2. De onde viemos?
Investigando nossas origens
• Diferentes sociedades têm dado distintas respostas
para a questão do surgimento do ser humano.
Vejamos duas delas: o criacionismo e o
evolucionismo.
3. Criacionismo
• Nas sociedades
ocidentais, em que
predomina a tradição
cultural cristã, uma
das respostas para a
origem do ser
humano decorre de
uma interpretação da
Bíblia, o livro
sagrado dos cristãos.
Trata-se da visão
denominada
criacionismo.
4. Criacionismo
• Vejamos este trecho extraído do primeiro livro da Bíblia, o Gênesis:
• No princípio, Deus criou o céu e a terra [...].
• Deus disse: “Haja luz” e houve luz. Deus viu que a luz era boa, e Deus separou a
luz e as trevas. Deus chamou à luz "dia" e às trevas "noite". [...]Deus disse: “Que a
terra produza seres
vivos segundo sua espécie: animais domésticos, répteis e feras segundo sua
espécie” e assim se fez. [...]
.
5. • Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, como nossa
semelhança, e que ele domine sobre os peixes do mar, as aves do céu, os
animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a
terra”.
• Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem
e mulher ele
os criou.
A Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulinas, 1989. Gênesis, 1:1, 3, 24, 26, 27.
6. Criacionismo
• De acordo com o criacionismo, o texto bíblico fundamenta a interpretação de
que o ser humano é
criação de Deus. E uma criação especial, pois o texto diz que o homem e a
mulher foram criados à "imagem de Deus". Isso significa que o ser humano
não é apenas algo (um corpo vivo), mas alguém (um corpo dotado de uma
alma espiritual).
• Assim, o ser humano se diferencia das demais criaturas vivas por sua
essência espiritual, que se revela no desenvolvimento de características,
como a racionalidade, a consciência reflexiva, a linguagem elaborada, a
imaginação artística e o senso de moralidade.
• Essa visão criacionista predominou em sociedades ocidentais cristãs até o
século XIX. Entretanto, com o avanço das investigações científicas e a
consolidação de uma racionalidade laica (não religiosa), uma nova teoria
alcançou a consistência para confrontar a hegemonia criacionista nos meios
científicos.
7. Evolucionismo
• Em 1859, após anos de observações e
estudos da natureza, o cientista inglês
Charles Darwin (1809-1882) publicou o livro
A origem das espécies. Nele, propôs que os
seres vivos evoluíram a partir de um
ancestral comum. Considerava também
que o mecanismo biológico pelo qual as
espécies mudaram, evoluíram e se
diferenciaram estaria baseado em uma
seleção natural. Essa proposta foi chamada
de teoria evolucionista ou evolucionismo.
8. Evolucionismo
• Darwin havia observado que, em qualquer espécie, os indivíduos não
são exatamente iguais e que, por isso, alguns se adaptam melhor
que outros a determinado ambiente. Os mais adaptados em cada
ambiente têm maiores chances de sobreviver e, dessa maneira,
podem deixar um número maior de descendentes, o que explicaria a
evolução e a diversidade das espécies.
10. Evolucionismo
Nas palavras do biólogo
contemporâneo Richard
Dawkins,
os organismos complexos
(humanos, crocodilos, alfaces)
não surgiram de repente, de
uma só vez, e sim
gradualmente, passo a passo.
E o que surgia a cada novo
passo era só um tantinho
diferente daquilo que já existia.
DAWKINS, Richard. A magia da realidade.
São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p.
28-30
11. Impactos da teoria Evolucionista
• Nas sociedades cristãs do século XIX, a teoria evolucionista
provocou forte impacto. Darwin foi duramente criticado por religiosos
e cientistas cristãos, que não aceitavam a hipótese de os seres
humanos terem "parentesco" com outras criaturas animais. Muitas
pessoas até hoje se assustam com essas ideias e as repudiam.
12. Impactos da teoria Evolucionista
• Parte do problema deve-se a uma interpretação equivocada da teoria
evolucionista, pois os cientistas que a defendem nunca afirmaram que
descendemos dos macacos. Sua hipótese é que, em algum momento
da evolução das espécies as linhagens de humanos e demais primatas
(chimpanzés, gorilas etc.) compartilharam um ancestral comum, e os
descendentes desse ancestral comum teriam evoluído por caminhos
diferentes.
• No entanto, não se deve pensar em um caminho simples e direto, ao
longo do qual nossos ancestrais “progrediram", em linha reta, em
direção aos seres humanos atuais. Ao contrário do suposto caminho em
linha reta, a situação assemelha-se mais a uma teia de relações ou a
um palco, no qual vários atores viveram um drama longo e complexo.
14. Os Primeiros humanos
Como seriam nossos ancestrais? Sabemos que a maior parte dos
humanos mais antigos não existe mais. No entanto, pesquisadores
encontraram vestígios de sua existência. Entre eles, destacam-se os
fósseis.
Australopitecos
afarensis
15. • Os fósseis fornecem pistas que permitem aos estudiosos construir
hipóteses sobre o "percurso humano". É o que fazem as seguintes
ciências:
• Paleontologia humana - estuda os fósseis dos corpos dos humanos
antigos. Em geral, são ossos e dentes, que, por serem as partes mais
resistentes, preservaram-se ao longo do tempo;
• Arqueologia - estuda objetos feitos pelos
seres humanos, como instrumentos de
pedra e metal, peças de cerâmica,
sepulturas, procurando descobrir como
eles viviam.
16. África, as nossas origens
Os cientistas chamam de hominídeos a família biológica da qual
fazem parte os seres humanos atuais e seus "parentes" ancestrais.
17. África, as nossas origens
que ali foram encontrados os fósseis humanos mais antigos. Segundo o
historiador africano Joseph Ki-Zerbo:
[...] só a África registra a presença de todas as etapas da evolução rumo
ao humano, dos Australopithecus ao Homo erectus e aos primeiros
sapiens, em diversas linhas evolutivas. [...] Nesses primeiros episódios da
longa marcha da humanidade, os mais determinantes foram a postura
ereta e os primeiros passos. [...] Virão depois o desenvolvimento do
cérebro, a palavra, a invenção das primeiras ferramentas, entre as quais o
machado de duas faces [...]; a invenção do fogo, dos ritos de significação
religiosa.
KI-ZERBO, Joseph, Africa. In: JAGUARIBE, Hélio. Um estudo crítico da História. São Paulo: Paz e Terra, 2001. p.
235-236.
18. África, as nossas origens
Da África, nossos primeiros ancestrais teriam se deslocado, aos poucos, para
outras regiões do planeta: Ásia, Europa, Austrália e América. Todo esse processo
é objeto de pesquisas contínuas.
19. África, as nossas origens
Entre os primeiros hominídeos, estão os do gênero
Australopithecus, termo que significa "macaco do sul". Viveram na
África desde, aproximadamente, 4,5 milhões de anos. Caminhavam
de pé (bipedismo), em posição semiereta, tinham estatura média de
1,20 metro, dentes molares relativamente resistentes e cérebro com
volume médio de 570 cm3. Supõe-se que sua alimentação tenha
sido baseada em vegetais, como
gramíneas, raízes, sementes e brotos,
mas acredita-se que algumas espécies
de Australopithecus também se
alimentavam de lagartos, ovos e
pequenos mamíferos. A maior parte
deles extinguiu-se há cerca de 1 milhão
de anos.
20. Gênero homo
As análises de registros fósseis também indicam que, por volta de 2
milhões de anos atrás, a "árvore" da família dos hominídeos já
apresentava outro ramo diferente dos Australopithecus. Trata-se das
espécies do gênero Homo, que inclui os seres humanos atuais.
Entre as principais espécies do gênero Homo, estão o Homo habilis, o
Homo erectus, o Homo neanderthalensis e o Homo sapiens.
21. Homo habilis
• Período: viveu há aproximadamente 2
milhões de anos.
• Local: África.
• Volume cerebral: em torno de 700 cm'.
• Alimentação: além de vegetais,
incluía uma pouco de carne.
• Habilidades: recebeu a denominação
Homo habilis (que significa "homem
habilidoso") porque, segundo os
pesquisadores, fabricou os primeiros
instrumentos de pedra e madeira.
22. Homo erectus
• Período: viveu, aproximadamente, de 1,7 milhão
até 300 mil anos atrás.
• Local: habitou a África e dispersou-se pela
Europa e Ásia, mas não chegou à América nem à
Austrália.
• Volume cerebral: cerca de 900 cm³
• Alimentação: era onívoro, isto é, comia vários
tipos de alimento. Além dos vegetais, a carne
passou a ser muito importante em sua
alimentação.
• Habilidades: foi a primeira espécie a construir
instrumentos de pedra com, aproximadamente,
uma dúzia de padrões mais definidos e
identificáveis, como machados de mão,
raspadores, facas etc. Foram os primeiros
hominídeos a praticar a caça de forma organizada
e a utilizar o fogo.
23. Homo neanderthalensis
• Período: viveu, aproximadamente, de 135 mil até 34
mil anos atrás.
• Local: habitou vasta região do mundo, incluindo partes
da Europa, do Oriente Próximo e da Ásia.
• Volume cerebral: cerca de 1400 cm3;
• Alimentação: era onívoro;
• Habilidades: desenvolveu uma série de instrumentos
de pedra (como facas, raspadores e pontas de lança) e
instrumentos de osso cuja construção exigia perfeito
controle das mãos e conceito preciso do trabalho a ser
realizado. Segundo alguns pesquisadores, possuía
linguagem falada, cuidava dos idosos e doentes de
suas comunidades e praticava rituais de sepultamento;
provávelmente era mais forte e musculoso que a
maioria das pessoas de hoje.
• Outras características: apresentava algumas
semelhanças com os seres humanos atuais (Homo
sapiens), como o tamanho do cérebro, e com o Homo
erectus, como caixa craniana com paredes grossas.
24. Homo neanderthalensis
• Período: constitui a espécie da qual fazemos
parte, cujas primeiras evidências arqueológicas
foram encontradas na África e datam de cerca
de 200 mil anos. Seus fósseis mais antigos
encontrados na Europa têm cerca de 40 mil
anos.
• Local: viveu na África, Ásia, Europa e migrou
para a América
• Volume cerebral: em torno de 1350 a 1400
cm?.
• Alimentação: onívoro.
•Habilidades: desenvolvimento da consciência
reflexiva, da linguagem falada e escrita, da
técnica, da capacidade de expressão artística,
do senso de moralidade.
26. Sapiens e neandertais
Leia, a seguir, trechos de duas notícias que foram publicadas com seis anos de
intervalo. Ambas divulgavam os resultados de pesquisas que investigaram as relações
estabelecidas entre os humanos modernos e os já extintos homens de Neandertal.
Romance improvável: humanos e neandertais
Desde 1998, quando uma ossada de 25 mil anos meio neandertal meio humana foi
encontrada em Portugal, os cientistas andam se coçando com a hipótese de que as
duas espécies tiveram relações, digamos, íntimas, por mais de 10 mil anos.
[...]
No começo do ano, porém, o italiano Giorgio Bertorelle, um geneticista que levou a
sério a teoria, resolveu comprová-la.
[...]
A equipe de Bertorelle comparou o DNA mitocontrial de neandertais e humanos de
hoje e de 24 mil anos atrás. Não encontrou nenhum traço neandertal nas pessoas,
que, em compensação, guardam a herança genética do homem de Cro-Magnon o
hominídeo moderno que conviveu com a espécie extinta.
MARTON, Fabio. Romance improvável: humanos e neandertais. In: Aventuras na História, 1° maio 2004. Disponível em:
<http://historia.abril.com.br/gente/romance-improvavel-humanos-neandertais-433624.shtml> Acesso em: 16 set. 2015.
27. Sapiens e neandertais
Neandertal e Homo sapiens conviveram e deixaram descendentes
O homem de Neandertal, espécie hominídea extinta presumivelmente há 30 mil anos,
conviveu com os primeiros homens modernos e, dessa relação, houve descendentes,
segundo um estudo [...] antecipado pela revista “P.M. Magazin".
A publicação divulga uma pesquisa iniciada há quatro anos [...], e que estabelece que
o Homo neanderthalensis, que habitou principalmente a Europa e algumas zonas da
Ásia Ocidental, não desapareceu repentinamente, como asseguravam até agora os
especialistas, e que se misturou com
o Homo sapiens.
Em 2006, especialistas [...] localizaram ossos em uma caverna na Croácia que foram
comparados com restos encontrados no noroeste da Espanha e sul da Rússia.
Os investigadores decidiram, então, comparar o genoma dos neandertais com o do
homem atual. Assim, descobriram que parte da genética daquela espécie hominídea
(...) ainda permanece no Homo sapiens.
Neandertal e Homo sapiens conviveram e deixaram descendentes. DA EFE em Berlim. 12 ago.2010. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/781761-neandertal-e-homo-sapiens-conviveram-e-deixaram-descendentes.shtml>
Acesso em: 16 set. 2015.
28. O saber reflexivo
Talvez nada caracterize melhor os Sapiens do que
o desenvolvimento do saber reflexivo - nosso
modo de saber que sabemos. Isso significa que
nossa espécie é capaz de fazer sua inteligência
debruçar-se sobre si mesma. Assim, conseguimos
tomar posse do próprio saber, avaliando sua
consistência, seu valor e seu limite.
Utilizando sua inteligência, o ser humano criou
coisas extraordinárias, mas também destruiu de
forma devastadora. Somos capazes de acumular
conhecimentos e técnicas e, no entanto,
permanecer angustiados por dúvidas profundas
que nos fazem propor novas perguntas a serem
resolvidas. Isso nos torna criadores de grandes
obras e, ao mesmo tempo, seres incompletos e
inacabados.
29. Primeiras Sociedades:
As mudanças que fizeram diferença
Ao estudar os povos ágrafos, o inglês John Lubbock (1834-1913)
desenvolveu uma periodização que adotou como critério o grau de
habilidade tecnológica na produção de instrumentos. Essa
periodização distingue pelo menos dois grandes momentos:
Paleolítico e Neolítico.
Nesta coleção, será utilizada a nomenclatura proposta por Lubbock.
No entanto, também serão considerados outros aspectos das
transformações sociais que vão além do critério tecnológico.
30. Paleolítico: caçadores e coletores
Calcula-se que o período Paleolítico abrange cerca de 99% do
tempo de existência das sociedades
humanas. Seu início é marcado pelo surgimento dos primeiros
hominídeos e estende-se até aproximadamente 8 mil a.C. Vejamos
suas características básicas.
31. Os primeiros instrumentos
Os seres humanos de diferentes regiões do mundo (África, Europa,
Oriente Médio, Ásia, América)
confeccionaram seus primeiros instrumentos utilizando madeira,
ossos, chifres e pedras. A confecção e a utilização cada vez mais
generalizadas de instrumentos são um dos principais fatores que
distinguem os seres humanos de outros animais.
32. Os primeiros instrumentos
Supõe-se que, inicialmente, os humanos utilizavam materiais como
ossos, madeiras ou pedras da
maneira que encontravam na natureza. Depois, a partir desses
materiais, começaram a confeccionar
objetos como facas, machados e arpões. Por fim, passaram a
produzir instrumentos mais padronizados, seguindo modelos. De
acordo com arqueólogos, esses parâmetros de produção identificam
distintas culturas.
33. Os primeiros instrumentos
Os instrumentos de pedra tiveram um papel relevante no Paleolítico.
Eram utilizados, por exemplo, para arrancar plantas comestíveis,
cortar e separar a casca do miolo dos frutos e confeccionar novos
instrumentos
34. Exemplo de ferramentas de pedra também achadas no sítio de Pech-de-l'Azé I, incluindo duas machadinhas (Ae D), um
raspador (B) e um pedaço denticulado (C)
(Foto: Image courtesy of the Pech-de-l’Azé I Project)
35. Sílex
Era muito comum a utilização do sílex, uma
rocha sedimentar silicatada, constituída
de quartzo criptocristalino, muito dura e
com densidade elevada. Apresenta-se
geralmente compacta, de cor
cinzenta, negra e outras. Com fratura
conchoidal.
36. Alimentação e nomadismo
No Paleolítico, os seres humanos ainda não produziam diretamente
seus alimentos, isto é, não cultivavam plantas nem criavam animais.
Consumiam o que encontravam na natureza, como frutos, grãos e
raízes, e o que caçavam e pescavam. Quando os alimentos de um
local se esgotavam, os grupos humanos se mudavam para outro.
Por essa razão, foram denominados grupos nômades caçadores-
coletores.
37. Alimentação e nomadismo
No Paleolítico, os seres humanos ainda não produziam diretamente
seus alimentos, isto é, não cultivavam plantas nem criavam animais.
Consumiam o que encontravam na natureza, como frutos, grãos e
raízes, e o que caçavam e pescavam. Quando os alimentos de um
local se esgotavam, os grupos humanos se mudavam para outro.
Por essa razão, foram denominados grupos nômades caçadores-
coletores.
38. Alimentação e nomadismo
Os primeiros humanos
viviam:
Viviam da caça, da pesca e da coleta de
frutos silvestres.
Abrigavam-se em cavernas, enquanto
outros viviam a céu aberto, por vezes em
copas de árvores.
Eram nômades (não moravam em um lugar
fixo). Viviam se deslocando de uma região a
outra, acompanhando as migrações dos
animais e buscando novas fontes de
alimento.
39. Os primeiros humanos
viviam:
Caçavam:
Mamutes;
Bisões;
Carne como alimento;
Couro para fazer roupas;
Ossos como ferramentas; Mamutes
Alimentação e nomadismo
42. Controle do fogo
O controle do fogo foi certamente uma das maiores conquistas desse
período, permitindo aos humanos suportar o frio, afastar animais perigosos
e cozinhar alimentos.
No processo de domínio do fogo, supõe-se que os humanos, a princípio,
procuravam manter aceso o fogo provocado ocasionalmente pelas forças
da natureza (um raio, por exemplo). Posteriormente, aprenderam a
produzi-lo pelo atrito de pedaços de madeira, lascas de pedra etc. A partir
de então, desenvolveram outros métodos.
43. Controle do fogo
O DOMINIO DO FOGO
POSSIBILITOU:
Aquecer nas noites frias;
Proteção contra os predadores;
Iluminar caminho e as moradias durante a
noite;
Cozinhar;
O domínio do fogo ocorreu por volta de 500
mil anos atrás.
44. A pederneira
é um sílex pirômaco, capaz de produzir faíscas
quando percutido ou
atritado por peças de metal, em especial o ferro.
Muito utilizado em peças antigas de artilharia,
espingardas, isqueiros etc., gera faíscas a 3
000°C, tornando fácil fazer fogo em qualquer
clima, em qualquer altitude, até mesmo sob
tempestades e neve. É possível fazer uma
fogueira em qualquer lugar usando apenas uma
pederneira e um pouco de vegetação seca, pois
ela funciona até mesmo estando molhada.
Controle do fogo
45. Abrigos e roupas
No decorrer do Paleolítico, grupos humanos em diferentes regiões do
planeta também desenvolveram técnicas para se proteger dos rigores do
clima. Construíram, assim, os primeiros abrigos e produziram as primeiras
roupas, com peles de animais (couro).
Além disso, foram aprimorando e diversificando a produção de
instrumentos e utensílios, como lanças, arcos, flechas, arpões, lâminas e
anzóis.
46. Abrigos e roupas
Segundo Richard Leakey:
[...] pela primeira vez, os artefatos tornaram-se obras de arte: por exemplo,
lanças feitas com chifres eram enfeitadas com gravações representando
animais vivos. E pinturas nas paredes de cavernas revelam um mundo
mental que reconheceríamos como nosso.
LEAKEY, Richard. A origem da espécie humana. São Paulo: Melhoramentos, 1982. p. 95.
47. Formas de organização social
Para melhor garantir a sobrevivência, diversas sociedades de
caçadores-coletores estabeleceram modos de cooperação entre
seus membros. Com isso, conseguiam, por exemplo, construir
abrigos em menor tempo ou desenvolver táticas de caça em
conjunto.
48.
49. Formas de organização social
Supõe-se que também
estabeleceram divisões de
tarefas. Segundo os
estudiosos, é possível que
tenha ocorrido uma divisão
do trabalho de acordo com
o sexo e a idade.
Geralmente, entre os
adultos, os homens
caçavam e as mulheres
faziam a maior parte da
coleta de alimentos
vegetais e cuidavam das
crianças.
50. Título e layout de conteúdo com lista
• km
• Adicione aqui seu segundo marcador
• Adicione aqui seu terceiro marcador
51. Formas de organização social
Conjectura-se que, em muitas sociedades de caçadores-coletores, os
alimentos obtidos eram compartilhados pelo grupo e não havia a
preocupação de estocagem. Alguns antropólogos, como Richard Leakey,
consideram que "compartilhar" era central ao modo de vida caçador-coletor
e "economizar" era central ao modo de vida agrícola-pastoril.
52. Neolítico: as sociedades agropastoris
No período Neolítico, a pedra utilizada na produção de instrumentos
começou a ser polida, sendo aprimorado o fio de seu corte. Por esse
motivo, o período também é conhecido como Idade da Pedra Polida,
enquanto o Paleolítico é chamado de Idade da Pedra Lascada. Vejamos as
principais características do Neolítico.
53. Produção agropastoril
A partir de 8000 a.C., alguns povos do Neolítico passaram a cultivar plantas
(agricultura) e a criar animais (pastoreio). Começaram, assim, a produzir a própria
alimentação.
Os tipos de plantas cultivados pelos povos neolíticos variavam de uma região para
outra, destacando-se espécies vegetais como trigo, centeio, cevada, milho, batata,
mandioca e arroz. Os animais criados foram principalmente carneiros, cabras,
bois, porcos e cavalos.
.
54.
55.
56. Produção agropastoril
À medida que essas atividades foram priorizadas, muitas comunidades
agropastoris acabaram adotando um modo de vida sedentário. Isso não
quer dizer, no entanto, que as comunidades desse período abandonaram a
coleta de frutos a caça e a pesca. Acredita-se que, durante um longo
período, elas não tiveram a agricultura e a criação de animais como formas
predominantes para a obtenção de alimentos. A adoção do sedentarismo
tampouco foi definitiva ou uniforme, pois nem todas as comunidades
abandonaram o nomadismo, isto é, o deslocamento constante para outras
regiões.
De qualquer forma, o novo modo de vida encontrado no Neolítico, que se
caracterizou pelo desenvolvimento da agricultura, da criação de animais e
das aldeias sedentárias, difundiu-se por várias regiões do planeta, mas em
épocas diferentes.
57. Produção agropastoril
Ou seja, existiram núcleos de "neolitização" em diversas regiões do
mundo, como no Oriente Próximo, no norte da China, na região
tropical da Ásia, na América do Norte (México) e na América Central.
Alguns estudiosos costumam referir-se a esse processo como
revolução agrícola.
Dominando técnicas agrícolas e pastoris, muitas comunidades
puderam produzir mais alimentos do que o necessário ao seu
consumo imediato, passando,assim, a fazer estoques.
58. Produção agropastoril
O silo servia para
armazenar grãos de
cevada.
Ele é mil anos mais
antigo que a
domesticação das
plantas e o surgimento
em larga escala de
comunidades
sedentárias.
Os arqueólogos
acharam em Dhra’ dez
estruturas usadas como
residência e para
preparação de alimentos,
além de pelo menos
quatro silos.
59. Produção agropastoril
Todo esse processo não foi brusco nem transcorreu sem problemas
nas comunidades. Estima-se que, em certas regiões do Oriente
Próximo e da América, nas fases iniciais da agricultura, o predomínio
de cereais na alimentação tenha provocado uma redução no tempo
médio de vida das pessoas, devido a carências nutricionais. Além
disso, o sedentarismo e o agrupamento de populações mais
numerosas favoreceram a propagação de epidemias, pelo maior
contato entre seus membros.
No entanto, vista de forma ampla, a chamada revolução agrícola e
pastoril contribuiu para o aumento da população humana.
60. Inovações técnicas
Além do desenvolvimento de técnicas
agropastoris, diversos povos do
Neolítico também promoveram outras
inovações:
• moradia - para viverem próximo dos
rebanhos e das plantações e conseguir
uma moradia mais durável, os povos do
Neolítico começaram a construir casas
utilizando madeira, barro, pedra e
folhagem seca. O interesse por
habitações desse tipo relaciona-se,
portanto, ao processo de
sedentarização dos povos neolíticos.
62. Inovações técnicas
• instrumentos de pedra - como já dissemos, a pedra passou a ser
polida, havendo uma série de aperfeiçoamentos técnicos em
instrumentos feitos desse material, como facas, machados, foices,
enxadas e pilões.
63. Inovações técnicas
• cerâmica - a necessidade de cozinhar e armazenar os ali-mentos levou
diversos povos do Neolítico a desenvolverem a técnica de dar forma à
argila e aquecê-la no fogo para produzir os primeiros vasos e potes
cerâmicos — recipientes que suportavam o calor do fogo e podiam conter
líquidos.
64. Inovações Técnicas
• tecelagem: vários grupos humanos começaram a fiar e a tecer, utilizando
pelos de animais e fibras vegetais. Surgiram, assim, as primeiras
vestimentas de linho, algodão e lã. As roupas, que até então eram feitas
principalmente com peles de animais (couro), passaram a ser mais
elaboradas.
65. Metalurgia
Por volta de 4000 a.C., as
primeiras sociedades
urbanas do Oriente Próximo
começaram a desenvolver
a metalurgia, ou seja, a
utilização sistemática de
metais para a fabricação de
objetos.
Os metais, muitas vezes,
eram extraídos de terras
distantes das oficinas
metalúrgicas.
66. Metalurgia
O primeiro metal a ser
fundido em larga escala foi
o cobre. Posteriormente, a
partir da mistura do cobre
com o metal estanho,
conseguiu-se o bronze.
Essa liga metálica, mais
resistente que o cobre, foi
empregada na fabricação
de instrumentos como
espadas, lanças e martelos.
Peças de bronze encontradas em Plocnik, Sérvia.
67. Metalurgia
Por volta de 1500 a.C., alguns povos desenvolveram a metalurgia do ferro,
e a nova técnica foi difundida por várias cidades do Oriente Próximo, entre
outras regiões.
Os instrumentos feitos de ferro possibilitaram significativo aumento da
produção agrícola e do artesanato. No entanto, objetos de pedra, como a
ponta das setas e as raspadeiras, continuaram sendo amplamente
utilizados.
68. Metalurgia
O desenvolvimento da metalurgia representou enorme conquista tecnológica, pois
possibilitou a produção de instrumentos e objetos resistentes, das mais varia- das
formas.
Os metais, em geral, são tão duros quanto a pedra, mas podem ser modelados na
forma que se desejar, ou seja, podem ser fundidos. A fusão do metal tornou
possível a confecção de objetos como panelas, vasos, enxadas, machados,
pregos, agulhas, facas e lanças de metal.
O trabalho metalúrgico exigiu habilidade, conhecimentos especializados e
disponibilidade de tempo.