2. Objetivos:
Identificar várias formas de conhecimento;
Identificar as particularidades do
conhecimento religioso;
Refletir sobre o alcance epistemológico do
pensamento religioso;
Relacionar o conhecimento religioso com
outras formas de conhecimento;
Metas:
No final da aula o aluno deve:
Identificar, distinguir, definir e relacionar o
conceito de conhecimento religioso com
outras formas de conhecimento, estabelecendo
assim, o alcance epistemológico de cada um...
3. O que é o conhecimento?
O conhecimento é um processo
dinâmico e inacabado, que se
constrói a partir das relações sociais
do homem ao longo do tempo.
Ela ocorre entre todos os povos,
independentemente da raça, da
crença, do status social, religião, etc.
6. Aquilo que assimilamos por tradição. Ideias que nos ajudam a
interpretar a vida e a julgar as situações do dia-a-dia.
Fundamentado em experiências vividas ou transmitidas.
A filosofia é um modo de pensar que acompanha o ser humano na
tarefa de compreender o mundo e agir sobre ele. Mais que
postura teórica, é uma atitude diante da vida (ARANHA;
MARTINS, 2003, p. 81)
Diferença entre dos diferentes tipos de conhecimento
7. Começa e termina no conhecimento religioso, pois, a fé é
institucionalizada como tradição em uma comunidade. A razão
orienta-se pela fé e ela retorna, buscando justificar a fé como
um modo de ver a realidade e de viver (PASSOS, 2010, p. 88).
Saber racional e objetivo que depende da investigação
metódica, pois, requer exatidão e clareza na busca e
aplicação de leis e discussões relevantes e verificáveis.
8. É um conhecimento valorativo cujo fundamento
se encontra no emocional, ou seja, em atos
constitutivos da pessoa humana como amor
(ZILLES, 1989, p. 69).
Faz parte da vida humana e mostra-se como um
dado desde que nossa consciência emergiu como
distintivo da espécie homo na longa escala de
hominização (PASSOS, 2010, p. 70).
É um conhecimento produzido pela humanidade
é um patrimônio desta. “ deve estar disponível
a todos os que a ele queiram ter acesso
(FONAPER, 1997, p. 21).
Conhecimento religioso
9. O homem em sua caminhada revela um desejo de conhecimento geral
das religiões, ou seja, as diferentes religiões, sua história e seu papel
nas sociedades atuais […] (LAMBERT, 2011).
Por que a religião?
Porque as pessoas tem necessidade de crer?
Como podemos viver sem a religião?
Existe algo em comum entre as religiões?
10. Então…
Afirmar a existência do conhecimento religioso significa não só partir
de sua legitimidade antropolígica, postura contrária às visões
negativas que o define como: COISA DO PASSADO; NEUROSE;
IDEOLOGIA […]
Segundo Comte a ciência deverá substituir todas as
religiões e o fenômeno só pode ser estudado
cientificamente se for publicamente comprovado,
passível de repetição, mensurável, e, além disso, o
experimento tem de ser publicado para contestação
(SOARES, 2008).
Auguste Comte
1798-1857
Auguste Comte foi um filósofo francês, considerado o fundador do
positivismo.
11. Karl Marx
1818-1883
Marx foi um filósofo e economista revolucionário alemão e um dos fundadores
do socialismo científico.
Para Marx, “a religião é o ópio do povo”. A abolição da religião
enquanto felicidade ilusória do povo é necessária para sua
felicidade real. A exigência de abandonar suas ilusões é
a exigência de que se abandone uma situação que necessita
de ilusões (LIBANEO, 1992, p. 139).
Para Freud, a religião constitui uma espécie de
neurose da infância da humanidade, ou seja, uma “neurose
obsessiva universal da humanidade”, e, tal como a neurose
obsessiva das crianças, surgiu do complexo de Édipo e do
relacionamento com o pai. Assim sendo, os ensinamentos
religiosos constituem verdadeiras “relíquias neuróticas”
Sigmund Freud
1856-1939
Sigmund Freud, foi um médico neurologista criador da psicanálise.
12. Conclui-se que:
O POSITIVISMO (Auguste Comte) não vê sentido no discurso religioso,
pois, é passível de ser ultrapassado.
Estágio teológico [os fenômenos sociais e da natureza seriam explicados
enquanto resultados das ações divinas];
Estágio metafísico [a busca por explicações recorreria a uma reflexão sobre a
essência e o significado abstrato das coisas];
Estágio positivo [as explicações sobre o mundo natural e social seriam
fabricadas através da observação dos fenômenos, da elaboração de hipóteses e
da formulação de leis universais].
O MARXISMO (Karl Marx), vê a religião como o ópio do povo, ou seja,
uma felicidade ilusória;
A PSICANÁLISE (Freud), vê a religião como uma neurose obsessiva
coletiva que diviniza uma figura paterna forte em relação ao ‘complexo de
Édipo’.
13. Origens do conhecimento religioso
A capacidade de conhecer a realidade sobrenatural e de reproduzi-la ao
grupo como verdade a ser vivenciada acompanha o desenvolvimento da
cultura humana ao longo da história.
A narratica ‘sagrada’ se faz primeiramente como repetição oral, depois
como transmissão escrita. Em ambos os casos, o ato de transmitir as
explicações religiosas significa exercício de conhecimento em processo
de ensino-aprendizagem.
14. Contudo, o conhecimento religioso pode ser entendido em dois
senido:
Sentido lato [ sentido mais abrangente e amplo…]
Sentido estrito [ sentido limitado, pessoal e individual…]
O primeiro (lato)coincide
com os sistemas míticos
que incluem o sujeito como
repetidor e cumplice das
tradições portadoras de
verdades primordiais
referentes ao mundo e ao
ser humano […] (PASSOS,
2010, p. 70)
Os mitos cosmogônicos
falam da origem do
universo...
Os mitos Teogônicos
que narram a origem dos
deuses...
15. Mito da criação do homem
A obra máxima da criação foi o homem. Deus
moldou o primeiro homem de barro e depois, com
um sopro, infundiu-lhe a vida. Deus retirou
dele uma costela e um tanto de carne e com esse
material fez a primeira mulher, dando-lhe
igualmente vida.
Destinou esses humanos ao paraíso
terrestre. Deus abençoou toda a Sua criação,
plantas, animais e homens dizendo-lhes que
crescessem e multiplicassem (PRADO,2011, p.
39)
A Criação de Adão pintado por Michelangelo por volta de 1511, que fica no teto da Capela Sistina, situada no Palácio
Apostólico, residência oficial do Papa na Cidade-Estado do Vaticano
16. O segundo sentido (estrito)
envolve diretamente a decisão e a
ação do sujeito como artífice de
suas opções religiosas,
mostrando, então, capaz de
adquirir livremente os
conhecimentos, ou seja, a
possibilidade de conquistar o
conhecimento e a salvação
mediante um aprendizado
individual […] PASSOS, 2010, p.
70)
17. Fontes do conhecimento religioso
As Escrituras [Bíblia (Cristianismo), Torá (Judaísmo), Alcorão
(Muçulmanos), a Razão, a Tradição e a Experiência.
Decisões de cortes e concílios eclesiásticos conforme expresso nos
credos e artigos de fé;
Evidências presentes na natureza do homem;
Estudo das religiões comparadas do passado e do presente;
Estudo sistemático das várias crenças e confissões religiosas;
Diálogo inter-religioso [...]
Existem várias formas/fontes de conhecimento religioso, mas, a maioria
delas é insuficiente para as necessidades religiosas do homem, [a menos
que concordem com a revelação cristã.]
18. Origens do conhecimento religioso
A capacidade de conhecer a realidade sobrenatural e de reproduzi-la ao
grupo como verdade a ser vivenciada acompanha o desenvolvimento da
cultura humana ao longo da história.
A narratica ‘sagrada’ se faz primeiramente como repetição oral, depois
como transmissão escrita. Em ambos os casos, o ato de transmitir as
explicações religiosas significa exercício de conhecimento em processo
de ensino-aprendizagem.
19. Conhecimento religioso como dado social
Karl Marx
1818-1883
Émile Durkheim leva adiante
o processo da redução
da religião ao social, ao
identificá-la com o fator de
unidade e coesão do
grupo social. "Para Durkheim,
a sociedade é a fonte dessa
'ação dinâmica que caracteriza
a religião‘.
Em um primeiro momento,
Marx desvenda a falsidade
da religião e a verdade do
ser humano. A reconciliação
do ser humano consigo
mesmo e com o mundo fará
que ele já não produza a
religião. O mundo
reconciliado é ATEU…
É. Durkheim
1858-1917
Na sociedade moderna, a religião perdeu sua função cognitiva, mas isso não implica crer que a
ciência vai suplantá-la ou eliminá-la [...] Há na religião algo de eterno e como tal, ela conserva uma
função social que constitui um impulso em direção à ação que a ciência, longe de prolongar, não
sabe dar continuidade (STEINER, 2016).
20. Insitucionalização do conhecimento religioso
O conhecimento religioso sofreu muitas mutações históricas que seguem a
capacidade de explicar com eficácia a natureza e desvendar suas leis […];
A madida que a cultura foi ampliando, o conhecimento religioso também foi
ampliado em suas possibilidades de explicar a dominar a realidade […];
O conhecimento religioso surge como capacidade humano de relacionar-se
com a realidade de várias maneiras [ técnica, sociabilidade e linguagem];
O desenvolvimento das sociedade humanas ganham formas e estruturas
dentro de um conjunto maior de criações das instituições humanas […]
21. A insitucionalização do conhecimento religioso, segundo Passos
(2010), passou por três importantes etapas, a saber:
A vida tribal;
A vida urbana;
O tempo axial.
22. A tribo foi a primeira forma de institucionalização dos sistemas dos distintos
grupos humanos;
Os mitos constituem as expressões mais antigas do conhecimento religioso;
Os homens atuais podem acessar esse tempo primordial através de rituais
que, consistem em representar os atos divinos que criaram as coisas;
O mito é um sistema de crenças que permite a ligação de todas as coisas
no espaço e no tempo;
Cada sistema mítico tem sua linguagem, deuses, narrativas, linguagens…;
O conhecimeto mítico-religioso é diferente do conhecimento elaborado em
outras civilizações mais avançadas […]
Vida tribal
23. A vida urbana foi um salto do homo sapiens em termos de domínio e
significação da realidade;
A vida urbana passa a significar o contato com as diferenças
socioculturais, o choque cultural, a necessidade da busca de
consenso e o início da experiência da individualidade autônoma;
O universal se impõe sobre o local (democracia), educacional (ideal
de ser humano), religioso, (Deus único), ético (o bem comum) […]
O conhecimento reside na superação do mito para o logos (razão),
como busca de significado universal pela via dos códigos religiosos ou
filosóficos.
Vida urbana
24. A era axial coincide com mudanças no processo de formação das
civilizações e o surgimento de novas religiões. Houve uma
passagem das religiões politeístas locais para as religiões
monoteístas universalistas e de salvação.
Ex. O Cristianismo; o Islamismo, o Induísmo e o Budismo.
Os protagonistas foram os profetas bíblicos, líderes como Confúcio
e Buda e os filósofos do período Clássico grego;
o conhecimento religioso adquire um dinamismo novo como busca
interior da verdade […]
O tempo axial
25. A racionalização religiosa
A ideia de racionalização recebeu sua formulação e aplicação mais
complexa com o Sociólogo Max Weber.
Weber concebe a história da cultura ocidental como um percurso
de progressiva racionalização […]
Ele entende que o conhecimento religioso não está distante ou é
oposto ao conhecimento racional […]
Mas, na sociedade moderna, o conhecimento religioso e a
razão científica, entram muitas vezes em conflito, pois, o
objetivo desta última é dominar e explicar a natureza sem
necessidade da religião […]
Max Weber
1864-1920
Max Weber integra o trio dos grandes pensadores clássicos responsáveis
pela fundação da Sociologia.
26. As religiões reconhecem o mistério do Mundo e atribuem a ele um
sentido [...] Para um ser humano religioso, seja qual for
sua religião , a natureza do mundo torna-se sagrada e nós
mesmos passamos a ser criação das divindades [...]
O mundo já foi muito religioso e parece estar agora "voltando" a
funcionar dessa forma, tendo, evidentemente, sofrido alterações
importantes no decorrer desses quase dois séculos de ímpeto
racionalizante, fundado na ideia de especialização, organização.
A religião como forma de organização de mundo
27. Então, podemos dizer que a religião organiza o mundo:
a) Como uma visão de realidade;
A religião fornece uma visão global da realidade que permite superar a
desordem e o acaso […];
As ações divinas convidam os seres humanos a pensar nas razões e
nos fins de suas ações no mundo […]
28. b) Normatiza da vida social
O conhecimento religioso pode ser visto como a capacidade de
distinguir o bem e o mal de “escolher o bem”e “evitar o mal” como
ensinam todas as tradições religiosas
c) Produz finalidades
O conhecimento das origens permite prever o significado último da
realidade […] o mundo tem um percusro a cumprir, determinado seja
pela vontade divina ou pela ação humana capaz de colocá-la na rota
querida por Deus.
29. O conhecimento religioso não sognifica um modo de pensar primitivo,
superado pela cultura científica, pois, ela não pode negar a
autenticidade do conhecimento religioso por insuficiencia do seu próprio
método (PASSOS, 2010, p. 83).
A fé inerente ao ser hmano
a) A fé antropológica
Todo o ser humano crê em algo não demosntrável que adota valor
orientador de suas decisões e açoes e permite a orientação do ser
humano, sendo que, nenhuma certeza pode orientá-lo […]
30. b) A fé na sociedade moderna
As sociedades modernas edificaram-se sobre a regra da razão
científica, ou seja, sobre convições de práticas políticas baseadas nas
responsabilidades concretas de dominio da razão humana sobre a
natureza e a história […]
c) A fé como princípio de conhecimento
O conhecimento lida com a verdade, ou seja, com processos e
resultados que correspondem à realidade[…] as verdades da fé são
alcançadas pela intuição e vontade, mas, o conhecimento científico
busca a verdade de fato, buscando a regularidade dos acontecimentos
na natureza […];
O conhecimento religioso ocupa-se da dinâmica que antecede o
conhecimento científico, oferecendo conteudos explícitos e caminhos
para a vivência dos valores religiosos […]
31. Referências Bibliográficas
JORGE, Marco Antonio Coutinho. Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan: A
prática analítica. Zahar, 2017.
LAMBERT, Yves. O nascimento das religiões: da pré-história às religiões universalistas.
Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 2011.
LIBÂNIO, J. B. A Religião no início do milênio. Edicoes Loyola, 2002
LIBÂNIO, J. B.. Teologia da revelação a partir da modernidade. Edicoes Loyola, 1992.
MULLINSE, dgar Young. A religião cristã - na sua expressão doutrinária. Editora
Hagnos, 2005.
PASSOS, João Décio. Teologia e outros saberes: uma introdução ao pensamento
teológico. 1ª ed. – São Paulo, Paulinas, 2010.
PRADO, Zuleika De Almeida. Mitos da Criação. Callis Editora. 2011,
SOARES, Esequias. Cristologia - a doutrina de Jesus Cristo. Editora Hagnos, 2008;
STEINER, Philippe. A Sociologia de Durkheim. Editora Vozes Limitada, 2016