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Concepção e proposta metodológica
Uma das referências do Programa EJA – Mundo do Trabalho é um ensino
emancipador, para contribuir na formação de sujeitos que identifiquem os próprios
interesses e leiam o mundo, como apontava Paulo Freire (1970), e nele ajam,
transformando-o.
Afinal, transmite-se ou se constrói o conhecimento?
A resposta a essa pergunta constitui um dos pilares do Programa, pois se considera
essencial desmistificar a ideia de transmissão e refletir sobre o processo de
construção do conhecimento como algo edificado histórica e socialmente.
Vários estudantes esperam um ensino tradicional, em que você, professor, apenas
“passe o conteúdo”. No entanto, para além da exposição de ideias, é preciso criar e
recriar, a cada momento, condições para que o conhecimento seja percebido como
construção social e para que os estudantes participem conscientemente desse
processo.
Para isso, é fundamental não apenas reconhecer as características dos estudantes,
mas também criar formas para que resgatem seus conhecimentos prévios e
dialoguem com o cotidiano, problematizando-o. Essa opção implica propor espaços
pedagógicos de descobertas, questionamentos e desafios sobre fatos e
acontecimentos que mobilizam a atenção e a curiosidade dos estudantes e de
valorização ou de superação de seus conhecimentos já construídos.
Os estudantes trazem, para a sala de aula, informações obtidas pela sua vivência e
suas referências culturais, e isso tem desdobramentos importantes. Afinal, ao
apresentá-las para a turma, fazem-no com um potencial para ampliação dos
conhecimentos. Como transformar tal anseio, então, em motivação para a aula?
Como estabelecer relações entre essas indagações e o conteúdo previsto na
proposta curricular de um curso? Como problematizar as superstições e fazer com
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que estas sejam confrontadas com os conhecimentos científicos? Como valorizar a
cultura da comunidade, a regional, sem desmerecer a norma culta da língua
portuguesa?
O desafio de compreender um fenômeno, seu mecanismo e suas causas pode ser
mobilizador, se for algo de real interesse para os estudantes jovens e adultos, a
exemplo do tema trabalho, e se o processo de busca contribuir para uma visão mais
ampla de sua realidade.
Para isso, pode-se contar com alguns elementos que provavelmente contribuirão
para uma concepção de educação crítica, quais sejam: o eixo integrador; a
heterogeneidade; o levantamento de conhecimentos prévios; a problematização; a
interdisciplinaridade; a orientação de estudos.
Eixo integrador
Este Programa tem como eixo integrador o “mundo do trabalho”, visando estreitar o
diálogo entre educação e a vivência dos estudantes em idade de buscar emprego ou
de permanecer no posto de trabalho. Além desse diálogo permanente, o Programa
conta também com a disciplina Trabalho na parte diversificada do currículo.
Nela serão explorados conteúdos relativos à compreensão da evolução do trabalho
na história, mas também aspectos que auxiliem os estudantes na construção do
currículo, na busca do primeiro ou de um novo emprego e, principalmente, no
reconhecimento dos conhecimentos que acumularam durante a vida. Assim, eles
conhecerão as raízes da industrialização, a organização sindical no Brasil, os direitos
trabalhistas, as diversas formas de seleção empregadas pelas empresas, as
estratégias para viabilizar um negócio por conta própria etc., como também
aprenderão a ler informações e dados relativos ao mercado de trabalho na região
em que vivem, de modo a conhecer as demandas colocadas por esse mercado e a
melhor forma de responder a elas.
2
Heterogeneidade
As turmas da EJA têm se tornado cada vez mais diversificadas no que se refere à
faixa etária dos estudantes. A princípio, elas geralmente eram compostas de adultos.
Porém, na atualidade, têm recebido cada vez mais jovens, que, por uma série de
motivos, migram do ensino regular para a EJA.
Essa nova realidade tem gerado debates relacionados à possibilidade de lidar na EJA
com turmas heterogêneas em termos etários, de modo que todos possam aprender.
É preciso que se lembre, todavia, de que as diferentes gerações convivem em
diversos espaços da vida em sociedade e agrupar estudantes de mesma idade, por
mais natural que possa parecer, nem sempre foi o critério adotado na Educação.
Nesse sentido, é importante perguntar se agrupamentos etários garantem
homogeneidade no que diz respeito às condições, às possibilidades e às expectativas
de aprendizagem, dado que esse pode ser considerado um critério arbitrário, pois
não pondera uma questão básica: todas as pessoas são diferentes umas das outras e,
portanto, todo mundo é singular.
Afinal, mesmo quando se está diante de uma sala de aula com estudantes de mesma
idade, enfrentam-se conflitos e desentendimentos, e é necessário lidar com as
diferentes expectativas que cada estudante tem com relação à sua aprendizagem.
Além disso, não se pode esquecer de que a educação não é uma questão de
oportunidade para alguns, mas um direito de todos. Sendo assim, os mais jovens –
que, ao entrarem na EJA, comumente sentem falta dos amigos que seguiram a
escolaridade regular – precisam ser bem acolhidos para se sentirem parte da turma
também. É imprescindível receber bem a todos, além de ser o profissional que
trabalha com divergências ou conflitos, atos que servirão de referência para os
estudantes.
Cabe a você, portanto, reconhecer e aproveitar a diversidade existente em sua turma
3
a favor da aprendizagem de todos, garantindo momentos nos quais os estudantes
possam compartilhar expectativas, vivências e conhecimentos de maneira
respeitosa e produtiva; afinal, todos têm muito a contribuir e a ganhar nesse
processo.
Outra dimensão a se salientar é o fato de que, para além da diversidade etária e da
singularidade de cada um, certos aspectos aproximam os estudantes da EJA, como a
trajetória escolar regular interrompida, o desejo de retomar a escolaridade, a
questão do mundo do trabalho etc., e é essencial que se esteja atento a eles. É bom
lembrar quantas aprendizagens são construídas fora do espaço escolar, de maneira
informal, em interações de toda ordem; afinal, o mundo é diverso e, por isso, a
humanidade conseguiu avançar tanto na construção do conhecimento.
Nessa mesma direção, é fundamental aproveitar as várias sugestões de
agrupamentos para realização de atividades propostas no Caderno do Estudante, a
fim de ajudá-los a organizar grupos diversificados. Assim, os estudantes terão a
oportunidade de trabalhar coletivamente, partilhar aprendizagens e, ao mesmo
tempo, ir se conhecendo. Há divergências, e elas não precisam ser evitadas, pois
podem se tornar um momento para o diálogo respeitoso, tão necessário nos dias de
hoje; afinal, aprende-se a conviver com a diferença convivendo com ela.
Levantamento de conhecimentos prévios
Na vida cotidiana, todas as pessoas utilizam o que sabem no momento de novas
aprendizagens, e, na escola, o levantamento desses conhecimentos prévios pode ser
uma estratégia didática fundamental. Para os estudantes, permite promover
aprendizagens tanto mais significativas quanto mais complexas – uma vez que
novos conhecimentos e experiências se conectam a outros anteriores, e os
ressignificam. Para os professores, o acesso a esse universo permite orientar o
planejamento e a ação docentes, tanto no que diz respeito à seleção de conteúdos e
atividades como à proposição de grupos de trabalho em que os estudantes possam
4
também aprender uns com os outros.
Na EJA, de modo geral, alguns estudantes desconhecem quanto já sabem, em razão
dos inúmeros percalços vividos nas trajetórias escolar e pessoal; é fundamental
ajudá-los a reconhecer os conhecimentos que possuem. Portanto, recorrer a essa
estratégia pode ser ainda mais expressivo, à medida que os saberes, as experiências
e os conhecimentos construídos pelos estudantes jovens e adultos ao longo da vida
podem ser considerados, respeitados e valorizados em sala de aula, de forma
intencional e sistemática. Por esse motivo, o levantamento de conhecimentos
prévios é um dos princípios deste Programa.
Vale a pena salientar que não se deve confundir a noção de conhecimentos prévios
com a de pré-requisitos, que se refere à definição arbitrária daquilo que
supostamente os estudantes deveriam saber para continuar aprendendo. Tal
concepção é um entrave ao processo de ensino, pois parte da premissa que alguns
jovens e adultos, por ainda não terem construído determinados conhecimentos,
estariam impossibilitados de construir novas aprendizagens.
Espera-se que, em todas as disciplinas, o trabalho com os conteúdos propostos seja
sempre iniciado por um momento em que esse levantamento seja realizado, uma
vez que é possível que os estudantes já conheçam alguns dos conteúdos, mas não da
maneira como são sistematizados na escola. No Caderno do Estudante, todas as
unidades apresentam a seção “Para iniciar...”, que tem como objetivo garantir um
momento específico para esse levantamento. No entanto, é importante que você
sempre promova em sala aula um clima de respeito e descontração, de forma que
todos se sintam à vontade para expressar seus saberes, suas experiências e seus
conhecimentos. Assim, conhecendo o que os estudantes já sabem, ficará bem mais
fácil propor boas situações de aprendizagem para que a turma avance.
Nessa perspectiva, salienta-se que as atividades propostas sejam desenvolvidas de
forma dialógica, abrindo espaço para que os estudantes conversem e compartilhem
experiências, motivando-os a expor o que sabem, suas expectativas, dúvidas e
5
experiências escolares e de vida. O respeito à linguagem e às referências do outro é a
base do diálogo entre todos os estudantes e você, professor.
Problematização
O cansaço de um dia de trabalho, que poderia ser superado com o prazer de
estabelecer relações, construir novos sentidos, agrava-se quando os estudantes se
veem diante de informações desconectadas de seu cotidiano e de sua realidade e
restritas exclusivamente à sala de aula. As implicações dessa distorção geram
desinteresse e provocam, não raro, evasão. Para os estudantes que, apesar da
desmotivação, não desistem, a aprendizagem torna-se, por vezes, difícil, não
prazerosa, sem concretizar seu potencial emancipador, dificultando, de certa forma,
o processo de construção do conhecimento.
Entretanto, se os estudantes notam que o conhecimento construído em sala de aula
dialoga com sua realidade, suas necessidades e seus desejos, se eles se percebem
como sujeitos ativos na relação entre ensino e aprendizagem, terão mais
oportunidades de avançar de modo autônomo nesse processo.
Os estudantes precisam também ter espaço para pensar e analisar o conhecimento
que está sendo apresentado, e, nesse caminho, é fundamental poder dialogar,
refletir, obter mais ideias de acordo com as dúvidas que possam ter surgido e, assim,
sistematizar internamente esse conhecimento, apreendendo-o, pois debate significa
interação.
A problematização tem papel fundamental na relação entre teoria e prática, bem
como no diálogo com a visão de mundo e os interesses dos estudantes. O cotidiano,
muitas vezes percebido apenas como recurso para ilustrar uma informação, é objeto
de estudo fundamental, porque somente com base em uma reflexão sobre a
realidade é possível transformá-la.
A problematização proposta em todas as disciplinas, em geral no começo de cada
6
Unidade, precisa ser mobilizadora e estabelecer relação com as características e os
interesses dos estudantes. Quando necessário, ela pode e deve ser substituída por
outra que seja mais estimulante para determinada turma.
Mesmo assim, professor, muitas vezes você vai se deparar com a dificuldade em
lidar com a diferença de culturas em uma base dialógica, obstáculo comumente
presente na Educação de Jovens e Adultos. Para esse processo, a problematização
tem função essencial, tanto para permitir que o conhecimento prévio dos estudantes
se apresente como para estimular a necessidade de compreender o que não
compreendem – algo que só acontecerá se o problema tiver significado para eles.
Tal perspectiva propõe experimentação ou investigação prática ou mental para
posterior reflexão. Em ambos os casos, é uma ação que busca levar à construção do
conhecimento. Este vai sendo construído, portanto, em função de desafios e
problemas a serem resolvidos. Parafraseando Gaston Bachelard (1977): para a
construção do saber científico, é necessário haver uma questão, pois, se ela é
inexistente, não haverá conhecimento efetivamente científico.
Interdisciplinaridade
O conhecimento de mundo não se fragmenta em disciplinas ou áreas de
conhecimento. A experiência de um adulto, mesmo a de um jovem adulto, não é
disciplinar, pois o conhecimento é construído na vida cotidiana, que por si só é
“interdisciplinar”, sem recortes de uma ou outra “disciplina”, apesar de a percepção
sobre a realidade que o cerca envolver diferentes áreas do conhecimento – ou seja,
sua realidade não se encaixa em uma disciplina específica, mas é possível percebê-la
em várias delas ao mesmo tempo, de maneira entrecruzada. Essa característica
apresenta a você, professor, o desafio de lidar com um conjunto amplo de
informações e conceitos, correndo o risco de não propiciar aos estudantes o
exercício de descobrir a dinâmica própria da disciplina, seja de Matemática,
Ciências, História ou Geografia, ou de não lhes dar condições para “ler” a realidade,
7
entendê-la de forma não fragmentada para nela intervir como sujeito.
No enfrentamento dessa questão, professor, o Programa tem uma perspectiva
interdisciplinar que valoriza a dinâmica própria de cada área de conhecimento, de
modo que os estudantes incorporem as diversas áreas como parte de sua cultura.
Porém, salienta-se a necessidade de trazer para o dia a dia a possibilidade de
construir um conhecimento integrado, não fragmentado, “fazer ciência”, “fazer arte”,
questionar criticamente o que se vê e o que se sente, e não aceitar acontecimentos
como tacitamente óbvios nem informações como verdades. Investigar causas e
consequências, buscar relações entre os fatos, mergulhar nessas relações à procura
de respostas e de perguntas reveladoras são ações fundamentais.
A interdisciplinaridade é uma das propostas metodológicas que visam romper as
fronteiras rígidas das áreas de conhecimento, a fim de compreender um processo de
totalização. É aqui entendida como a articulação e o diálogo entre as várias
disciplinas, cuja dinâmica e especificidade são também respeitadas.
A prática interdisciplinar não é incoerente com a organização das disciplinas, uma
vez que a integração dos conhecimentos possibilita uma compreensão mais
abrangente das situações. Ela pressupõe o compartilhamento e o olhar dialético dos
professores, buscando, a princípio, a prática interdisciplinar em questões pontuais
para, posteriormente, planejar de maneira mais ampla a integração das disciplinas.
O objetivo é realçar a complexidade da questão estudada, compreendendo o seu
contexto e as relações existentes entre as disciplinas.
Cada escola em que o Programa EJA – Mundo do Trabalho será desenvolvido
certamente terá condições diferentes, que trarão possibilidades e dificuldades
diversas. A equipe de professores será desafiada a um trabalho conjunto, em
constante conflito com a dinâmica disciplinar das áreas. Uma das ferramentas para
enfrentar esse desafio é a definição clara de objetivos – “saber aonde se quer
chegar”. Nesse sentido, reitera-se a importância do trabalho como eixo norteador e
fundamental, em que a prática e a experimentação, definidas como ponto de partida,
8
sejam essenciais.
Orientação de estudos na Educação de Jovens e Adultos
O Programa EJA – Mundo do Trabalho tem por objetivo não somente possibilitar aos
estudantes a conclusão do Ensino Fundamental, mas favorecer a continuidade da
sua trajetória de formação, tanto na escola como fora dela. Para tanto, considera
fundamental ao processo educativo levar em conta as especificidades dos
estudantes dessa modalidade de ensino, conhecendo e considerando as trajetórias
de vida desses jovens e adultos – e compreendendo-as no contexto de desigualdades
que marca a formação social do Brasil.
Compreender esse histórico, e suas repercussões ao longo do processo de ensino e
aprendizagem, permite ao professor encontrar saídas para um desafio. Se, por um
lado, cabe a ele auxiliar na sedimentação da autonomia dos estudantes, por meio da
construção de conhecimentos, por outro, esses jovens e adultos em geral: não
contam com o tempo necessário fora de sala de aula para a realização de tarefas e
estudos complementares; e não tiveram oportunidade de se apropriar de diferentes
estratégias e procedimentos de estudo.
Uma boa alternativa para lidar com esse desafio é fazer que os diferentes
procedimentos de estudo tornem-se também conteúdos de ensino, uma vez que a
aprendizagem desses procedimentos não ocorrerá de forma espontânea, como
aponta Paulo Freire (1981). Ela precisa ser trabalhada por todos os professores
envolvidos com a formação dos estudantes.
Por esse motivo, faz-se necessário garantir momentos específicos para a realização
de ações que envolvam o ato de estudar, e que contribuirão também para a vida
profissional desses jovens e adultos. É fundamental discutir e exercitar os diferentes
procedimentos de estudo, destacando, com o grupo, como: identificar a ideia central
de um texto ou grifar os aspectos mais relevantes em função dos objetivos de
leitura; produzir anotações com base nas aulas; organizar esquemas, resumos,
fichamentos; desenvolver pesquisas na biblioteca e/ou na internet etc.
9
No Programa, como estratégia metodológica, desde o 6º ano/1º termo, os Cadernos
do Estudante das diversas disciplinas apresentam atividades que envolvem o ensino
de tais procedimentos, que também são sugeridos e orientados nos Cadernos do
Professor.
Uma vez que os procedimentos de estudo se ancoram na leitura e na escrita, há,
inclusive, em Língua Portuguesa, no 7º ano/2º termo, uma unidade específica sobre
o tema “estudar também se aprende”, acompanhada pelo vídeo Estudar: como se
aprende?. Esse pode ser um material de apoio interessante para que professores de
outras disciplinas planejem, desenvolvam e sistematizem o trabalho com a turma,
tomando esse conteúdo como objeto de ensino e aprendizagem em sua área
específica.
Além dos procedimentos aqui destacados, vale salientar, ainda, a relevância de
incorporar, às atividades cotidianas propostas em sala de aula, a prática de registros
(ver Mills, 2009) que ajudem na organização e seleção de informações, tais como a
produção de relatórios, comentários e fichamentos, para que os estudantes
historiem e compartilhem suas novas aprendizagens.
Assegurar o direito à educação é também garantir condições para que os jovens e
adultos da EJA se apropriem de instrumentos essenciais para a construção de novos
conhecimentos que fomentem sua autonomia. Essas aprendizagens que envolvem o
ato de estudar são fundamentais nessa direção.
Classes multisseriadas: algumas considerações
As classes multisseriadas ainda hoje são uma realidade em vários países do mundo,
sobretudo em áreas rurais, pois se configuram como uma possibilidade de oferta de
ensino em locais de difícil acesso ou com reduzida demanda por escolaridade.
Diante de tais circunstâncias, constituem-se como portadoras de importância social
para certos segmentos da população, a exemplo do que ocorre no sistema de
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educação prisional.
No entanto, para pensar a organização do trabalho pedagógico nesse contexto, é
preciso considerar aspectos distintos daqueles que caracterizam o ensino seriado.
Eles envolvem desde a formação inicial e continuada dos professores até a seleção e
a organização curricular, o planejamento do cotidiano educativo e a (re)organização
dos tempos, dos espaços e das aprendizagens escolares.
Contudo, muitas vezes, diante dos dilemas e das urgências característicos da sala de
aula, tais aspectos acabam relegados a segundo plano. Nesses casos, algumas vezes a
heterogeneidade etária das turmas acaba sendo entendida como um entrave ao
processo de ensino e aprendizagem. É importante lembrar, conforme já colocado,
que todas as classes são heterogêneas – mesmo no ensino regular seriado – e que
tomar tal realidade como um problema pode levar os professores a se concentrar
principalmente nos aspectos que diferenciam os estudantes, desconsiderando tudo
aquilo que os aproxima. Com isso, podem deixar de aproveitar a riqueza das trocas
possíveis nessa experiência.
Não se está, com isso, deixando de lado as dificuldades e os desafios que se impõem
ao trabalho cotidiano com as classes multisseriadas. Ao contrário, a intenção é
sugerir possíveis caminhos para lidar com a diversidade que caracteriza esse
trabalho, o que pressupõe organização e planejamento diferenciados dos tempos e
dos espaços educativos, de modo a possibilitar aprendizagens para todos. No caso
da Educação de Jovens e Adultos, esse enfoque ganha uma nova dimensão, uma vez
que precisam ser consideradas também as especificidades dessa modalidade de
ensino.
Em primeiro lugar, professor, é conveniente selecionar os conteúdos essenciais a ser
trabalhados em cada ano/termo. Desse modo, é possível organizar o trabalho
cotidiano de cada disciplina, bem como estabelecer relações interdisciplinares e/ou
entre anos/termos, que podem auxiliá-lo na preparação de cada atividade, seja ela
individual, em grupo ou coletiva. Nessa mesma direção, é essencial apreender o que
11
os estudantes já sabem sobre o conteúdo a ser discutido, levando em conta que
alguns deles apresentam maiores conhecimentos em dada disciplina do que em
outra, especialmente em razão das experiências acumuladas ao longo da trajetória
de vida. Além disso, essa estratégia oferece elementos que lhe permitem rever e
adequar seu planejamento.
Relatos registrados em outros momentos de formação indicam que a opção de
fortalecer o coletivo é sempre positiva e enriquecedora, tanto para o processo de
ensino e aprendizagem quanto para a construção de um espaço colaborativo e
solidário, que repercute na construção de vínculos. Dessa forma, o levantamento dos
conhecimentos prévios, princípio metodológico do Programa, é um recurso
integrador, uma vez que favorece a participação de estudantes de diferentes
anos/termos.
Esses elementos também permitem (re)organizar a rotina de trabalho com
atividades em diversas configurações, como: problematizações para a turma acerca
de um tema aglutinador dos conteúdos selecionados; planejamento coletivo para a
execução de trabalhos em pequenos grupos, em que cada um deles tenha atividades
específicas, em virtude dos objetivos de aprendizagem previstos; situações de
discussão em duplas, para posterior socialização das aprendizagens; atividades
individuais; e, também, momentos expositivos, com as intervenções pedagógicas
necessárias. A seguir, citam-se algumas possibilidades.
Pode-se selecionar uma mesma temática para ser trabalhada com toda a turma, de
modo interdisciplinar, abordando conteúdos de maneira mais ou menos complexa,
de acordo com o nível de conhecimento dos estudantes e os objetivos de ensino.
Nessa direção, professor, sugere-se que as atividades propostas na disciplina
Trabalho sejam desenvolvidas com toda a turma simultaneamente e sem distinção,
considerando que os conteúdos abordados são comuns aos estudantes da EJA. Essa
dinâmica também é favorecida pelo fato de alguns temas serem tratados em mais de
uma disciplina, o que permite, por exemplo, aproximações entre Geografia, História
e Trabalho, ou mesmo entre Matemática e Trabalho.
12
Os vídeos especialmente produzidos para o Programa também são alternativas para
a organização de momentos coletivos, pois podem ser assistidos por todos e atuar
como desencadeadores de atividades específicas. Nesses casos, dependendo dos
objetivos de ensino, é importante organizar agrupamentos específicos em função
dos conhecimentos dos estudantes, a fim de garantir que estes possam avançar em
suas aprendizagens. Com essa configuração, você pode, em cada aula, atender
determinado grupo. Desse modo, professor, no decorrer do ano/termo, é possível
acompanhar tanto a dinâmica dos grupos quanto o avanço nas aprendizagens dos
estudantes.
É importante salientar, nessa discussão, que o processo de ensino e aprendizagem
não se restringe ao uso de um material específico, seja ele didático ou paradidático.
Um bom material, via de regra, auxilia o trabalho do professor, mas o ato de ensinar
não se limita à realização das atividades nele propostas. Se assim o fosse, o trabalho
docente já teria sido extinto diante dos materiais existentes, sem considerar as
possibilidades colocadas pelas novas tecnologias da informação. É o professor quem
sistematiza os conhecimentos, quem faz com que os estudantes realizem o
“artesanato intelectual” essencial à construção de conhecimentos válidos, não
somente para o mundo do trabalho, mas para sua formação humana, haja vista ser
essa uma face importante da escola.
Nessa perspectiva, cumpre ressaltar a importância de garantir a todos os
professores momentos específicos para estudo, planejamento e compartilhamento
de boas experiências educativas como condição essencial ao trabalho docente e à
melhoria da qualidade das aprendizagens dos estudantes.
Referências bibliográficas
Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz Terra, 2009.
Mills, Wright. O artesanato intelectual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2009.
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  • 1. Concepção e proposta metodológica Uma das referências do Programa EJA – Mundo do Trabalho é um ensino emancipador, para contribuir na formação de sujeitos que identifiquem os próprios interesses e leiam o mundo, como apontava Paulo Freire (1970), e nele ajam, transformando-o. Afinal, transmite-se ou se constrói o conhecimento? A resposta a essa pergunta constitui um dos pilares do Programa, pois se considera essencial desmistificar a ideia de transmissão e refletir sobre o processo de construção do conhecimento como algo edificado histórica e socialmente. Vários estudantes esperam um ensino tradicional, em que você, professor, apenas “passe o conteúdo”. No entanto, para além da exposição de ideias, é preciso criar e recriar, a cada momento, condições para que o conhecimento seja percebido como construção social e para que os estudantes participem conscientemente desse processo. Para isso, é fundamental não apenas reconhecer as características dos estudantes, mas também criar formas para que resgatem seus conhecimentos prévios e dialoguem com o cotidiano, problematizando-o. Essa opção implica propor espaços pedagógicos de descobertas, questionamentos e desafios sobre fatos e acontecimentos que mobilizam a atenção e a curiosidade dos estudantes e de valorização ou de superação de seus conhecimentos já construídos. Os estudantes trazem, para a sala de aula, informações obtidas pela sua vivência e suas referências culturais, e isso tem desdobramentos importantes. Afinal, ao apresentá-las para a turma, fazem-no com um potencial para ampliação dos conhecimentos. Como transformar tal anseio, então, em motivação para a aula? Como estabelecer relações entre essas indagações e o conteúdo previsto na proposta curricular de um curso? Como problematizar as superstições e fazer com 1
  • 2. que estas sejam confrontadas com os conhecimentos científicos? Como valorizar a cultura da comunidade, a regional, sem desmerecer a norma culta da língua portuguesa? O desafio de compreender um fenômeno, seu mecanismo e suas causas pode ser mobilizador, se for algo de real interesse para os estudantes jovens e adultos, a exemplo do tema trabalho, e se o processo de busca contribuir para uma visão mais ampla de sua realidade. Para isso, pode-se contar com alguns elementos que provavelmente contribuirão para uma concepção de educação crítica, quais sejam: o eixo integrador; a heterogeneidade; o levantamento de conhecimentos prévios; a problematização; a interdisciplinaridade; a orientação de estudos. Eixo integrador Este Programa tem como eixo integrador o “mundo do trabalho”, visando estreitar o diálogo entre educação e a vivência dos estudantes em idade de buscar emprego ou de permanecer no posto de trabalho. Além desse diálogo permanente, o Programa conta também com a disciplina Trabalho na parte diversificada do currículo. Nela serão explorados conteúdos relativos à compreensão da evolução do trabalho na história, mas também aspectos que auxiliem os estudantes na construção do currículo, na busca do primeiro ou de um novo emprego e, principalmente, no reconhecimento dos conhecimentos que acumularam durante a vida. Assim, eles conhecerão as raízes da industrialização, a organização sindical no Brasil, os direitos trabalhistas, as diversas formas de seleção empregadas pelas empresas, as estratégias para viabilizar um negócio por conta própria etc., como também aprenderão a ler informações e dados relativos ao mercado de trabalho na região em que vivem, de modo a conhecer as demandas colocadas por esse mercado e a melhor forma de responder a elas. 2
  • 3. Heterogeneidade As turmas da EJA têm se tornado cada vez mais diversificadas no que se refere à faixa etária dos estudantes. A princípio, elas geralmente eram compostas de adultos. Porém, na atualidade, têm recebido cada vez mais jovens, que, por uma série de motivos, migram do ensino regular para a EJA. Essa nova realidade tem gerado debates relacionados à possibilidade de lidar na EJA com turmas heterogêneas em termos etários, de modo que todos possam aprender. É preciso que se lembre, todavia, de que as diferentes gerações convivem em diversos espaços da vida em sociedade e agrupar estudantes de mesma idade, por mais natural que possa parecer, nem sempre foi o critério adotado na Educação. Nesse sentido, é importante perguntar se agrupamentos etários garantem homogeneidade no que diz respeito às condições, às possibilidades e às expectativas de aprendizagem, dado que esse pode ser considerado um critério arbitrário, pois não pondera uma questão básica: todas as pessoas são diferentes umas das outras e, portanto, todo mundo é singular. Afinal, mesmo quando se está diante de uma sala de aula com estudantes de mesma idade, enfrentam-se conflitos e desentendimentos, e é necessário lidar com as diferentes expectativas que cada estudante tem com relação à sua aprendizagem. Além disso, não se pode esquecer de que a educação não é uma questão de oportunidade para alguns, mas um direito de todos. Sendo assim, os mais jovens – que, ao entrarem na EJA, comumente sentem falta dos amigos que seguiram a escolaridade regular – precisam ser bem acolhidos para se sentirem parte da turma também. É imprescindível receber bem a todos, além de ser o profissional que trabalha com divergências ou conflitos, atos que servirão de referência para os estudantes. Cabe a você, portanto, reconhecer e aproveitar a diversidade existente em sua turma 3
  • 4. a favor da aprendizagem de todos, garantindo momentos nos quais os estudantes possam compartilhar expectativas, vivências e conhecimentos de maneira respeitosa e produtiva; afinal, todos têm muito a contribuir e a ganhar nesse processo. Outra dimensão a se salientar é o fato de que, para além da diversidade etária e da singularidade de cada um, certos aspectos aproximam os estudantes da EJA, como a trajetória escolar regular interrompida, o desejo de retomar a escolaridade, a questão do mundo do trabalho etc., e é essencial que se esteja atento a eles. É bom lembrar quantas aprendizagens são construídas fora do espaço escolar, de maneira informal, em interações de toda ordem; afinal, o mundo é diverso e, por isso, a humanidade conseguiu avançar tanto na construção do conhecimento. Nessa mesma direção, é fundamental aproveitar as várias sugestões de agrupamentos para realização de atividades propostas no Caderno do Estudante, a fim de ajudá-los a organizar grupos diversificados. Assim, os estudantes terão a oportunidade de trabalhar coletivamente, partilhar aprendizagens e, ao mesmo tempo, ir se conhecendo. Há divergências, e elas não precisam ser evitadas, pois podem se tornar um momento para o diálogo respeitoso, tão necessário nos dias de hoje; afinal, aprende-se a conviver com a diferença convivendo com ela. Levantamento de conhecimentos prévios Na vida cotidiana, todas as pessoas utilizam o que sabem no momento de novas aprendizagens, e, na escola, o levantamento desses conhecimentos prévios pode ser uma estratégia didática fundamental. Para os estudantes, permite promover aprendizagens tanto mais significativas quanto mais complexas – uma vez que novos conhecimentos e experiências se conectam a outros anteriores, e os ressignificam. Para os professores, o acesso a esse universo permite orientar o planejamento e a ação docentes, tanto no que diz respeito à seleção de conteúdos e atividades como à proposição de grupos de trabalho em que os estudantes possam 4
  • 5. também aprender uns com os outros. Na EJA, de modo geral, alguns estudantes desconhecem quanto já sabem, em razão dos inúmeros percalços vividos nas trajetórias escolar e pessoal; é fundamental ajudá-los a reconhecer os conhecimentos que possuem. Portanto, recorrer a essa estratégia pode ser ainda mais expressivo, à medida que os saberes, as experiências e os conhecimentos construídos pelos estudantes jovens e adultos ao longo da vida podem ser considerados, respeitados e valorizados em sala de aula, de forma intencional e sistemática. Por esse motivo, o levantamento de conhecimentos prévios é um dos princípios deste Programa. Vale a pena salientar que não se deve confundir a noção de conhecimentos prévios com a de pré-requisitos, que se refere à definição arbitrária daquilo que supostamente os estudantes deveriam saber para continuar aprendendo. Tal concepção é um entrave ao processo de ensino, pois parte da premissa que alguns jovens e adultos, por ainda não terem construído determinados conhecimentos, estariam impossibilitados de construir novas aprendizagens. Espera-se que, em todas as disciplinas, o trabalho com os conteúdos propostos seja sempre iniciado por um momento em que esse levantamento seja realizado, uma vez que é possível que os estudantes já conheçam alguns dos conteúdos, mas não da maneira como são sistematizados na escola. No Caderno do Estudante, todas as unidades apresentam a seção “Para iniciar...”, que tem como objetivo garantir um momento específico para esse levantamento. No entanto, é importante que você sempre promova em sala aula um clima de respeito e descontração, de forma que todos se sintam à vontade para expressar seus saberes, suas experiências e seus conhecimentos. Assim, conhecendo o que os estudantes já sabem, ficará bem mais fácil propor boas situações de aprendizagem para que a turma avance. Nessa perspectiva, salienta-se que as atividades propostas sejam desenvolvidas de forma dialógica, abrindo espaço para que os estudantes conversem e compartilhem experiências, motivando-os a expor o que sabem, suas expectativas, dúvidas e 5
  • 6. experiências escolares e de vida. O respeito à linguagem e às referências do outro é a base do diálogo entre todos os estudantes e você, professor. Problematização O cansaço de um dia de trabalho, que poderia ser superado com o prazer de estabelecer relações, construir novos sentidos, agrava-se quando os estudantes se veem diante de informações desconectadas de seu cotidiano e de sua realidade e restritas exclusivamente à sala de aula. As implicações dessa distorção geram desinteresse e provocam, não raro, evasão. Para os estudantes que, apesar da desmotivação, não desistem, a aprendizagem torna-se, por vezes, difícil, não prazerosa, sem concretizar seu potencial emancipador, dificultando, de certa forma, o processo de construção do conhecimento. Entretanto, se os estudantes notam que o conhecimento construído em sala de aula dialoga com sua realidade, suas necessidades e seus desejos, se eles se percebem como sujeitos ativos na relação entre ensino e aprendizagem, terão mais oportunidades de avançar de modo autônomo nesse processo. Os estudantes precisam também ter espaço para pensar e analisar o conhecimento que está sendo apresentado, e, nesse caminho, é fundamental poder dialogar, refletir, obter mais ideias de acordo com as dúvidas que possam ter surgido e, assim, sistematizar internamente esse conhecimento, apreendendo-o, pois debate significa interação. A problematização tem papel fundamental na relação entre teoria e prática, bem como no diálogo com a visão de mundo e os interesses dos estudantes. O cotidiano, muitas vezes percebido apenas como recurso para ilustrar uma informação, é objeto de estudo fundamental, porque somente com base em uma reflexão sobre a realidade é possível transformá-la. A problematização proposta em todas as disciplinas, em geral no começo de cada 6
  • 7. Unidade, precisa ser mobilizadora e estabelecer relação com as características e os interesses dos estudantes. Quando necessário, ela pode e deve ser substituída por outra que seja mais estimulante para determinada turma. Mesmo assim, professor, muitas vezes você vai se deparar com a dificuldade em lidar com a diferença de culturas em uma base dialógica, obstáculo comumente presente na Educação de Jovens e Adultos. Para esse processo, a problematização tem função essencial, tanto para permitir que o conhecimento prévio dos estudantes se apresente como para estimular a necessidade de compreender o que não compreendem – algo que só acontecerá se o problema tiver significado para eles. Tal perspectiva propõe experimentação ou investigação prática ou mental para posterior reflexão. Em ambos os casos, é uma ação que busca levar à construção do conhecimento. Este vai sendo construído, portanto, em função de desafios e problemas a serem resolvidos. Parafraseando Gaston Bachelard (1977): para a construção do saber científico, é necessário haver uma questão, pois, se ela é inexistente, não haverá conhecimento efetivamente científico. Interdisciplinaridade O conhecimento de mundo não se fragmenta em disciplinas ou áreas de conhecimento. A experiência de um adulto, mesmo a de um jovem adulto, não é disciplinar, pois o conhecimento é construído na vida cotidiana, que por si só é “interdisciplinar”, sem recortes de uma ou outra “disciplina”, apesar de a percepção sobre a realidade que o cerca envolver diferentes áreas do conhecimento – ou seja, sua realidade não se encaixa em uma disciplina específica, mas é possível percebê-la em várias delas ao mesmo tempo, de maneira entrecruzada. Essa característica apresenta a você, professor, o desafio de lidar com um conjunto amplo de informações e conceitos, correndo o risco de não propiciar aos estudantes o exercício de descobrir a dinâmica própria da disciplina, seja de Matemática, Ciências, História ou Geografia, ou de não lhes dar condições para “ler” a realidade, 7
  • 8. entendê-la de forma não fragmentada para nela intervir como sujeito. No enfrentamento dessa questão, professor, o Programa tem uma perspectiva interdisciplinar que valoriza a dinâmica própria de cada área de conhecimento, de modo que os estudantes incorporem as diversas áreas como parte de sua cultura. Porém, salienta-se a necessidade de trazer para o dia a dia a possibilidade de construir um conhecimento integrado, não fragmentado, “fazer ciência”, “fazer arte”, questionar criticamente o que se vê e o que se sente, e não aceitar acontecimentos como tacitamente óbvios nem informações como verdades. Investigar causas e consequências, buscar relações entre os fatos, mergulhar nessas relações à procura de respostas e de perguntas reveladoras são ações fundamentais. A interdisciplinaridade é uma das propostas metodológicas que visam romper as fronteiras rígidas das áreas de conhecimento, a fim de compreender um processo de totalização. É aqui entendida como a articulação e o diálogo entre as várias disciplinas, cuja dinâmica e especificidade são também respeitadas. A prática interdisciplinar não é incoerente com a organização das disciplinas, uma vez que a integração dos conhecimentos possibilita uma compreensão mais abrangente das situações. Ela pressupõe o compartilhamento e o olhar dialético dos professores, buscando, a princípio, a prática interdisciplinar em questões pontuais para, posteriormente, planejar de maneira mais ampla a integração das disciplinas. O objetivo é realçar a complexidade da questão estudada, compreendendo o seu contexto e as relações existentes entre as disciplinas. Cada escola em que o Programa EJA – Mundo do Trabalho será desenvolvido certamente terá condições diferentes, que trarão possibilidades e dificuldades diversas. A equipe de professores será desafiada a um trabalho conjunto, em constante conflito com a dinâmica disciplinar das áreas. Uma das ferramentas para enfrentar esse desafio é a definição clara de objetivos – “saber aonde se quer chegar”. Nesse sentido, reitera-se a importância do trabalho como eixo norteador e fundamental, em que a prática e a experimentação, definidas como ponto de partida, 8
  • 9. sejam essenciais. Orientação de estudos na Educação de Jovens e Adultos O Programa EJA – Mundo do Trabalho tem por objetivo não somente possibilitar aos estudantes a conclusão do Ensino Fundamental, mas favorecer a continuidade da sua trajetória de formação, tanto na escola como fora dela. Para tanto, considera fundamental ao processo educativo levar em conta as especificidades dos estudantes dessa modalidade de ensino, conhecendo e considerando as trajetórias de vida desses jovens e adultos – e compreendendo-as no contexto de desigualdades que marca a formação social do Brasil. Compreender esse histórico, e suas repercussões ao longo do processo de ensino e aprendizagem, permite ao professor encontrar saídas para um desafio. Se, por um lado, cabe a ele auxiliar na sedimentação da autonomia dos estudantes, por meio da construção de conhecimentos, por outro, esses jovens e adultos em geral: não contam com o tempo necessário fora de sala de aula para a realização de tarefas e estudos complementares; e não tiveram oportunidade de se apropriar de diferentes estratégias e procedimentos de estudo. Uma boa alternativa para lidar com esse desafio é fazer que os diferentes procedimentos de estudo tornem-se também conteúdos de ensino, uma vez que a aprendizagem desses procedimentos não ocorrerá de forma espontânea, como aponta Paulo Freire (1981). Ela precisa ser trabalhada por todos os professores envolvidos com a formação dos estudantes. Por esse motivo, faz-se necessário garantir momentos específicos para a realização de ações que envolvam o ato de estudar, e que contribuirão também para a vida profissional desses jovens e adultos. É fundamental discutir e exercitar os diferentes procedimentos de estudo, destacando, com o grupo, como: identificar a ideia central de um texto ou grifar os aspectos mais relevantes em função dos objetivos de leitura; produzir anotações com base nas aulas; organizar esquemas, resumos, fichamentos; desenvolver pesquisas na biblioteca e/ou na internet etc. 9
  • 10. No Programa, como estratégia metodológica, desde o 6º ano/1º termo, os Cadernos do Estudante das diversas disciplinas apresentam atividades que envolvem o ensino de tais procedimentos, que também são sugeridos e orientados nos Cadernos do Professor. Uma vez que os procedimentos de estudo se ancoram na leitura e na escrita, há, inclusive, em Língua Portuguesa, no 7º ano/2º termo, uma unidade específica sobre o tema “estudar também se aprende”, acompanhada pelo vídeo Estudar: como se aprende?. Esse pode ser um material de apoio interessante para que professores de outras disciplinas planejem, desenvolvam e sistematizem o trabalho com a turma, tomando esse conteúdo como objeto de ensino e aprendizagem em sua área específica. Além dos procedimentos aqui destacados, vale salientar, ainda, a relevância de incorporar, às atividades cotidianas propostas em sala de aula, a prática de registros (ver Mills, 2009) que ajudem na organização e seleção de informações, tais como a produção de relatórios, comentários e fichamentos, para que os estudantes historiem e compartilhem suas novas aprendizagens. Assegurar o direito à educação é também garantir condições para que os jovens e adultos da EJA se apropriem de instrumentos essenciais para a construção de novos conhecimentos que fomentem sua autonomia. Essas aprendizagens que envolvem o ato de estudar são fundamentais nessa direção. Classes multisseriadas: algumas considerações As classes multisseriadas ainda hoje são uma realidade em vários países do mundo, sobretudo em áreas rurais, pois se configuram como uma possibilidade de oferta de ensino em locais de difícil acesso ou com reduzida demanda por escolaridade. Diante de tais circunstâncias, constituem-se como portadoras de importância social para certos segmentos da população, a exemplo do que ocorre no sistema de 10
  • 11. educação prisional. No entanto, para pensar a organização do trabalho pedagógico nesse contexto, é preciso considerar aspectos distintos daqueles que caracterizam o ensino seriado. Eles envolvem desde a formação inicial e continuada dos professores até a seleção e a organização curricular, o planejamento do cotidiano educativo e a (re)organização dos tempos, dos espaços e das aprendizagens escolares. Contudo, muitas vezes, diante dos dilemas e das urgências característicos da sala de aula, tais aspectos acabam relegados a segundo plano. Nesses casos, algumas vezes a heterogeneidade etária das turmas acaba sendo entendida como um entrave ao processo de ensino e aprendizagem. É importante lembrar, conforme já colocado, que todas as classes são heterogêneas – mesmo no ensino regular seriado – e que tomar tal realidade como um problema pode levar os professores a se concentrar principalmente nos aspectos que diferenciam os estudantes, desconsiderando tudo aquilo que os aproxima. Com isso, podem deixar de aproveitar a riqueza das trocas possíveis nessa experiência. Não se está, com isso, deixando de lado as dificuldades e os desafios que se impõem ao trabalho cotidiano com as classes multisseriadas. Ao contrário, a intenção é sugerir possíveis caminhos para lidar com a diversidade que caracteriza esse trabalho, o que pressupõe organização e planejamento diferenciados dos tempos e dos espaços educativos, de modo a possibilitar aprendizagens para todos. No caso da Educação de Jovens e Adultos, esse enfoque ganha uma nova dimensão, uma vez que precisam ser consideradas também as especificidades dessa modalidade de ensino. Em primeiro lugar, professor, é conveniente selecionar os conteúdos essenciais a ser trabalhados em cada ano/termo. Desse modo, é possível organizar o trabalho cotidiano de cada disciplina, bem como estabelecer relações interdisciplinares e/ou entre anos/termos, que podem auxiliá-lo na preparação de cada atividade, seja ela individual, em grupo ou coletiva. Nessa mesma direção, é essencial apreender o que 11
  • 12. os estudantes já sabem sobre o conteúdo a ser discutido, levando em conta que alguns deles apresentam maiores conhecimentos em dada disciplina do que em outra, especialmente em razão das experiências acumuladas ao longo da trajetória de vida. Além disso, essa estratégia oferece elementos que lhe permitem rever e adequar seu planejamento. Relatos registrados em outros momentos de formação indicam que a opção de fortalecer o coletivo é sempre positiva e enriquecedora, tanto para o processo de ensino e aprendizagem quanto para a construção de um espaço colaborativo e solidário, que repercute na construção de vínculos. Dessa forma, o levantamento dos conhecimentos prévios, princípio metodológico do Programa, é um recurso integrador, uma vez que favorece a participação de estudantes de diferentes anos/termos. Esses elementos também permitem (re)organizar a rotina de trabalho com atividades em diversas configurações, como: problematizações para a turma acerca de um tema aglutinador dos conteúdos selecionados; planejamento coletivo para a execução de trabalhos em pequenos grupos, em que cada um deles tenha atividades específicas, em virtude dos objetivos de aprendizagem previstos; situações de discussão em duplas, para posterior socialização das aprendizagens; atividades individuais; e, também, momentos expositivos, com as intervenções pedagógicas necessárias. A seguir, citam-se algumas possibilidades. Pode-se selecionar uma mesma temática para ser trabalhada com toda a turma, de modo interdisciplinar, abordando conteúdos de maneira mais ou menos complexa, de acordo com o nível de conhecimento dos estudantes e os objetivos de ensino. Nessa direção, professor, sugere-se que as atividades propostas na disciplina Trabalho sejam desenvolvidas com toda a turma simultaneamente e sem distinção, considerando que os conteúdos abordados são comuns aos estudantes da EJA. Essa dinâmica também é favorecida pelo fato de alguns temas serem tratados em mais de uma disciplina, o que permite, por exemplo, aproximações entre Geografia, História e Trabalho, ou mesmo entre Matemática e Trabalho. 12
  • 13. Os vídeos especialmente produzidos para o Programa também são alternativas para a organização de momentos coletivos, pois podem ser assistidos por todos e atuar como desencadeadores de atividades específicas. Nesses casos, dependendo dos objetivos de ensino, é importante organizar agrupamentos específicos em função dos conhecimentos dos estudantes, a fim de garantir que estes possam avançar em suas aprendizagens. Com essa configuração, você pode, em cada aula, atender determinado grupo. Desse modo, professor, no decorrer do ano/termo, é possível acompanhar tanto a dinâmica dos grupos quanto o avanço nas aprendizagens dos estudantes. É importante salientar, nessa discussão, que o processo de ensino e aprendizagem não se restringe ao uso de um material específico, seja ele didático ou paradidático. Um bom material, via de regra, auxilia o trabalho do professor, mas o ato de ensinar não se limita à realização das atividades nele propostas. Se assim o fosse, o trabalho docente já teria sido extinto diante dos materiais existentes, sem considerar as possibilidades colocadas pelas novas tecnologias da informação. É o professor quem sistematiza os conhecimentos, quem faz com que os estudantes realizem o “artesanato intelectual” essencial à construção de conhecimentos válidos, não somente para o mundo do trabalho, mas para sua formação humana, haja vista ser essa uma face importante da escola. Nessa perspectiva, cumpre ressaltar a importância de garantir a todos os professores momentos específicos para estudo, planejamento e compartilhamento de boas experiências educativas como condição essencial ao trabalho docente e à melhoria da qualidade das aprendizagens dos estudantes. Referências bibliográficas Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz Terra, 2009. Mills, Wright. O artesanato intelectual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2009. 13