2. Autor: Tiago Monteiro de Messias
Título e subtítulo: Formação de educadores: o papel do formador para uma prática significativa
Edição: 1ª
Local: Santo André
Nome do Editor: Elos Educacional
Ano da publicação: 2018
ISBN: 978-85-54968-01-4
3. Pensar sobre o papel do formador de educadores e os
desafios que estão ligados a essa ação não é uma tarefa tão
simples. Não é mesmo? Primeiro, porque ao discorrer acerca
de formação é preciso, antes de tudo, refletir sobre quais são
as concepções que sustentam as compreensões sobre essa
ação. Segundo, ao se ter claro o que é formação, cabe
significar qual é o papel do profissional que atua na formação
de educadores.
A fim de avançar um pouco nesse assunto, vamos iniciar
nosso diálogo a partir do primeiro elemento trazido. Buscamos
esse caminho, pois, para nós, é importante conceituar
formação para que, a partir disso, pautemos uma discussão
sobre o sujeito formador.
4. Fazemos essa primeira pergunta a respeito dessa diferença,
tendo em vista diversas percepções sobre o assunto. Podemos,
por um lado, afirmar que formação são momentos os quais
estudamos para ter maiores conhecimentos que podem ser
utilizados (ou não) em situações existentes, bem como a
circunstâncias que ainda virão e estão atreladas, por vezes, a uma
certificação. Nessa perspectiva, temos por exemplos momentos
institucionais como a própria formação inicial, palestras, cursos,
simpósios, pós-graduações e demais espaços controlados. Assim,
o caráter de imersão, treinamento, atualização e/ou reciclagem
estão relacionados à formação.
Assim, iniciamos com a
seguinte reflexão: formação
como processo ou ação(s)
pontual(s)?
5. Por outro lado, há estudos que conceituam a formação como
um processo constituído por ações, espaços e momentos plurais
que fomentam a reflexão sobre a prática. Autores como Tardif,
Garcia, Canário, Placco, Imbernón e tantos outros assumem uma
discussão relevante a ampliar o que, essencialmente, é formação.
Aqui, o caráter de necessidades pontuais e reais atreladas ao
contexto é altamente relevante, sendo elas pontos de partida para
debates e (re)significação de práticas, bem como a existência de
um espaço plural em detrimento de um momento hermético, a
favor da ampliação de debates, trazendo o sujeito para o centro de
sua formação são características que se alinham a essas
concepções.
6. Pensando nisso, nós compreendemos formação como um processo intencional e interacional
constituído de diversos momentos mais ou menos organizados previamente que promovam uma
reflexão a favor do desenvolvimento profissional.
Por se ter claro que o conceito de formação abrange todo esse processo, é importante, logo,
refletir sobre o papel do formador de educadores, tendo em vista que concepção e prática
caminham juntas.
É inevitável, ao pensarmos o processo formativo, nos questionarmos: afinal, qual é o papel do
formador externo ao contexto dos profissionais que estão no processo formativo? Bem, essa
pergunta insurge muitas dúvidas, afinal, se preconizamos um processo que se alicerce em
contextos e necessidades reais, como esse sujeito não inserido em todos os contextos pode
contribuir para o desenvolvimento profissional do outro?
7. Abaixo, no sentido de ampliar algumas ideias, trazemos elementos que podem gerar uma autorreflexão. Cabe dizer,
ainda, que não se trata das únicas possibilidades. Elas podem ser significadas à medida que cada leitor se depare com um
novo desafio:
é importante entendermos o papel do formador em cada
momento! Por vezes, incorre-se em assumir uma postura
de professor que, de certa maneira, deixa a demonstrar a
não valorização dos saberes do próprio grupo. Para isso,
pensar previamente o objetivo de cada momento da
formação é essencial! A partir desse mapeamento,
valorize a discussão propositiva e responsável do grupo,
sendo você um agente para instigar, questionar e
mobilizar o grupo a problematizar e não assumir um
papel de queixa.
Mediar versus professorar:
8. Demonstrar humildade
e corresponsabilidade :
a imagem do formador se constitui a partir de como ele
comunica ao público. Assim, cuide de como você se
comunica, demonstrando interesse e respeito a cada
participante, cuidando da linguagem verbal e comportamental
(incluindo vestimenta, olhares e silenciamentos). Além disso,
corresponsabilize o grupo, não só na fala, mas na prática,
trazendo-os para o centro do processo. Isso significa não
aceitar qualquer queixa, mobilizar o grupo a sair de sua zona
de conforto, criar um ambiente seguro para descordar e
demonstrar sua fragilidade, também.
9. se consideramos que a formação se assenta em um contexto próprio
com sujeitos únicos, é essencial saber mais sobre o público. Busque
investigar quem é esse grupo, qual(s) o perfil e cultura da turma,
aproprie-se de informações prévias. Por exemplo: para discutir com
gestores escolares de determinada Rede de ensino, é essencial conhecer
a estrutura da rede (quem constitui a equipe gestora), qual é o IDEB da
rede/escola, se há horário coletivo na rede, entre outras informações
alinhadas ao foco da formação. Esses são itens que podem fazer parte
de seu estudo prévio. Muitas vezes, não potencializamos a formação por
estarmos (totalmente) alheios ao contexto do grupo, mostrando, assim,
certa fragilidade, despreparo e, até mesmo, desinteresse em relação ao
grupo.
Conhecer o público:
10. alie esses dois eixos! Os saberes técnico e acadêmico são a base para
propor uma discussão. Então, assuma papel ativo de estudante antes da
formação, buscando aprofundar teorias e instrumentos para ilustrar suas
indicações e lhe repertoriar. No entanto, não é só o saber acadêmico que
garante uma boa formação! Ter experiência e conhecimento da prática é
muito importante! Sobre isso, acreditamos que para ser um bom formador
não precisa, condicionalmente, ter assumido todas as posições na escola
e secretaria de Educação. De fato, é um desafio, porém ele é dirimido
quando exercitamos o pensamento crítico e hipotético. Dessa maneira, é
exigido de nós, formadores, maior compreensão do público para uma
argumentação que preconize a prática fundamentada.
Ter conhecimento teórico
e conhecimento tácito:
11. Percebemos no decorrer deste e-book que a atuação do
formador de educadores envolve muitas nuances que
desafiam esse profissional a se revisitar para alinhar suas
concepções sobre formação e sua prática. Esse movimento é
complexo e, por vezes, doloroso, haja vista que necessita se
perceber sempre incompleto e em busca de aprender
sempre mais, tanto em relação a saberes acadêmicos, mas,
também, em relação a aspectos socioemocionais.
Como dito no início deste texto, pensar formação e o papel
do formador são desafios reais! Então, convidamos você,
leitor, a refletir sobre sua atuação e busque, também, a partir
do que for trazido por meio de sua memória, questionar sua
prática para avançar em seu desenvolvimento profissional.
12. Doutorando em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Mestre em Educação:
Formação de Formadores pela mesma instituição e graduado em Letras, pela Universidade Federal do Ceará.
Tiago Monteiro de Messias