O documento discute a importância da Pauta Formativa para orientar as atividades de formação continuada dos professores, mediadas pelo Professor Coordenador. A Pauta deve planejar atividades que coloquem os professores para refletir sobre sua prática e o que precisam aprender, com base em observações do coordenador. Também ressalta a necessidade de registro das observações e reflexões do coordenador para embasar o planejamento das formações.
1. Alguns registros sobre Pauta Formativa
A ATPC é um momento de formação continuada desses professores, cujo(a)
formador(a) é o(a) PC.É precisocuidarpara que nesses momentos a formação ocorra,
planejada e explícita em Pauta. Relevância: o formador media a formação, onde
planeja atividades em que os professores coloquem em jogo o que sabem para
buscar o que não sabem.
Toda socialização precisa ser planejada: antes dela, comumente, a Pauta traz
questões norteadoras. Essas questões são cuidadosamente pensadas para que os
professores coloquem em jogo o que sabem e possam refletir sobre o objeto
estudado. Depois disso, socializam... o formador precisa “amarrar” a discussão
através da sistematização.
Na maioriadasvezes,osprofessores realizamcoisas,porsi mesmos, sem consigna ou
encaminhamentos que validam a atividade como formativa. Nestas ocasiões, não
aparecemo(a) PCcomo formador(a),poisdá a impressão de “faça você mesmo”, sem
intervenções.
Todo objetivose escreve com VERBOS NO INFINITIVO (ex. organizar, refletir, elencar
etc);
Quando a lista de presença aparece na Pauta, é notável uma hibridização entre os
gêneros:ATA e PAUTA.Orienta-se fazeraAta à parte.Dica: Combinar um cronograma
onde cada ATPC, um professor escreve a Ata. Deixar a Pauta somente com registros
pertinentes à formação de professores: timbre da escola, título, frase (citação),
objetivos, conteúdos e atividades.
(...) Sabe-se que ao aferir o desempenho dos alunos sem acompanhar o trabalho dos
professores,ignora-seocampode ação do ProfessorCoordenador: Formador de Professores.
Ainda, o apego aos registros de autoria docente, como Diário de Classe, Plano Semanal e
Planejamento do Bimestre, não oferece informações suficientes sobre sua prática e
consequentemente, sobre a concepção de Ensino e de Aprendizagem dos docentes.
(...) Mas para que os professores repensem sobre sua prática, a conversa direcionada,
ocorrida entre PC e eles, pode não ser suficiente. Primeiramente, o Professor Coordenador
precisa pensar sobre o vínculo que mantém com os professores, ainda, refletir sobre o
contrato de relações existente. A parceria profissional consiste, antes de tudo, no
oferecimento de recursos e construção coletiva de um percurso, para que o
acompanhamentonãosejavisto como vistoria ou coação e a conversa de realinhamento seja
concebida como um diálogo com vistas à formação docente.
Acompanhar a prática docente requer um trabalho de planejamento, ação e reflexão e,
portanto, de registros. Não se altera, modifica ou intervém aquilo que não se conhece. O
Professor Coordenador saberá o que realmente ocorre na sala de aula através do
acompanhamento às aulas dos professores e da realização de registros.
2. Importa-nos mencionar que a costura entre a observação e a formação se dá pela reflexão.
Para refletir, o PC precisa dispor de um tempo, de preferência, longe do calor dos fatos, ou
seja,nodistanciamento.Considerandoquarenta horas semanais de trabalho na Coordenação
Pedagógica, algumas horas precisam ser dedicadas para este fim.
Otimizarodiálogocom osprofessorescom focoformativo implicano domíniodos objetivose
estratégias para tal, evitando que a conversa tenha a fragilidade comumente de seguir os
rumosdas justificativasvagase não pedagógicasdos docentes, tais como o reforço de rótulos
emrelaçãoaos alunos. Os melhores argumentos para o Coordenador são aqueles compostos
por registros de observação, aportes teóricos e produtos de sua reflexão. Esse movimento
implica diretamente na elaboração da Pauta de Formação utilizada em ATPC, que precisa ir
ao encontro das necessidades formativas dos docentes.
Orientações aos Professores Coordenadores – DE Campinas Leste
(Excerto das orientações para o Plano de Ação, em cotejo à Pauta Formativa)
(...) Dentre os focos das ações dos PC, é válido retomar que a atuação necessita permear os
campos dos Processos de Ensino e Aprendizagem, ou seja, no trabalho reflexivo de como se
ensina determinado objeto de ensino e de como se aprende. A linguagem simples aqui
utilizada,emnadaoneraas reflexõessobre osprocessosdodesenvolvimento das habilidades
e competências previstas no Currículo Oficial, mas as sustenta.
O trabalhodo PC,no entanto,transcende ascontribuiçõesque pode daràs reflexões sobre a
atuação pedagógicade salade aula para assumirtambémopapel de formadorde professores.
Seupúblico-alvo,portanto,é aqueleque e ensinae porisso,torna-se necessário,alémde
refletirsobre osProcessosmencionadosacima,pensarsobre suapráticaenquantoformador.
Alémdaresponsabilidadedo domínio de saberes e postura investigativa, ao formador cabe a
condutada coerência de suas ações,ou seja,atravésdas amostrase indicadoresobtidospelos
acompanhamentos da Unidade Escolar, transformar suas observações em conteúdos de
formação, planejando suas ações em relação aos profissionais, na perspectiva do que esses
profissionais já sabem e do que eles precisam aprender.
As formaçõesdoPCextrapolamos objetivos a serem alcançados através dos conteúdos e das
Estratégias de Formação: elas se tornam o exemplo a ser seguido pelos professores. Com
isso, a elaboração de formações profissionais (partindo da Pauta Formativa), garante que o
sujeito que assume o papel de modelo de formador, prossiga em paralelo à reflexão, na
introjeção da postura e comportamentos esperados nos Professores, em cotejo à concepção
sócio-construtivista.
3. Referências
PERRENOUD,Philippe. Aprática reflexivadooficiode professor: profissionalizaçãoe razão
pedagógicas.Porto Alegre:ArtmedEditora,2002.
SCARPA,Regina. Era assim,agora não... Uma proposta de formação de professoresleigos.
São Paulo:Casado PsicólogoEditora,1998.