I.2 Meios de Proteção das culturas.pdf

Mod.CF.066/01
I.2.
Meios de
Proteção das
Culturas

Mod.CF.066/01
Meios de Proteção das Culturas
O setor agrícola é fortemente afetado por uma panóplia de inimigos das culturas que
não são mais do que organismos que numa determinada altura do seu ciclo de vida, nos
ecossistemas agrícolas podem desencadear estragos às culturas, afetando desta forma a atividade
agrícola.
É então crucial proteger as culturas dos inimigos que as afetam, para que desta forma
elas sejam economicamente renteáveis. Contudo nem sempre a forma de proteger as culturas é a
melhor, sendo muitas vezes a componente ambiental e ecológica deixada de lado.

Mod.CF.066/01
Existem então alternativas à luta química, devendo as mesmas ser adotadas, para que a
atividade agrícola seja economicamente rentável, ambientalmente sustentável e ecologicamente
precursora dos equilíbrios desejáveis.
Um organismo nocivo é qualquer espécie, raça ou biótipo de vegetais ou animais ou
agentes patogénicos, nocivos aos vegetais ou produtos vegetais.
Dentro dos organismos nocivos, os que mais estragos provocam são as pragas, doenças e
infestantes.

Mod.CF.066/01
Pragas: conjunto de seres de diversas espécies, insetos geralmente, que provocam
alterações no estado sanitário das plantas.
Existem diversos meios de luta que deverão ser ponderados muito antes do recurso à luta química.
Panonychus ulmi – aranhiço
vermelho Fonte: BAYER
Leptinotarsa decemlineata escaravelho da batateira
| Fonte: BAYER
Retirado de: Manual de Aplicação de Produtos Fitofarmacêuticos, 2022

Mod.CF.066/01
Doenças: alteações no processo da vida que afeta toda a planta ou órgãos da mesma,
provocadas por fungos, bactérias, vírus e nematodes.
Plasmopara viticola – míldio videira
Fonte: BAYER
Botrytis cinerea – podridão cinzenta
Fonte: BAYER

Mod.CF.066/01
Infestante: planta que se desenvolve onde não é desejada, levando a prejuízos devido à
concorrência pela água, luz e nutrientes.
Raphanus raphanistrum –
saramago Fonte: BAYER
Amaranthus retroflexus – moncos de
Peru Fonte: BAYER

Mod.CF.066/01
Meios de proteção das culturas
Em culturas perenes é crucial conhecer a sua história, ou seja, saber a frequência com que nos
últimos anos se registaram ataques mais ou menos graves dos vários inimigos.
Os fatores abióticos, nomeadamente a temperatura, a humidade relativa e a precipitação, têm uma
importância decisiva na nocividade, tanto das pragas como das doenças.
Nos fatores bióticos refere-se, com elevada importância, no caso das pragas, a presença e a
abundância de auxiliares no pomar.
No que se refere as doenças, toma especial importância, a quantidade de inoculo presente.

Mod.CF.066/01
Meios de Luta - Medidas Diretas e Indiretas | Fonte: Oliveira et al, 2014. (Adaptado) |
Fonte: Manual de Aplicação de Produtos Fitofarmacêuticos, 2022

Mod.CF.066/01
Em PI devem ser privilegiados os
meios de luta indiretos, isto é,
medidas que previnem ou
desfavoreçam a instalação e o ataque
do inimigo, e só posteriormente se
deve recorrer a meios de luta diretos,
sendo que dentro destes, só se deve
utilizar a luta química em último
recurso.
Fonte: revistagloborural

Mod.CF.066/01
Medidas indiretas
As medidas de luta indiretas
contemplam medidas de caracter cultural, genético,
legislativo e biológico, do ponto de vista da
conservação da biodiversidade.
Fonte: agriculturaemar

Mod.CF.066/01
Medidas indiretas
Na fase de instalação da cultura deve-se otimizar o uso dos recurso naturais, desde a
preparação do terreno, estabelecimento de rotações culturais, respeitar as épocas de plantação, escolha da
variedade e sistemas de condução mais adequado, e efetuar fertilizações e regas de forma a assegurar
produções regulares e de qualidade.
Ou seja, desde a instalação da nossa cultura, devemos adotar medidas preventivas que
impeçam o desenvolvimento de condições favoráveis para o início de ataques de pragas, doenças e
infestantes.

Mod.CF.066/01
Luta Legislativa - Medidas indiretas
Este meio de luta adota medidas legislativas e regulamentares visando impedir a dispersão dos
inimigos das culturas, quer por transporte (via marítima, terrestre ou aérea) quer por disseminação a partir de
vetores ou alfaias agrícolas.
Esta medida legislativa controla a movimentação de material vegetativo implicando rigorosos
esquemas de inspeção sanitária que resultam em certificados e passaportes fitossanitários, absolutamente
obrigatórios no sentido de minimizar o risco de disseminar agentes patogénicos exóticos.
A luta legislativa é um meio de luta indireta, no entanto, esta pode traduzir-se na adoção de meios
de luta direta química, com o intuito de erradicar um determinado inimigo da cultura.

Mod.CF.066/01
Luta Genética - Medidas indiretas
Meio de luta indireta que consiste na descoberta de variedades de potencial produtivo elevado e
resistentes a determinadas pragas ou doenças.
Recurso à utilização de cultivares resistentes ou tolerantes aos inimigos das culturas aquando da
instalação da cultura. Deve sempre recorrer-se a porta-enxertos e plantas sãs.
Um dos grandes exemplos de utilização de luta genética é a seleção de porta-enxertos ou
variedades resistentes ou menos sensíveis a determinada praga ou doença. Por exemplo o recurso a porta-
enxertos na vinha resistentes à filoxera.

Mod.CF.066/01
Luta Cultural – medidas indiretas
Privilegiar medidas indiretas de caracter preventivo de modo a fomentar condições favoráveis ao
desenvolvimento dessa cultura e desfavoráveis ao desenvolvimento dos inimigos:
 Seleção das variedades utilizadas (resistentes ou tolerantes);
Pedrado da Macieira, utilizar variedades resistentes como a Querina
Fonte: agrozapp
Vespa da galha do castanheiro, utilizar variedades resistentes como o
Bouche de Betizac. Fonte: phosphorland

Mod.CF.066/01
 Condução: compassos, podas, forma da copa (arejamento, penetração da luz);
Fonte: radiocampanario

Mod.CF.066/01
 Evitar excessos de vigor (rega e fertilização) e
ausência de drenagem do solo.
Nota: As fertilizações tem influência no estado nutricional
das plantas e na qualidade da produção, contudo estas
também podem condicionar a nocividade dos inimigos da
cultura.
Plantas que apresentam carências nutricionais ficam
debilitadas, ficando desta forma mais suscetíveis ao
ataque de inimigos.
Fonte: Pomares-acipreste

Mod.CF.066/01
Este tipo de luta consiste na adoção de
medidas naturais com o intuito de controlar ou minimizar
os inimigos das plantas.
Enrelvamento da entrelinha (enriquecimento
do solo, diminui a erosão, diminui a compactação dos
solos melhora a absorção do excesso de água no inverno e
dos nutrientes). Estimula o aumento de auxiliares.
Fonte: viticultura.vinhoverde

Mod.CF.066/01
 Mobilização mínima;
 Cobertura do solo (“mulching”);
 Áreas de compensação ecológica;
 Limpeza das máquinas e equipamentos visando a prevenção da propagação dos inimigos das culturas;
 Consociações de diferentes variedades e culturas;
 Rotações culturais.

Mod.CF.066/01
Luta Biológica – medidas indiretas
Os insetos entomófagos, são um bom exemplo de organismos que exercem ação limitante no
desenvolvimento dos inimigos das culturas. Este tipo de organismos exercem limitação natural sobre determinadas
pragas de insetos.
Desta forma e no âmbito das medidas preventivas, é crucial fomentar as populações de artrópodes
auxiliares, nomeadamente dos insetos entomófagos, devendo para tal ser adotadas medidas de proteção, conservação e
aumento destas populações, denominadas por limitação natural. A diversidade de espécies auxiliares existentes no
ecossistema agrícola, pode ser incrementada por medidas culturais adequadas, bem como pela correta seleção dos
produtos fitossanitários utilizados.
Uma das medidas, é manter a diversidade vegetal com o intuito de se encontrarem hospedeiros alternativos,
alimento suplementar, abrigos e locais de hibernação.

Mod.CF.066/01
Medidas diretas
Caso as medidas indiretas não sejam suficientes para combater o inimigo da cultura, é então
crucial acionar novas medidas, recorrendo-se às medidas diretas com o mínimo impacto na saúde
humana, nos organismos não visados e no ambiente. As medidas diretas devem ser utilizadas de forma
integrada e só se deve recorre à luta química em último recurso.
Nos meios de luta diretos podem recorrer-se à luta cultural, à luta física, à luta biológica, à
luta biotécnica e a luta química.

Mod.CF.066/01
Luta Cultural – medidas diretas
Este tipo de luta consiste na adoção de medidas naturais com o
intuito de controlar ou minimizar os inimigos das plantas.
 Eliminação de focos de pragas, doença ou infestantes;
Fonte: drapn

Mod.CF.066/01
medidas naturais com o intuito de controlar ou
minimizar os inimigos das plantas.
 Eliminação de restos de cultura infetados
(podas de órgãos afetados);
Fonte: acientistaagricola

Mod.CF.066/01
 Eliminação de plantas hospedeiras;
Fonte: hortasbiologicas

Mod.CF.066/01
 Eliminação de infestantes;
Fonte: ciclovivo

Mod.CF.066/01
 Redes (aves, moscas de hortícolas);
Fonte: previcon

Mod.CF.066/01
Este tipo de luta consiste na adoção
de medidas naturais com o intuito de controlar ou
 Colocação coberturas de solos com
materiais inertes;
Fonte: gardencityharvest

Mod.CF.066/01
Luta Física – medidas diretas
De acordo com Amaro (2003) os meios de luta física abrangem todos os meios de luta que
recorrem a vários tipos de energia, contudo estes não podem envolver processos biológicos ou bioquímicos.
Este tipo de energia pode ser utilizada de forma ativa, ou seja, por exemplo na destruição do
inimigo ou retirando-o do meio, ou de forma passiva, modificando o meio no qual este inimigo se está a
desenvolver.
Mecânica: práticas culturais como a mobilização do solo, mondas manuais, que visam o controlo
e/ou eliminação de infestantes e de plantas ou órgãos atacados.
Térmicos: práticas culturais como a monda térmica visando o controlo ou eliminação de
infestantes.

Mod.CF.066/01
Luta Biológica
A luta biológica baseia-se no fomento de populações de artrópodes auxiliares, especialmente os
insetos entomófagos, para controlar os inimigos nocivos das plantas. Adotando medidas de proteção,
conservação e aumento destas populações.
Limitação natural (auxiliares)
Conservação dos auxiliares nativos

Mod.CF.066/01
Fonte: hortusesaa
Limitação natural (auxiliares)
Luta Biológica

Mod.CF.066/01
Luta Biológica
Fonte: naoequenaohouvesse
Conservação dos auxiliares nativos

Mod.CF.066/01
Luta Biológica
É essencial fomentar as populações de artrópodes auxiliares (predadores e parasitoides),
nomeadamente os insetos entomófagos. Para tal devemos adotar medidas de proteção, conservação e fomento
desta populações, a partir de medidas culturais adequadas, bem como pela correta seleção de PF utilizados.
Devemos evitar destruir os auxiliares restringindo ao mínimo a aplicação de PF mais tóxicos para os auxiliares
e evitar, práticas culturais que diminuam as suas populações.
É crucial criar condições para fomentar a biodiversidade a partir da manutenção ou criação de
zonas de compensação capazes de fornecer hospedeiros alternativos, abrigos e locais de hibernação, como a
existência de sebes, bosques, taludes revestidos por vegetação espontânea, corredores ecológicos, “ilhas”
naturais, com o intuito de criar condições favoráveis para o desenvolvimento das populações de auxiliares.

Mod.CF.066/01
Luta Biológica
De uma forma mais simplista, a luta biológica consiste no emprego de organismos vivos
(auxiliares), que visam o controlo dos inimigos nocivos às plantas (pragas, doenças e infestantes).
Estes organismos podem ser naturais da exploração ou então introduzidos, podem ter ação
predadora, parasitoide ou patógena, contribuindo desta forma para a diminuição dos inimigos das culturas,
sempre com o objetivo de equilíbrio natural e preservação do ecossistema agrário.
Auxiliares: organismos antagonistas, com atividade predadora, parasitóide ou patogénicas de
organismos inimigos das culturas.

Mod.CF.066/01
Auxiliar Parasitoide – geralmente pertence à classe dos insetos e desenvolve-se à custa de um
outro indivíduo de outra espécie, acabando por levar a sua morte;
Auxiliar predador – é organismo que se alimenta de outros indivíduos, ou seja, das suas presas.
Apresenta vida livre em todas as formas móveis;
Auxiliar patogéneo – ou agentes de controlo biológico, estes não são mais do que bactérias,
fungos, vírus ou nemátodos responsáveis por provocar determinadas doenças nas pragas.
Crisopa – adulto (predador de afídeos)
Fonte: Universidade da Califórnia |
Crisopa – Larva (predador de afídeos)
Fonte: Koppert
Joaninha – adulto e larva (predador de afídeos)
| Fonte: Batikart
Fonte: Manual de Aplicação de Produtos Fitofarmacêuticos, 2022

Mod.CF.066/01
Luta Biológica
Limitação Natural = conservação
Capacidade dos auxiliares assegurarem a limitação natural das populações dos inimigos das
culturas, ou seja, mantêm as populações de determinado inimigo abaixo do NEA. Devemos então fomentar e
promover a limitação natural, a partir da introdução de alimento suplementar, locais de abrigo, e preservação
pela eliminação do recurso a produtos fitofarmacêuticos tóxicos para os organismos auxiliares.
Luta biológica clássica
Este meio de luta visa normalmente as espécies introduzidas em determinadas regiões, sendo
controladas através da “importação” de auxiliares oriundos, geralmente, da região de origem dessa espécie. A
médio prazo, pretende-se atingir o equilíbrio praga-auxiliar, tentado dispensar os outros meios de combate.

Mod.CF.066/01
Luta Biotécnica– medidas diretas
A luta biotécnica tem como princípio de funcionamento a alteração negativa de certas funções
vitais no organismo nocivo.
Inclui o uso de:
Semioquímicos
Reguladores de crescimento
Luta autocida
Esta visa a redução da intensidade do ataque dos inimigos das culturas, pela aplicação de
substâncias naturais ou de síntese, como por exemplo a utilização de feromonas – confusão sexual, e
reguladores de crescimento dos insetos.

Mod.CF.066/01
Semioquímicos – substâncias ou mistura de substâncias emitidas por uma espécie que interferem
no comportamento de indivíduos da mesma ou de outra espécie:
Quando interferem com indivíduos da mesma espécie são Feromonas;
Quando interferem com indivíduos de espécies diferentes são Aleloquímicos
Feromonas: hormonas produzidas no corpo dos insetos, que os organismos nocivos utilizam para
comunicar entre si, com o objetivo de acasalar. Estas são produzidas pelas fêmeas.
Estas hormonas confundem os insetos, por exemplo o método de captura em massa (controlo da
moscas da azeitona) e monitorização das pragas (armadilhas) e no método de confusão sexual utilizado por
exemplo no bichado da maça.

Mod.CF.066/01
Reguladores de crescimento: são substâncias sintéticas que produzem efeitos similares aos das
hormonas. Estes reguladores de crescimento podem interferir com o desenvolvimento das plantas (Reguladores
de Crescimento de Plantas) ou com os insetos (Reguladores de Crescimento de Insetos – RCI);
Luta autocida: este tipo de luta consiste na esterilização de insetos da mesma espécie, que
posteriormente são criados em massa e são libertados em parcelas onde se quer atuar. Desta forma os machos
estéreis libertados vão competir com os machos férteis da população natural, desta forma e a longo prazo, leva a
uma progressiva diminuição da população. Estes machos ao acasalarem como são estéreis, vão induzir a
produção de ovos não fecundados.

Mod.CF.066/01
Este tipo de luta foi utilizado na ilha da madeira, com a mosca da fruta, Ceratitis Capitata.
Fonte: wikipedia

Mod.CF.066/01
Luta Química
Fonte: atomicagro
Em PI apenas se recorre à luta química quando nenhum outro meio de proteção, ou outros em conjunto,
foram eficazes na limitação das populações dos inimigos das culturas.

Mod.CF.066/01
Luta Química
Este método de luta consiste na utilização de substâncias ativas (s.a.) naturais ou de síntese na
proteção das plantas.
Neste tipo de luta recorre-se aos produtos fitofarmacêuticos, que carecem de uma autorização
prévia pelas entidades oficiais e deverá ser um meio de luta a ser ponderado quando todas as outras formas
de luta, não se revelam satisfatórias no controlo de determinada praga, doença ou infestante
Utilização apenas de produtos fitofarmacêuticos autorizados para a finalidade (cultura/inimigo)

I.2 Meios de Proteção das culturas.pdf

Recomendados

Recomendados

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a I.2 Meios de Proteção das culturas.pdf

Semelhante a I.2 Meios de Proteção das culturas.pdf (20)

Mais de Judite Silva

Mais de Judite Silva (10)

I.2 Meios de Proteção das culturas.pdf