2. O conceito de Proteção Integrada (PI)
De acordo com a Diretiva do Conselho da União Europeia e do Parlamento, em fase de avaliação,
que estabelece um quadro de ação a nível comunitário para a utilização sustentável dos produtos
fitofarmacêuticos, a proteção integrada consiste:
“avaliação ponderada de todos os métodos de proteção das culturas disponíveis e integração de medidas
adequadas para diminuir o desenvolvimento de populações de organismos nocivos e manter a utilização dos
produtos fitofarmacêuticos e outras formas de intervenção a níveis económica e ecologicamente justificáveis,
reduzindo ou minimizando os riscos para a saúde humana e o ambiente. A proteção integrada privilegia o
desenvolvimento de culturas saudáveis com a menor perturbação possível dos ecossistemas agrícolas e
incentiva mecanismos naturais de luta contra os inimigos das culturas”.
3. O conceito de Proteção Integrada (PI)
Ou seja, a PI visa controlar os inimigos das culturas de uma forma económica, eficaz e com
menores riscos para o Homem e para o meio ambiente;
A PI recorre à utilização racional, equilibrada e integrada de todos os meios de luta disponíveis,
sejam eles genéticos, culturais, biológicos, biotécnicos e químicos, com o intuito de manter os níveis de
população de inimigos das culturas a níveis que não causem prejuízos;
4. O conceito de Proteção Integrada (PI)
É então importante a realização da estimativa de risco, ou seja, a monitorização continua da
cultura, com o intuito de se detetar os seus principais inimigos, e avaliar a partir da intensidade do seu ataque,
os possíveis estragos ou prejuízos que estes possam causar;
Em PI é de todo importante possuir conhecimentos relativos à cultura e dos inimigos-chave de
maneira a avaliar a indispensabilidade da intervenção;
5. Princípios gerais da Proteção Integrada (PI)
Princípio 1: aplicar medidas de prevenção e/ou o controlo dos inimigos das culturas;
Princípio 2: utilizar métodos e instrumentos adequados de monitorização dos inimigos das culturas;
Princípio 3: ter em consideração os resultados da monitorização e da estimativa de risco na tomada de
decisão;
Princípio 4: dar preferência aos meios de luta não químicos;
6. Princípios gerais da Proteção Integrada (PI)
Princípio 5: aplicar os produtos fitofarmacêuticos mais seletivos tendo em conta o
alvo biológico em vista e com o mínimo de efeitos secundários para a saúde humana,
os organismos não visados e o ambiente;
Princípio 6: reduzir a utilização dos produtos fitofarmacêuticos e outras formas de
intervenção ao mínimo necessário;
Princípio 7: recorrer a estratégias anti-resistência para manter a eficácia dos
produtos, quando o risco de resistência do produto for conhecido;
Princípio 8: verificar o êxito das medidas fitossanitárias aplicadas, com base nos
registos efetuados no caderno de campo.
7. Legislação Proteção Integrada (PI)
Decreto-lei nº256/2009 de 24 de setembro, que estabelece os princípios de aplicação do
modo de proteção integrada.
Decreto-lei nº37/2013 de 13 de março, que estabelece o regime das normas técnicas
aplicadas a proteção integrada.
8. Componentes Essenciais da Proteção Integrada (PI)
1.Estimativa do risco;
2.Nível económico de ataque (NEA);
3.Seleção dos meios de luta;
4.Tomada de decisão.
9. Estimativa do risco
A estimativa de risco não é mais do que a determinação da intensidade de ataque do inimigo, a
partir de observações de campo e/ou metodologias complementares;
Uma vez que é uma prática exigente em termos de tempo esta deverá ser limitada aos períodos de
risco (conhecimento da cultura e do inimigo);
É necessário também conhecer os fatores de nocividade que podem afetar positivamente ou
negativamente a ação do inimigo;
10. Estimativa do risco
O conhecimento dos períodos de risco é importante, para se efetuar uma correta estimativa de
risco, bem como o conhecimento das condições meteorológicas favoráveis (pragas e doenças);
Intensidade do ataque é efetuada a partir de técnicas de amostragem. Estas devem ser rigorosas,
serem fáceis de executar, fáceis de interpretar e de custos acessíveis.
12. Estimativa do risco
O conhecimento dos períodos de risco é importante, para se efetuar uma correta estimativa de
risco, bem como o conhecimento das condições meteorológicas favoráveis (pragas e doenças);
Intensidade do ataque é efetuada a partir de técnicas de amostragem. Estas devem ser rigorosas,
serem fáceis de executar, fáceis de interpretar e de custos acessíveis.
14. Estimativa de Risco – medidas diretas
Observação visual
Consiste na observação de um determinado número de órgãos representativos
das árvores na parcela em questão;
O objetivo é a quantificação periódica de pragas e doenças, ou dos seus
estragos e/ou prejuízos, bem como a presença de auxiliares;
Este procedimento é efetuado sobre a cultura, no entanto por vezes surge a
necessidade de complementar esta análise com a colheita de amostras e posterior análise
em laboratório.
A titulo informativo para uma parcela até os 4ha, são observados aproximadamente 100 órgãos, de
acordo com o inimigo em causa, sendo que são observados 2 órgãos por árvore, em 50 árvores, distribuídas
aleatoriamente pela parcela. Caso estejamos na presença de uma parcela de maiores dimensões, é necessário
proceder ao aumento do número de órgãos observados.
15. Estimativa de Risco
Observação visual - medida direta
A periodicidade com que se efetuam as observações, bem como o número e tipo
de órgãos a observar variam de acordo com o inimigo, época de observação e a existência de
risco;
Para se realizar esta técnica de amostragem, a observação visual, devemos
percorrer a parcela em zig-zag entre duas linhas, escolhendo aleatoriamente uma árvore de
um lado e do outro da linha. Devem então totalizar-se as unidades estipuladas na metodologia
de estimativa de risco, de maneira a percorrer a totalidade da parcela.
16. Estimativa de Risco
Observação visual- medida direta
Caso se esteja a observar pragas, então deve registar-se o número total de indivíduos observados
por ramo/raminho/rebento/folha/fruto. Ou então pode ser calculada a percentagem de órgãos ocupados/atacados
no total de árvores observadas.
Folha de castanheiros afetada pela vespa da
galha do castanheiro e presença de torymus
sinensis – Luta biológica)
Fonte: Mensageiro de bragança
17. Estimativa de Risco
Observação visual- medida direta
Caso se esteja a observar doenças, nos períodos de risco, deve verificar-se periodicamente a
intensidade de ataque, ao longo do pomar em zig-zag, avaliando-se a presença de sintomas de acordo com a
seguinte escala:
0 – Ausência;
1 – ate 10% do órgãos atacado (ramo, folha ou fruto);
2 – 10-25% do órgão atacado (ramo, folha ou fruto);
3 - > 25% do órgão atacado (ramo, folha ou fruto);
18. Estimativa de Risco
Observação visual- medida direta
Após a observação das plantas, deve determinar-se a incidência da doença ao nível da parcela,
recorrendo-se a seguinte escala:
0 – Ausência;
1 – focos ou plantas isoladas (presença incipiente);
2 – 25-50% da superfície da parcela atacada (ataque médio);
3 – >50% da superfície da parcela atacada (ataque intenso);
19. Estimativa de risco
Medidas indiretas
Objetivo ?
Capturar fitófagos e auxiliares entomófagos através de dispositivos apropriados (armadilhas de
interceção e atração).
Posteriormente devem ser identificados e quantificados.
20. Estimativa de Risco
Medidas indiretas
Técnica das pancadas
Objetivo:
O objetivo desta técnica é a captura “de surpresa” de pragas e fauna auxiliar, no seu meio
natural, que de outra forma seriam difíceis de observar, em diferentes árvores;
A titulo informativo para uma parcela até 4ha, deve ser efetuado este procedimento em 50
árvores, que representem a parcela em questão, realizando-se três pancadas (rápidas e seguidas), em dois
ramos de cada árvore.
Contudo, caso a parcela em questão apresente uma dimensão superior a 4ha então é necessário
aumentar a dimensão da amostra.
22. Estimativa de Risco
Medidas indiretas
Armadilhas (monitorização)
Esta técnica é utilizada para fornecer informação relativa à época de aparecimento e provável
atividade de certa praga e/ou auxiliares;
Utilizadas para determinar o início e o pico do voo das pragas, fornecendo informação sobre o modo
correto de posicionar os produtos fitofarmacêuticos;
As armadilhas também fornecem informação sobre os grupos de auxiliares representativos na parcela;
23. Estimativa de Risco
Medidas indiretas
Armadilhas
No entanto as estimativas de risco não podem basear-se somente na contagem dos indivíduos
capturados nas armadinhas, pois nem sempre se verifica uma relação direta entre as capturas e os estragos
provocados pelas pragas;
Para algumas pragas como a traça da oliveira, deve conjugar-se por exemplo a informação das
capturas com a observação visual dos órgãos atacados (folhas/inflorescências/frutos), sendo esta a forma mais
correta de efetuar a estimativa de risco.
24. Estimativa de risco
Medidas indiretas
Armadilhas
Para alguns inimigos das culturas, a maneira mais correta de se estimar o risco, é de se realizar a
observação visual dos órgãos nas árvores e complementar essa informação com a informação obtida pela
armadinhas. Por exemplo no caso das Prunóideas, pode recorrer-se a utilização de armadilhas de atração
(sexuais, cromotrópicas e alimentares).
25. Estimativa de risco
Medidas indiretas
Armadilhas
Armadilha sexual individualizada
Armadilha tipo delta possui uma base de cola e um difusor de feromona especifico para a espécie
a monitorizar.
Este tipo de armadilha pode ser utilizado para captura de bichado da fruta, bem como para a
monitorização das populações de mosca do mediterrâneo. Geralmente é colocada, uma armadilha por cada 3 a
4ha, numa zona média da copa da árvore.
Fonte: infoagro
26. Estimativa de risco
Medidas indiretas
Armadilhas
Devem ser realizadas observações semanais, efetuando-se a contagem do número de indivíduos
capturados/colados na base da armadilha, em cada armadilha. O difusor colocado na armadilha deve ser
substituído de acordo com a periodicidade indicada na embalagem;
27. Estimativa de risco - Medidas indiretas
Armadilhas
Armadilha cromotrópica
Armadilha cromotrópica - normalmente de coloração amarela, com cola em ambos os lados. Tem
por base a resposta dos artrópodes aos estímulos visuais. A esta armadilha podemos acoplar uma capsula de
feromona sexual para atrair machos, funcionando como estimulo visual e sexual.
Na cultura das Prunóideas pode ser utilizada para a monitorização de adultos da mosca da cereja,
mosca do mediterrâneo e auxiliares. Normalmente a coloração é utilizadas para tripes. Este tipo de armadilhas
são colocadas a partir de março.
Fonte: wikipedia
28. Estimativa de risco
Medidas indiretas
Armadilhas alimentares
Armadilha mosqueira ou McPhail.
Este tipo de armadilhas é utilizado para monitorizar machos e fêmeas de dípteros.
Neste tipo de armadilhas pode ser colocado um atrativo alimentar (mais eficiente na captura de
fêmeas) e/ou um atrativo sexual (mais eficiente na captura de machos);
Podem ser armadilhas alimentares, sexuais e cromotrópicas.
Colocação da armadilha de maio a outubro, partir da formação do fruto.
Devem ser colocadas duas armadilhas, uma na bordadura e outra no centro da parcela e semanalmente
deve ser verificado o líquido e o atrativo alimentar.
Fonte: wikipedia
29. Estimativa de risco
Medidas indiretas
Cintas armadilha
Este tipo de armadilha pode ser utilizado para a captura de ninfas moveis da cochonilha de S. José.
Antes de se iniciar as eclosões, deve-se colocar as cintas com cola branca, em ambos os lados, em volta dos
ramos atacadas, com o intuito de detetar o início e pico das eclosões.
Fonte:integracaodaserra Fonte: agrozapp
30. Estimativa de risco
Medidas indiretas
Armadilhas
Aspirador
Este dispositivo não é seletivo, isto é, recolhe por sucção os artrópodes (pragas e auxiliares) que
existem nas varias partes das árvores ou plantas.
31. Proteção Integrada
Nível económico de ataque (NEA)
O significado do nível económico de ataque (NEA) está relacionado com dois aspetos que
definem o conceito de proteção integrada (PI). O aspeto ecológico, ou seja, o equilíbrio biológico de uma
cultura com tolerância de organismos nocivos, e o aspeto económico, ou seja, a compensação do agricultor, isto
é, obter uma produção sem perdas significativas, com produtos de qualidade, com o menor número de
tratamentos e com a melhoria do solo e ambiente.
“intensidade de ataque a partir do qual se devem aplicar medidas limitativas ou de combate para impedir que o
aumento da população atinja níveis em que se verifiquem prejuízos de importância económica”
32. Proteção Integrada
Tomada de decisão
“A tomada de decisão baseia-se na análise global da estimativa de risco, na referência a níveis
económicos de ataque e na seleção dos meios de proteção, de modo a fornecer uma decisão fundamentada sobre
a indispensabilidade de intervenção, os meios de luta a adotar, privilegiando a integração dos meios de luta
cultural, genética, biológica e biotécnica e a seleção dos produtos fitofarmacêuticos, se for o caso”
(Diário da republica, 1.º Serie – Nº 186 - 24 de Setembro de 2009)
Ou seja, com base na estimativa de risco e nos níveis económicos de ataque é realizada a tomada
de decisão e são escolhidos os meios de luta.
33.
34. Luta Química
Em PI apenas se recorre à luta química quando nenhum outro meio de proteção, ou outros em conjunto,
foram eficazes na limitação das populações dos inimigos das culturas.
Utilização apenas de produtos fitofarmacêuticos autorizados para a finalidade
(cultura/inimigo);
Fonte: atomicagro
35. Proteção Integrada
Caderno de campo
Deve ser efetuado no caderno de campo o registo, devidamente datado, das intervenções
fitossanitárias e outras praticas culturais, de maneira a garantir a rastreabilidade e a qualidade da proteção
fitossanitária, de acordo com a legislação em vigor.
Os agricultores devem “verificar o êxito das medidas fitossanitárias aplicadas, com base nos
registos efetuados no caderno de campo.”
36. Proteção Integrada
Caderno de campo
Devem ser registadas no caderno de campo obrigatoriamente, pelo utilizador profissional:
• Todas as operações efetuada na parcela durante a campanha;
• Os estados fenológicos;
• Práticas culturais;
• Estimativa de risco;
• Levantamento dos auxiliares;
• Meios de luta utilizados;
• Data da realização dos tratamentos fitossanitários;
• Onde e quando foram adquiridos os produtos fitofarmacêuticos utilizados nos tratamentos
fitossanitários.
37. Proteção Integrada
Caderno de campo
Tratamentos fitossanitários
Para além da informação referente à
finalidade tratada (cultura/inimigo ou finalidade do
tratamento) deve ainda indicar a área tratada, qual o
produto fitofarmacêutico utilizado e respetiva substância
ativa, bem como, a dose e o volume de calda utilizado e
a data em que o tratamento foi efetuado.
38. Vantagens da Proteção Integradas
Proteger a saúde do agricultor, recorrendo a produtos menos tóxicos;
Adotar mecanismos naturais de regulação das pragas, doenças e infestantes;
Reduzir a poluição da água, do solo e da atmosfera, efetuando uma utilização equilibrada de
adubos e produtos fitofarmacêuticos;
Fomentar a diversidade biológica nos ecossistemas agrários;
Incrementar o rendimento dos agricultores incentivando a produção de produtos de melhor
qualidade.