2. Para que serve estudar História?
São muitos os motivos pelos quais podemos
estudar História. Vejamos alguns deles.
Os historiadores interpretam as experiências
humanas ao longo do tempo. Conhecendo
essas interpretações e refletindo sobre elas,
podemos adquirir consciência do que fomos
(passado) para transformar o que somos
(presente).
4. Para que serve estudar História?
Quando "pensamos historicamente", percebemos
que a realidade social é construída pelos seres
humanos. Não se trata de uma fatalidade, de um
dado natural e imutável, mas de uma construção
cultural dinâmica, aberta a novas possibilidades.
Nesse sentido, estudar História pode despertar a
consciência de cada um de nós para a tarefa de
construir uma sociedade mais justa, com menos
desigualdade entre as pessoas, independentemente
de idade, sexo, origem, cor da pele e religião.
5. História e memória
O conjunto dos acontecimentos e das experiências
que ocorrem no dia a dia, tanto de uma pessoa
como de um grupo, pode ser chamado de história
vivida. Essa história pode integrar as lembranças
das pessoas e dos grupos que a viveram. Mas
existem outras vivências que podem ser
esquecidas. A memória constitui, então, um
"campo de disputa histórico" entre lembranças e
esquecimentos.
6. História e memória
Muitas vezes essas disputas são marcadas pelos interesses
sociais que estão em jogo em uma época ou sociedade.
Dessas disputas, resultam frequentemente a
predominância dos marcos históricos ligados à memória
dos grupos sociais dominantes. Lutar pela ampliação da
memória social, abrangendo eventos relevantes para
diversos grupos, é um exercício de cidadania e de
consciência histórica.
7. História e historiadores
• Ao interpretar as vivências humanas, os
historiadores investigam o que mulheres e
homens fizeram, pensaram e sentiram no
decorrer de suas vidas, no cenário de suas
culturas. Assim, o historiador
pode pesquisar, por exemplo, aspectos da
economia, da política, da cultura material,
das mentalidades. Nesse processo, ele
pode compreender relações entre
passado e presente.
8. • Relações entre passado e presenteRelações entre passado e presente
9. Consciência do passado:
Leia um fragmento do livro Sobre História, escrito pelo
historiador Eric Hobsbawm:
Todo ser humano tem consciência do passado (definido
como o período imediatamente anterior aos eventos
registrados na memória de um indivíduo) em virtude de
viver com pessoas mais velhas. [...] Ser membro de uma
comunidade humana é situar-se em relação ao seu
passado (ou da comunidade), ainda que apenas para
rejeitá-lo. O passado é, portanto, uma dimensão
permanente da consciência humana, um componente
inevitável das instituições, valores e outros padrões da
sociedade humana.
HOBSBAWM, Eric O sentido do passado. In: Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 22.
10. Fontes Históricas
Os historiadores trabalham com
diversas fontes em suas pesquisas. No
entanto, essas fontes não são
“documentos" ou "objetos“ de onde a
história possa surgir, nascer ou jorrar
de forma única e cristalina. As fontes
sugerem indícios, pistas, indicações
sobre o tema pesquisado. Por isso,
devem ser interpretadas pelo
historiador.
11. Fontes Históricas
As fontes históricas podem ser
classificadas de várias maneiras:
recentes ou antigas, privadas ou
públicas, representativas da cultura
material ou imaterial etc. Também já foi
muito valorizado o critério de classificar
as fontes em escritas e não escritas:
12. Fontes históricas escritas
• fontes escritas - cartas, letras de canções, livros, jornais,
revistas, documentos públicos ou particulares etc.;
13. Fontes históricas não escritas
• fontes não escritas – registros da cultura material, como
vestimentas, armas, utensílios, pinturas, esculturas,
construções, músicas, filmes, fotografias, depoimentos
orais etc.
14. Fontes Históricas
Durante muito tempo, os historiadores utilizaram
principalmente as fontes escritas para fundamentar as
pesquisas históricas. Atualmente, devido ao desenvolvimento
de novas tecnologias (como televisão, rádio, cinema, DVD,
computador), os historiadores estão cada vez mais
consultando e interpretando uma grande variedade de fontes
não escritas (imagens, sons) e outros elementos da cultura
material.
15. Fontes orais
Entre as fontes não escritas, destacam-se as fontes
orais, como depoimentos e entrevistas. A coleta de
depoimentos tem contribuído para conservar a
memória (pessoal e coletiva) e ampliar a
compreensão de um passado recente ou da história
que está sendo construída no presente. Assim, a
hegemonia das fontes escritas foi relativizada.
16. Limites e possibilidades do saber
histórico
Vimos que, com base em pesquisas, os historiadores
procuram reconstituir as formas de viver em determinada
sociedade. Podem, também, propor interpretações sobre
como as ações humanas desencadearam mudanças ou
preservaram situações ao longo do tempo.
Em suas análises, os historiadores podem investigar a vida
pública ou privada em seus múltiplos aspectos:
econômicos, artísticos, políticos, tecnológicos, filosóficos
etc.
17. Limites e possibilidades do saber
histórico
Estudar História é, portanto, uma maneira de adquirir consciência
sobre a trajetória humana. No entanto, devemos ficar atentos aos
limites ou problemas da interpretação histórica.
As historiografias — resultados do trabalho dos historiadores —
não podem ser isoladas da época em que foram produzidas.
Acreditamos que, ao interpretar e escrever sua obra, o historiador
vive seu tempo histórico. O que ele produz está ligado à história
que vivencia, incluindo, por exemplo, lutas, utopias, valores, visões
e expectativas. Desse modo, a obra de um historiador pode ser
uma expressão de sua época e também uma reação a seu tempo.
18. Limites e possibilidades do saber
histórico
O trabalho do historiador depende de uma série de
concepções que impactam suas escolhas, desde a definição
do objeto enfocado (tema, método e projeto da pesquisa)
até a seleção das fontes históricas a serem utilizadas. Além
disso, o trabalho do historiador não deve ter a pretensão de
fixar verdades absolutas e definitivas: "o historiador sabe que
trabalha para seu tempo, e não para a eternidade".
19. Limites e possibilidades do saber
histórico
Neste sentido, podemos dizer que a História, como forma de
conhecimento, é uma atividade contínua de pesquisa. Em
sua etimologia, história deriva de historein que, em grego
antigo, significa "procurar saber, informar-se". História
significa, pois, “procurar”.
20. Cultura: modo de ser e viver
Empregado por antropólogos, historiadores e
sociólogos, o termo cultura refere-se aos
modos de vida criados e transmitidos de uma
geração para outra entre os membros de uma
sociedade. Abrange conhecimentos, crenças,
artes, costumes, normas, padrões de controle
e muitos outros elementos adquiridos
socialmente pelos seres humanos.
21. Cultura: modo de ser e viver
O termo cultura costuma aparecer em diferentes
situações ou contextos. Podemos falar, por exemplo,
em cultura ocidental ou oriental (própria de um
conjunto de povos ou sociedades com certas
características históricas comuns), cultura italiana ou
brasileira (própria de certas "lealdades comuns"
conhecidas como nacionalidade), cultura tupi ou
sudanesa (própria de um grupo étnico), cultura cristã
ou muçulmana (própria de um grupo religioso), cultura
familiar ou empresarial (própria do conjunto de
pessoas que constituem uma instituição) etc..
23. Construção cultural
A cultura pode ser considerada um amplo
conjunto de conceitos e preceitos, símbolos,
significados que modelam uma sociedade e
organizam o comportamento humano. Na
interpretação do antropólogo Clifford Geertz,
nascemos com a possibilidade de viver
milhares de vidas, mas acabamos por viver
somente uma delas em função da
contribuição decisiva da cultura.
24. Construção cultural
A cultura envolve os padrões através dos quais
pensamos e agimos como membros de um grupo
social. Nesse sentido, todas as sociedades humanas,
das mais antigas às da atualidade, possuem e
produzem cultura. E cada cultura tem seus valores e
suas verdades. Em uma abordagem mais ampla,
cultura é a resposta oferecida pelos grupos humanos
ao desafio da existência. Essa resposta se manifesta
por meio de conhecimento (logos), paixão (pathos) e
comportamento (ethos), ou seja, em termos de razão,
sentimento e ação. A cultura envolve os padrões
através dos quais pensamos e agimos como membros
de um grupo social.
25. Construção cultural
Nesse sentido, todas as sociedades humanas, das
mais antigas às da atualidade, possuem e
produzem cultura. E cada cultura tem seus
valores e suas verdades. Em uma abordagem
mais ampla, cultura é a resposta oferecida pelos
grupos humanos ao desafio da existência. Essa
resposta se manifesta por meio de conhecimento
(logos), paixão (pathos) e comportamento
(ethos), ou seja, em termos de razão, sentimento
e ação.
26. Construção cultural
O arqueólogo estadunidense Robert Braidwood procurou indicar os
principais elementos que, em sua interpretação, caracterizam a
cultura:
A cultura permanece, embora os indivíduos que compõem um
determinado grupo desapareçam. Por outro lado, no entanto, a
cultura muda conforme mudam as normas e entendimentos.
27. Construção cultural
Quase se pode dizer que a cultura vive na mente das pessoas que a
possuem. Mas as pessoas não nascem com ela; adquirem-na à medida
que crescem. Suponha que um bebê húngaro recém nascido seja adotado
por uma família residente em Oshkosh, Winconsin, nos Estados Unidos, e
que nunca digam a essa criança que ela é húngara. Ela crescerá tão alheia
à cultura húngara quanto qualquer outro americano.
28. Construção cultural
Assim, quando eu falo da antiga cultura egípcia, refiro-me a todo o
conjunto de entendimentos, crenças e conhecimentos pertencentes aos
antigos egípcios. Significa tanto suas crenças sobre o que faz o trigo
crescer quanto sua habilidade para fazer os implementos necessários à
colheita. Ou seja, suas crenças a respeito da vida e da morte. Quando falo
de cultura, estou pensando em algo que perdurou através do tempo. Se
qualquer egípcio morresse, mesmo que fosse o faraó, isso não afetaria a
cultura egípcia daquele momento determinado.
BRAIDWOOD, Robert. Homens pré-históricos, Brasília: Editora UnB, 1985. p.41.42
29. Vejamos em síntese algumas
características da cultura
• adquirida pela aprendizagem em convívio social, e não
herdada em termos genéticos;
• transmitida de geração a geração, por meio da linguagem
verbal e não verbal, nas diferentes sociedades;
• inclui toda a produção material e não material dos seres
humanos;
• múltipla e variável, no tempo e no espaço, de sociedade
para sociedade.
30. Diversidade cultural indígena
De acordo com o Censo de 2010, cerca de 896 mil pessoas se
declaravam indígenas no Brasil. Essa população vive em cidades,
áreas rurais e em terras indígenas.
Os indígenas brasileiros apresentam enorme diversidade cultural, e
muitos deles adotaram costumes dos brancos.
31. Diversidade cultural indígena
Leia, a seguir, as palavras de Karaí Katu, um guarani que vive em São
Paulo.
As pessoas olham a gente nas feiras, usando estas roupas e sapatos
e olham como se não fossemos mais guarani. Como se a gente
tivesse perdido nossa cultura. Eles não percebem
que, por dentro, a gente continua o mesmo guarani.
Depoimento de Kara Katu, da aldeia de Itatins, município de Itariri, São Paulo. Transcrito em 1994 pelo historiador e
indigenista Paulo Humberto Porto Borges. Disponível em:
<http://baraoemfoco.com.br/historia/projeto/povoguarani.html>. Acesso em: 29 jun. 2017.
32. • Relações entre passado e presente
Pense um pouco... Nós vivemos como
nossos antepassados?
33. • Relações entre passado e presente
Pense um pouco... Nós vivemos como
nossos antepassados?
34. • Relações entre passado e presente
Então por que queremos que os
indígenas vivam?!
35. Se a História estuda os grupos humanos
através do tempo, exploremos, agora, o
tema tempo. A experiência do tempo faz
parte do nosso cotidiano quando, por
exemplo, olhamos as horas do relógio,
ouvimos relatos de pessoas mais velhas
percebemos o que mudou ou permaneceu
de uma época para outra.
Tempo: diferentes percepções e
medições
36. A noção de tempo é ampla, pois abrange
aspectos cronológicos, psicológicos e históricos. O
chamado tempo histórico se relaciona com as
ações e reflexões dos seres humanos. É o tempo
das criações culturais. Da mesma maneira que os
povos têm diferentes culturas, eles também
possuem diversas formas de viver o seu tempo,
de senti-lo, de contá-lo, de responder aos seus
desafios.
Tempo: diferentes percepções e
medições
37. Em muitas sociedades rurais, os trabalhadores
vivenciavam um "tempo da natureza", relacionado ao
dia e à noite, às variações do clima, às épocas de
plantio e de colheita etc. Isso pode persistir em vários
lugares.
De acordo com o historiador francês Lucien Febvre, a
população do campo na França do século XVI referia-
se ao tempo desta maneira: “por volta do sol levante
ou por volta do sol poente".
Ritmos do tempo
38. Ritmos do tempo
Já em sociedades industriais contemporâneas, os
trabalhadores de uma fábrica, por exemplo, vivenciam
um ritmo de tempo marcado pelo relógio, mesmo
porque as horas de trabalho, em geral, são vendidas por
determinado preço o salário. Assim, nesse "tempo da
indústria" também encontrado, é claro, em outras
atividades profissionais –, a jornada de trabalho "não
obedece mais ao nascer e ao pôr do sol nem às
variações do clima, mas às exigências da empresa”.
39. Ritmos do tempo
Podemos falar também no tempo das sociedades
pós-industriais marcadas pela conectividade das
comunicações, dos transportes e dos serviços no mundo
globalizado. Um mundo ligado aos avanços da
microeletrônica, internet e tecnologia da informática.
40. Relógio
Em nossas sociedades, as pessoas vivem consultando
relógios. Mas esta forma de medir o tempo não foi
praticada em todas as épocas e por todos os povos.
Sobre isso, o estudioso Gerald Whitrow observou:
O modo como o dia terrestre é dividido em horas,
minutos e segundos é puramente convencional.
Assim, também, a decisão de que um dado dia
começa na aurora, ao nascer do sol, ao meio-dia, ao
pôr do sol ou à meia-noite é uma questão de escolha
arbitrária ou conveniência social.
WHITROW, G. J. O tempo na história. Rio de Janeiro: Zahar, 1997. p. 16.
41. Relógio
Os primeiros relógios mecânicos foram instalados
nas torres das igrejas, nos monumentos de praças,
nos edifícios públicos. Atualmente, o relógio é
considerado um instrumento para a organização das
rotinas diárias. Por isso, encontramos o relógio no
pulso das pessoas, no telefone celular, no
computador, nos veículos etc.
42. Relógio
O tempo do relógio passou a governar, em grande parte, o
cotidiano das pessoas. Assim, há hora para acordar, comer,
trabalhar, tomar banho, dormir. Há, inclusive, hora para lazer
e para happy hour (expressão inglesa que pode ser traduzida
por "hora da comemoração", geralmente após o expediente).
43. Calendário
O calendário é um sistema que estabelece um modo de
contar o tempo. O termo deriva do latim calendarium, o
livro de contas no qual constavam os juros dos
empréstimos, pagos nas calendae, que correspondiam
ao primeiro dia dos meses romanos.
Diferentes tipos de calendários foram desenvolvidos por
povos como judeus, cristãos e muçulmanos. Os
calendários são, portanto, uma criação cultural e, por
isso, têm uma história, ou muitas histórias.
44. Calendário
Supõe-se que os primeiros calendários tenham sido criados
entre 3 mil e 2 mil anos antes do nascimento de Cristo
provavelmente pelos chineses, egípcios ou sumérios com
base na observação do Sol e da Lua.
Atualmente, o calendário cristão é o mais utilizado no
mundo, embora nem todos os povos o tenham adotado.
Muçulmanos e judeus, por exemplo, têm sistemas próprios
de contagem do tempo.
46. Calendário Chinês
O calendário chinês é
lunissolar, incorporando
elementos de um
calendário lunar com os
de um calendário solar.
Está em uso contínuo na
China há quase 4000
anos. O calendário era
importante na China
antiga, tanto como um
guia para as atividades
agrícolas quanto para a
regularidade no ciclo
anual.
47. Calendário muçulmano
Os anos são contados
a partir da Hégira,
que é quando o
profeta Maomé
migrou de Meca para
Medina (cerca de
julho 622 dC).
48. Calendário muçulmano
O calendário hebraico
atual é um híbrido do
original, utilizado
desde a ocasião do
êxodo, com
influências egípcias e
babilônicas. Segundo
essa contagem,
estamos atualmente
no ano 5780
(2019/2020).
49. Calendário Cristão
Os povos cristãos têm como marco básico da contagem do
tempo o nascimento de Cristo.
[...] Em 232, um monge, Dionísio, o Pequeno [...], constatando a
impotência dos cristãos quanto a entenderem-se sobre a data da
criação do mundo, propôs que se iniciasse a era cristã com o
nascimento de Cristo, que ele situava no ano 753 de Roma. A sua
proposta foi adotada por toda a cristandade e hoje a era cristã é
a mais usada no mundo.[...]
LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Unicamp, 1996. p. 522
50. Calendário Cristão
Segundo o calendário cristão, as datas anteriores ao nascimento
de Cristo recebem a abreviatura a.C. (antes de Cristo) e as datas
posteriores podem vir acompanhadas ou não da abreviatura d.C.
(depois de Cristo):
No calendário cristão [...], o ano fixado para o nascimento de
Cristo foi considerado o ano 1 da era cristã e não o ano zero;
possivelmente porque o conceito do zero ainda era pouco
difundido na Europa Ocidental.
LEITE, Bertília; WINTER, Othon. Fim de milênio: uma história dos calendários,
profecias e catástrofes cósmicas, Rio de Janeiro: Zahar, 1999. p. 18.
51. Calendário Cristão
No século XVI, o papa Gregório XIII
convocou uma comissão de
astrônomos que promoveu ajustes
no calendário cristão. O resultado
ficou conhecido como reforma
gregoriana e deu origem ao
calendário utilizado ainda hoje. A
reforma gregoriana foi colocada em
prática a partir de 1582.
52. Calendário Cristão
Como outros, o calendário cristão organiza o tempo em
dias, semanas, meses e anos. Os períodos maiores podem
ser agrupados de dez em dez anos (décadas), de cem em
cem anos (séculos), de mil em mil anos (milênios).
O século é uma unidade de tempo muito utilizada nos
estudos de História. Costuma ser indicado por algarismos
romanos, tradição que vem da Roma Antiga..
53. Calculando o século
Um modo fácil de saber a que século pertence
determinado ano é somar 1 ao número de centenas do
ano. Por exemplo: no ano de 2018, o número de centenas
é 20. Temos, então:
2018 → 20 + 1 = século XXI
Assim, 2018 pertence ao século XXI.
54. Calculando o século
No entanto, quando um ano termina em 00, como o ano
2000, por exemplo, temos uma exceção à regra anterior.
Nesse caso, o número de centenas indica o século. Veja:
2000 – 20 centenas = século XX
55. Calculando o século
Testando nosso conhecimento. Qual o século referente a
cada ano abaixo?
a)1952: g) 234:
b) 2005: h) 1010:
c) 876: i) 1507:
d) 1200: j) 13:
e) 453: k) 1000:
f) 1766: l) 1009:
56. Periodização Histórica
Periodizar significa "separar ou dividir em períodos", isto é,
em espaços de tempo demarcados por eventos considerados
significativos. Os historiadores elaboram periodizações
históricas como forma de ordenar, compreender e avaliar os
acontecimentos e temas estudados. Como escreveu
Jacques Le Goff:
Não há história imóvel e a história também não é pura
mudança, mas sim o estudo das mudanças significativas. A
periodização é o principal Instrumento de inteligibilidade
das mudanças significativas.
LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Unicamp, 1996. p. 47.
57. Periodização Histórica
É possível elaborar periodizações da história, com base
em diferentes enfoques ou critérios - econômico, político,
tecnológico, ideológico-cultural etc. Como as periodizações são
concebidas pelos historiadores, elas expressam o ponto de vista
interpretativo de quem as elaborou.
Veja, por exemplo, o caso de uma periodização da
história que se tornou tradicional, elaborada por historiadores
europeus que davam maior importância às fontes escritas e aos
fatos políticos europeus. Nesta periodização, chamaram de Pré-
História o período anterior à invenção da escrita e estabeleceram
como marcos divisórios das "idades" acontecimentos ocorridos
na Europa ou a ela relacionados. Deixaram de lado a história de
sociedades em outros continentes, como América,
Ásia e África.
58. Periodização Histórica
Observe alguns dos principais marcos dessa periodização
tradicional:
• Pré-História do surgimento do ser humano até o
aparecimento da escrita (cerca de 4000 a. C.);
• Idade Antiga ou Antiguidade - do aparecimento da escrita
até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.);
• Idade Média da queda do Império Romano do Ocidente
até a tomada de Constantinopla pelos turcos (1453 d.C.);
• Idade Moderna da tomada de Constantinopla até a
Revolução Francesa (tomada da Bastilha, 1789 d. C.);
• Idade Contemporânea - da Revolução Francesa até os dias
atuais.
60. Críticas a periodização tradicional
O termo Pré-História costuma ser criticado, pois o ser
humano, desde seu surgimento, é um ser histórico, mesmo
que não tenha utilizado a escrita. Outras expressões foram
propostas para denominar os povos sem escrita, como povo
pré-letrado ou povo ágrafo. Mas o uso dessas expressões
não se generalizou tanto quanto o termo Pré-História. Por
esse motivo, podemos, eventualmente, também utilizar
esse termo, desde que estejamos cientes de que todo o
passado humano faz parte da História, isto é, das inúmeras
histórias.
61. Críticas a periodização tradicional
Outra crítica à periodização tradicional refere-se a seu
caráter eurocêntrico, já que ela foi elaborada com base no
estudo de apenas algumas regiões da Europa, do Oriente
Médio e do norte da África. Portanto, não pode ser aplicada
a todas as sociedades do mundo. No entanto, podemos
observar que essa periodização ainda serve de referência
para denominar muitas disciplinas históricas
lecionadas em várias universidades do Brasil e do mundo.
62. Críticas a periodização tradicional
Por fim, há um problema próprio de toda periodização:
como ela elege certos fatos ou acontecimentos como
marcos dos períodos, dá a falsa impressão de que as
mudanças históricas ocorrem repentinamente. Embora
exista o costume de adotar um evento como símbolo de
uma transformação, podemos dizer que, a rigor, é
impossível que um único fato possa inaugurar ou encerrar
um período histórico. Em geral, as grandes mudanças
históricas fazem parte de um processo longo e gradativo.
Assim, entendemos que toda periodização contém algo de
arbitrário ou de metáfora. Todavia, pode funcionar como
forma de convenção social