < 35mmHg
Etiologia
• Crises asmáticas, tromboembolismo pulmonar;
• Insuficiência hepática fulminante;
• Intoxicação por salicilatos;
• Hiperventilação:
− Psicogênica;
− Central - Hipertensão intracraniana.
Tratamento
Alcalose metabólica pode levar à vasoconstrição cerebral com degeneração do quadro clínico do
paciente, além de hipocalcemia (Ca liga-se mais à albumina no pH básico), por isso, o seu tratamento
deve ser iniciado o mais rápido possível.
• Da causa base.
• Uso de bolsas coletoras de ar (nos casos graves e refratários).
• Se ventilação mecânica: aumento do espaço morto.
Agoraresolvamuitasquestõessobreessetemaqueéeminentementeprático.Alémdetentar(econseguir)
interpretar as gasometrias da sua prática clínica.
Bons estudos! =)
Distúrbios ácido-básicos
16
#JJTop3
Interpretação da gasometria arterial.
Cálculo do ânion gap.
Causas de acidose metabólica.
equipe@jjmentoria.com.br
jjmentoria
www.jjmentoria.com.br

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  • 1.
  • 2. Distúrbios ácido-básicos Relevância: Muito Alta Todos as aulas da Mentoria possuem relevância moderada, alta ou muito alta, baseado na incidência nas provas de residência médica dos últimos 5 anos.
  • 3. Distúrbios ácido-básicos 3 Distúrbios do equilíbrio acidobásico é um tema que muita gente tem medo, mas para as provas de residênciaoseufocodevesernainterpretaçãodagasometriaarterialesuacorrelaçãocomacondição clínica do paciente para então manejar cada distúrbio metabólico e/ou respiratório apresentado. Outrotemaquevocêdevefocaraquiénaacidosemetabólica,suasprincipaiscausaseprincipalmente com o cálculo do ânion gap. Fique tranquilo que a partir de hoje, finalmente, você entenderá e acertará as principais questões de prova sobre gasometria arterial e ânion gap. Vamos com tudo! O que você precisa saber? Gasometria arterial Valores de referência: • pH: 7,35-7,45 mmHg • pO²: 60-100 mmHg • pCO²: 35-45 mmHg • HCO³: 22-26 mEq/L • Base Excess: -3 a +3: são alterados por eventos crônicos (para menos de -3 ou para mais de +3), representa o “excesso” de base. Valores negativos indicam que há déficit de base. Curiosidade: como diferenciar uma gasometria arterial da venosa? A grande diferença entre uma gasometria arterial da venosa está nos seus gases – pO² e pCO², as alterações nos outros parâmetros são bem discretas. • Arterial: pO² mais alto (60-100 mmHg) e pCO² mais baixo (35-45 mmHg) • Venosa: pO² mais baixo (25-40 mmHg) e pCO² mais alto (41-50 mmHg) Correlações básicas: • Uma solução tampão é formada por substâncias que não permitem grandes variações de pH. • Existe um sistema, o bicarbonato-CO², ele é o principal sistema tampão do meio interno! • HCO³ + H → CO² + H²O (fórmula simplificada do sistema bicarbonato-CO²) • HCO³ é a base do nosso tampão fisiológico. Suas alterações serão de cunho metabólico e os rins são os responsáveis pela sua resposta compensatória, que é mais lenta. • pCO² funciona como um ácido tampão. Suas alterações são de cunho respiratório e os pulmões são os responsáveis pela sua resposta compensatória, que é mais rápida. • Sempre que um falhar, por ex.: metabólico; o outro tentará compensar, p.ex.: compensação respiratória.
  • 4. Distúrbios ácido-básicos 4 Entendendo essa magnífica fisiologia, podemos definir os quatro principais distúrbios do equilíbrio acidobásico que podem cair na sua prova (imagem abaixo): • ↓ HCO³ (menos base) → pH baixo = acidose metabólica • ↑ HCO³ (mais base) → pH alto = alcalose metabólica • ↑ CO² (mais ácido) → pH baixo = acidose respiratória • ↓ CO² (menos ácido) → pH alto = alcalose respiratória Distúrbios do equilíbrio acidobásico. Para facilitar o seu entendimento sobre esses quatro distúrbios, vamos ver abaixo alguns exemplos de gasometrias arteriais: Acidose metabólica pH= 7,25 pCO² = 23 mmHg HCO³- = 10 mEq/L Alcalose metabólica pH= 7,56 pCO² = 47 mmHg HCO³- = 30 mEq/L Alcalose respiratória pH= 7,60 pCO² = 22 mmHg HCO³- = 18 mEq/L Acidose respiratória pH= 7,20 pCO² = 50 mmHg HCO³- = 28 mEq/L O que é uma resposta compensatória? Se você prestou bastante atenção aos valores apresentados aqui acima reparou que, na verdade, TODOS os 3 parâmetros estão alterados em TODOS os exemplos. Isso acontece pois em uma situação que a doença primária causa um distúrbio ácidobásico, nosso corpo tenta compensar esse distúrbio primário com um secundário (voluntariamente estimulado). Acidose metabólica Alcalose metabólica Acidose respiratória Alcalose respiratória pH Situaçãoácido-base Normal Normal Normal Normal HCO3 pCO2
  • 5. Distúrbios ácido-básicos 5 Imagine um paciente diabético que apresenta uma cetoacidose. Um dos critérios diagnósticos para ele é justamente a presença de uma acidose metabólica que pode inclusive ser grave! Mas ao mesmo tempo, um dos sinais clássicos dessa doença é a respiração de Kussmaul, a qual é caracterizada por respirações ruidosas na qual o paciente faz ventilações com altos volumes correntes rapidamente e repetidamente. Sabe qual a fisiopatologia desse achado? Uma das formas de tentar aumentar o pH que está baixo (acidótico) pela presença dos cetoácidos é justamente retirar os demais ácidos presentes no plasma. E uma forma prática de fazer isso é expirando a maior quantidade de CO² possível através da respiração. Ou seja, a acidose metabólica (pH baixo com HCO³ baixo) recebe uma resposta compensatória através da diminuição do pCO² realizada pelo aumento do volume corrente. Veja o exemplo abaixo: Acidose metabólica pH= 7,25 pCO² = 23 mmHg HCO³- = 10 mEq/L Reparou agora? Se a resposta é "compensatória" por que o pH não está compensado (normal)? Ótima pergunta! Nossos sistemas não são capazes de normalizar o pH através das respostas compensatórias. O objetivo é apenas não permitir que a alteração seja muito grave fazendo com que o paciente apresente uma acidose ou alcalose incompatível com a vida humana. Check list - interpretação da gasometria: A partir de hoje, sempre quando se deparar com uma gasometria arterial, seja ela nas provas ou na prática clínica, faça as perguntas abaixo nessa ordem para interpretar corretamente esse exame, te garanto que essa sistematização facilitará muito vida. 1. Como está o pH? pH baixo (é uma acidose) ou alto (é uma alcalose) 2. Quem justifica a acidose/alcalose? • Há alteração no CO²: acidose ou alcalose respiratória • Há alteração no HCO³: acidose ou alcalose metabólica
  • 6. Distúrbios ácido-básicos 6 Mas para complicar nossas vidas, existem também os distúrbios mistos, os quais são dois distúrbios acidobásicos independentes. Quando as bancas de prova querem deixar a questão um pouco mais difícil inserem esses distúrbios na gaso, mas vamos continuar o nosso check list para acertarmos qualquer tipo de pergunta sobre o assunto. Vamos lá! 1. Como está o pH? pH baixo (é uma acidose) ou alto (é uma alcalose) 2. Quem justifica a acidose/alcalose? Aqui, a resposta pode ser os dois (CO² e HCO³) gerando uma acidose ou alcalose mista. Mas como saber se as alterações de CO² e HCO³ são por compensação de distúrbio simples ou se são dois distúrbios independentes (mistos)? Se: • Resposta compensatória inadequada → após fazer os cálculos abaixo OU • pH normal + pCO² e HCO³ alterados → a resposta quando é compensatória não consegue normalizar o pH, mas somente deixá-lo próximo do valor normal. Para facilitar o entendimento, vou exemplificar isso para você: pH = 7,43 pCO² = 55 mmHg HCO³ = 35 mEq/L Reparem no pH normal às custas de pCO² e HCO³ totalmente alterados, com certeza há um distúrbio misto neste caso, sacou? Outradicasobredistúrbiomisto:arespostacompensatóriaadequadaésemprenosentidododistúrbio primário (p. ex. aumento do HCO³ na alcalose metabólica é acompanhado do aumento do pCO²) E não é completa, ou seja, o pH não fica na faixa normal. Agora vamos aprender algumas fórmulas para identificar os distúrbios mistos com pH alterado: • Se há acidose metabólica utilize a seguinte fórmula para calcular a resposta compensatória: pCO² esperada = (1,5 x HCO³) + 8 / Obs.: variação permitida +/- 2 pCO² ideal HCO³ x 1,5 + 8 + / - 2 Cálculo do pCO ² ideal.
  • 7. Distúrbios ácido-básicos 7 • Se há alcalose metabólica utilize a fórmula: pCO² esperada = HCO³ + 15 (+/- 2) • Se há acidose respiratória: − Aguda: HCO³ aumenta 1 mEq/L quando a pCO² aumenta 10 mmHg. − Crônica: HCO³ aumenta 4 mEq/L quando a pCO² aumenta 10 mmHg. • Se há alcalose respiratória: − Aguda: HCO³ diminui 2 mEq/L quando a pCO² diminui 10 mmHg. − Crônica: HCO³ diminui 4 mEq/L quando a pCO² diminui 10 mmHg. Todas essas fórmulas quantificam quanto a resposta compensatória esperada deve alcançar, se os valores forem diferentes desse intervalo, considere um distúrbio misto. Mas deixa eu te contar um segredo: vamos aplicar a metodologia JJ aqui? O clássico princípio de Pareto! De todas essas fórmulas, a que você mais deve se preocupar, pois é a que mais cai nas provas de residência, é o do pCO² esperado! Agora vamos praticar vendo alguns exemplos de gasometrias arteriais: Exemplo 1: pH= 7,19 pCO² = 32 mmHg HCO³ = 10 mEq/L Nesse caso temos uma acidose (pH < 7,35) metabólica (HCO³ < 22). Por isso utilizamos a fórmula para pCO² esperada = (1,5 x 10) + 8 = 23. Note que na gasometria o pCO² é 32, já no cálculo da equação, se estivesse ocorrendo somente acidosemetabólica,oPCO²eraparaserde23mmHg.Logo,éumdistúrbiomisto-acidosemetabólica e respiratória. Exemplo 2: pH= 7,40 pCO² = 55 mmHg HCO³ = 32 mEq/L
  • 8. Distúrbios ácido-básicos 8 Nesse caso temos pH normal com CO² e HCO³ alterados = acidose respiratória (pCO² aumentado) e alcalose metabólica (HCO³ aumentado). Exemplo 3: pH= 7,50 pCO² = 49 mmHg HCO³ = 30 mEq/L Nesse caso temos uma alcalose (pH < 7,45) metabólica (HCO³ < 22). Por isso utilizamos a fórmula para pCO² esperada = HCO³ + 15 -> 30 + 15 = 45 mmHg Note que na gasometria o pCO² é 49, já no cálculo de compensação, se estivesse ocorrendo somente alcalose metabólica, o PCO² era para ser de 45 mmHg. Logo, é um distúrbio misto - alcalose metabólica e acidose respiratória. BE (base excess) Para fecharmos o assunto sobre gasometria arterial, é importante destacar também o base excess. Qual a sua principal utilidade? Diferenciar os distúrbios respiratórios – em agudos, crônicos e crônicos descompensados. Como isso se apresenta na gasometria arterial? • Acidose respiratória aguda: pH muito baixo e BE normal. • Acidose respiratória crônica compensada: pH normal ou quase, BE alto. • Acidose respiratória crônica descompensada: pH muito baixo e BE alto. pH = 7,16 pCO² = 60 HCO³=24 BE = 1 AGUDO pH= 7.36 pCO²=50 HCO³= 30 BE = 8 CRÔNICO Essa é outra informação chave para você também obter êxito nas questões consideradas mais difíceis sobre gasometria arterial. Quero ver se você já está craque no assunto respondendo a questão a seguir:
  • 9. Distúrbios ácido-básicos 9 (UFMT-MT - 2019) Criança de 5 anos de idade dá entrada no PS com quadro de dispneia e agitação. No exame físico, apresenta face angustiada, sudoreica, cianótica, temperatura de 37,9 °C, FR de 45 irpm,FCde144bpm,extremidadesfrias,comacentuadastiragensintercostais,diafragmáticaeretração da fúrcula esternal. Ausculta pulmonar com murmúrio vesicular diminuído, sem sibilos, SPO2 88%. A gasometria em ar ambiente apresentou os seguintes resultados: pH 7,30; PaO² 58mmHg; PCO² 55 mmHg; Bicarbonato 18 mEq/L. Em relação ao quadro descrito, marque a afirmativa correta. (A) Trata-se de acidose respiratória. (B) Deve-se administrar oxigênio por cateter nasal, fluidos endovenosos e bicarbonato imediatamente. (C) Estão indicados intubação endotraqueal para ventilação mecânica invasiva, broncodilatadores e antibióticos como primeiras condutas de emergência. (D) Trata-se de acidose mista. Gabarito: D CCQ: Reconhecer os diagnósticos gasométricos nos distúrbios do equilíbrio acidobásico. Conhecer os princípios básicos da gasometria arterial é fundamental para obter sucesso nas questões sobre distúrbios acidobásicos, questões como essa que exigem apenas o diagnóstico gasométrico do caso clínico é um CCQ importantíssimo para as provas de residência. Vamos ao passo a passo?! 1. Como está o pH? pH baixo (é uma acidose). 2. Quem justifica a acidose/alcalose? • Há aumento no CO²: acidose respiratória • Há diminuição no HCO³: acidose metabólica Logo, acidose respiratória + metabólica = distúrbio misto! Calma aí! Antes de fecharmos esse assunto, surgiu uma dúvida. E o pO²? Ele praticamente não foi citado durante a explicação. Por quê? Ótimapergunta!AsaturaçãodeO2(SatO²)epO²sãoparâmetrosimportantesnaavaliaçãogasométrica, porém, para alcançar o diagnóstico do distúrbio acidobásico pela gasometria arterial é necessário apenas do pH, pCO² e HCO³, portanto, nesse momento, a SatO² e pO² não serão necessárias.
  • 10. Distúrbios ácido-básicos 10 Acidose metabólica Distúrbio ácido básico que mais cai na prova de residência! Atenção! Na gaso: pH <7,35 e HCO³ <22 mEq/L Memorize isso: na presença de uma acidose metabólica SEMPRE faça o cálculo do ânion gap! Através desse cálculo é possível investigar a etiologia desse distúrbio metabólico. Ânion gap (AG) ou hiato aniônico É o conjunto de ânions plasmáticos não medidos, fundamentais para o equilíbrio eletroquímico. Fórmula para cálculo do ÂNION GAP = Na+ – (Cl- + HCO³-) = 8-12 mEq/L (valor normal) ÂNION GAP AG = Na – (Cl + HCO³) Cálculo do ânion gap. Etiologias Causas de acidose metabólica. AG normal ou acidose hiperclorêmica: Esse tipo de acidose metabólica é caracterizado pela perda de HCO³ para o meio externo ou da retenção direta do H. Para que ocorra o equilíbrio eletroquímico do plasma, o HCO³ reduzido deve ser compensado pelo aumento do cloreto plasmático, por isso que essa acidose é hiperclorêmica. • Digestivas → Perda abaixo do piloro (perde HCO³): diarreia, fístula • Renais → Perda urinária: acidose tubular renal, ureterossigmoidostomia, hipoaldosteronismo, usodediuréticospoupadoresdeK(espironolactona),insuficiênciarenalcrônica(faseprecoce) AGnormal Diarreia Insuficiência renal crônica Excesso de soro fisiológico Acidose tubular renal (tipo I, II e IV) Insuficiência suprarrenal AGaumentado Rabdomiólise Intoxicações (salicilatos, etilenoglicol, metanol) Acidose lática (sepse, choque, PCR, isquemia mesentérica) Uremia Cetoacidose diabética Cetoacidose alcoólica
  • 11. Distúrbios ácido-básicos 11 • Hipoaldosteronismo • Soro fisiológico 0,9% - hidratação vigorosa - hipercloremia leva a redução do HCO³ • ATR (acidose tubular renal) I, II e IV (imagem a seguir) − ATRI:bloqueionaexcreçãodeH+notúbulocoletor:hipocalemia,urinabásicaeacidose metabólica hiperclorêmica. Ex: Síndrome de Sjogren, congênita ou nefrocalcinose. − ATR II: causada pela disfunção no túbulo proximal, leva a uma bicarbonatúria e hipocalemia,poisoK+éexcretadojuntoaoHCO³:acidosemetabólicahiperclorêmica, hipocalemia. Causas: congênita, Mieloma Múltiplo e Síndrome de Fanconi. − ATRIV:causadapelaperdadaaçãodaaldosteronanotúbulocoletor,gerahipercalemia eacidosemetabólicahiperclorêmica.Causas:Lesãotubularpornefropatiafalciformee nefropatia por analgésicos, doença de Addison e hipoaldosteronismo hiporreninêmico no DM (hipoaldosteronismo hiporreninêmico e/ou resistência tubular à aldosterona). Acidose tubular renal. → De todas as causas de acidose metabólica com AG normal (hiperclorêmica), dê uma atenção maior às acidose tubulares renais, foque nas suas principais características, pois são CCQs importantes nas provas de residência. AG aumentado ou normoclorêmica: Aqui é um pouco diferente do que ocorre na outra etiologia de acidose metabólica, os ácidos acumulados se dissociam em H + base aniônica, o hidrogênio consome o bicarbonato do sangue, enquanto esse ânion formado se acumula cada vez mais na corrente sanguínea levando assim ao aumento do ânion gap, por isso é uma acidose metabólica de ânion gap aumentado e normoclorêmica. Macanismo Potássio Acidose Hiperclorêmica Causa Complicação Local Tipo I Acidificação distral prejudicada (levando à retenção de H+) Baixo Sim Autoimunidade (Síndrome de Sjogren) Nefrolitíase (hipercalciúria) Distal Acidose Tubular Renal Tipo II Redução da reabosorção proximal de HCO3 Baixo Sim Síndrome de Fanconi Hipofosfatemia Proximal Tipo IV Menor ação da aldosterona Alto Sim Hipoaldosteronismo hiporreninêmico (Nefropatia Diabética) Hipercalemia Distal
  • 12. Distúrbios ácido-básicos 12 • Cetoacidose diabética ou alcoólica ou por jejum exacerbado (aumento dos cetoânions) • Acidose lática (sepse, choque isquemia mesentérica) *causa mais comum de acidose metabólica com ânion gap aumentado • Uremia • Intoxicações (AAS, etilenoglicol, metanol) • Rabdomiólise Vamos aprender um pouco mais sobre o assunto com a questão abaixo: (USP-RP-2018)Mulher,50anos,tabagista,encontradadesacordadaporvizinhoselevadaaopronto- socorro. Exame físico: regular estado geral, descorada +/4, desidratada ++/4, PA: 140 x 80 mmHg, FC: 80 bpm, escala de coma de Glasgow= 10. Exames laboratoriais: gasometria arterial (ar ambiente): pH: 7,25; pO²: 85 mmHg; pCO²: 48 mmHg; HCO³: 13 mEq/L; Saturação O²: 88%; Sódio sérico: 145 mmol/L; Potássio sérico: 3,5 mmol/L; Cloro sérico: 96 mmol/L; Albumina sérica: 4g/dL. Qual é a causa mais provável do rebaixamento do nível de consciência? (A) Uso abusivo de diuréticos (B) Hipoventilação alveolar (C) Perdas gastrointestinais (D) Intoxicação exógena por álcool Gabarito: D CCQ: Reconhecer o diagnóstico do distúrbio ácido básico através do cálculo de ânion gap. Questão clássica de prova, onde ela apenas joga algumas informações sobre a história clínica da paciente e uma gasometria arterial com alguns exames laboratoriais. Vamos ao passo a passo?! 1. Como está o pH? pH baixo (é uma acidose). 2. Quem justifica a acidose/alcalose? • Há diminuição no HCO³: acidose metabólica 3. Ânion gap = 145 - (13 + 96) = 36 Logo, acidose metabólica com ânion gap elevado!
  • 13. Distúrbios ácido-básicos 13 Aí vai mais uma dica → sempre quando te fornecerem valores de sódio, potássio, bicarbonato e cloreto junto calcule o ânion gap, pois apenas com esse resultado já é possível suspeitar da causa base e assim acertar a questão. Tratamento 1. Acidose lática: não repor base, mas tratar a causa básica. Repor bicarbonato de sódio se pH < 7,1 ou HCO³ < 10 mEq/L. 2. Cetoacidose: tratar a cetoacidose, pois os cetoácidos são transformados em bases em nível hepático. Repor bicarbonato se pH < 7,0 ou HCO³ < 10 mEq/L. → A reposição de bases não está indicada de rotina na grande maioria das acidoses metabólicas com AG aumentado, principalmente a acidose lática e cetoacidose, sendo usado apenas em casos muito graves e refratários ao tratamento inicial. Nas intoxicações, uremia, entre outras, mesmo sendo uma acidose metabólica com AG aumentado possui indicação de reposição de bicarbonato. 3. Acidose hiperclorêmica: suspender NaCl 0,9% e administrar citrato de potássio → Com exceção da acidose tubular tipo IV, hipoaldosteronismo e acidose causada por diuréticos (a terapêutica dessas patologias está focado na sua causa base), a reposição de bases está sempre indicada na sua terapêutica. 4. Uremia: NaHCO³ (bicarbonato de sódio) ou diálise de urgência 5. Intoxicação: NaHCO³ ou diálise de urgência Importante! AinfusãodeNaHCO³podelevaracomplicaçõescomo:sobrecargahídrica(ICCeidosos),acidoseliquórica paradoxal, sobrecarga de sódio e hipocalcemia (pois o cálcio se liga mais à albumina com a alcalose). Alcalose metabólica Na gasometria arterial: • pH > 7,45 e HCO³ > 26 Aalcalosemetabólicasurgequandoexisteperdadehidrogênio(H+)paraascélulasouparaomeioexterno. Etiologia e tratamento: Hipovolemia: É a principal causa. A hipovolemia impede o rim de ‘jogar’ bicarbonato para fora, pois no estado hipovolêmico o rim torna-se ávido para reabsorver sódio e água. Quando ele reabsorve o Na+, ele também reabsorve HCO³-.
  • 14. Distúrbios ácido-básicos 14 Há também HIPOCLOREMIA, como há muito HCO³-, o rim expolia Cl- para manter o equilíbrio aniônico. Também é vista a HIPOCALEMIA, pois o rim passa a perder mais K+ do que H+ (que está escasso no sangue) pelo mecanismo da aldosterona. a. Gastrointestinal: perdas digestivas acima do piloro (perde H+); obstrução mecânica de delgado. Por ex.: estenose hipertrófica do piloro, pancreatite. b. Renal: desordem tubulares (Batter e Gitelman); diuréticos de alça e tiazídicos; alcalose pós- hipercapnia crônica. Normo ou Hipervolêmica Hiperaldosteronismo primário: entra muito Na, e hipertensão renovascular. Exógena Hemotransfusão maciça (pelo citrato) Iatrogenia: administração em excesso de NaHCO³ → Para avaliar as causas de forma mais específica utilize o cloro urinário: • Causas hipovolêmicas: Cl urinário baixo (< 10 ou 20 mEq/L): perdas gastrointestinais por exemplo, vômitos. • Causas hipervolêmicas: Ur Cl alto: hiperaldosteronismo primário ou secundário (hipervolêmicas). Causas hipovolêmicas por diuréticos ou Síndrome de Bartter e Gitelman. Tratamento: 1. Reposição volêmica e correção hidroeletrolítica (principal). 2. Tratamento da causa base. Distúrbios ventilatórios Acidose respiratória Gasometria arterial: • pH < 7,35 / pCO² > 45mmHg Etiologia: • Aguda (pH < 7,35 + BE normal) ou agudizada (pH<7,35 + BE alterado): Lesão em SNC; Guillain-Barré; Miastenia Gravis; obstrução de vias aéreas superiores
  • 15. Distúrbios ácido-básicos 15 • Crônica (pH normal ou próximo + BE alterado) DPOC; fibrose intersticial idiopática; obesidade + SAHOS (Síndrome de Pickwick) Tratamento: • Ventilação não invasiva (VNI) (quando indicado) • Ventilação invasiva: IOT + VM (quando indicado) Alcalose respiratória Gasometria arterial: • pH > 7,45 / pCO² < 35mmHg Etiologia • Crises asmáticas, tromboembolismo pulmonar; • Insuficiência hepática fulminante; • Intoxicação por salicilatos; • Hiperventilação: − Psicogênica; − Central - Hipertensão intracraniana. Tratamento Alcalose metabólica pode levar à vasoconstrição cerebral com degeneração do quadro clínico do paciente, além de hipocalcemia (Ca liga-se mais à albumina no pH básico), por isso, o seu tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível. • Da causa base. • Uso de bolsas coletoras de ar (nos casos graves e refratários). • Se ventilação mecânica: aumento do espaço morto. Agoraresolvamuitasquestõessobreessetemaqueéeminentementeprático.Alémdetentar(econseguir) interpretar as gasometrias da sua prática clínica. Bons estudos! =)
  • 16. Distúrbios ácido-básicos 16 #JJTop3 Interpretação da gasometria arterial. Cálculo do ânion gap. Causas de acidose metabólica.