1. Socialização e Controle Social
■Os indivíduos não conseguem viver isoladamente ou
imunes a sociedade sem sofrer interferências na sua
formação e na sua individualidade.
■A esse conceito chamamos de socialização.
⃗Socialização é o processo de transmissão dos códigos
culturais de um grupo social aos indivíduos que deles
fazem parte, integrando-os à medida que interiorizam
as informações recebidas
2. Socialização e Instituição Social
■ Desde os primeiros contatos com o núcleo familiar,
passando pela formação de relações de amizade,
amorosas ou profissionais, os indivíduos são levados a
estabelecer laços com o(s) outro(s).
3. Socialização e Instituição Social
■ Segundo o sociólogo Peter Berger, a socialização
constitui a interiorização, por parte dos indivíduos, da
realidade vivida, que é subjetiva, em um
desenvolvimento que os integra em grupos sociais dos
quais fazem parte desde a infância.
⃗Isso ocorre por meios de mecanismos de socialização no
qual o mundo exterior molda o mundo interior do
indivíduo.
⃗ Esses mecanismos são: Aprendizagem, imitação e
identificação.
4. Socialização e Instituição Social
Os mecanismos de socialização acontecem em dois níveis,
Socialização primária e socialização secundária.
■Socialização Primária: Caracterizada por alto grau de
afetividade, que constituem relações primárias e de forte
proximidade entre os integrantes, interação face a face.
É nessa fase que os indivíduos internalizam e estabelecem
na maioria dos casos, relações sólidas e permanentes.
Ocorre principalmente na infância, a família é o melhor
exemplo.
6. Socialização e Instituição Social
■Socialização Secundária pode ser entendida como a
socialização que tem início no final da infância e que
continua pelo resto da vida.
Diferentemente da socialização primária os agentes são
mais diversificados, e sua atividade na adaptação do
indivíduo ao grupo em questão está relacionado às
escolhas e às situações sociais experimentadas pelos
elementos envolvidos
7. Socialização e Instituição Social
■As instituições sociais determinam as diferentes
maneiras pelas quais os indivíduos são moldados no
decurso de sua socialização.
Família escola trabalho estado
8. Socialização e instituições sociais
Por instituições sociais entende-se o conjunto
relativamente estável de padrões culturais sancionados
coletivamente e que servem como modelo para a
personalidade do indivíduo.
Dessa forma a instituição social seria o padrão
amplamente aceito que tende a atender as
necessidades criadas pelos agrupamentos humanos ao
longo do tempo.
9. Socialização e instituições sociais
O casamento é um exemplo de instituição social pois é
uma forma de relacionamento entre indivíduos
socialmente reconhecida, que supre as necessidades
sociais (reprodução e construção de um ambiente de
socialização primária) e apresenta caráter normativo
(regras como monogamia, idade mínima, proibição
entre membros da família nuclear)
10. Instituições sociais
Grupos sociais se estabelecem por meio de interesses,
práticas e valores compartilhados por um grupo de
indivíduos, enquanto as instituições sociais se referem a
padrões e normas que se aplicam aos diferentes grupos
existentes em uma sociedade.
A família é a primeira instituição social a que temos
contato.
11. Instituições sociais
Escola, responsável pela transmissão de padrões de
relacionamento com grupos aos quais não pertencemos,
do aprendizado de códigos de linguagens sociais e da
prática de valores necessários para a vida em comum.
12. Grupos Sociais
Ao longo da vida, membros de uma sociedade se inserem
em diferentes grupos sociais.
■ Tribos Urbanas
15. Grupos Sociais
Existem também, grupos sociais intermediários, a exemplo
de trabalhadores de uma categoria profissional ou de uma
empresa que atuam por muito tempo nos mesmos locais
de trabalho estabelecendo uma convivência prolongada e
compartilhando experiências profissionais semelhantes e
específicas em relação a outros grupos sociais , e podem
desenvolver laços sociais similares aqueles encontrados
nos grupos sociais primários.
17. Grupos Sociais
Até algumas décadas atrás, era comum a maior influência
de instituições sociais como a igreja e categorias
profissionais, porém conforme as transformações sociais,
culturais e econômica das últimas décadas aconteceram,
foram reduzindo o tamanho da abrangência desses
grupos na sociedade.
18. Interação Social
Por interação social entende-se o conjunto das influências
recíprocas desenvolvidas entre o indivíduo e entre os
grupos sociais a qual pertence.
Segundo o sociólogo Georg Simmel, a sociedade resulta
das interações sociais estabelecidas entre os indivíduos.
19. Interação Social
As diferentes formas de interação social, como a
cooperação, a competição e o conflito, são padrões
estáveis, ainda que possam manifestar seu conteúdo,
tanto no trabalho doméstico quanto nas atividades
escolares (cooperação; nos espertes e nos concursos
(competição), ou mesmo nas relações entre patrões e
empregados ou fazendeiros e trabalhadores rurais sem
terra (conflito)
20. Interação Social
Para o sociólogo Erving Goffman, a interação social é
realizada segundo as posições e os papéis executados por
atores e grupos sociais e ocorre nas chamadas situações
sociais, em um ambiente histórico e socialmente definido.
21. Status e Papéis Sociais
Nas diversas esferas da sociedade e nos diferentes
processos de interação, grupos e indivíduos ocupam
posições sociais associadas a diferentes graus de
prestígio, poder, direitos e deveres. Na sociologia essa
condição é denominada de Status.
O status pode ser percebido de acordo com a posição
ocupada na sociedade e na estrutura social por estruturas
e grupos, podendo ser legal (leis e normas), social (não
depende ou é estabelecido à margem da legislação),
adquirido(quando a posição de Status está relacionada ao
mérito pessoal) ou atribuído (quando a posição de status
é atribuída por outrem)
22. Status e Papéis Sociais
Cada posição de status é atribuída uma
maneira específica de agir e de se
relacionar socialmente. Estamos diante do
que a sociologia denomina papéis sociais
(comportamentos socialmente esperados
de indivíduos e grupos de uma
determinada posição de status.
O exercício de papéis sociais não pode ser
analisado separadamente das posições de
status com as quais se relaciona.
23. Controle Social
Em qualquer sociedade a
previsibilidade de comportamentos
formais e informais é condição para
que seja mantida a ordem social.
A socialização dos indivíduos
permitem inseri-los em uma
estrutura ou sistema preexistente
orientando-os para o que
denominamos conformidade, ou
seja, a ação orientada por uma
norma e seus limites de
comportamento.
24. Controle Social
O controle social pode ser analisado sob duas
perspectivas:
1º) Percebendo as relações sociais orientadas para uma
harmonia funcional, visando o desenvolvimento coletivo.
Derivada da abordagem funcionalista de Durkheim onde
a importância das regras e normas para a coesão social
indica que esse controle deveria garantir a harmonia
social. Assim o controle conformaria os indivíduos aos
sistema social, e prevendo punições caso isso não
ocorresse (anomia).
25. Controle Social
1º) Percebendo as relações sociais orientadas para uma
harmonia funcional, visando o desenvolvimento coletivo.
26. Controle Social
2º) Essa segunda abordagem parte do princípio que as
relações sociais e a realidade derivada dela são
construídas por contradições que em vez de gerar um
todo social harmônico, levam ao conflito.
Com base na tradição sociológica de Karl Marx e Max
Weber , essa crítica faz crer que os mecanismos ou
recursos que compõe o controle social estão relacionados
à defesa dos interesses de grupos específicos, que detêm
o controle econômico, cultural e político.
27. Controle Social
Nessa abordagem, o controle social está relacionado a
ideologia e se dá em diferentes instituições sociais.
Quando interpretadas como meios materiais do controle
ideológico, as instituições sociais não só representam
uma vontade coletiva construída nas interações sociais,
mas também uma forma de transformar em
comportamento padrão uma visão de mundo particular
de determinado grupo que procura manter sua posição
dominante.
28. Mecanismos de controle social
Para as ciências sociais, mecanismos são todos os
elementos sociais (estruturas, padrões culturais, status,
atos, instituições) que tem como objetivo conduzir o
conjunto das ações individuais para limites relativamente
previsíveis.
29. Mecanismos de controle social
Os mecanismos de controle social podem ser legais
(quando são organizados em leis e normas e outras
formas de expressão legal) ou sociais (quando existem
apenas como norma social coletiva, sem previsão legal)
Ex: uniformes.
30. Agentes de controle social
Os agentes de controle social são os mesmos que
realizam o processo de socialização.
*Família
*Estado
*Religião
*Meios de comunicação de massa
São considerados os mais importantes agentes de
controle social, já que eles que transmitem e fiscalizam a
adequação dos indivíduos às normas e regras gerais.
31. Agentes de controle social
Maniqueísmo: a luta do bem contra o mal, para doutrinar as crianças a
serem, boas, no caso dos desenhos animados.
32. Agentes de controle social
Louis Althusser dividiu os agentes de controle social em
dois blocos:
•Os de aparelhos repressivos, que compreendem órgãos e
instituições que estabelecem o controle social por meio
da repressão ou da possibilidade de realizá-la, como as
Forças Armadas, a polícia e o sistema judiciário.
33. Agentes de controle social
•Os de aparelhos ideológicos de Estado, que estabelecem
controle pela difusão de determinadas ideologias e
atendendo os interesses daqueles que detêm o poder.
⃗ Religião, escola, família, sindicatos e sistemas de
informação e cultura.
Essas instituições são o veículo para que a ideologia
dominante possa se difundir socialmente e possibilite o
controle social pelas classes dominantes.
34. Agentes de controle social
A perspectiva
desenvolvida por
Althusser é pessimista
em relação a capacidade
de ação autônoma do
indivíduo diante do
controle exercido pelas
classes dominantes.
35. Agentes de controle social
Carlos Nelson Coutinho critica Althusser pelo
esquecimento da história e pelo seu entendimento das
estruturas como elemento absoluto da formação social.
Em sua crítica, Coutinho denuncia o abandono da
discussão sobre o papel dos indivíduos na história e da
capacidade destes de transformá-la.
37. Agentes de controle social
Percebe-se paralelamente a influência dos meios de
comunicação sobre as sociedades, surgem também novas
formas de tecnologia de informação voltadas a produção
de visões e comportamentos alternativos.
38. Aparelhos repressivos e ideológicos do Estado
O filósofo franco-argelino Louis
Althusser dividiu os agentes de
controle sociais em dois blocos: os
de aparelhos repressivos de Estado e
o de aparelhos ideológicos de
Estado. De acordo com o estudioso,
os primeiros compreendem o
conjunto dos órgãos e instituições
que estabelecem o controle social
por meio da repressão ou da
possibilidade de realizá-la, com as
forças Armadas, a polícia e o sistema
judiciário.
39. Os aparelhos ideológicos de Estado são as instituições que
estabelecem o controle social pela difusão de determinadas
ideologias e atendem aos interesses daqueles quem detêm o
poder. Mais difundidos na sociedade contemporânea que os
aparelhos repressivos, os aparelhos ideológicos de estado seriam
representados entre outros, pelas religiões, pela escola, pela
família, pelos sistemas de informação e pela cultura. Essas
instituições são o veículo para que a ideologia dominante possa
difundir socialmente e possibilitar o controle social pelas classes
dominantes. cabe ressaltar, que para Althusser, nenhum aparelho é
somente repressivo ou ideológico, pois as duas características
estão presentes em todas as instituições, a classificação depende
de sua principal forma de ação.
Aparelhos repressivos e ideológicos do Estado
41. Quem escreveu sobre isso
Louis Althusser
Nascido na Argélia, Louis Althusser (1918-
1990) foi um pensador marxista que se
dedicou ao estudo das ideologias. Em um de
seus trabalhos mais conhecidos, Ideologia e
aparelhos ideológicos do Estado, articulou
marxismo e psicanálise para caracterizar a
ideologia como uma relação imaginária que,
convertida em práticas concretas, reproduz
as relações de produção vigentes em dada
sociedade. Para o autor, a escola é um
aparelho ideológico do Estado que contribui
para a sustentação da ordem social e
política burguesa.
Filósofo franco-argelino, Louis
Althusser é referência nos estudos
marxistas sobre ideologia. É
considerado o pai da perspectiva
crítico-reprodutivista, que
influenciou intelectuais como Pierre
Bourdieu e Jean-Claude Passeron
42. A perspectiva desenvolvida pelo autor é pessimista em relação à
capacidade de ação autônoma do indivíduo diante do controle
exercido pelas classes dominantes. A escola, por exemplo, é vista
por Althusser como o aparelho ideológico de Estado mais
significativo da sociedade contemporânea. Todas as
características da
sociedade capitalista se
reproduzem no espaço
escolar, tanto do ponto de
vista ideológico quanto do
repressivo, nas diferentes
relações sociais
estabelecidas pelos atores
sociais
Aparelhos repressivos e ideológicos do Estado
43. Essa posição, no entanto, é contestada pelo fato de pressupor um
domínio completo das estruturas sobre os indivíduos. O cientista
político Carlos Nelson Coutinho critica Althusser por seu
esquecimento da história e por seu entendimento das estruturas
como elemento absoluto da formação social. Em sua crítica,
Coutinho denuncia o abandono da discussão sobre o papel dos
indivíduos na história e a capacidade destes de transformá-la.
Aparelhos repressivos e ideológicos do Estado
44. Quem escreveu sobre isso
Carlos Nelson Coutinho
O filósofo, cientista político e crítico literário
Carlos Nelson Coutinho (1943-2012) foi um
intelectual marxista de grande influência no
Brasil. Professor emérito da Universidade
Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), teve papel importante na construção
de uma teoria política no Brasil, em
particular na crítica ao estruturalismo
marxista e na defesa da democracia como
valor universal.
O professor Carlos Nelson Coutinho,
cientista político baiano reconhecido
internacionalmente por sua análise
da obra de Gramsci.
45. O filósofo francês Michel Foucault (1926-
1984) tornou-se célebre por seus estudos
sobre a relação sociedade, poder e
individuo. Suas críticas à Psiquiatria,
prisional e a outras instituições sociais,
como as escolas e os seus estudos sobre
sexualidade e subjetividade, fizeram dele
um dos mais prestigiados pensadores do
século XX. Professor titular de História
dos Sistemas de Pensamento disciplinares
e hierárquicas, dotadas de uma
tecnologia política que visa tornar os
corpos disciplinados e controlar o espaço,
o tempo e as informações.
Sociedade disciplinar
46. Para o autor, sociedades disciplinares estruturam modelos
de controle social que articulam diferentes técnicas de
segregação, monitoramento e vigilância, as quais
perpassam a vida social por meio de uma cadeia hierárquica
desenvolveu estudos sobre a escola e as oriunda de um
poder central. Foucault desenvolveu estudos sobre a escola
e as ideias pedagógicas na Idade Moderna, identificando-as
como instrumentos de controle e dominação que visam
suprimir ou conformar os comportamentos divers gentes.
Sua percepção das sociedades disciplinares foi diretamente
influenciada pela teoria do panoptismo, proposta no século
XVIII pelo filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham (1748-
1832).
Sociedade disciplinar
47. O termo "panóptico" foi utilizado por Jeremy Bentham para referir-se a
uma unidade penitenciária idealizada por ele em 1791. Esse tipo de
projeto arquitetônico permite que um vigia observe os prisioneiros sem
que estes saibam se estão ou não sendo vistos. Também pode ser
utilizado em manicômios, escolas, fábricas e hospitais. Imortalizada por
Foucault em sua obra Vigiar e punir (1975), a teoria do panoptismo tem
sido resgatada por teóricos das novas tecnologias, como Pierre Lévy,
para referir-se ao controle exercido pelos novos meios de comunicação
sobre seus usuários.
Panoptismo
48. Quem escreveu sobre isso
Pierre Bourdieu (1930-2002) foi um sociólogo
francês que construiu sua obra referenciado em
autores clássicos como Max Weber e Karl Marx.
Em seu "estruturalismo construtivista", Bourdieu
argumentava que o mundo social é composto de
estruturas objetivas que constrangem a atuação
dos indivíduos, sendo incorporadas, legitimadas
e reproduzidas por eles. Bourdieu buscou realizar
uma "Sociologia da Sociologia”, ou seja, uma
investigação sociológica sobre a formação e a
atuação dos sociólogos.
O sociólogo francês Pierre Bourdieu
foi o criador do "estruturalismo
construtivista".
49. Percebe-se que, paralelamente à influência dos meios
de comunicação sobre a sociedade, surgem também
novos modos de utilização das tecnologias da
informação, voltados para a produção de visões e
comportamentos alternativos. Um exemplo são as
rádios e as TVs comunitárias, que usam técnicas
empregadas na produção de filmes e novelas para
apresentar uma interpretação distinta das difundidas
pela indústria cultural, ressignificando-as ao valorizar
aspectos ignorados pelas grandes empresas de
comunicação.
Meios de comunicação e tecnologias da informação
50. Outro exemplo atual são as redes sociais. Ainda que
com alcance limitado e, por vezes, marcadas pelo
consumismo e pelo individualismo, essas redes se
tornaram instrumentos importantes na produção de
novos significados e novas formas de comportamento,
que se diferenciam dos padrões estabelecidos pelas
classes sociais
dominantes.
Meios de comunicação e tecnologias da informação
51. Um bom exemplo disso foi a utilização das redes sociais nos eventos da
chamada Primavera Árabe, pois elas permitiram aos que lutavam contra
governos autoritários (que por décadas exerceram controle sobre a
população e reprimiram a oposição) transmitir e divulgar ideias e
eventos, superando o bloqueio das mídias oficiais. Assim, conseguiram
obter apoio para sua luta política em várias partes do mundo.
Meios de comunicação e tecnologias da informação
Saiba mais :
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/primavera-Arabe.htm
52. Escola: um lugar de controle ou de
aquisição de conhecimento?
A escola foi sempre um dos temas mais polêmicos na Sociologia, justamente por ter
se tornado, ao longo do século XX, uma das instituições centrais no processo de
socialização dos indivíduos. A Sociologia contemporânea, porém, observará outras
conexões entre escola, educação e sociedade. Uma das teorias mais importantes do
século XX, a de Pierre Bourdieu, aponta a escola como um espaço que reproduz as
desigualdades sociais, culturais e econômicas. No livro A reprodução, Bourdieu e
Passeron apontam que, em uma sociedade de classes, as distinções não são apenas
econômicas, mas também culturais. Assim, as classes dominantes possuem
determinadas características culturais que se distinguem das classes trabalhadoras
pelos gostos, modos de se vestir e de falar, entre outros aspectos. Para os autores, a
escola seleciona os conhecimentos e valores das classes dominantes como os de
maior valor, frequentemente menosprezando os elementos culturais das classes
trabalhadoras e auxiliando na reprodução das desigualdades sociais. Dessa forma,
os filhos das classes dominantes, já possuindo o patrimônio cultural considerado
mais importante" pelas escolas, tendem a ter maior sucesso escolar do que os das
classes trabalhadoras, reproduzindo as respectivas posições sociais das famílias de
origem e mantendo a mesma configuração das classes sociais por muitas gerações.
53. Escola: um lugar de controle ou de
aquisição de conhecimento?
Essa teoria teve amplo impacto na Sociologia, pois enfatiza os aspectos
de reprodução das desigualdades e de controle social com base em uma
instituição fundamental das sociedades que se intitulam democráticas.
Uma vez que a escola é apontada como o espaço de socialização e de
manutenção da ordem sem recurso à violência, a teoria de Bourdieu e
Passeron leva a refletir sobre o papel da escola e da "violência simbólica"
promovida por ela no contexto das sociedades ocidentais.
Diversos sociólogos passaram a repensar a escola com base nas questões
levantadas por Bourdieu e Passeron. Alguns criticaram severamente essa
visão, pois apontaram que nas instituições existem movimentos
contrários que podem mudá-las “por dentro". O sociólogo brasileiro
Décio Saes, por exemplo, aponta que no Brasil as classes dominantes
também temem que os trabalhadores adquiram “educação demais",
pelos possíveis efeitos politizadores a que isso pode levar.
54. Escola: um lugar de controle ou de
aquisição de conhecimento?
Para os jovens brasileiros, a escola representa uma trajetória obrigatória
para realizar algum tipo de mobilidade social. O "diploma" é
reconhecidamente importante para todas as famílias de classes
populares e médias, pois confere aos indivíduos a possibilidade de
receber um salário mais alto e, assim, ter maior mobilidade e
reconhecimento sociais. Assim, os jovens procuram, de diversos modos,
estar na escola, mesmo tendo de conciliá-la com atividades de trabalho e
de ajuda em casa. mentos teóricos considerados relevante e as
necessidades práticas diárias de sua vida. Isso cria neles uma grande
frustração em relação à escola e a uma atitude pragmática que se
distancia do potencial de reflexão que ela poderia promover: 0 mais
importante para esses estudantes- trabalhadores é o diploma, que terá
para eles algum uso prático na vida social.